Capítulo 11.
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Acordei
com um barulho estranho, não entendia bem que horas eram e nem onde estava. A
minha cabeça estava latejando e meu coração disparado. Olhei para o relógio
perto da cama e vi que marcava três da madrugada. O barulho ficava cada vez
maior. Eram batidas, e logo me situei que eram na porta do apartamento. Senti
as pernas tremerem. Por que aquilo, àquela hora? Levantei devagar, tentando não
fazer o mínimo barulho. Peguei o celular e abri, para que pudesse iluminar o
corredor e a sala, que estavam escuros. Antes fui ao quarto
de Mel checar se ela estava bem e se estava ouvindo. Foquei com o
celular e vi que ela nem se mexia. Voltei para o corredor e iluminei até chegar
perto da porta. Soltei o celular na poltrona. Tentava controlar até a respiração.
Cheguei perto do olho mágico e respirei fundo antes de olhar quem era. Quando
ia colocando o olho, a pessoa bateu mais uma vez e se não estivesse me
policiando, teria soltado um grito. Benzi-me e olhei. Meu coração batia
acelerado, mas aliviado ao mesmo tempo. Não era um ladrão, um estuprador ou
qualquer coisa do tipo que tinha acabado de passar em minha cabeça.
Era Thur. Quando olhei, ele estava olhando para o lado, com as mãos na
cintura. Os cabelos estavam bagunçados e sua camisa estava em suas mãos. Acendi
a luz.
— Mel? Luh?
— ouvi-o chamar.
Respirei
fundo mais uma vez e tentei ficar calma. Destranquei a porta e a abri. Foi como
em um reflexo: assim que a porta abriu, Thur quase me derrubou com um
abraço apertado. Ele exalava um cheiro de álcool quase que insuportável.
Coloquei as mãos em seu abdômen e o afastei. Ele tinha um olhar estranho. Como
se pedisse ajuda. Dava para perceber que não estava sóbrio nem de longe.
Olhei-o incrédula, no fundo dos seus olhos, o que fez o meu corpo estremecer,
mas ele baixou o olhar.
— Deixa
eu ficar aqui? — pediu, com um pouco de dificuldade e em seguida olhou para uma
fita que tinha amarrada no braço e a rasgou. — Porcaria — soltei uma risada
abafada, ele estava muito engraçado daquele jeito. Voltou a me olhar, também
sorrindo. — Deixa? — franziu a testa e deu um meio sorriso. Tem como recusar?
— 'Tá,
'tá, 'tá, mas você dorme na sala — disse impaciente e fui trancar a porta.
Foi
quando o senti atrás de mim, suas mãos encostaram em minha cintura, em seguida
ele pressionou. Senti uma corrente elétrica passar pelo meu corpo. Ele
aproximou seu rosto, tirou uma das mãos de minha cintura e colocou os meus
cabelos para um dos ombros, deixando a minha nuca
exposta. Thur começou a beijá-la. Eu pensei que estava sonhando, não podia
ser real. Não conseguia pensar em mais nada. Aquele homem estava com o controle
total sobre mim, sobre as minhas forças. Fechei os olhos e sentia arrepios a
cada beijo que ele dava em minha nuca. Fui virada bruscamente, o que nos deixou
cara a cara. Nos encaramos por alguns segundos. O que Thur me faz
sentir é surreal. Eu parecia estar levitando e, ao mesmo tempo, sentindo prazer
como nunca senti antes. As nossas respirações estavam ofegantes e elas se
encontravam em sintonia. Podia ver no rosto de Thur que ele sentia a
mesma vontade que eu, e se duvidar, até mais. Ele me puxou pela nuca com
urgência e nossos lábios se encontraram. Seu outro braço me envolvia pela
cintura com força, como se evitasse que eu tentasse fugir. As minhas mãos
estavam espalmadas em seu peito, e agora eu fixava as unhas ali, fazendo a
intensidade do beijo aumentar. O gosto de álcool da boca de Arthur já
nem parecia dar sinal de vida, ou era eu que queria tanto aquele beijo que não
conseguia sentir mais nada, a não ser desejo. Eu podia morrer ali, naqueles
braços, daquele jeito.
Arthur
tomou conta da situação, não desgrudamos os lábios um segundo sequer e ele foi
me guiando em direção ao meu quarto, pois agora eu estava de costas para o
corredor. Chegamos à porta e foi a primeira vez que nos desgrudamos. Mesmo
bêbado, Thur tomou todo o cuidado de olhar para o quarto de Mel.
— Ela
está dormindo — informei e ele riu, voltando a me beijar. Quando entramos no
quarto, ri ao vê-lo dar um pontapé na porta, para fechá-la. Ele estava tão
ansioso quanto eu. Não tinha muita certeza se aquilo era certo, mas eu estava
inconsciente demais para ficar pensando nisso. Agora, estava concentrada no
momento. Estava apenas aproveitando. Apenas curtindo cada segundo do corpo
de Thur colado ao meu, o sabor de sua boca, o sabor que eu desejava
sentir desde a primeira vez que nos beijamos. Senti a cama nas minhas juntas e
flexionei a perna para deitar, Thur vinha deitando por cima de mim,
sem cessar o beijo de forma alguma. Tivemos algumas dificuldades para fazer
isso sem nos soltar, e então ríamos, mas com as bocas coladas. Quando percebi
que já havíamos parado de nos ajustar na cama, fechei os olhos. Mas, em
seguida, os abri subitamente e desviei o rosto, parando de beijá-lo.
— Arthur... — chamei com a voz fraca, porque agora a sua boca deslizava em
meu pescoço.
— Hum? —
murmurou impaciente, agora mordendo o meu queixo.
— Apaga a
luz? — pedi tímida. Apesar de ser garota de programa, quando não estava
transando por dinheiro, tinha muita vergonha de fazer tudo com a luz acesa. Arthur me
olhou subitamente.
— Por
quê? O bom é ver o que se faz... — falou esboçando um sorriso cheio de más
intenções, o que me fez rir, e voltou a mordiscar o meu queixo, aquilo estava
me deixando louca. Por que ele tem que ser tão bom?
— Thur...
— repeti, com a voz quase não saindo. — Sério... — ele me olhou novamente e eu
me senti idiota. Eu estava mesmo tentando conversar com um bêbado?
— Por
quê? — insistiu, franzindo a testa.
— Porque
eu tenho vergonha! — disse simplesmente, baixando o olhar, estava com vergonha
de olhá-lo nos olhos após dizer isso. Com certeza ele riria de mim. Uma
prostituta com vergonha? É até irônico, só eu mesmo pra falar uma coisa dessas.
Mas espera, ele não estava com muita noção das coisas, tinha bebido muito, não
devia nem lembrar quem eu era.
— 'Tá,
mas o abajur fica aceso — acabou aceitando, saindo de cima de mim e levantando.
Ligou o abajur, foi até o interruptor próximo à porta e desligou a luz. Eu
também não queria o abajur ligado, mas se tudo estivesse escuro eu também não
poderia ver Aarthur. E pela primeira vez eu queria enxergar tudo no homem
com quem eu estava deitando.
Quando
estava voltando para a cama, Thur tirou os sapatos, as meias e a
calça, ficando só de boxers. Ele arremessava a sua roupa longe e ria alto. Eu
mandava que fizesse silêncio e ele me imitava, mas não de uma forma normal,
exagerava e eu me controlava pra não gargalhar e acordar a Mel.
Finalmente, voltou para a cama, se deitando de lado e ficando de frente para
mim. Pela pouca luz que saía do abajur, pude notar que Thur me
olhava, sua mão estava na minha cintura, acariciando. Levei uma das mãos ao seu
cabelo e apoiei a minha cabeça na outra, continuei encarando-o. Enquanto
acariciava os seus cabelos, Thur fechava os olhos e sorria fraco,
como no dia em que fiz isso na lanchonete, no fatídico dia em que nos beijamos.
Eu mal podia acreditar que estava tão próxima de Arthur de novo.
(Colocar
a canção para tocar)
Eu senti
tanto a sua falta nessas últimas semanas em que esteve longe. Então, aproveitei
para dar-lhe o abraço que não consegui dar antes, por ter agido estranhamente.
Foi um abraço terno, porém apertado. Fiquei surpresa ao senti-lo me apertar na
mesma intensidade ou até mais do que a forma que eu fazia. Fiquei sentindo o
seu perfume, mergulhei a cabeça na curva de seu pescoço e o abraçava cada vez
mais forte. Evitei abrir os olhos, não queria abri-los e ver que aquilo podia
ter sido um sonho. Toda vez que estava com aquele homem, era assim que me
sentia. Ele mexeu os ombros e eu voltei à posição que estava antes de nos
abraçarmos. Arthur tocou o meu queixo e em seguida o segurou,
puxando-me para perto de sua boca. Iniciamos outro beijo, dessa vez mais calmo.
Eu sentia como se tivesse ganhado um presente. Era o que eu mais tinha desejado
nos últimos tempos. Então, ele foi descendo novamente para o meu pescoço, agora
praticamente o sugava. Soltei um gemido abafado e arranhei as suas costas. A
mão de Arthur passeava pelo meu corpo e ele levantou a parte de cima
do meu baby-doll, tocando as minhas costas nuas. Senti-me arrepiada e segurava
os cabelos de Arthur com força, enquanto ele começava a descer seus
beijos. Agora seus lábios deslizavam sobre a minha barriga, ele estava por cima
de mim.
As
sensações brigavam em meu interior. Eu não sabia se sentia prazer, ou a idiota
mais sortuda da face da terra ou vergonha, por Arthur ainda conseguir
me ver devido a luz do abajur. Enquanto brincava com a língua em minha barriga,
ergueu um pouco a cabeça, me olhando e fazendo uma cara engraçada, misturando segundas
intenções com provocação. Olhei-o com um meio sorriso e mordi o lábio inferior,
o que o fez tirar qualquer quantidade de provocação de sua face e deixar apenas
o olhar de segundas intenções. Num piscar de olhos, puxei-o pelos cabelos,
arrancando um suspiro, e o beijei com intensidade. Fomos sentando daquela forma
e ficamos sentados sobre as nossas pernas, um de frente para o
outro. Arthur tirou levemente a blusinha do meu baby-doll e a jogou
para trás. Ele me olhou por completo, com os olhos arregalados, e eu tentei
perguntar o que era, mas o filho da mãe foi mais rápido e me beijou. Em
seguida, com um simples gesto, pediu passagem livre para ficar entre as minhas
pernas. Abri-as e coloquei em volta da cintura de Arthur, que também
acomodou melhor as suas pernas na cama. A nossa afinidade na cama chegava a ser
irônica de tão assustadora que era. Parecia que já conhecíamos um ao corpo do
outro há muito tempo. À medida que o tempo ia passando, era como se não
conseguíssemos mais nos soltar, aquela estava sendo a melhor noite que eu já
havia tido. Aquele era o melhor homem com quem eu já havia dormido. Eu estava
ali, deitando com o único cara que eu mais tinha desejado desde que chegara em
Londres.
