Capítulo 13.
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para carregar: Matt Costa - Sunshine)
— Que
bagunça é essa? Meu Deus, vocês não são mais crianças! — ouvi uma voz grossa e
acordei, tendo dificuldade para abrir os olhos. Espera! Onde eu estava? A minha
cabeça doía agora, as pontadas passavam do limite do suportável. Olhei para o
lado e vi Thur dormindo calmamente. Senti que estava deitada em um
lugar desconfortável e então me situei que estava no chão. Demorou até que eu
entendesse que estava no estúdio. Olhei para cima e vi alguém me olhando
atentamente, um rosto desconhecido. Sentei em um impulso e coloquei a mão na
cabeça, numa tentativa falha de melhorar a dor que sentia. Olhei para frente e
vi que Harry também estava acordado, já sentado. Pelo jeito, com as mãos na
cabeça também. — Onde estão seus celulares? Tentei ligar a noite inteira! — o
homem que estava me olhando atentamente continuou falando.
— Sei lá!
— Harry respondeu em meio a bocejos.
— Nós
temos compromissos hoje, Judd — ele continuou e eu não estava entendendo mais
nada. Agora Mel se mexia, devia estar acordando também. — Vocês estão
cada vez mais irresponsáveis.
— Quem
está aí? — ela perguntou tampando os olhos.
— Eu é
que pergunto! Quem são vocês, o que fazem aqui?
— Fletch,
vai com calma cara, elas são nossas amigas e a culpa disso é nossa! — Harry
saiu em nossa defesa e eu o agradeci mentalmente.
— Mel,
vamos! — chamei e ela se sentou devagar.
— Não
gente, fica aí! — Harry tentou se redimir, mas aquele homem que falava com ele
não parecia muito satisfeito e eu estava constrangida demais para continuar
ali.
— A gente
se fala depois, Harry — Mel disse se levantando e me ajudando a
levantar. Ela parecia já ter entendido tudo.
— É bom
mesmo que vocês se falem depois. Porque agora vocês têm compromisso, MCFLY! — o
tal Fletch continuou, falando o nome da banda de forma irônica. Os outros três
dormiam tranquilamente. Harry se levantou e nos seguiu até a saída. Nem mesmo
cumprimentamos aquele homem.
— Eu
quero pedir mil desculpas pra vocês! — Harry disse me abraçando e em seguida
abraçando null.
— Não,
Haz, fica tranquilo — Mel falou em tom cordial.
— É, a
gente sabe como é esse negócio de compromissos — tentei consolá-lo.
— Vou
levá-las até em casa — ofereceu educadamente.
— Não precisa,
a gente chama um táxi! — Mel sorriu para ele.
— Não,
sinto-me na obrigação de levá-las depois desse chilique do Fletch! — acabamos
aceitando e Harry nos levou para casa. Eu fui com ele no banco da frente
e Mel foi deitada no de trás. Ele nos explicou que tinham uma
conferência naquele dia, mas que tinham se esquecido, ou melhor, Fletch devia
ter avisado Arthur e o Arthur não tinha uma memória muito
regular, o que me fez rir. — O Fletch é um cara legal, só é meio estressado! —
continuou e nós rimos.
— Tudo
bem, Harry. Eu imagino o que deve ter passado pela cabeça dele — dei de ombros
e ele sorriu fraco. — É aqui — falei quando ele passava pela frente de nosso
prédio, alegando não lembrar direito aonde era. Dei um beijo em sua testa
e Mel o abraçou por trás, abraçando o banco do carro também. — Diz
pros outros que nós mandamos beijos.
— Ok.
Cuidem-se! — ele se despediu enquanto saíamos do carro. — Ah, quando a gente
tiver um tempo livre, peço pro Arthur ligar — assentimos e acenamos.
Ele,
então, se foi.
— Que dia
o de ontem, hein? — Mel comentou enquanto subíamos as escadas.
— Só
lembro o dia mesmo — ri alto. — O que será que aconteceu à noite?
— Mel me olhou apreensiva.
— Agora é
rezar para que nenhum deles se lembre de nada também, assim se tiver acontecido
algo que possa nos envergonhar, eles nem vão saber — falou dando de ombros e eu
ri. — Perdi aula! — bufou enquanto colocava a chave na fechadura.
— Duas.
Ainda bem que as minhas provas acabaram sexta — respirei aliviada.
— É,
antes perder aula do que perder o trabalho. Pior que eu estou com um sono do
#$%@ — abriu a porta e nós entramos.
— Dorme
um pouco, ainda tem tempo — olhei para o relógio na parede, que marcava nove da
manhã.
— É, quem
sabe. Bom dia amiga, vou dormir — ela disse me abraçando e bocejando e logo foi
para o seu quarto.
Entrei na
cozinha e procurei algum remédio para dor de cabeça no armário próximo à
geladeira. Por sorte ainda tinha um comprimido na cartela. Peguei um copo e
coloquei um pouco de água, engoli a pílula e fui para o meu quarto. Do jeito
que estava, joguei-me na cama e não vi mais nada.
— Luh,
você vai trabalhar hoje? — fui acordada por Mel. Ah, droga. De volta ao
mundo real. Por um fim de semana eu tinha até conseguido esquecer como ganho a
vida.
— Uhum —
respondi esfregando os olhos e a vendo em pé, observando-me. — Por quê?
— Porque
já são 7 horas da noite, bela adormecida.
Sua
informação veio como um balde de água fria.
— QUÊ? —
gritei, sentando num impulso. Já estava escuro.
— É isso
aí, honey — ela disse sentando na beira da cama. — Já tinha até esquecido, né?
— perguntou me olhando.
—
Esquecido o quê? — questionei.
— Essa
rotina — respondeu com um olhar triste, como se sentisse pena. A minha amiga
deve ler pensamentos.
— Já
mesmo — sorri fraco. — Mas não me olha assim, não gosto quando você sente pena
de mim, Mel — ela baixou o olhar.
— Não é
pena, é só que eu acho que você merece uma vida melhor — deu de ombros. — Mas
não vou falar mais nada, qualquer coisa estou lá na sala vendo TV — assenti e
ela deixou o quarto.
