domingo, 9 de junho de 2013

June 15th



Capítulo 7.


(Colocar para carregar: McFLY - Little Joanna )

Abri os olhos lentamente, o sol estava forte e a janela estava aberta. Não acordei naturalmente, ouvi uns gritos apavorados de uma mulher. Então me virei subitamente e percebi que Arthur, digo, Thur, não estava mais deitado. Sentei desconsertada e esfreguei os olhos. Os gritos só ficavam mais altos. Ei, eu conheço essa voz, ou melhor, esses gritos. Era Mel! OH MEU DEUS, O QUE ELA TEM? Antes que pensasse em me levantar, vi Thur aparecer na porta com uma cara de desespero, em seguida Mel apareceu atrás dele. Com a mesma expressão.
— O que está acontecendo? Que gritaria é essa? — percebi os dois se entreolharem e Mel fazer a expressão de desespero misturada à vontade de rir.
— Luinha, você é muito burra!
— Luinha?! — Arthur perguntou, com um olhar confuso. AH MEU SANTO DEUS. Mel tem algum problema mental? Chamar-me de burra tudo bem, mas me chamar de Luinha? Ela estragou tudo!
— Hã? Quê? Como assim? — disfarcei. E ela começou a falar.
— Ele é o Thur, Luinha, do...
— NÃO! — ele a interrompeu.
— SIM! — ela tentou falar mais, mas antes ele tampou a sua boca com uma das mãos. Espera, esses dois se conhecem? “Thur do...”? Thur de onde?
— Arthur, por que você está fazendo isso? Thur do o quê, Mel? Vocês se conhecem? — olhei sem entender e vi Mel tentar tirar a mão dele de sua boca, e não teve muito sucesso.
— Nada, sua amiga é doida — o que eles estão escondendo? Ouvia Mel tentar falar alguma coisa, mas só escutava “huuuuum umhumhum”. — ELuinha?! — voltou a me olhar, praticamente ignorando o fato de estar quase sufocando a minha amiga. Levantei da cama e pedi para que a soltasse. Ele o fez. Ela respirou fundo e segurou os meus ombros, Arthur bateu propositalmente a cabeça contra porta, como se soubesse que aquilo não daria certo. Espera, de onde eles se conhecem? Por que tudo isso?
— Amiga, ele é o Thur Aguiar — respirou fundo, ainda segurando os meus ombros e olhou para ele, que balançou a cabeça e em seguida se deu um tapa na testa. Ela voltou a me olhar. Não estava entendendo por que aquele mistério. Era tão mais fácil apenas dizer que eles se conhecem! ThurAguiar... E daí? Então prosseguiu. — Do McFly, a banda que toca a música da garota de 5 cores no cabelo, que você me disse achar engraçadinha!
Nesse momento me soltei das mãos de Mel e senti meu coração quase bufar. Então aquele cara que eu conhecia há quase duas semanas é um rockstar? Da mesma banda que aquele coitado de Mika que nunca vi a cara, mas que muitas garotinhas corriam para tirar foto na London Eye? Viajei o olhar dos olhos de Mel até Arthur, que estava nesse momento com uma cara de decepção olhando para o chão e com as mãos na cabeça. Mel olhou para ele e notei quando ele a olhou de volta. Ela falou algo como “desculpe, não podia deixar de dizer isso a ela” e deu de ombros. Dei as costas e entrei no banheiro. Era informação demais! Sentei no vaso com a tampa ainda fechada e abracei os joelhos, exatamente como há quatro anos, quando acordei de ressaca depois daquela festa infeliz. Só que dessa vez não chorei. Apenas fiquei pensando. Como ele conseguiu esconder isso de mim? Como fui tão burra de nunca ter prestado atenção nos encartes de CDs da Mel? Afinal houve uma época em que só tocava McFly e ela só falava nisso. Era diretamente do som de Mel que eu sabia conhecer aquela voz que cantava no chuveiro, que cantou “I Wanna Hold Your Hand” no carro e “Brown Eyed Girl” na noite anterior. E aquele rosto que tanto tentei lembrar de onde conhecia na primeira vez que nos vimos... CLARO, uma vez ela me forçou a assistir um videoclipe na TV, do bendito McFly. LÓGICO. COMO NÃO LEMBREI DISSO? “Borracharia, posto de gasolina, peças sendo arrancadas de um carro, alguém cair de cima de um amontoado de pneus”. Foi esse vídeo que ela me chamou para ver. Quatro rapazes que trabalhavam num posto de gasolina e se apaixonam por uma garota loira, que depois aparece lá com outro homem e eles ficam enciumados, fazendo várias maldades.
ELE é o menino que cai do amontoado de pneus. ELE é o menino que fica fazendo palhaçadas para ela. É, até que não posso me julgar por não ter lembrado de primeira. Afinal, Arthur já estava muito diferente. Naquele clipe ele tinha os cabelos completamente lisos e caídos sobre o rosto, era praticamente uma criança, quero dizer, tinha aparência de uma. Como cresceu, como se tornou um HOMEM. Um homem horrivelmente perfeito, cheio de qualidades. O homem que me fez começar a conhecer as coisas boas da vida. O homem que me mostrou o outro lado de tudo. O homem que estava fazendo a minha cabeça praticamente enlouquecer. O homem que fez o milagre de conseguir me fazer sentir desejo. O homem é ele, Arthur Aguiar, ou melhor, Thur Aguiar, vocalista de uma das bandas contemporâneas mais famosas da Inglaterra. Ouvi Mel e ele conversando alguma coisa do outro lado da porta, ela parecia empolgada, perguntava tudo, como era ser famoso, como é estar na TV e gravar um disco e até perguntou como ele gosta do café, que ela prepararia na hora.