Quando Arthur ficou
por cima de mim, afundando a sua cabeça na curva do meu pescoço e eu sentia a
sua respiração tão ofegante quanto a minha, senti um nó na garganta anormal
chegar até mim e antes que pudesse controlar, senti uma lágrima quente e
salgada deslizar pelo meu rosto. Com uma das mãos que pressionava com as unhas
as costas de Arthur, limpei disfarçadamente, não queria que ele me visse
assim. Eu parecia uma adolescente boba tendo a sua primeira vez com o seu
primeiro amor. Mesmo não ouvindo nada que confirmasse isso, estava me sentindo
amada, privilegiada. Como nunca me senti antes. Transar
com Arthur não era como as transas que eu tinha normalmente. Parecia
que eu só estava conhecendo o prazer ali, naquele momento.
(...)
Arthur
saiu de cima de mim e caiu para o lado como um foguete. Eu estava de olhos fechados
quase sem ar. Ele também estava, porque conseguia ouvi-lo respirar com
dificuldade. Abri os olhos e ficamos os dois, um ao lado do outro, encarando o
teto e ofegantes. Eu tinha conseguido chegar ao ponto alto da relação. Isso
nunca tinha acontecido antes, nunca mesmo. Eu estava dando pulinhos por dentro,
nunca me senti tão alegre. Arthur começou a rir e eu o olhei confusa.
Ele disse que demoraríamos anos para juntar as peças de roupa, já que cada uma
estava em um lugar diferente. Sorri para ele e concordei, em seguida, pedi para
que levantasse um pouco para poder puxar o lençol. Ele deitou novamente e
ficamos cobertos. Virei e fiquei olhando para a janela, sorrindo para o nada.
Senti Arthur me abraçar e apoiar o queixo em meu ombro.
— It’s
Just My Luck — ouvi Thur sussurrar em meu ouvido, depois de algum
tempo, e abri os olhos subitamente, virei um pouco para conseguir olhá-lo, mas
ele estava de olhos fechados. Eu ouvi direito ou estava tendo alucinações?
Não
conseguia acreditar que aquilo tudo estava acontecendo. Ainda tinha medo de
olhar para trás e ver que não tinha ninguém ali me abraçando. Voltei a aquele
nó na garganta. Senti-me assim como na noite em que Arthur me levou
ao cinema. Como se desejasse parar o tempo e ficar daquele jeito para sempre.
Sentindo-me daquela forma para sempre. A única coisa que eu desejava era que
aquela noite não acabasse mais. Pela primeira vez, eu me sentia completa. Não
quero saber se o que fiz foi certo ou errado. Eu ouvi o meu coração. Eu estava
tranquila, o sono vinha chegando e eu dormi segurando a mão de Thur —
que me abraçava — com força.
Capítulo
12.
A luz do
sol parecia um tapa no rosto e, além dela, ouvi baterem à porta. Cada batida
parecia um beliscão. Abri os olhos atordoada e senti alguém se mexer ao meu
lado, quando tentava sentar. Olhei para o lado e vi Thur dormindo
como um anjo. Ele estava nu e de bruços, descoberto. Sorri para mim mesma e mal
podia acreditar que tinha dormido com um homem tão lindo. Levantei e ri ao
notar que também estava nua. Enrolei-me na toalha que estava estendida na porta
do banheiro e voltei para a cama, para cobrir Thur, que se mexeu muito
pouco. Com certeza as batidas na porta tinham sido de Mel. O milagre foi o
fato de ela não ter entrado bruscamente no quarto. Ou será que entrou e levou
um susto com o que viu? Droga, eu estava com medo de encarar Mel. Fui para
o banheiro e lavei o rosto, depois escovei os dentes. Voltei para o quarto.
Achei a minha calcinha e a blusinha do babydoll, mas o short era praticamente
impossível de se encontrar. Achei-o pendurado atrás da estante e fiquei confusa
ao imaginar como ele tinha ido parar ali. Vesti-me e abri a porta do quarto com
receio. Ouvi barulhos de talheres, Mel devia estar tomando café. Fui
andando nervosa, tinha muito medo de ouvi-la dizer que nos viu pelados. Quando
apareci na porta, ela me olhou subitamente.
— Bom
dia, gata — falou de bom humor e eu respirei aliviada.
— Bom dia
— respondi sorrindo e me sentei na cadeira ao seu lado.
— Noite
boa, hein?! — cutucou-me com o cotovelo. Gelei.
— Ahn? —
fingi-me de desentendida.
— Chupa
meu dedo e vê se sai coca-cola né, Luh? Eu tenho um cérebro nessa cabeça.
Não sou só um corpinho bonito, não! — brincou, colocando as mãos na cintura e
eu ri. — Eu vi uma camisa masculina no sofá, dona . Eu sei de quem é —
olhou sugestiva e eu balancei a cabeça, baixando-a, com vergonha. — Você nunca
dorme com a porta fechada, querida... E, no entanto, essa noite... — deu de
ombros e comeu um pedaço de pão.
— Ufa!
Então você nem chegou a abrir a porta do quarto, né? — perguntei curiosa.
— Não, eu
imaginava o que ia ver... Eu queria mesmo ver o Thur peladão, mas
você, não... ECA! — fez careta e eu dei um tapa em seu braço. — Foi bom? —
fiquei corada.
— Foi
perfeito — falei simplesmente e respirei fundo. Mel riu.
— Sexo
bem feito sempre faz bem, você deve ter dado até bom dia pros pássaros, hein?
Mel
estava certa. Eu me sentia incrivelmente bem aquela manhã. Tinha vontade de
sair pelas ruas cantarolando, era como se não existisse nenhum peso em minha
consciência, eu me sentia livre. Ela já terminava de comer e pediu licença para
tomar banho. Então, fiquei um pouco paralisada, lembrando da madrugada
maravilhosa que tive. Olhei para a jarra de suco e decidi guardá-la, estava com
vontade de tomar leite. Levantei, peguei a jarra e fui até a geladeira, abri e
enquanto guardava senti alguém se aproximar, mas antes que pudesse olhar, senti
seus braços me envolverem pela cintura e recebi um beijo na nuca. Senti as
famosas borboletas no estômago. Fechei a porta da geladeira e me virei, ficando
de frente para Thur. Estiquei os braços e o envolvi pelo pescoço, ele me
deu um beijo na bochecha, ainda com os braços em volta da minha cintura.
— Bom dia
— falei sorrindo e bagunçando um pouco mais os seus cabelos e ele sorriu.
— Bom dia
— respondeu se virando e sentando na cadeira que Mel tinha deixado há
algum tempo.
— Quer
comer o quê? — perguntei sentando ao seu lado e pegando uma faca, em seguida um
pão.
— Não
sei, o que você for comer — respondeu tentando arrumar os cabelos.
— Vou
preparar um sanduíche pra gente, certo? — ofereci, piscando e fazendo charme, e
ele me olhou sorrindo.
— Estou
pagando pra ver! — sorriu provocativo e eu dei um tapa em seu braço.
Peguei
outro pão e comecei a preparar dois sanduíches, pedi para — enquanto isso
— Arthur preparar leite com achocolatado. Ele o estava fazendo
quando Mel entrou na cozinha.
— Bom
dia, Arthur — disse simplesmente e ele a olhou envergonhado.
— Bom
dia, Mel — respondeu sorrindo e ela se sentou.
Enquanto
eu preparava os sanduíches, ela e Arthur começaram a conversar. Eu
estava concentrada, mas de vez em quando participava. Eles falavam sobre o
show, Mel contava que só de ver aquele monte de gente ficou
completamente travada, imagina eles que eram as atrações da
noite. Arthur disse que no começo foi difícil, mas que agora eles já
se sentiam em casa. Era o que eles amavam. Depois o assunto foi
sobre Chay, Mel insistia que ele era gay, e Thur e eu
ríamos. Terminei de preparar e dei um sanduíche para Thur e fiquei
com o outro. Mel apenas nos assistia comer. Antes de morder o
primeiro pedaço, ele fez uma careta e depois se benzeu, levando um tapa e
mordendo em seguida. Não é porque fui eu que preparei, mas tenho certeza de que
há muito tempo ele não comia um sanduíche tão gostoso. Além de ter elogiado,
ficou concentrado. Mel e eu começamos a tagarelar e ele apenas comia,
comia e comia. Ficamos conversando os três por mais algum
tempo. Mel foi à sala ver televisão e Thur ficou me
ajudando a guardar as coisas e lavar a louça. Nós trocamos poucas palavras,
porque cada um estava concentrado no que fazia. Enquanto lavava alguns
talheres, olhei para Arthur, ele enxugava os pratos.
— Você
sussurrou algo pra mim antes de dormir ou eu estou louca? — perguntei
e Thur nem pareceu corar, pois continuou olhando para o prato que
enxugava.
— Quem
sabe os dois — deu de ombros com um meio sorriso. Joguei um pouco de água nele.
— A sua amiga não me viu nu não, né? — perguntou de uma vez, fazendo-me querer
esconder-me em um buraco. Por que é tão direto às vezes?
— Não —
sorri fraco e entreguei os talheres para que enxugasse.
— Melhor
assim — falou depois de um suspiro aliviado.
— Thur...
— chamei e ele me olhou atento, esperando que eu prosseguisse. — O que você
tinha sexta de manhã? — mesmo estando mais feliz, não podia deixar de perguntar
isso.
Eu queria
entender por que havia agido daquele jeito. Não me querer mais não era, já que
me procurou novamente e estava agindo como se lembrasse de tudo que fizemos,
mesmo estando bêbado. Ele, então, olhou-me e sorriu fraco.
— Não era
nada com você — deu um beijo em minha testa e virou-se para guardar as coisas
na gaveta.
— Tem
certeza? — certifiquei-me, já sentindo alívio.
—
Absoluta — respondeu brigando com um garfo que tinha ficado de fora. — Meu
celular! — falou ao mesmo tempo em que corria para fora da cozinha. Fui à sala.
— Cadê
o Thur? — Mel perguntou procurando-o com o olhar.