Até eu
mesma pensava nisso, que eu merecia uma vida mais tranquila, trabalhando
honestamente. Mas nem o ensino médio eu tinha concluído. Achar trabalho em
Londres sem esse requisito é quase impossível.
Peguei a
minha toalha e fui ao banheiro, tomei um banho demorado e pude ouvir a minha
barriga roncar. Não tinha comido nada o dia inteiro. Terminei o banho e me
enxuguei, escovei os dentes e ouvi o celular tocando. Corri enrolada na toalha
para atender.
— Alô?
— Luh... Tudo
bem? — perguntou a voz mais conhecida atualmente pelos meus ouvidos,
fora a de Mel.
—
Hey, Thur... Tudo bem sim e com você? — senti uma alegria invadir o peito.
— Cansado,
só. Quero te pedir desculpas pelo Fletch. Pra você e pra Mel. O Haz me
contou tudo — oooooun, que amor.
—
Não, Thur. Não esquenta com isso. Eu o entendi perfeitamente — menti.
— Eu sei
que não. Ele não podia ter falado daquele jeito. A culpa não era só de
vocês... — pausa. — 'Tá, a culpa era toda de
vocês! — falou em tom de brincadeira.
— É né,
deixa você comigo, Thur — devolvi no mesmo tom e ele riu. — Como foi
a conferência? — perguntei me encostando à janela e olhando o céu nublado.
— Normal,
aquelas coisas de sempre — respondeu desanimado.
— Mas
vocês se divertem muito juntos, aposto que essas coisas se tornam bem menos
chatas do que devem realmente ser!
— É, isso
é verdade. Só que é difícil ser o único cara engraçado ali — falou
convencido e eu ri.
— Nossa,
hoje você está muito convencido e auto-suficiente. Está parecendo o Mica! —
brinquei.
— Argh,
nunca mais repita isso. Eu sou assim, o Micael que me imita. Eu o
compreendo, todos querem ser iguais a mim.
—
Tchau, Arthur. É melhor você desligar antes que isso tudo vire contra mim!
— o ouvi dar uma risada abafada.
— Eu sei
que você não quer parar de me ouvir. Mas eu tenho que desligar. Temos uma
sessão de fotos na London Eye.
— Nossa,
que legal! Fui nela um dia desses... Mentira, mês passado, acho.
— Está
pior de datas do que eu — riu. — Então,
se você quiser aparecer por lá, vou deixar seu nome com a Lisa... Você a
procura e se identifica, daí pode ver tudo. Não que seja um programão, mas é
melhor do que nada... — convidou e eu me senti uma merda em negar
aquele convite.
—
Ah, Thur. Eu queria mesmo ir, mas você sabe, eu tenho trabalho — falei
desanimada.
— Ahh... — ele
disse no mesmo tom desanimado e eu vibrei. — Eu
tentei, né? — riu. — Tenho que ir mesmo, agora é sério, senão
vão começar a gritar aqui e não vai ser legal pra você ouvir — rimos.
— 'Tá
bom. Boa sessão de fotos pra vocês, diz pros meninos que mandei lembranças.
— Digo em
partes. Eles são um pouco convencidos demais, vão ficar se achando. Diferente
de mim, que sou um cara humilde e pé no chão.
— Ah,
claro! E bipolar também, né? — ele gargalhou.
— Bom
trabalho pra você. Se cuida, Luh. Até algum dia.
—
Obrigada, mas que dramático esse “algum dia”... — comentei.
— É que
nós vamos viajar amanhã... Então não sei — falou
desanimado. — Ouviu? — perguntou quando uma voz de longe o chamou.
— Uhum.
Vai logo! Beijo — ele disse “tchau” e eu já estava tirando o aparelho do ouvido.
— Ah, Luh... — ouvi de
longe e achei que estava louca.
— Thur?
Você está aí ainda?
— Não, em
Marte — tinha que vir com as dele.
— Que
foi? — perguntei impaciente e Thur riu.
— O nome
que eu vou deixar com a Lisa é Rachel — senti um frio na
barriga. Ele queria mesmo que eu fosse vê-lo na sessão de fotos. Eu tinha que
me conter. Queria muito vê-lo, mas já não tinha ido para a calçada na sexta.
Ficar mais um dia sem ir era arriscar demais.
— Eu não
vou, Thur. Não tem como, mas muito obrigada — respondi desanimada e nos
despedimos.
Desliguei
o celular e enrolei os cabelos na toalha. Abri o guarda - roupa, vesti uma
calcinha e peguei um vestido rosa curtíssimo. Vesti-o e tirei a toalha da
cabeça, estendendo-a na porta do banheiro. Peguei uma escova e penteei o
cabelo. Fiz uma maquiagem leve, estava com preguiça de tentar algo mais ousado.
Peguei uma sandália de salto e calcei. Passei um perfume suave e fui em direção
à porta do quarto, para sair. Mas antes de chegar lá, algo começou a martelar
em minha cabeça. Respira, , 1, 2, 3. Eu não posso dar ouvidos ao meu
coração tanto assim! Meu Deus, o que eu estava fazendo? Abri novamente o guarda
- roupa e separei um casaco da Atticus preto e uma calça de jeans escuro.
Peguei meu par de All Star da mesma cor do casaco e guardei tudo em uma
mochila. A coloquei nas costas e saí do quarto. Despedi-me de Mel e
fiz aquele conhecido caminho para a calçada. Parei pra pensar no que eu estava
fazendo com aquela mochila... Eu não podia mudar de idéia. Tinha que manter a
cabeça no meu trabalho, não podia me dar ao luxo de faltar mais um dia. Como
sempre, peguei um táxi para chegar até lá. Não que eu me sentisse parte
daquilo, mas quando olhei para a calçada se aproximando, senti um aperto no
peito. Estava insuportável voltar ali. Era como se o meu corpo tivesse um peso
puxando-o para longe. Mas não, eu tinha que ir. Eu tinha que pagar o aluguel.
Tinha que comer. E também eu passaria, pelas minhas contas, a próxima semana
sem poder ir, já que teria aquela visitinha mensal. Paguei o táxi e respirei
fundo antes de descer do carro. Coloquei a mochila nas costas novamente e
desci. Cada passo que eu dava era como se os meus pés gritassem “vamos para a
London Eye” ou “saia daqui”. Eu praticamente discutia mentalmente com eles.