— Foi
atender o celular lá no meu quarto — falei sentando ao seu lado.
— Espero
que não seja a falecida — disse olhando atenta para a TV. Por que
a Mel tinha que me lembrar que Thur não era livre e
desimpedido?
— Tinha
que lembrar dela, hein? — dei-lhe um pedala. Mel me olhou e levou uma
das mãos à boca.
—
Ouuuuun, desculpa amiga — abraçou-me e me deu um beijo no rosto. — É só que
você merece um dia feliz com o Thur.
— Tenho
que ir... — ouvi a voz de Arthur vindo do corredor e me virei para
olhá-lo, já estava completamente vestido. Mel e eu nos entreolhamos.
— Já?
Achei que você ia ficar pra almoçar — ela comentou, creio que para quebrar o
gelo.
— É, eu
também achava, mas o Mica ligou dizendo que vamos ensaiar e eu ainda
tenho que terminar de consertar aquela corda — explicou, atropelando as palavras.
— Tudo
bem — falei simplesmente e levantei para acompanhá-lo até a porta.
— Vocês
podiam ir ver o ensaio, né? — Thur convidou, com cara de quem acabou
de ter uma ideia.
— Genial!
— Mel berrou batendo palmas. — Nós vamos, né, ? — perguntou
dando ênfase em meu nome.
— Ah, se
não for nenhum problema... — falei com timidez.
— Claro
que não, vou esperar vocês se aprontarem e vamos até o meu apartamento pra eu
tomar um banho e consertar a corda. Daí, vamos para o estúdio e almoçamos com
os caras. Que tal? — concluiu o convite, sentando-se na poltrona. Não vou
mentir, estava ansiosa para vê-los ensaiar.
— Acho
que só falta eu, né? — sorri fraco e Mel mandou eu me apressar, que
ela não queria perder esse ensaio por nada. Arthur apenas ria. Então,
ela disse que só ia trocar de blusa, porque não queria que Mica a
visse desarrumada. Quando se tocou de ter falado isso na frente do amigo dele,
tentou disfarçar e dizer que estava zoando, mas Thur disse que não é
bobo e que agora daria um empurrãozinho, deixando-a encabulada.
Fui para
o meu banheiro e tomei banho. Enxuguei-me e optei por uma camisa de alcinha
preta e uma saia de jeans claro. Calcei meu bom e velho all star, o qual tinha
usado no show. Penteei o cabelo e passei um pouco de lápis de olho, apenas para
não parecer estar com a cara tão inchada. Peguei o meu celular pessoal e fui
para a sala. Mel e Thur já estavam do lado de fora
conversando e ela segurava a porta, esperando-me. Quando cheguei perto
deles, Thur abriu um grande sorriso e disse na frente
de Mel que eu estava linda. Quis me jogar escada abaixo, porque ela
ficou fazendo sons com a boca, deixando-me constrangida na frente de Thur.
Ele apenas ria da situação. Descemos as escadas conversando e, antes que
percebêssemos, já estávamos no último degrau. Já podia ver o carro
de Thur estacionado. Ele abriu a porta da frente
e Mel disse que eu que sentaria lá, fazendo-me ficar corada mais uma
vez. Entrei e ele abriu a porta de trás para ela entrar.
Depois, Thur adentrou o veículo e saímos. À medida que íamos chegando
perto do lugar que ele morava, eu notava que conhecia aqueles arredores muito
bem. Claro. É isso. Ele estava nos levando para aquele hotel que me levou no
dia em que nos conhecemos. Era estranho estar de volta àquele lugar como uma
garota normal. Agora nós não precisaríamos subir pelo elevador de serviço. Era
um estranho bom, ainda assim. Fomos chegando ao hotel e Thur me olhou
sorrindo enquanto esperava o portão da garagem abrir. Devolvi o sorriso e
entramos. Ele saiu do carro primeiro e abriu a porta para Mel, em seguida
para mim. Mais uma vez, soube me surpreender: enquanto caminhávamos até o lobby
do hotel — Thur estava entre Mel e eu —, senti os dedos
dele entrelaçarem os meus e ficamos de mãos dadas. Nem preciso dizer o quanto
aquilo me deixava animada. Notei que Mel soltou um riso abafado
quando percebeu a novidade. Corei e Thur apenas a mandou ficar
quieta, senão contaria tudo para Micael. Bastou isso para que ela não
desse uma palavra no percurso lobby-elevador-quarto. Arthur apenas me
cutucava e apontava para ela com o olhar, rindo... E como eu não resisto àquele
sorriso, ria de volta. Minha amiga estava completamente muda. Chegamos naquele
famoso corredor, do famoso dia que o conheci.
— Você
vai levar um susto quando eu abrir a porta — Arthur avisou, colocando
a chave na fechadura. Fiquei corada. Mel me olhou confusa.
— Por
quê? — mal perguntei e ele abriu a porta. Parecia que um furacão tinha passado
ali. Tinham roupas por todos os lados. A cama estava toda bagunçada.
— Meu
Deus, Arthur, eu esperava mais de você! — Mel disse incrédula,
entrando no quarto.
— Você é
mais bonita calada, Mel — Arthur provocou, dando um
peteleco na nuca dela, que lhe deu um tapa no braço. Depois, ele fez caras e
bocas apaixonadas, dizendo que era como ela ficava pensando no Mica. Aí as
coisas foram piorando, Mel começou a correr atrás dele, prometendo
dar pontapés e até jogá-lo pela janela.
— Chega!
Vocês dois! — gritei e eles me olharam rindo, respirando ofegantes de tanto
correr. — Mel! Do Arthur eu esperava esse comportamento
infantil, mas de você... — balancei a cabeça e ela me mostrou o
dedo. Arthur me olhou inconformado.
— Por que
sempre esperam o pior de mim? — fez cara de vítima e eu senti derreter por
dentro.
— A
questão é: por que esperariam uma coisa boa de você? — Mel retrucou e
ele a olhou subitamente, pegou uma almofada e jogou em sua cabeça. Eu apenas
ria daquelas duas crianças grandes.
— Se eu
fosse você, ia pedindo perdão por tudo isso... — Arthur disse se
aproximando dela e pegando em seu braço, em seguida começou a torcê-lo.
— ME
SOLTA, . OUTCH. — Mel gritava.
—
Solte-a, Arthur. Coitada! — falei em meio a risadas.
— Não, só
solto se ela disser que ama o Micael — impôs, sorrindo maroto.
— AI SEU
FILHO DA #@$% DO DEMÔNIO! — ela berrava tentando se soltar,
agora Arthur gargalhava.
— Só por
causa dessa boquinha suja vou torcer um pouco mais — piscou para mim.
— EU AMO
O Micael , PORRA. — Mel falou em alto e bom som
e Arthur a soltou. Ela fez carinho no pulso e depois
estapeou Arthur, que se esquivava rindo.
— Agora
sim, bem melhor. Ele vai adorar saber disso — deu de ombros e se aproximou de
mim, ficando ao meu lado. Envolveu um de seus braços em minha cintura, me
deixando corada mais uma vez. Apenas fiz o mesmo. — Meninas, vou tomar banho e
depois vou terminar de consertar a merda daquela corda. Fiquem aí vendo TV,
a Luh sabe como fazê-la aparecer — piscou com um sorriso malicioso e
eu me soltei dele, dando-lhe um tapa e o chamei de
‘engraçadinho’. Mel apenas soltava um “huuuum”. Ele foi até uma
cadeira e pegou a toalha que tinha apoiado em seu braço, passou por mim e me
deu um beijo na bochecha. — Eu não demoro — sorri fraco e ele foi para o
banheiro. Mel agora tinha os olhos arregalados e a boca aberta. Se
jogou na cama e ficou rindo.
— Que
foi, sua retardada? — perguntei, sentando do outro lado da cama.
— Você
viu? #$@%&*, você deve ser muito boa de cama, mesmo — respondeu baixo e eu
fiz careta.
— Por
quê? Ah meu Deus, lá vem ela e suas teorias... — disse impaciente.
—
Amiga... Ele está um cachorrinho! — agora ela batia em sua própria testa.
— Claro
que não, você fumou maconha ou usou alguma droga do tipo? — perguntei confusa.
— Dããããã!
Mãozinha dada, mãozinha na cintura, beijinho... Ai, ai — suspirou idiotamente.
—
Beijinho na bochecha, você fala, né?
— Ah,
isso é só um detalhe... — deu de ombros.
— Detalhe
nada. Não nos beijamos hoje, ainda — informei em um tom decepcionado
e Mel riu.
—
Hããããããã... Está dooooida pra ganhar beijinho do Thur! — quase cantou,
sentando e me abraçando.
— Sai —
empurrei-a — você só fica me iludindo.
— É assim
nesse @#$%¨&, a gente fala uma coisa boa e a pessoa fica dizendo que a gente
está iludindo. Desisto de você. Liga essa porra dessa TV — ordenou, pegando um
travesseiro e ajustando na cabeceira, para poder sentar de forma confortável.
— Palavra
mágica? — perguntei, esperando que ela me xingasse.
— Por
favor, sua filha da @#$% — disse simplesmente.
Comecei a
rir. Algum ascendente da Mel deve ter inventado os palavrões. Eles
eram tão naturais ao saírem de sua boca, que eu já nem me espantava. Peguei o
controle, que por sorte estava no criado mudo ao meu lado, e pressionei um
botão, bastando isso para a TV surgir do balcão. Mesmo já tendo visto da
primeira vez que fui àquele quarto, aquilo ainda me espantava. Coloquei o
controle no lugar e peguei o controle remoto, dando-o para Mel e
fazendo a mesma coisa que ela fez com o travesseiro, acomodando-me melhor.
Ficamos
assistindo desenho animado, porque não passava nada mais
interessante. Mel bufava, dizendo que só podiam ter o traseiro no
lugar do cérebro — não que ela tenha usado a palavra ‘traseiro’, mas não vem ao
caso dizer o termo que ela usou — para fazer programações tão ruins nas
emissoras inglesas. Não demorou muito e Thur apareceu no quarto, já
vestido, suas roupas. No entanto, eram bem diferentes das que ele usava no
concerto da noite passada. Agora ele estava de bermuda e camisa, usando apenas
chinelos nos pés. Cheirava incrivelmente bem e ainda estava com os cabelos
bagunçados. Eu o seguia com o olhar de forma retardada e Mel, pelo jeito,
não tirava os olhos da TV. Arthur caminhou até a cômoda, que ficava
perto da cama, mais precisamente perto de onde Mel estava deitada, e
pegou um pente. Começou a pentear o cabelo de uma forma que espirrasse água
para trás, justamente para pegar em Mel.
— Ah seu
capeta! Para de fazer isso ou então vai ver onde esse pente vai parar! —
ameaçou furiosa e Arthur riu alto, continuando o que estava fazendo.
Ela se levantou.
— Que é?
Vai fazer o que comigo? Não se esqueça que você está em minhas mãos. Toca em
mim e o Micael vai saber de toda a sua tara por ele! — Arthur
rebateu, encarando-a e prendendo o riso. Ela bufou e resmungou algumas ofensas,
depois voltou a sentar na cama.
Arthur
foi até o outro lado do quarto e pegou seu instrumento. Sentou perto de mim com
ele em seu colo e começou a mexer na suposta corda arrebentada, que já estava
praticamente no lugar.
— Thur,
não tem mais o que ajeitar aí — falei o olhando xingar a corda. Ele me olhou
subitamente.
— Você
não vê? Está fora do lugar aqui! — reclamou inconformado, apontando para o
acabamento.
— Para
mim, está tudo no lugar certo! — fui sincera, dando de ombros e voltando a
olhar para a TV. Arthur continuou concentrado até finalmente se dar
por vencido e terminar o que achava que estava fazendo.
— Vamos?
— levantou e guardou o instrumento no porta guitarra. Concordei e levantei da
cama, peguei o controle e a TV sumiu novamente. Mel se levantou
resmungando que ele parecia uma mulher, demorava demais pra fazer as coisas e
foi ameaçada mais uma vez.
Saímos do
quarto e chamamos o elevador. Enquanto
chegava, Arthur cutucou Mel e mandou que ela segurasse o
instrumento, ela negou e ele a ameaçou, para variar. Só para tirar com a cara
dela, eu disse que confirmaria para Micael tudo o
que Arthur dissesse. Mel me olhou com olhar assassino e
disse que ao chegar em casa me mataria. Ela segurou o porta guitarra em meio a
resmungões e adentramos o elevador. Chegamos à garagem e Arthur pegou
o objeto com Mel e colocou-o no porta-malas, dizendo que se ela não
se comportasse, ia lá junto com o instrumento, o que a fez estapeá-lo pela
milésima vez. Eu não conseguia parar de rir. Entramos no carro e fomos
conversando no caminho. Mel e Thur já brigavam menos, agora
pareciam ter se situado em suas idades.
O estúdio
ficava em uma rua muito pouco movimentada, com pouquíssimas casas ao redor. Ao
descermos do carro, já demos de cara com Chay, que estava ao celular. Ele
sorriu animado e nos cumprimentou, ainda falando ao
telefone. Thur perguntou se os outros já estavam lá e ele apenas
assentiu. Então, nos chamou para entrar e ficou segurando a porta para que passássemos,
vindo logo atrás. Durante o percurso, Mel se virava e me olhava
ansiosa, eu devolvia o mesmo olhar. Já podia ouvir a bateria sendo tocada,
mas Thur disse que estavam apenas aquecendo. Rapidamente chegamos à
porta, onde todos estavam. Arthur entrou na frente e depois Mel e
eu entramos. Harry e Mica nos receberam fazendo festa. Se eu corei,
agora imaginem a Mel.
— Não
parei de sonhar com vocês desde que as conheci! — Harry rolou os olhos.
— Ô
imbecil, você conheceu elas ontem à noite! — Thur disse dando-lhe um
pedala e ele olhou confuso.
— Ah, é
mesmo. Porra, estou ficando ruim de cantada — inconformou-se e eu o consolei
com um abraço. Harry é um homem incrivelmente cheiroso e atraente, apesar do
jeitão de criança, assim como os outros.
— Você
sempre foi ruim. Mas é assim, eu sou a cabeça pensante desse grupo, vocês são
só as embalagens. — Mica se vangloriou e levou um pontapé
de Thur, que em seguida olhou para Mel com um sorriso
provocativo e recebeu uma careta.
Harry nos
levou até um sofá e disse para ficarmos vendo o ensaio de lá. Chay entrou
em seguida e se sentou com a gente. Os meninos começaram a xingá-lo, dizendo
que ele estava jogando sujo, que estava tentando conquistar nós duas sem a
presença deles. Nós rimos e ele pediu mil desculpas, mas tinha que ajudar seus
amigos veados, pois eles eram ciumentos. O ensaio começou
e Mel parecia ser uma das vocalistas do McFly. Cantava — ou melhor,
berrava — todas as canções, era como se ela mesma tivesse escrito tudo aquilo.
Eu apenas prestava atenção nas melodias e nas letras. Arranhei o refrão da
canção da menina de cinco cores no cabelo, o que fez Thur arquear as
sobrancelhas, ao perceber. Sorri para ele, que piscou pra mim, deixando-me nas
nuvens e recebendo cotoveladas de Mel. Estávamos nos sentindo
privilegiadas, era como se tivéssemos tendo todo o concerto da noite passada só
para nós duas. Vou ser realista, aquilo estava sendo bem melhor que o concerto.
Sophie não estava lá, nem em corpo e nem em espírito e, bem, eu tinha tido uma
das noites mais lindas da minha vida, com Arthur.
Depois Mica e Thur pegaram o violão e vieram sentar no
chão, de frente para nós duas. Harry e Chay sentaram um em cada braço
do sofá. Harry ao lado de Mel e Chay ao meu.
— Essa
o Thur escreveu pra Sophie! — Chay disse rindo e recebeu um
pedala de Thur. Notei quando ele me olhou de relance, como se dissesse
para Chay calar a boca. Então ele não queria que falassem de Sophie
na minha frente?
— Que
música é? — Mel perguntou interessada.
—
“Bitch’s coming back.” — Harry respondeu simplesmente e todos começaram a rir
exageradamente. Até Thur, que baixou a cabeça e escondeu o rosto com as
mãos. Eu ri também, mas não consegui entender muito bem por que eles disseram
aquilo e o próprio namorado da garota riu. Acho que Mel era quem dava as
gargalhadas mais altas. Notei quando Mica parou de rir apenas para
observá-la, assustado com sua risada estridente.
— Boa,
Haz! — Mica elogiou, dando a mão para o amigo apertar. Eles deram um
aperto de mãos. Mel estava sem ar, lutando para se controlar. Harry
dava tapinhas em suas costas.
— Chega —
ela pediu ofegante. — Acho... Que... Estou... Conseguindo — continuou em meio a
risadinhas. Agora Mel prendia a respiração para tentar conter os soluços.
— Ai
gente, sério, qual é o nome da música? — perguntei impaciente
e Chay levantou a cabeça, ainda rindo.
— “Baby’s
Coming Back” — respondeu parando de rir e ajeitando melhor o violão em seu
colo. Fiquei um pouco envergonhada nesse momento. Será que Thur realmente
tinha feito uma música para Sophie antes de “Just My Luck”? [n/a: eu
sei que “Baby’s Coming Back” é um cover, mas isso é fanfiction, então
vale tudo rs]
— E ela é
para a Sophie, mesmo? — Mel perguntou curiosa e quase inconformada.
— É
— Mica respondeu. — Ele escreveu quando ela tinha feito uma viagem
pra América e passou dois meses, faltavam três ou quatro dias para chegar e ele
queria a vida de solteiro de volta — concluiu.
—
#$@%&! Nunca que eu achei que a história da música tinha acontecido!
— Mel estava incrédula.
— É, mas
eu gostei mais do nome que o Harry deu para a canção — opinou Chay, dando
de ombros.
— Ah,
cala a boca, seu gay. Pelo menos eu tenho namorada!
— Arthur finalmente se defendeu, mostrando o dedo para Chay, que
riu. Mel me deu uma cotovelada e eu senti o estômago embrulhar. —
Cala a boca todo mundo e vamos tocar — ordenou já começando a
tocar, Mica o acompanhou e Harry fazia “shhhh” para mim e
para Mel, que dizia que quem tinha que se calar era ele.
“I knew that when I saw her
(Eu sabia
que quando eu a visse)
That my life would soon move over from the fast lane
(Minha
vida ia logo deixar de ser agitada)
Gone would be the days of all my drinking and my
carrying on
(Meus
dias de bebedeira e bagunça estariam acabados)
But
when I settled down
(Mas
quando eu sosseguei)
The
party king uncrowned
(O rei da
festa sem coroa)
This
stubborn memory hadn't faded
(Essa
lembrança teimosa não se apagou)
Too many dumb mistakes
(Tantos erros idiotas)
And all the grief it makes
(E todas
as mágoas que provoca)
Left nothing else to be debated
(Não
deixaram nada mais a ser discutido)
And if you say that you understand then you're lying
(E se
você disser que entende, estará mentindo)
But if you figure that I'm alright now I can't deny it
(Mas se
imaginar que agora eu estou bem, não posso negar)
Para a
minha surpresa, o próprio Thur mudou a letra da canção, arrancando
mais risadas.
Bitch's
coming back
(Vadia
está voltando)
Bitch's
coming back
(Vadia
está voltando)
So I'm on my best behavior
(Então eu
estou me comportando o melhor que posso)
I can't take it anymore
(Não aguento mais isso)
I just woke up on the floor today
(Eu
acordei no chão hoje)
I've long run out of my last chances
(Faz
tempo que minhas chances acabaram,)
But she's on her way
(Mas ela está a caminho)
If I had a dollar for every single time I fought her
(Se eu
ganhasse um dólar por cada vez que nós brigamos,)
I'd buy
a handgun
(Eu
compraria um revólver)
But that couldn't shoot away
(Mas ele não dispararia)
The bull's eye that she made on my heart
(O alvo
que ela fez no meu coração)
And if I sound like a beaten man well then I guess so
(Se eu
parecer um homem derrotado, acho que sou mesmo)
But on her way is the sweetest prize and I can't let
go
(E no
caminho dela está o prêmio mais bonito e eu não posso desistir)
Thur
continuou a brincadeira e Chay, Harry e Mica engrossavam o coro,
fazendo dancinhas sincronizadas. Eu apenas olhava sorrindo timidamente
e Mel dava as suas famosas gargalhadas. Ele não é normal, mesmo. Pobre Sophie.