— Hoje
está cheio... — uma de minhas companheiras de calçada disse, aproximando-se.
— Droga —
sorri fraco, desanimada.
— Que
ânimo é esse, mulher? Essa não é a Rachel que eu conheço! — ela brincou e eu
ri.
— Nem eu
me reconheço mais — dei de ombros e ela continuou rindo, depois se despediu e
entrou em um carro que estava estacionado.
Caminhei
um pouco até uma escadinha de um prédio abandonado, sentei e fiquei observando
os carros passarem. Quando eu via algum dar a seta para encostar, virava o
rosto e o escondia com os cabelos, para que nem pensassem em me chamar. Olhava
para a mochila e ela parecia me chamar. Tentei criar vontade e coragem para
ficar em pé na calçada e fazer programa. Mas simplesmente não conseguia,
dava-me embrulhos. Foi então que — odiei-me por isso — resolvi “escutar” a
mochila. Peguei-a e entrei em um beco. Aquele mesmo beco em que me troquei há
quatro anos. Peguei a calça e a vesti, deixando o vestido por dentro. Depois
apanhei o casaco e coloquei por cima, com o zíper fechado. Calcei o all star e guardei
a sandália na mochila. Estava decidido, eu ia até a London Eye. Ia
ver Thur. Precisava vê-lo. Coloquei a mochila nas costas e ri de mim
mesma, devia estar parecendo um garoto adolescente naqueles trajes. Mas me
sentia incrivelmente bem naquele tipo de roupa. Estava confortável. E então,
enquanto caminhava para pegar um táxi, lembrei de quem eu costumava ser em
Bolton. Eu me vestia exatamente daquela maneira. Apesar da vida medíocre com
meus pais, sentia falta da minha adolescência, tive bons momentos também. Era
inocente.
Chamei um
táxi e entrei, disse que queria ir até a London Eye e perguntei quanto ficaria,
ele respondeu e eu vi que não teria aquele dinheiro, porque não tinha me
preparado para ir até lá. Pedi para que me deixasse em duas quadras antes. Fui
ansiosa, roendo as unhas. Cada vez que pensava em ver Thur, sentia o corpo
gelar. E ele queria muito que eu fosse. Não era como se eu fosse chegar lá
totalmente de surpresa e esperasse um tratamento ruim. Espera, e se ele
chamasse Sophie? E se ela já estivesse lá e ele me chamasse da mesma forma?
Não, Thur não seria capaz. Seria, ele me chamou para o show e a
namorada estava lá também. Mas as coisas não estavam como estão agora. Decidi
parar de pensar nas possibilidades e viver uma coisa de cada vez. Cheguei aonde
tinha pedido que o taxista me deixasse e paguei. Desci do carro e caminhei
rápido. A London Eye já era visível e eu a olhava, encantada. Cheguei ao local
e notei que tinha uma grande faixa impedindo as pessoas de passarem para o
outro lado, para a roda gigante. Havia uma grande equipe cuidando de tudo. Vi
alguns flashes e pude avistar Chay de longe. Olhei mais um pouco e vi
Mica ao seu lado. Havia muitas pessoas curiosas assistindo a sessão de fotos,
algumas fãs enlouquecidas também, claro. Fui pedindo licença para conseguir
chegar até a faixa. Vi várias mulheres com pranchetas. Ok... Qual delas seria a
Lisa? As garotas ao meu lado gritavam e se descabelavam. Chamavam um por um,
que vez ou outra acenava. Ainda não tinha visto Thur.
— Lisa,
Lisa... — decidi gritar e esperei ter sorte para que alguma delas se virasse e
me olhasse. As meninas agora me olhavam atentas. Deviam estar pensando “o que
essa louca está fazendo?”. Ignorei e continuei chamando, até que uma delas
finalmente me ouviu e cutucou a tal Lisa. Ela caminhou até onde eu estava.
— Você
tem nome na lista? — todos os olhares ali eram para mim.
— Sim,
Rachel! — falei com medo de ela me olhar e dizer que não tinha nenhuma Rachel
naquela lista. Oras, depois de eu ter dito que não ia, Thur podia nem
ter mandado colocar. Para a minha alegria e auto-estima, Lisa fez uma expressão
de surpresa.
— Ah,
você é a convidada do Arthur, certo? — perguntou-me riscando alguma coisa
na prancheta e eu confirmei. Todas as fãs me olhavam dos pés à cabeça e
cochichavam. — Vem — deu-me a mão e eu me abaixei para poder entrar.
—
RAAAACHEEELLL... — ouvi gritos atrás de mim, enquanto ia com Lisa para perto
dos garotos. Virei-me e vi que eram as garotinhas que estavam perto — ENTREGA
AS NOSSAS CARTINHAS PARA ELES! — uma delas gritou.
— Posso?
— perguntei para Lisa e ela apenas assentiu. Voltei lá e peguei cerca de 40
envelopes. Elas me agradeceram e mandaram beijos, apertões e etc aos seus
favoritos. Voltei para perto de Lisa e continuei seguindo-a.
— Senta
aqui — apontou para uma cadeira vaga ao lado daquele Fletch, que olhava
concentrado para a roda gigante. Tentei ser discreta e sentar sem que ele me
notasse.
—
Obrigada — agradeci após sentar e o homem me olhou, assustado. — Tudo bem? —
sorri fraco.
— Tudo —
respondeu simplesmente e voltou a atenção para a London Eye. Como os garotos
podem gostar dele? Não é possível. Que ser mal humorado!
Cruzei as
pernas, coloquei as cartinhas na outra cadeira vaga ao meu lado e depois cruzei
os braços, olhando para onde eles estavam. Foi quando finalmente vi Thur.