Bitch's coming back
Bitch's coming back
But I'm on my best behavior
I can't take it anymore
I just woke up on the floor today
I've long run out of my last chances but she's on her way
Bitch's coming back
But I'm on my best behavior
I can't take it anymore
I just woke up on the floor today
I've long run out of my last chances but she's on her way
What I told her on the telephone was that I'd been so
bad
(O que eu
disse a ela no telefone foi que eu tenho sido muito mau)
I wouldn't blame her if she mowed down these wild oats
I'd sown
(Eu não a
culparia se ela acabasse de vez com a minha promiscuidade)
But when she said she'd give me one more chance
(Mas
quando ela disse que me daria outra chance)
I said knock three times when you arrive
(Eu disse
"bata três vezes na porta quando você chegar")
Fiquei
pensando no que teria levado Thur a escrever aquela canção. Também
fiquei um pouco desanimada. Pelo que tinha escutado, ele se sentia mal por não
ser o namorado que ela esperava e queria fazer dar certo. Mas quando lembrava
de poucas conversas que tivemos sobre Sophie, era como se ele dissesse
totalmente o contrário da canção. Thur é confuso demais para a minha
cabeça. “Baby’s coming back” acabou e Arthur me olhou, piscando e
sorrindo em seguida. Apenas retribui um sorriso um tanto quanto reservado. Ele
desviou o olhar para Chay.
— Agora
quero oferecer essa para duas pessoas queridas — anunciou e Arthur o
olhou bruscamente.
— Qual?
— “I’ve
Got You” — Mica respondeu e Chay já começou a tocar. Eu
sabia que não viria coisa boa dali, pois ele esboçava um sorriso provocativo e
piscava para Mel. Ela agora já tinha o semblante pálido e me olhava
desesperada. Eu apenas a aconselhava a manter a calma, e ela tentou agir
normalmente, cantarolando os primeiros versos.
É uma
canção linda, dizia mais ou menos o que eu sentia por Arthur. A segurança
que ele me passava, o bem que ele me fazia. Harry e Chay cantavam se
olhando, como se estivessem se declarando um para o outro, Mel não
conseguia segurar o riso e até deixava de cantar algumas partes. Mas foi na
segunda parte da música que Mel quis morrer. Agora quem cantava era
Arthur. O refrão era dele. E vocês imaginam o que esse ser seria capaz de
fazer.
(…)
“‘Cause null has got null to make her feel
stronger
(Porque Mica tem Mel,
para fazê-la se sentir mais forte)
When the days are rough and an hour seems much longer
(Quando
os dias são duros e uma hora parece muito mais longa)
Yeah when null has got null
(Sim,
quando Mica tem Mel)
Oh! To make him feel better
(Para
fazê-lo sentir melhor)
When the nights are long they'll be easier together
(Quando
as noites são longas, elas serão mais fáceis juntos)”
(...)
Mel agora
estava com o corpo flexionado para frente, com o rosto próximo aos joelhos,
chamando Arthur de tudo o que não prestava e ele não conseguia mais
terminar de cantar, apenas ria e até parou de tocar. Chay já gargalhava
e também não conseguia mais fazer nada. Harry tinha se levantado e ficado em pé
ao lado de Mica, parabenizando-o pelo casamento. E eu, bem, eu não
conseguia nem respirar. Mel levantou-se bruscamente e saiu
arrastando Arthur pelo colarinho de sua camisa, ele tentava se
levantar, sem sucesso. Não sei bem o que eles conversavam, mas ele estava com
as mãos no joelho, gargalhando. Ela apenas apontava o dedo em sua cara, mas
também esboçava algum sorriso.
— Agora
só falta uma do Arthur para a Rachel — mica disse sentando
ao meu lado e passando o braço ao redor dos meus ombros. Corei.
— Hein? —
olhei-o subitamente.
— Isso
aí. A Mel já escreveu uma pra mim, que digamos que foi mais que
merecida... — deu de ombros com um sorriso convencido.
— Cala a
boca, Mica, você não dá conta dela não, vai precisar de ajuda... — Harry
bateu no próprio peito.
— Vocês
dois ficam se ajudando e eu faço tudo com ela sozinho — Chay ergueu
os braços.
—
Calem-se. Ninguém vai ficar com a minha amiga, vocês são um bando de tarados...
— apontei para Chay e Harry. — E você... — olhei para Mica. — É
um convencido e metido à besta.
Harry
começou a berrar e me abraçou, dizendo que eu fui a única pessoa que conseguiu
analisar a personalidade de Mica com precisão. Mica, então, se
levantou e disse que não falaria mais comigo, indo ao encontro
de Mel e Arthur. Eu pude jurar que a vi se esconder atrás
de Arthur, que se negou e a colocou em sua frente, segurando os seus
ombros com força para que ficasse quieta.
— Agora
conversem e se beijem! — Thur disse alto, voltando para onde
estávamos. Mel e Mica o olharam com um olhar de desespero,
quer dizer, o olhar de Mel era desesperado...
Já Mica expressava pura malícia.
—
Gostaram? Sou um compositor nato — Thur falou sentando ao meu lado.
Eu tentei me afastar um pouco, mas era impossível. O sofá só tinha dois lugares
e eu estava encolhida entre Harry e Thur.
Chay roía
as unhas, sentado no chão.
— Estou
precisando investir nesses dons também — Chay tinha um olhar de
reprovação para o seu violão. — Esse violão está cada vez mais feio! Ew — fez
cara de nojo e nós rimos.
— Coitada
da minha amiga. Ai Harry, ajeita essa bunda aí que eu estou sendo espremida —
tentei empurrá-lo.
— O
rabudo aqui é o Arthur. Sai fora — respondeu segurando as minhas mãos,
impedindo-me de continuar o empurrando.
— Você
vai ver quem vai ficar rabudo aqui! — Arthur esticou o braço,
passando por mim, para conseguir dar um tapa no rosto de Harry.
— Ai, ai,
ai, chega! — gritei, levantando e tentando desamassar a roupa e arrumar os
cabelos.
— Só é
você sentar no meu colo que tudo vai ficar bem e confortável.
— Arthur falou com um sorriso vitorioso e foi aplaudido pelos amigos.
Ignorei-os e corri para onde Mel e Mica estavam.
Eles
estavam próximos a um frigobar, ela segurava seu copo para que Mica a
servisse um pouco de refrigerante.
— Vou
ficar aqui com vocês, tá? — falei chegando por trás deles e os abraçando.
— Não. Vá
pro inferno! — Mica disse ainda de costas e colocando refrigerante
para ele. Os olhos de Mel deviam estar brilhando por tê-lo visto
dizer aquilo. Almas gêmeas?
— É,
volta pra lá, ô enviada do demônio! — Mel me deu um pedala.
— Como
vocês são malvados, gente. Não fiz absolutamente nada! — defendi-me, indignada,
colocando as mãos na cintura.
— Você
nem me defendeu, sua vaca!
— E ainda
me chamou de metido à besta!
—
Ah Mica, convenhamos que você mereceu, né? — pisquei pra ele. — E você, o
que queria que eu fizesse? Enfiasse meias na boca do Arthur?
— Vou
enfiar uma @#$% na boca daquele filho da %¨&$# — Mel resmungou e
em seguida deu uma golada. Mica e eu ríamos.
— Criada
na Suíça! — ele disse e ela riu. — Quer? — ofereceu-me refrigerante.
— Nááá,
obrigada — respondi simplesmente, não consigo tomar refrigerante pela manhã.
— Porra,
devia ter aceitado, assim a gente colocava um pouco de veneno aí dentro. Essa
%¨$#@ sem vergonha! — Mel resmungou, terminando e colocando o copo
vazio em cima do frigobar. Mica concordou.
— Fala
sério! Vim pra cá procurando apoio moral e vocês me tratam assim? Vão à merda —
falei saindo e eles riram.
— Volta
pro mar, oferenda! — ouvi Mel gritar e Mica gargalhar.
Apenas mostrei-lhes o dedo.
Voltei
para perto dos outros três garotos, que pelo jeito discutiam o que almoçar.
— Então
está certo. Quem compra? — Chay perguntou decidido e Thur e
Harry o olharam fixamente. — Ah não, por que sempre sou eu quem compra tudo
nessa desgraça? — resmungou e foi se levantando, largando o violão no chão.
—
Ouuunnn, tadinho! — disse me aproximando dele e apertando as suas bochechas.
— Ah,
alguém faz o favor de me injustiçar? Nunca recebo esses carinhos! — Harry disse
inconformado, recebendo um tapa de Arthur.
— Se
enxerga, Harry. Pega nem resfriado... — agora quem levou um tapa foi Thur.
— Como
vocês se agridem, que medo — olhei-os espantada e eles riram.
— Vamos
comigo, Rachel? — Chay convidou com uma voz fofa.
— Não,
ela fica! — Thur respondeu possessivo, recebendo vaia dos outros
dois.
— Eu vou!
— respondi com um sorriso provocativo e Thur ficou emburrado.
— Então
vai, oras — deu de ombros e recebeu pedalas de Harry e Chay.
Olhei
para o outro lado da sala e vi Mel conversando entretida
com Mica. Eu ia chamá-la para ir com a gente, mas resolvi deixá-la perder
o medo de ficar junto dele. Então, Chay estendeu a mão para que eu a
segurasse e eu o fiz. Percebi que Arthur olhou atento para as nossas
mãos e depois desviou o olhar para beliscar Harry. Aquilo me deixava ainda mais
motivada a segurar as mãos de Chay. Eu estava conseguindo provocar ciúmes
em Arthur?
Deixamos
o estúdio no carro de Chayzito, que dirigia um pouco rápido demais.
Digamos que ele não é o melhor motorista que já conheci.
— Você
meio que gosta de velocidade, né? — perguntei rindo e ele riu.
— Sempre.
Devagar não se vai a lugar nenhum — deu de ombros.
— É, mas
eu estou, tipo, com medo — sorri fraco e ele diminuiu um pouco o ritmo.
—
Mulheres...
—
Grrrrrrrrrrrr... Vocês homens que são um saco! — cruzei os braços
e Chay riu alto.
— O que
rola entre você e o Arthur? — perguntou de uma hora para outra,
deixando-me completamente assustada e sem conseguir dizer qualquer coisa. — Que
foi? — notou a minha inquietação.
— Nada...
Mas por que essa pergunta? — perguntei atordoada. Eu queria responder outra
coisa, mas como foi isso que saiu, então não tinha mais como voltar atrás.
— Por
nada também — deu de ombros.
— Ah
não, Chay. Agora fala! Eu sei que você não perguntou isso simplesmente por
nada... — insisti, olhando-o curiosa.
— É
que... Ah... Não parece ser só amizade.
COMO
ASSIM? Arthur e eu mal nos falávamos na frente deles! Por que
perceberiam alguma coisa a mais?
— Hã?
Bebeu? — quase gritei.
—
Caaaalma, se não tem nada, então por que todo esse stress? — provocou, rindo
idiotamente.
— Seu
babaca! — dei um tapa leve em seu ombro, rindo e balançando a cabeça.
— De
qualquer forma... — começou e meu coração saltava. — Eu prefiro você à Sophie.
O Arthur não é muito bom em escolher namoradas... — agora eu tinha
certeza de que tinha visto o meu coração correndo na calçada do outro lado da
rua.
—
Bobagem, Chayzito. Ele gosta dela, e ela dele.
— Não
tenho tanta certeza — opinou, parando no sinaleiro e olhando para o relógio em
seu pulso. Isso me lembrou aquela conversa que tive com John.
— Como assim?
— por que eu tinha que perguntar? Eu não podia ficar demonstrando interesse.
Argh! Me odeio às vezes.
— Ah,
nada demais. Só não tenho tanta certeza — repetiu, me deixando ainda mais
curiosa.
— E
aquela música? Arthur, ele queria mudar por ela — falei incrédula e ele
arrancou, com o pneu cantando, quando o sinal ficou verde.
— Aquela
música já foi escrita há muito tempo. E ele nem tentava mudar assim não, aquilo
foi pra dar um drama a mais na canção. As únicas partes reais são as das
brigas, da bebedeira, dela não entendê-lo e de ele estar farto disso. Ele está
sufocado — fez careta.
— Então
por que continua com ela? Digo, se ele se sente assim? — tentei soar natural.
— Porque
sei lá. O Arthur é lerdo, você nunca percebeu? — falou com uma cara
engraçada, fazendo-me rir.
—
Tadinho, nem está aqui pra se defender.
—
Percebeeeeeeeu — falou praticamente cantando. — Fica tranquila, não vou contar
pra ele!
— Cala a
boca, Chay — dei outro tapa em seu ombro. — Não falei nada! — ri.
— Vou ser
sincero contigo — ficou sério e eu fiquei nervosa mais uma vez. — Eu sei que
tem coisa aí.
— Aí
onde?
— Aí...
Nesse lance de vocês — continuou. — Sabe por quê?
— Ah
Deus, o que você vai inventar? — perguntei nervosa.
— Eu
percebi no dia do show. Quando você não me deixou dizer que é amiga dele —
lembrei subitamente de olhar apavorada para Arthur.
— Ah, mas
eu fiz aquilo pra evitar problemas. Eu não sei se ela é ciumenta, vai que ela
tinha uma ideia ruim de nós dois? — fingi, mas meus lábios tremiam.
— Você
não mente muito bem — falou puxando o freio de mão, quando estacionou. —
Espere-me aqui, já venho! — deixou-me completamente confusa dentro do carro.
Será que
todos os garotos do McFly têm super poderes ou eu fico muito vulnerável perto
deles? Como Chayzito podia dizer que eu não sabia mentir muito bem?
Meu Deus, eu preciso trabalhar expressões faciais e esconder nervosismo. Só
pelo meu jeito de agir, praticamente confirmava ou negava qualquer coisa. Estou
perdendo o controle. Era tão óbvio assim que eu estava caidinha
pelo Arthur? A Mel eu tenho certeza absoluta que sabe, mas a
coisa está ficando mais perigosa. E se Chay decide contar para os
outros? SERÁ O MEU ATESTADO DE ÓBITO. Antes que eu pudesse me perder em mais
possibilidades, Chay apareceu no carro com várias sacolas e
colocou-as no banco de trás. O cheiro estava delicioso.
— Põe o
refrigerante nos seus pés? — pediu, dando-me uma sacola com três garrafas de
coca-cola. Ajeitei-as no tapete do carro.
— Meu
Deus, Chay, é muito refrigerante! Eu vi que vocês têm no frigobar também —
falei espantada.
— Ih,
aquilo ali não vai dar pra duas horas. Escreve o que estou dizendo — falou
piscando e entrou no carro. E eu que achava que era a pessoa mais viciada do
mundo.
Fizemos o
caminho todo em um semi-silêncio, pois eu tinha medo de engatar qualquer
assunto com Chay e chegar ao papo Arthur-Sophie de novo. Quando
chegamos ao estúdio, Arthur estava sentado na calçada, falando ao
celular. Desci do carro e ajudei Chayzito com as
sacolas, Arthur apenas acenou e continuou falando.
— Porra,
pensei que não iam chegar mais. Estava quase comendo o Mica! — Harry
reclamou, passando a mão na barriga, quando nos viu entrar na sala.
— Vou
fingir que não sei que você estava doido pra me comer — Mica brincou,
pegando uma das sacolas de minhas mãos e colocando em cima da mesa. Harry
apenas o mandou se enxergar.
— Nem
chamam, né? — Mel falou e a olhei, ela estava deitada no sofá.
—
O Chay estava com pressa e também você me destratou! — dei de ombros
e ajudei a tirar as comidas da sacola. Harry também foi nos ajudar, pegou
pratos, talheres e copos, eles tinham tudo naquele estúdio.
— É a
nossa segunda casa! — disse quando me viu rir dele pegando tudo para colocar na
mesa.
— Rach,
chama o Arthur, senão a comida vai esfriar — Mel disse se
levantando do sofá e eu senti vontade de rir ao ouvi-la me chamar de Rach.
Senti as
pernas tremerem. Ia ser a primeira vez no dia em que eu ficaria sozinha com
Arthur. Na hora do café da manhã não conta, porque logo Mel apareceu.
Fui caminhando devagar e cheguei do lado de fora do estúdio, onde ele ainda
falava ao celular.
— Porra,
eu já disse, não vou repetir — falou irritado, ainda não tinha percebido a
minha presença, pois eu estava atrás dele. Será que era Sophie? Fiquei imóvel,
esperando-o desligar. — Er, então ok. Mas hoje a gente não vai poder se ver. JÁ
EXPLIQUEI, SOPHIE — é, era ela, mesmo. Eu fiz de tudo para sair dali e não
ouvir a conversa, mas não recebi a educação necessária e não sei que é feio
ouvir a conversa alheia. Meu coração estava acelerado. — Tá, ok, eu também.
Tchau — desligou. “Eu também” o quê? “Te amo”? Respirei fundo e tentei tirar
isso da cabeça, afinal é comum namorados dizerem isso. Eu só tinha que
entender. Arthur sentiu a minha presença e se virou bruscamente, eu
não sabia onde enfiar a cara, fiquei com muita vergonha de estar parada ali,
praticamente ouvindo a sua conversa. Ele sorriu e eu sorri fraco.
—
Entra, Thur, estão te esperando para almoçar.
— Estou
indo — ele disse em um tom baixo e voltou a olhar para a rua, de costas para
mim.
— Ok —
falei simplesmente e me virei para entrar no estúdio novamente. Ele devia estar
me achando muito intrometida.
— Luh...
— ouvi-o chamar e fiquei praticamente congelada. Virei novamente, ele agora me
olhava sorrindo. — Senta aqui, rapidinho — as pernas vacilaram e eu pensei duas
vezes, mas a quem eu queria enganar? Eu estava louca para ficar sozinha
com Arthur de novo. Então, respirei fundo e caminhei até ele,
sentando-me ao seu lado e apoiando os braços nos joelhos. Fiquei encarando os
meus pés, sentia-me completamente vulnerável ali. Antes que pudesse imaginar
alguma coisa, senti a mão de Thur em minha nuca e comecei a rir.
—
Ai Thur, eu tenho cócegas aí — avisei me esquivando e ele começou a rir,
pegando com mais força. — Sai! — empurrei-o ainda rindo e passei a mão no
cabelo para ajeitá-lo, pois ventava um pouco.
— Aqui
pode? — perguntou ao tocar a minha cintura. Assenti e voltei a encarar os meus
pés. Sentir Arthur me tocar de novo era como encontrar a luz no fim
do túnel. Eu já sentia falta daquelas mãos, daquele calor. Ele se aproximou e
eu senti a sua respiração em meu pescoço, ficando arrepiada e ao mesmo tempo
corada. Começou a beijá-lo. Eu apenas tentava me controlar para não agarrá-lo
ali mesmo.
— Thur...
— sussurrei, já de olhos fechados.
— Hum? —
continuou beijando o meu pescoço, agora subia para a minha orelha,
mordiscando-a.
— Você
não tem medo? — indaguei com dificuldade. Ele cessou os beijos imediatamente e
me olhou, então nos encaramos.
— De quê?
— perguntou confuso.
— Sei lá,
paparazzis. — respondi e ele baixou a cabeça, rindo e me fazendo sentir idiota.
— Quê? — perguntei indignada ao vê-lo rindo.
— Eu
achando que você ia dizer alguma coisa realmente assustadora e você me vem com
essa — balançou a cabeça.
— Arthur
Aguiar, volte à realidade! Se um paparazzi te ver fazendo isso, já era o seu
namoro! — tentei falar sem sentir uma pontada no peito, mas não foi possível. A
reação dele foi bem diferente da que eu esperava, merecendo até uns tapas.
— Se um
paparazzi visse o que eu fiz nessa madrugada, aí sim eu ficaria realmente
assustado! — falou com um sorriso malicioso e eu estapeei seu peito. Ele
segurou os meus pulsos e me puxou, me envolvendo rapidamente com um de seus
braços e me deitando em seu colo. Eu não podia estar me sentindo mais
realizada. Então, com a outra mão, ele pegou um de meus braços e levou até seu
ombro, para que eu o abraçasse. Acariciei a sua nuca e ficamos nos olhando por
algum tempo. Eu continuava viajando naqueles olhos azuis. O olhava cada vez mais
fixamente, tinha que ter certeza de que estava vivendo
aquilo. Thur tocou meus lábios com a ponta de seu dedo indicador,
deslizando suavemente. Fechei os olhos e senti as borboletas ansiosas no
estômago.
— Arthur! Lua!
— ouvi Mel gritar e levantei do colo de Arthur subitamente.
Ela segurava a porta e ria da nossa cara — vai esfriar a porra da comida,
deixem para se pegar depois! — corei e mostrei o dedo para ela, que deu língua
e entrou.
Olhei
para Arthur e ele coçava a cabeça, olhando para baixo.
— Vamos?
— chamei, levantando e puxando um de seus braços. Ele concordou e levantou. Fui
à frente, vez ou outra olhava para trás e notava que ele observava as minhas
pernas e o meu bumbum.
— Está
gostando do que vê? — perguntei olhando para frente, só para deixá-lo sem
graça. Mas ele sempre é o pior.