Lisa estava perto dele e falou algo em seu ouvido, apontando para onde eu
estava. Ele me olhou subitamente e abriu o maior sorriso do mundo. Estava
dançando por dentro. Sorri abertamente de volta e acenei, ele gesticulou para
que eu esperasse um pouco. Os outros o seguiram com o olhar e me notaram,
acenando e sorrindo. Eu já me sentia um pouco fraca, não tinha comido nada. As
mãos estavam geladas e acho que a minha pressão caía. Não deixei isso me abalar
e assisti atenta cada parte do photoshoot. Eles não conseguiam ficar quietos
por muito tempo, principalmente Chay e Thur, que me faziam rir o
tempo inteiro. A minha barriga já roncava cada vez mais alto e eu sorri
internamente ao ver Lisa se aproximar com várias embalagens de pizza nos
braços, sendo acompanhada por outra pessoa, que trazia refrigerante e outra que
trazia mais pizzas.
— Pausa
para comer! — Fletch gritou, levantando e batendo palmas, eles comemoraram...
Eu também, claro.
Finalmente Thur se
aproximou, com os outros vindo atrás, mas ele praticamente corria. Fiquei de pé
e ele me abraçou forte.
— Ei,
deixa um pouco pra gente também! — Chay pediu, tirando-o dos meus
braços e me abraçando. Mica e Harry o empurraram e depois se
empurraram, tudo isso por um abraço meu. Não pude ficar sem rir daquilo.
— Bando
de desesperados! — Thur disse indignado.
—
Tadinhos, deixa eles — falei e eles me agradeceram, fazendo careta
para Thur. Eu me sentia mais feliz ainda por não ver Sophie em lugar
algum.
— Está
com fome? — Harry perguntou me abraçando novamente e me dando um beijo na
bochecha.
— Não
como desde ontem! — respondi e ele me olhou assustado.
— Isso é
um caso de urgência, então! SAIAM DA FRENTE, A RACHEL COME PRIMEIRO — ele
ordenou, empurrando todo mundo e me puxando, deixando-me super envergonhada.
Passei por todos de cabeça baixa. — Quero oferecer o primeiro pedaço para essa
linda mulher ao meu lado! — Harry disse me dando um pedaço de pizza e recebendo
aplausos e assobios. Eu não sabia onde enfiar a cara. Peguei o pedaço, agradeci
e corri dali, ficando longe de todos, que se serviam no momento.
— Ainda
mais essa, tenho que dividir a MINHA convidada com os outros — ouvi a voz
de Thur chegar por trás enquanto eu dava uma mordida generosa na
pizza. Olhei-o assustada, tentando limpar o molho de tomate na bochecha. Ri
pelo canto da boca, corada com o que ele havia acabado de falar. Adorei seu tom
possessivo. Sou doente. — Eca, nem encosta em mim. Você não aprendeu a comer
ainda? — brincou e assim que terminou de falar, um tomate caiu em sua camisa,
fazendo-me rir descontroladamente.
— Olha só
quem fala! — apontei para ele e começou a resmungar, tentando limpar com a mão
livre. — Vai ter que se trocaaarr... — dei língua e ele fez careta.
— Ainda
bem que eu sou rico! — sorriu maroto e mordeu a pizza.
— E
convencido — concluí.
—
Também... — deu de ombros e continuou comendo.
Os outros
se aproximaram e ficamos conversando. Como sempre, rolou muita
besteirada, Thur chegou a dar pedalas em Harry duas vezes para que
ele me soltasse. Eu não vou mentir, aquilo me agradava muito.
Eles
perguntavam da Mel o tempo inteiro e diziam que se ela soubesse que
eu tinha ido sem avisá-la, receberia um milhão de xingamentos em menos de dois
segundos. Mica começou a imitá-la e eu não conseguia parar de rir.
Prometi que contaria o que ele tinha feito a ela e ele disse que não ia ficar
com medo porque sabia que ela não tinha o seu telefone.
Mas Thur jurou que me passaria o número e eu daria para ela ligar e
xingá-lo. Mica disse que estava precisando de umas aulas, que estava
muito paciente ultimamente, Mel poderia ajudá-lo. Eles são o bando de
palhaços mais fofos que eu já conheci. É impossível ficar pelo menos um minuto
próxima a eles e não dar risada. Fiquei imaginando se Mel estivesse
ali e visse Mica imitando-a, ele se arrependeria de ter nascido.
Aliás, de ter algum dia recebido um nome.
Depois de
comerem, voltaram para a segunda parte das fotos. Eu observei tudo, agora me
sentia melhor, não tinha mais um “buraco negro” no estômago, como Chay disse.
Cheguei a trocar algumas palavras com o Fletch, ele não foi tão rabugento como
eu achei que seria. Até sorriu algumas vezes. Perguntou de onde eu conhecia os
garotos e eu contei que era “amiga” de Arthur e que ele me apresentou aos
demais.
— Vocês
são só amigos mesmo? — Fletch perguntou e eu quase tossi. Qual é? Até ele, que
nem me conhece?
— Sim, só
amizade! Por quê?
— Por
nada, relaxa — deu de ombros. — Esses garotos não são bem o que eu chamo de
“normais”. Por isso — continuou.
— É, eles
são meio loucos, mas o Arthur tem namorada — fingi que isso
significava alguma coisa.
— Grande
coisa — ironizou e eu o olhei atenta.
— Ele já
traiu a Sophie? — perguntei interessada e muito, muito direta.
— Não que
eu saiba, mas as anteriores... — deu uma risada. — Coitadas — engoli seco e
encarei os meus joelhos.
Então era
da índole de Arthur trair as suas namoradas? 'Tá, eu sei que ele
estava traindo a atual comigo... Mas sempre faz isso? Então não tem uma razão
para ter escolhido trair Sophie comigo? E de onde eu tirei que precisaria de
uma razão? É sempre isso. Nunca tenho algo concreto sobre Arthur. É tudo
pela metade. O quebra-cabeça nunca se encaixa. E acho que é por isso que quero
estar perto dele cada vez mais. Acho que eu gosto de sofrer, tenho algum ímã
para isso. Desviei o olhar para vê-los na sessão de fotos e bastou olhar
para Arthur para que eu afastasse todos os pensamentos ruins sobre
ele. O que eu sentia quando o olhava não era normal. Não podia ser. Queria
tanto que ele fosse mais claro.
Finalmente
acabou a sessão e os garotos se aproximaram de mim.
—
Meninos, tenho que entregar isso a vocês, já estava esquecendo — falei
levantando e pegando as cartinhas na cadeira ao lado, entregando-as.
— Onde
você pegou isso? — Mica perguntou, já abrindo uma.
— Quando
cheguei, as fãs pediram para que eu entregasse.
— Rachel
é a alegria da garotada! Está fazendo bem, já está conquistando as fãs...
— Chay fez tal comentário infeliz e eu fiquei
corada. Mica e Harry se entreolharam sem entender e Thur sorriu
fraco. Já o autor da frase, ria maliciosamente.
— Ei, eu
quero ir à roda gigante, vamos? — Harry convidou e todos aceitaram. Alguns
funcionários deles começaram a se organizar para ir também.
Thur
segurou o meu cotovelo e me arrastou disfarçadamente para longe dos outros
garotos, que caminhavam rumo a uma cabine.
— Arthur!
— espantei-me e ele me olhou sorrindo.
— Nós
vamos na próxima, shhhh! — falou soltando o meu braço e piscando, depois
desviou o olhar para a roda gigante. Eu não consegui tirar o olhar dele. Quanto
mais olhava para Arthur, mais difícil era prestar atenção nas coisas em
volta. Era como se naquele momento nada mais estivesse acontecendo. Como se só
estivéssemos nós dois no mundo. Para o meu nervosismo, ele percebeu que eu o olhava
atenta. — Nunca viu? — brincou e eu balancei a cabeça.
— Dãããã —
obriguei-me a olhar para a London Eye e vi que os garotos entraram em uma
cabine. — É nessa próxima? — perguntei apontando para a outra que parava em
seguida.
— Sim,
vamos — disse me dando a mão e então nós entramos. Notei que Lisa ia entrando
conosco e Arthur jogou algum olhar para ela, pois desistiu. Fechamos
a porta e eu sentei no chão, Thur sentou ao meu lado e a roda gigante
começou a subir.
— É a
primeira vez que eu venho aqui e fico sozinha na cabine... — Comentei olhando
para o vidro e já vendo boa parte de Londres.
— Ter
amigos famosos sempre dá privilégios... — Falou soltando uma risada baixa e eu
lhe dei uma cotovelada. AMIGOS?
— Hoje
você colocou alguma fórmula secreta do Micael no seu café? —
perguntei rindo e ele fez careta.
— Não —
deu de ombros e deitou a cabeça em meu colo, sem pedir permissão. Não que ele
precisasse, mas eu fiquei encantada com aquele gesto.
Então, Thur fechou os olhos e eu o olhei fixamente. Parte por parte
de seu rosto. Eu tentava gravar cada pedaço, para chegar em casa e conseguir
lembrar perfeitamente. Ainda não conseguia acreditar que tinha um homem
daqueles em minha vida. Ele é lindo demais para ser de verdade. Eu pensava em
quantas garotinhas dariam a vida para estar ali com ele, do jeito que eu
estava... E eu, que nunca tinha feito nada para merecer, nem ao menos sabia
quem ele era, tinha aquela chance. — Faz carinho na minha cabeça? — pediu com
uma voz manhosa, que me fez querer matá-lo com beijos. O que eu podia
responder? Nem precisei fazer isso. Meu corpo foi mais rápido e a minha mão já
tinha ido até os seus cabelos. Eu massageava o seu couro cabeludo suavemente. —
Huuuummmm... — sorriu ainda de olhos fechados.
— Que
foi? — perguntei olhando-o atentamente.
— Você é
a única pessoa que sabe fazer isso igual a minha mãe — senti as pernas
tremerem.
—
Mentira, Arthur — desdenhei. Ele abriu os olhos subitamente e
encontrou os meus com aquele par de olhos azuis matantes. Ia dizer algo, mas
parece ter recuado. Apenas ficamos nos olhando.
— Acho
que eu esqueci de desligar o ferro da tomada! — falou e deu um tapa na própria
testa, sentando em seguida. — O Harry vai me matar!
— Meu
Deus, agora já está feito! — falei olhando-o, ele estava indignado.
— Você
não entende... Esses caras pegam no meu pé por qualquer coisa! — balançou a
cabeça e ficou olhando para o vidro. — Como Londres é bonita! — eu não estava
entendendo mais nada. Ele definitivamente não habita o mesmo planeta que nós,
seres humanos.
— Você é
lerdo, né? — perguntei olhando-o fixamente e Thur me olhou com uma
cara engraçada.
—
Porra, Luh, até você? — balançou a cabeça.
—
Ouuuunnn — abracei-o pelo pescoço e gelei ao sentir o seu braço entrelaçar a
minha cintura. — O Chay que me disse, eu nem percebi nada, juro.
— Eu
sabia que aquela saída de vocês dois não ia prestar! — falou rindo e me
encarando. Sua expressão foi mudando lentamente. Agora ele dividia o olhar para
a minha boca também. Senti que seu rosto se aproximava do meu. Mal podia
esperar para receber um beijo de Arthur. Fechei os olhos para sentir ainda
mais a nossa sintonia. Eu não sei se isso é coisa da minha cabeça, mas o ritmo
que tínhamos, o jeito que nos abraçávamos e o jeito que nos beijávamos não era
algo comum. Não para mim. Senti o seu nariz roçar o meu e depois a minha
bochecha. Sabia que as nossas bocas estavam próximas, eu tinha meio que um
“detector”. — Quando eu disse trepada... — abri os olhos bruscamente e o olhei
assustada. Ele sorriu fraco e continuou. — Eu desconsiderei completamente a
noite que tivemos.
— Ah... —
corei e o soltei, desviando o olhar para as minhas mãos, que estavam sobre as
minhas pernas. — Tudo bem. Eu entendo — dei de ombros e levei um susto quando
ele deitou a cabeça de uma vez em meu colo, ficando por cima das minhas mãos e
me olhando sorrindo. Então, tirei-as e as coloquei no chão, para me apoiar
melhor.
— Nós não
“trepamos”. Eu não tenho um nome certo para o que nós fizemos, mas não foi isso
— explicou confuso, coçando a cabeça e franzindo a testa. Não aguentei e
comecei a rir. — Que foi? Eu tento ser legal, “fofinho”, mas vocês caem na
risada. Mulheres... — olhou para baixo. Eu continuava rindo.