— Nada
que eu não tenha visto de madrugada... — respondeu de forma simples e eu me
virei para ele, que ria cinicamente. — Desculpa, mas perguntou e eu respondi! —
deu de ombros e dei um tapa leve em seu rosto. — Outch! Mais um desse e você
vai ver o que acontece... — ameaçou com a mão na bochecha, acariciando-a.
Então, dei outro tapa em sua bochecha livre. — @#$¨* que pariu, nunca aprendo a
me esquivar! — reclamou.
— Cadê,
valentão? — disse instigando-o, com as mãos na cintura. Arrependi-me do que
falei. Como em um reflexo, Arthur me agarrou com força pela cintura e
me levou para o outro lado, bem longe da sala onde devíamos entrar.
— Arthur, para! Eu não quero que vejam a gente — pedi, sendo arrastada e
olhando preocupada.
— Shhhh!
— tampou a minha boca. Eu tentava me soltar, mas ele é anos luz mais forte.
Entramos em uma sala escura, onde certamente era outro
estúdio. Arthur me soltou e trancou a porta, escondendo a chave no
bolso.
— Arthur,
pelo amor de Deus! — falei colocando as mãos na cabeça. — Vamos sair daqui.
— Arthur,
pelo amor de Deus — imitou-me, conseguindo me fazer rir. — Você é muito medrosa
— aproximou-se e encaixou a mão nos meus cabelos, puxando-me pela cintura com a
outra mão. Espalmei as mãos em seu peitoral e, antes que tentasse me
soltar, Arthur já havia feito o favor de encaixar os nossos lábios.
Foi um beijo ansioso, intenso. Não demorou muito para que os nossos corpos
estivessem colados e eu pudesse sentir o que Arthur estava
pretendendo, literalmente.
—
Rachel, Thur! — ouvimos uma voz não muito distante da sala berrar. E pelo
que conhecia das vozes dos garotos, era Chay. Soltamos-nos rapidamente
e Arthur bufou.
— Vai na
frente — disse, tirando a chave do bolso e me dando. Peguei e o olhei confusa.
Ele olhou para as suas calças, inconformado. — Não dá pra eu sair daqui agora —
entendi e comecei a rir, ele ria também, um pouco nervoso.
— É
nessas horas que ser mulher é bom! — dei de ombros e destranquei a porta,
deixando a chave na fechadura. Ouvi Arthur assobiar ao me ver saindo
da sala. Quando voltei para o corredor que ia direto para a sala onde todos
estavam, esbarrei em Chay.
— Porra,
vocês querem matar a gente de fome? — reclamou, balançando a cabeça e saindo na
frente. Apenas sorri fraco e o segui. Entramos na sala e todo mundo já estava
comendo, aquilo tudo era drama.
— Estou
comovida com a consideração de vocês! — falei alto, fazendo todos pararem de
comer e me olharem.
— Ah,
minha princesa, eu quis te esperar, mas o Mica e
o Chay ficaram com ciúmes e disseram que se eu te esperasse estava
tudo acabado. Eu realmente preciso desses caras, então... — Harry fez bico e os
dois confirmaram, mas Mica emendou.
— Nossa,
Harry, você está cada vez pior, cara. “Minha princesa”... Eu esperava mais de
você — recebeu uma careta e 20 mil xingamentos de Harry,Chay concordou
com Mica.
— Ignora
esses caras e senta aqui do meu ladinho, Rachel, somos bons nisso... — Harry
afastou a cadeira ao seu lado e eu me dirigi até ela, sentando e pegando um
prato.
— São
bons nisso o quê? — Mica perguntou de boca cheia.
— Sentar
juntinhos... Ou vocês não notaram que sempre estamos grudados? — Harry
respondeu, olhando-me e piscando com uma cara sexy. Recebeu bolinhas de
guardanapos de Chay. Corei e sorri fraco, servindo-me.
— Você é
muito cafona. Se eu fosse uma garota, não ficaria com você
— Arthur disse, entrando na sala, e eu senti as pernas formigarem,
então apenas continuei me servindo.
—
Porra Arthur, no banheiro essa hora? — Mel, que estava calada, disse
de uma hora pra outra, arrancando risos dos garotos.
— Ela é
boa nisso, cara... — Chay disse, dando a mão para ela.
— É,
estava, pensar em você e no Mica juntos me excita
— Arthur rebateu, sentando na cadeira ao lado dela e dando um
peteleco em sua orelha. Ela, por sua vez, devolveu o peteleco na nuca.
— Pensar
em mim excita qualquer um — Mica concluiu e foi vaiado.
O almoço
seguiu nesse ritmo, piadas o tempo inteiro. Mel parecia já estar mais
acostumada com as cutucadas de Arthur e já não ficava tão atordoada
com as brincadeiras que a relacionavam a Mica. Agora todos já faziam
piadas com os dois, que prometiam matar Arthur por começar com esses
“boatos”. Depois que almoçamos, sentamos todos no tapete e Chay teve
a brilhante ideia de fazer um jogo de verdade ou desafio. Mel e eu
não quisemos aceitar, porque éramos as únicas garotas ali.
— É isso
ou poker pornográfico — ele argumentou.
— 'Tá,
verdade ou desafio, então — respondi meio contra a vontade, eles reclamaram,
dizendo que preferiam poker. Eu preferia aqueles desafios estranhos a ter que
me esfregar em alguém. Já bastava fazer isso a semana inteira.
— Não dá
pra jogar isso sem beber, cara — Mica opinou inconformado.
— Acho
que temos latinhas no frigobar — Harry disse levantando e indo conferir.
— Ih
gente, piorou — Mel falou e todos a olharam. — Eu estudo e trabalho
amanhã, nem posso pensar em beber hoje!
— Ah, é
só um pouquinho de nada! — Chay tentou convencê-la.
— É Mel,
amanhã a gente está inteirinha... — falei animada. Eu estava precisando beber
para jogar aquilo. E também queria me divertir. Não que eu estivesse triste ou
algo do tipo, porque depois da madrugada que tive com Arthur, tudo era
motivo para estar sorrindo.
— Que
seja. 'Tá, mas só um pouco — ela deu de ombros e Harry já veio com várias
latinhas na mão, depois voltou e buscou mais.
— Pronto,
agora é só pegar a garrafa! — Mica disse se levantando e indo até a
mesa pegar a garrafa de coca-cola vazia. Cada um abria as suas latinhas de
cerveja. — Aqui. O gargalo é quem pergunta e o fundo, quem responde — ordenou e
se sentou, colocando-a no centro, em seguida abriu a sua latinha.
— Eu vou
começar girando! — Arthur se inclinou para alcançar a garrafa e
girou. Para o azar de Mel, ele perguntava e ela respondia. Então, ela
escondeu o rosto no ombro de Harry, que estava ao seu lado. — Quem eu queria
mesmo! — comemorou. — Verdade ou desafio, Mel?
— Ah meu
Deus! — ela disse se sentando normalmente e dando uma golada generosa em sua
cerveja. — Verdade, logo!
—
Huuuuuum, deixa eu ver... — Arthur demorou um pouco para fazer a
pergunta, todos riam do nervosismo de Mel. — Ah, com quantos anos você
perdeu a virgindade? — todos gritaram e gargalharam. Por incrível que pareça,
ela respirou aliviada.
— Com
17... E calem a boca — escondeu o rosto nas mãos.
— Vai,
agora você gira! — eu disse a ela depois de tomar um pouco mais de
cerveja. Mel se inclinou para o centro do círculo e girou.
— Chay pergunta
para... Rachel! — Mel quase se enrolou com os nomes e eu senti
calafrios. Por sorte ninguém prestou atenção. Senti um frio na
espinha. Chay, não! Qualquer um, menos Chay.
— Verdade
ou desafio? — perguntou sorrindo malicioso. Cocei a cabeça, nervosa.
— Verdade
— respondi convicta, mas com todos os meus órgãos dançando dentro de mim. Fiz
uma corrente de pensamentos do tipo “nada sobre o Arthur, nada sobre
o Arthur”.
— Uma
pessoa que você odeie... — ele disse simplesmente, piscando para mim. Então, eu
fiz como Mel, respirei aliviada.
— Uma só?
— todos me olharam espantados.
— Credo,
você odeia mais de uma pessoa? — Mica indagou, me olhando com os
olhos arregalados.
— Não,
gente, vou citar duas — falei após esvaziar a minha latinha e abrir outra em
seguida.
— 'Tá,
pode ser — Chay permitiu, me olhando curioso e também abriu outra
latinha.
— Meus
pais — disse simplesmente e tomei uma boa quantidade de cerveja. O silêncio
prevaleceu ali e eu me senti mal. — Ah, gente, eu tenho os meus motivos... —
tentei mudar a expressão em seus rostos, a única que me entendia era Mel,
pois sabia de toda a minha história. — Er, vou girar — tentei quebrar o gelo e
me inclinei, girando. — Mica pergunta pro Arthur!
— Mica bateu palmas e gritou, Arthur resmungou e todos torciam.
— Verdade
ou desafio, cara? — Mica perguntou. Eu estava aliviada até ali, creio
que Mica nem desconfiava de nada.
—
Verdade! — Arthur respondeu gritando. — Só porque sou macho! — bateu
no próprio peito e nós rimos.
— Quando
foi a melhor trepada? E com quem? — Mica questionou, recebendo uma
cotovelada de Chay. Meu estômago estava de cabeça pra baixo. Não sou
egocêntrica a ponto de achar que a madrugada que tivemos foi a melhor
de Arthur, mas nunca se sabe.
— Cara,
controla o palavreado, temos damas aqui! — Arthur disse e foi
repreendido por Mel.
— Bom é
assim, Arthur! — pela primeira vez vi Mica a olhar entusiasmado
depois de ela ter dito algo. Ele a agradeceu.
— Chega,
o centro das atenções sou eu, vou responder! — Arthur disse alto e eu
tentei não olhá-lo nem de relance. Depositei todo o nervosismo na cerveja.
Senti os olhos de Arthur fitando-me. — Trepada? Deixa eu ver... —
bebeu um pouco de sua cerveja. — Durante a turnê passada, acho que depois do
terceiro show, com uma groupie que não lembro o nome — estava confuso, coçando a
cabeça. Eu não me entendo. Ao mesmo tempo em que tive medo de ele soltar alguma
coisa, senti raiva por não ter dito que tinha sido na noite passada e comigo.
—
Cláááássica, meu amigo! Essa foi a sua memorável! — Harry disse
para Arthur. — Nove horas de pura sacanagem! — ria descontroladamente.