— Arthur...
— ele voltou a me olhar.
— Não
fala assim, porque isso é tão sério! — fez careta e eu ri.
—
Ok, Thur. Você é único. É por isso que eu rio. Porque acho que nunca
conheci um cara como você. Você consegue ser de um jeito e em segundos ser de
outro totalmente diferente. Você tenta dizer uma coisa, mas acaba dizendo
outra. Isso é engraçado — ok, eu também não sei de onde tomei coragem para
dizer tudo isso. Eu tenho merda no lugar do cérebro? Só pode. Thur me
olhava atento, agora completamente sério. E eu sentia o estômago pedir para
sair. Eu tinha feito uma burrada. Não posso ser transparente assim. Acho que
ele estava completamente com medo de mim. E se nós não estivéssemos no topo da
roda gigante, creio que ele abriria a porta e correria pra longe. Eu não devia
criar todas essas expectativas sem ouvir o que Arthur tinha a dizer.
A minha cabeça é tão louca que às vezes eu esqueço o quão imprevisível ele pode
ser.
— Eu
estou arrepiado — disse simplesmente e passou uma das mãos no outro braço,
mostrando-me os seus pêlos arrepiados. Eu ri.
— Por
quê?
— Porque
você falou tudo o que eu sinto em relação a você — ele consegue me surpreender
com cada coisa que fala. COMO ASSIM? Eu sou transparente demais! Será que ele
não percebe? Ao mesmo tempo em que fiquei surpresa, respirei
aliviada. Arthur não estava com medo de mim.
— Ah
vááá... Eu falo tudo exatamente como eu quero que seja compreendido, você não.
— Você é
que pensa. Às vezes eu fico dias tentando entender o que você quer dizer com as
coisas... — fez bico. — E não consigo — cruzou os braços, acomodando-os na
barriga e deu de ombros. Comecei a rir. — Olha aí!
— Acho
que o Chay tem razão — insinuei e ele levou uma das mãos à minha
bochecha, apertando-a.
— Nunca
diga isso de novo! Eu sou inteligente, só preciso de um empurrão... Tipo, pra
pegar no tranco — disse indignado.
— Eu
sei, Thur — falei simplesmente, rindo.
— Quer
saber? Gostei desse apelido — mordeu o lábio inferior. — Ultimamente os
apelidos que eu recebo sempre têm a ver com “idiota”, “burro”...Thur, está aí,
esse é bom. Valeu — após falar isso, Arthur ficou de lado, com o
rosto colado em minha barriga.
— Você
não vai conseguir respirar assim! — falei baixando a cabeça para observá-lo e
comecei a acariciar a sua nuca.
— Eu não
preciso respirar aqui, eu poderia morrer assim — disse com a voz sendo abafada,
devido a sua boca estar colada em meu casaco. Senti uma corrente elétrica
passar por todo o meu corpo. Devia estar sonhando, Thur não tinha
dito aquilo. Não, isso tudo é devaneio. Eu estou louca. Estou me forçando a
ouvir o que EU quero ouvir. — Não seria nada ruim — ele continuou, fazendo-me
ser puxada para a realidade e ver que eu não estava imaginando
coisas. Arthur é a pessoa mais linda que já habitou a Terra.
Fiquei
muda, tem horas em que o silêncio diz tudo. Apenas fiquei observando-o e
acariciando os seus cabelos por algum tempo. A verdade é que eu também podia
morrer ali, com Arthur.
Olhei
atentamente para o outro lado e percebi que já estávamos descendo. Então,
tratei de cutucar Arthur. Não podia acreditar no que os meus olhos viam.
Ele dormia como uma criança. Mal encostou em mim e já estava dormindo. Sorri
internamente e o assisti assim mais um pouco, antes de voltar a acordá-lo.
Peguei em seu braço e o chacoalhei com cuidado.
— Thur...
— chamei, ele se mexeu bruscamente e se espreguiçou, abrindo os olhos com
dificuldade e sorrindo ao me ver.
— Quê? —
perguntou com a voz quase inaudível e coçou um dos olhos.
— Estamos
chegando — quando falei isso, Arthur olhou assustado e se sentou
subitamente, ajeitando os cabelos e desamassando a camisa xadrez que usava.
— Eu
dormi muito? — indagou levantando e me dando a mão, para ficar em pé também.
— Não,
acho que uns cinco minutinhos só... — respondi rapidamente e ele riu.
— Pô,
jurava que tinham sido umas duas horas... — disse inconformado, colocando as
mãos nos bolsos.
— A roda
gigante não fica rodando duas horas... — comentei, começando a rir em seguida.
Ele me olhou incrédulo.
— Parei
com você. Você é igual a eles! — balançou a cabeça e abaixou-a.
— Olha o
drama, de novo! — dei um soco leve em sua barriga.
A
intensidade foi diminuindo e nós já nos preparávamos para deixar a cabine. Até
que ela finalmente parou. Fiquei um pouco triste, não queria que aquele momento
acabasse. Foi ali que eu tive a maior demonstração de carinho por parte
de Thur, além do dia em que nós fizemos você sabe o quê. E também ele
estava bêbado. Hoje não, ele estava completamente são. E transparente. Querendo
ou não, quando deixássemos a London Eye, eu demoraria muito para ter mais
momentos como aquele com Arthur. Respirei fundo e o segui, deixando a
cabine. Os outros garotos já estavam lá, nos esperando, todos fazendo careta.
Menos Chay, que sorria maliciosamente para mim e para Arthur. Baixei
a cabeça, timidamente, e andei até eles.
— Vocês
dois se esconderam! — Mica disse irritado.
— Ah,
você sabe que no edredom eu sou só seu, amor... — Arthur brincou,
dando tapinhas nas costas do amigo.
— Não,
sai. Estamos dando um tempo!
— Mica drama
queen! — Harry disse colocando uma mão na testa e se abanando com a outra,
rimos. — Hey... — parou de brincar e olhou de Arthur para mim, senti
as pernas fraquejarem. — Por que vocês se esconderam da gente? — podia ver tudo
naquele olhar de Harry. Ele estava desconfiado. Era só o que
faltava. Chay e agora Harry.
— Porque
vocês nos incomodam, simples — Arthur deu de ombros e recebeu um
pedala de Harry.
— Não
gente, é que a gente viu que a de vocês ia muito lotada... — tentei mentir, mas
recebi várias risadinhas.
— Uhum,
seis pessoas é muuuuuuuita gente... — Mica ironizou com os olhos
arregalados e os outros falaram “huuuuuum” em coro. Eu queria morrer.
Thur
apenas os mandava tomar naquele lugar. Conseguimos conversar amigavelmente,
até Chay inventar que tinha conseguido ver o vidro de nossa cabine
embaçar. Harry nos apelidou de Jack e Rose. Eu apenas
ria, Thur resmungava.
Logo
Fletch apareceu, chamando os garotos para ir embora. Lembrei-me de que tinha
gastado todo o dinheiro com o táxi. Conformei-me e pensei em ir embora a pé.
— A gente
te leva, Rachel — Mica ofereceu, parecendo gentil pela primeira vez
desde que o conheci, até o olhei assustada. Os outros confirmaram.
— Não,
gente, não precisa. Obrigada. Eu pego um táxi — menti, mas estava com muita
vergonha de pegar carona com eles e com o tal Fletch, que tinha até sido mais
simpático comigo.
— Eu te
levo — Arthur disse e todos o olharam.
— Leva
como, imbecil? Você está sem carro aqui! — Mica deu-lhe um pedala.
Rimos.
— Outch!
Eu a levo de táxi, deixo-a em casa e vou pra casa, ué. Tudo de táxi, pensei em
tudo — falou orgulhoso e eu senti corar quando os meninos gritaram “huuuuuum”
em coro novamente. Eu ia tentar impedir Arthur de fazer isso, mas
realmente queria ficar perto dele mais um pouco.
— Tudo
bem, mas lembre-se de que você tem um avião te esperando às dez da manhã —
Fletch lembrou e Arthur bateu continência.
— Nada de
atrasos, Arthur. Você não é mais uma criança — Mica disse
imitando o tom de voz de Fletch, arrancando risadas de todos, até dele.
Despedimos-nos
dos garotos — que disseram para irmos pela sombra e para eu não
deixar Thur me estuprar — e de Fletch, que foi bastante cordial, mas
lembrou Arthur do voo novamente. Ele me deu a mão logo que sumimos da
vista de todos que estavam na London Eye. Arthur já fez isso várias
vezes, mas toda vez que faz, sinto um choque passando pelo corpo. Acho tão
espontâneo. Tão lindo, como tudo nele.
— Onde
você vai pegar o táxi? — perguntou-me enquanto passávamos por alguns prédios.
Eu o olhei rindo. Durante o caminho, tinha até esquecido que o que disse para
eles era mentira.
— Eu não
vou pegar táxi... — olhei para frente, rindo, e senti seus olhos fixados em meu
rosto.
— HÃ?
COMO ASSIM? — perguntou incrédulo.
— É... —
olhei-o franzindo a testa. — Eu inventei aquela história! Nem tenho dinheiro
pra pegar táxi... — agora ele soltou a minha mão bruscamente.
— Então
você vai sozinha! Eu estou voltando pra pegar uma carona. Até mais! — disse se
distanciando e correndo de volta.
— ,
NÃO FAZ ISSO, CARA. EU ESTOU SOZINHA! — gritei sem sucesso, ele continuava
correndo e eu tive um ataque de riso. Arthur não podia estar fazendo
aquilo!
— TCHAU!
— gritou de longe. Sem que eu pensasse nisso, já estava
correndo. Arthur não podia me largar ali sozinha. Eu estava com medo
de fazer aquele caminho todo àquela hora! Comecei a correr atrás dele, parando
algumas vezes durante o percurso para tomar ar... Já que corria e ria ao mesmo
tempo da situação. Notei que ele começou a diminuir a velocidade e parou, me esperando
chegar até lá.
— Não...
Acredito... Que... Você... Me fez... Correr... Até aqui... E estava...
Brincando — falei ofegante, apoiando as mãos nos joelhos.
— Estava,
eu sou assim, brincalhão, você sabe — deu de ombros, se aproximando. Eu, então,
fiquei bem perto e comecei a estapear seu peito. Arthur segurou os
meus pulsos. — Não adianta! Eu sou mais forte! — e me abraçou.
Ficamos
abraçados por um bom tempo, era uma noite fria e os braços
de Thur pareciam ter aquecedores elétricos, de tão aconchegantes.
Enterrei a cabeça na curva de seu pescoço e o senti deslizar os dedos em meus
cabelos. Ouvia muitos carros passarem pela rua, mas parecia ser um som
distante. Naquele momento eu tinha me esquecido de quem era e de onde estava.
Só sabia que queria permanecer daquela maneira.
— Luh...
— ouvi sua voz rouca chamar e levantei a cabeça em um impulso, olhando-o. —
Vamos andando, que vai ficar muito tarde — sorriu e eu sorri de volta,
assentindo. Caminhamos em silêncio. Eu, com a cabeça deitada no ombro
de Arthur e os braços em volta de sua cintura. Já ele, encostou a
cabeça na minha e me envolvia pelo ombro, com um de seus braços. Ouvia-o
respirar ofegante enquanto caminhávamos e sorria internamente. — Acho que o meu
pulmão está congelando.
— Quer o
meu casaco? — perguntei brincando.
— Quero,
porque ele com certeza cabe em mim e nos meus braços musculosos —
vangloriou-se.
—
Iiiiiih, você nem está com essa bola toda — brinquei, quando na verdade queria
dizer que ele estava uma “delícia”. Ele me olhou rapidamente.
— Não foi
isso que pareceu naquela madrugada... — deu de ombros. Levantei a cabeça de seu
ombro e soltei uma das mãos de sua cintura, dando-lhe um tapa leve no rosto. —
Outch! — massageou. — Sabia que quando está frio dói mais? — perguntou
inconformado.
(COLOCAR
A CANÇÃO PARA TOCAR. P.S.: A PARTIR DE 0:19)
— Que dó!