— Não
faço nada rápido, você sabe — Arthur disse se sentindo vitorioso e eu
queria socá-lo. Todos os meninos riam e davam os parabéns a
ele, Mel e eu éramos as únicas com o rabo entre as pernas. Homens. —
Vou girar! — Chay anunciou e o fez.
A
brincadeira seguiu animada, todos estavam escolhendo verdade e por sorte foram
pouquíssimas vezes que caiu para eu responder. E em nenhuma delas
era Arthur quem perguntava, apesar de toda vez ele me olhar com um
sorriso malicioso. Todos já estavam ‘alegres’ naquela roda, inclusive eu. Os
meninos já estavam sem as suas camisas. Alguns já tinham escolhido desafios,
mas tinham sido leves. Só coisas como virar cerveja. Tudo era motivo para
gargalhada.
— Mica pergunta
para Rachel! — Harry disse. Eu já estava tão ‘legal’, que nem me importava mais
com nada, a não ser que fosse Chay quem perguntasse.
— Verdade
ou desafio, dama? — Mica perguntou.
— Desafio
— respondi segura.
—
Huuuuuuuum... — arqueou as sobrancelhas. — Vamos mudar o rumo disso aqui.
— Mica disse levando uma das mãos ao queixo e pensando. Eu estava
muito dormente para me preocupar com o que ele escolheria. Mas confesso que me
assustei. — Rachel beija o Harry por 15 segundos!
— YAY! —
ouvi Harry comemorar, porque agora eu me encontrava com a cabeça baixa, rindo
envergonhada. Ouvi a gargalhada de Arthur. Então, ele certamente não se
importava. Eu ia dar o meu melhor naquele beijo.
— Tem que
ser aqui? — fiz charme.
— Claro,
como a gente vai saber que vocês cumpriram? — Chay perguntou.
— Quero
aqui no meio da roda! — Mel disse dando corda e eu a olhei rindo. Eu
não estava desanimada em dar aquele beijo, Harry é muito bonito e eu o achei
atraente desde a hora em que o conheci. Não seria nenhum sacrifício.
— Vamos?
— Harry foi para o meio da roda e estendeu a mão para que eu me juntasse a ele.
Virei o resto de cerveja da minha sétima lata, por aí, e me juntei a ele.
— No
três, hein... — Mica começou, ajeitando o relógio, creio que para
cronometrar os 15 segundos. — Um... Dois... Dois e meio...
— Anda,
@#$%¨! — Harry berrou impaciente e todos riram.
— TRÊS!
— Mica gritou e antes que eu me desse conta, já estava nos braços de
Harry. Ele também beijava muito bem. Não senti vontade de recuar ou empurrá-lo,
pelo contrário. As gargalhadas que ouvia de Arthur enquanto nos
beijávamos me motivava mais ainda a continuar ali. Eu fazia questão de puxar os
seus cabelos e deixar as nossas línguas amostra de vez em quando. Já estávamos
praticamente sem fôlego. — Quatorze... Quinze! —Mica fez a contagem e nos
soltamos, recebendo aplausos e assobios de todos na roda.
— Esse
vai pro Guiness, quase molhei as calças! — disse Chay, já um pouco bêbada,
arrancando gargalhadas. Harry e eu voltamos para os nossos lugares e girei a
garrafa.
— Mel pergunta
pro Arthur! — avisei e ela deu sua gargalhada estridente.
— Verdade
ou desafio, Arthuur? — perguntou enrolando um pouco a língua. Mesmo já nem
sentindo nada do pescoço para baixo, acho que eu estava nervosa. Tinha medo do
que Mel poderia perguntar, ela não estava completamente bem do juízo
naquele momento.
—
Verdade! — ele disse estendendo a sua latinha para o ar. Ela soltou um riso
abafado.
— Você
ama a Sophie? — indagou como se fosse a coisa mais natural a se perguntar. Os
garotos disseram “WOOOOOW” em coro e eu não sei de onde senti as pernas
fraquejarem, mesmo dormentes. Ela é louca, definitivamente. Eu queria parar o
mundo e pedir para descer. Olhei para Arthur de relance e ele parecia
não ter se importado tanto assim com a pergunta, já Mel me olhava com
ansiedade, como se dissesse ‘essa resposta vai sanar as suas dúvidas’. Notei
quando Chay coçou a cabeça e franziu a testa. — Vaaaamos, o tempo
está se esgotando, camarada! — apressou-o com palminhas.
— Er,
não! — respondeu simplesmente e deu uma golada, sendo aplaudido pelos amigos e até
pela Mel, que além de aplaudir, ainda gritava. É, aquilo acendeu alguma
esperança em mim. — Girandoooooooo... — Arthur disse já girando a
garrafa. — Eu pergunto pro Mica, minha vidinha! — colocou as mãos no
coração e rolou os olhos, suspirando. Foi xingado por Mica. — Verdade ou
desafio?
—
Verdade, cara. Essa é a resposta! — Mica respondeu rindo, já
bêbedo. Mel estava apreensiva. Arthur perguntando
a Mica não era um bom sinal. Eu acho que me sentia como ela, a não
ser pelo fato de não estar sentindo nada. Arthur sorria maroto.
— Você
pegaria a Mel? — perguntou e ela na mesma hora cuspiu toda a quantidade de
cerveja que tinha na boca, recebendo tapinhas nas costas de
Harry. Mica estava tranquilo, quer dizer, bêbado o bastante...
— Sem
pensar duas vezes! — respondeu sinceramente e todos começaram a aplaudir e
gritar, menos Mel, que ria descontroladamente. Agora toda a sua vergonha
tinha se convertido em risadas.
— Está
vendo, Mel? Não é só você que pegaria ele não... — Arthur disse
e foi chamado de “demônio” cinco vezes em uma mesma frase.
— Rachel
pergunta pro Chay! — Mica falou após girar a garrafa. Comemorei.
—
Finalmente eu que pergunto pra ele! Verdade ou desafio?
—
Desafio! — disse erguendo os braços e sendo aplaudido. Tinha um desafio que não
me saía da cabeça.
—
Huuum... Quero que você vá pelado lá na frente do estúdio e fique dançando por
10 segundos! — falei batendo no tapete e todos gritaram, rindo.
— Valeu!
— o louco me respondeu, já levantando e tirando as calças. Mel já
tampava os olhos e eu tratei de fazer isso logo.
— Essa eu
tenho de ver! — Mel disse após dar a sua típica gargalhada.
— Ao
infinito e além! — ouvi Chay gritar e sair correndo para fora da
sala. Todos levantaram e o seguiram. Ele estava na frente, então pude ir sem
tampar os olhos, só via o seu traseiro. Chay abriu a porta que dava
acesso ao lado de fora do estúdio e tinha os braços erguidos, os garotos
começaram a cantar uma música de Justin Timberlake, eu acho. Ele dançava de
forma muito engraçada, de frente para a rua. Toda vez que se virava para
onde Mel e eu estávamos, nós fechávamos os olhos. Foram 10 segundos
muito lentos e sufocantes de tanta gargalhada. Duas pessoas passaram pela rua e
olharam assustadas, uma delas era uma mulher, que escondeu o rosto no ombro de
seu namorado. Já ele, riu descontroladamente, não acreditando no que via.
Finalmente
retornamos para a sala e Chay colocou as suas calças novamente.
Voltamos a fazer a roda e Harry pegou mais cervejas. O estoque deles é
praticamente infinito.
— Harry
pergunta para Mel! — Chay disse após girar a garrafa.
— Verdade
ou desafio? — Harry perguntou.
—
Desafio! — ela respondeu simplesmente e eu a olhei
confusa. Mel realmente estava bêbada.
— Você
vai ter que dar um beijo pegando na bunda do nosso amigo peladão, aqui! — Harry
disse apontando para Chay, que comemorava, e Mel escondia o
rosto com as mãos, morrendo de rir. Então, ele se levantou e ela levantou em
seguida, os dois ficaram em pé no meio da roda e todos gritavam “beija, beija,
beija”. Arthur começou a cantar a canção do Titanic e depois
chamou Chay de corno. Mel se esquivava, rindo. — Um, dois,
três e... Já! — Harry deu passe livre e antes que Chay pudesse fazer
alguma coisa, Mel já tinha fixado as mãos na bunda dele, que agora já
estava vestida. Todos batiam palmas e gritavam. Eles se beijaram com
entusiasmo, assim como Harry e eu. Arthur segurava a própria barriga
tentando parar de gargalhar. Harry agora abraçava os dois e dava
pulinhos, Mica estava como Arthur, rindo sem parar. E eu nem
conseguia olhar direito, estava sufocada de tanto rir. Não que tivesse alguma
coisa muito engraçada, mas do jeito que estávamos, qualquer coisa era motivo
para cair na risada. — Estou satisfeito! Agora vou pro banheiro! — Harry disse
brincando e eles dois se soltaram.
Apesar de
estar tudo muito engraçado e todo mundo estar bebendo cada vez mais, desistimos
de brincar e ficamos apenas bebendo e jogando conversa fora. Harry comentou que
eu beijava muito bem e que depois me ligava para a gente combinar de dar mais
beijos daqueles em um lugar sossegado, brincando. Eu apenas concordei, também
em tom de brincadeira. Chay agora estava deitado no colo de Mel,
dizendo estar apaixonado e abria a boca para que ela derramasse
cerveja. Arthur estava apoiado em seus cotovelos, ao meu lado. Nós
não trocamos muitas palavras, mas sempre que podia, jogava cerveja em meu
cabelo, me deixando furiosa. Foi mais um bom momento nosso com os garotos,
sentia-me em casa ali. Já tinha aprendido a lidar com as brincadeiras deles,
claro que a cerveja ajudou um pouco, mas tudo melhorava. Acho
que Mel estava da mesma forma, porque agora ela confirmava as provocações
de Arthur para Mica.
“Você ama
a Sophie?”... “Er, não!”. Isso não deixava de habitar a minha cabeça um segundo
sequer, até me fazia rir mais.
Continua
..
Autora : Ingrid H.
Pronto,
02 capítulos como me pediram .. :)
Mínimo 07 Comentários ok ?
07 comentários? pô daqui a pouco vai chagar a 1.000 kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk meu deus,quero mais
ResponderExcluir+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
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ResponderExcluirperfeitooo
ResponderExcluir7° a comentar u.u agora tem o proximo capitulo né?
ResponderExcluirposta mais
ResponderExcluirmais por favor"amei esse capitulo
ResponderExcluircapitulo perfeito posta mais
ResponderExcluirviciei nessa web muito boa!posta mais
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