— massageei e ele tirou a minha mão, dizendo que agora não adiantava mais. O
caminho era realmente longo da London Eye para o meu apartamento, mas ali
com Thur parecia ser praticamente vizinho. Quando estávamos entrando
na rua do meu prédio, ele me perguntou sobre os meus pais. Fiquei receosa de
contar tudo, então contei-lhe pela metade. Disse que nunca tivemos uma relação
muito boa. Aproveitei para contar sobre Leopold. Tentei fazer um breve resumo,
excluindo completamente o fato de ter engravidado. Não queria deixá-lo
assustado. Subimos as escadas conversando empolgados e enquanto abria a porta,
mandei que ele fizesse silêncio, Mel podia estar dormindo no sofá e
acordá-la ali não seria uma experiência boa. Ele atendeu sem contestar, sabia o
que ela seria capaz de fazer. Entramos e eu notei que Mel não estava
na sala, devia dormir em seu quarto.
— Entra —
convidei-o.
—
Não, Luh. Tenho que ir pra casa terminar de arrumar as minhas coisas. —
respondeu parado na porta.
— Então
deixa eu te emprestar um dinheiro pra você chamar um táxi! Entra! — dei as
costas.
— Poxa...
Eu esperando você me chamar pra dormir... — ouvi-o falando baixinho e nem
acreditei. Então, voltei a ficar de frente para ele.
— Você
disse que tem que arrumar as suas coisas... — dei de ombros.
— Estava
me fazendo de difícil, mas nem adiantou — fez bico. Tem como dizer não?
— Arthur
Aguiar, você aceita dormir nesse humilde recinto? — fiz reverência e ele riu.
— Assim
eu aceito! — sorriu vitorioso e entrou, fechando a porta. Fui andando em sua
frente e o senti me abraçar por trás, cheirando o meu pescoço. — Seu cheiro me
enlouquece — falou com a voz fraca, enquanto começava a beijar o meu ombro.
Ainda bem que eu estava de costas para ele, acho que as minhas bochechas
estavam pegando fogo. Então o meu cheiro o enlouquecia? Por que não me disse
isso antes?
Entramos
em meu quarto daquele jeito, mas Thur se soltou para desabotoar a
camisa e tirar as calças, ficando apenas de boxers azul-marinho e se jogando em
minha cama em seguida. Coloquei a mochila na estante. Fui até o guarda - roupa,
peguei um babydoll e me vesti no banheiro. Escovei os dentes e aliviei a
bexiga, que parecia querer estourar. Voltei para o quarto, Thur já
tinha apagado a luz e deixado apenas o abajur com a luz acesa. Ele estava de
bruços. Não pude deixar de olhar seu corpo escultural e seu bumbum avantajado.
Não resisti e sentei na cama passando as unhas levemente sobre as suas
costas. Thur estremeceu e ficou de barriga pra cima, puxando-me para
si. Fiquei por cima dele e nos beijamos. Ele passou uma de suas mãos pelas
minhas coxas, pressionando-as e eu fiz o mesmo com a sua barriga. Nosso beijo
esquentava mais a cada segundo. Foi quando o parei.
— Vai
dormir, você tem que viajar às 10h amanhã — falei desvencilhando-me e deitando
ao seu lado, puxando a coberta e me cobrindo.
— Estraga
prazeres... — disse inconformado, passando um de seus braços pela minha cintura
e deitando a cabeça sobre o meu busto. — Você me acorda amanhã cedo?
— Acordo.
Quando eu levantar para ir à aula, eu te chamo — respondi e ele se acomodou
melhor. Fiquei roçando o seu couro cabeludo com as unhas.
—
Continua assim e eu durmo três semanas seguidas — Thur disse antes de
soltar um riso abafado. Eu apenas sorri fraco, já com os olhos fechados. A vida
é irônica. Eu nunca sei o que está acontecendo. Nós estávamos incrivelmente
bem, ali. Porém não sei como tudo vai estar amanhã. Não sei como ele vai agir
amanhã. E isso me deixa com medo. Com medo de tudo ficar no passado. Com medo
de ter que deitar a cabeça no travesseiro e aceitar a idéia de
que Thur pode não estar mais em minha vida. — Boa noite, coração — soltou
outra risada abafada e eu ri alto.
— Boa
noite, brega — falei com as pálpebras pesando e já me sentindo longe dali.
Continua
..
Autora: Ingrid H.
Quantos
comentários merece este capítulo ?
Heyy gente,Eu sei que o blog é sobre LuAr e coisa e tal , Mas será que vocês podiam dar uma olhada neste vídeo ? é da banda Cw7 e fala disso que a maioria de nós estamos vivendo , essa revolução .. o nome da música é exatamente essa .. REVOLUÇÃO .. se vcs puderem olhar ! - http://www.youtube.com/watch?v=Oqnk9aIJcpQ - é bem interessante ! bjs e amoO a Web Novela ..
ResponderExcluirFalando nisso POSTA MAIS !
posta+
ResponderExcluir1.000.000 não vejo a hora do proximo capitulo,estou me viciando amo <33
ResponderExcluirdivooooooo,posta mais please
ResponderExcluirSó merece 04 comentários??
ResponderExcluirEu achei que merecia mais :(
Só por isso também, só posto amanha !!
Se Tiver mais comentários ate 00:00 eu posto outro hoje ainda !
+++++++++++++++++++++
ResponderExcluiraiiiiiiiiiiii muuuuuuuuuuuuuuuito perfect mais uma vez ner aaaaaaaaaaaaaaaah posta maaaaaaaaaaaaais
ResponderExcluirposta mais
ResponderExcluir++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
ResponderExcluirpelo amor de Deus posta mais
ResponderExcluirmais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais
ResponderExcluirposta mais *_*
ResponderExcluirque capitulo fofo posta mais
ResponderExcluiraiai viciei nessa web!posta mais
ResponderExcluir15 a comentar e que se faça as palavras dos outros ai de cima as minhas
ResponderExcluirpoooooooooooosssssssstaaaaaaaaaaaaaaaa mmmmmmaaaaaaaaaaaaissssssssssss
essa web ganhou meu coração q plmdds , um dia sem ela me deixa estressada
ResponderExcluir