Nesse meio tempo apenas o ouvi dar respostas monossilábicas. Estava na cara. Ele não queria que eu soubesse, foi por isso que me disse aquele dia no hotel que ficava feliz por eu não saber quem era. Ele não é louco, não tanto como eu achava que fosse. Cada pessoa em Londres e no resto da Inglaterra devia saber quem ele era. E eu, imbecil, nem me dei conta. Escovei os dentes, porque além de ser higiênica, queria dar mais algum tempo aos meus pensamentos antes de encarar Arthur novamente. Saí do banheiro e notei que só ele estava no quarto, sentado na beira da cama e encarando os próprios pés, que estavam descalços. Ainda estava apenas de boxers. Quando percebeu a minha presença, rapidamente ergueu a cabeça e me olhou. Não aquele seu olhar provocativo ou observador, como geralmente me olha, mas um olhar tímido, desconsertado. Acho que devolvi o mesmo olhar. Mas o meu tinha uma pitada de dúvida misturada.
— Desculpa Rachel. Desculpa mesmo! — ele balançou a cabeça e baixou-a novamente — sinto-me um idiota por não ter te dito antes. Eu tentei, mas toda vez que ia falar, não saía — voltou a me olhar. Então é por isso que tive impressão de vê-lo querendo me falar alguma coisa que não era o que realmente havia saído de sua boca na cozinha, no dia fatídico em que quase nos agarramos. Sorri fraco para ele, que arqueou as sobrancelhas e fez cara de cão sem dono, fazendo-me derreter idiotamente.
— Não, Arthur. Você não precisa se desculpar. Eu não tinha direito de saber quem você realmente é. Afinal, sou só uma...
— Não é! — me interrompeu antes que eu terminasse a frase. Aquilo me fez sentir como uma criança que ganha um doce. Ele me olhava sério. — Pra mim você é apenas... Você — sorriu ternamente, fazendo meu coração disparar. Senti que era a hora de me aproximar. Sentei ao seu lado e segurei a sua mão, ele me olhou de relance. — Não queria que você tivesse descoberto assim, nessa gritaria. Queria não ter sido covarde e ter te contado desde o primeiro dia, quando te vi confusa — baixou a cabeça.
— Tem algo que eu escondi de você também — falei tentando aliviá-lo. Arthur levantou a cabeça subitamente e me olhou assustado. — Eu sou de um site de fofocas e colei em você pra descobrir várias coisas! — arqueei uma das sobrancelhas e ele começou a rir.
— Besta! — falou balançando a cabeça e ainda rindo.
— Não, agora sério. Realmente existe uma coisa que escondi de você... — voltou a me olhar, ainda rindo — meu nome não é Rachel... — mordi o lábio inferior, com medo de sua reação.
— Eu saquei quando a sua amiga te chamou de Luinha — sorriu pelo canto da boca e bagunçou os meus cabelos.
— Ah é? Você é esperto hein? — pisquei, dando um soquinho leve em seu braço.
— Como você se chama? Luinha mesmo? — olhou-me confuso.
— Lua — falei calmamente.
— Bonito nome! — agradeci e rimos. — Fiquei feliz de saber que você fala de mim pra sua amiga! — falou com um sorriso de orelha a orelha. Gelei. Queria matar a Mel, o que ela havia dito?
— Hã? Como assim? — fingi-me de idiota mais uma vez.
— Ah, bom, eu levantei cedo e fui pra sua geladeira, estava morrendo de fome. Aí então senti alguém atrás de mim e achei que era você. Virei-me e quando ela me viu começou a gritar — começamos a rir, eu principalmente, imagino como a Mel deve ter agido. Ela é muito fã da banda dele. — Aí ela falou, digo, berrou: ‘VOCÊ É O Arthur? ENTÃO AQUELE Arthur É VOCÊ?’ e ficou apontando pra mim com os olhos estatelados — imitou-a e gargalhamos.
Depois fomos à cozinha e encontrei Mel ligando para todos os números possíveis de seu celular, contando de um por um que havia conhecido o “Thur Aguiar do McFly”. Ele ficou rindo e eu dei um pedala nela, que nos olhou envergonhada.
— Thur, desculpa ter te entregado. Mas se não fosse pela minha linda aparecida surpresa em casa hoje de manhã, a minha amiga burrinha aí nunca ia ter sacado que você era você — dei língua pra ela e Thur disse algo como “tudo bem, já conversamos”.
Peguei algumas coisas na geladeira e Mel e eu preparamos um café pra Arthur. Reforçado, como a Mel fazia questão de ordenar, porque afinal, era um dos ídolos dela. Comemos juntos e vez ou outra a pegava paralisada, olhando Arthur conversar, se servir, mastigar, comer e beber. Depois do café, aonde Thur ia, Mel o seguia, e isso só parou quando ele entrou no meu banheiro para se vestir.
— Ahhh, ele já vai? – ela fez cara de derrotada. — Nem vai ficar para o almoço?
— Meu Deus, você é muito grudenta, garota! — falei bagunçando seus cabelos.
— Lua, como você é capaz de agarrar Thur Aguiar e não se dar conta disso? — bati em seu braço.
— Shhhhh! Cala a boca sua imbecil! — cochichei. — Você sabe que eu não me ligo nessas coisas de famosos, isso é coisa sua!
— É, pode ser. Mas eu quero saber detalhes, por que vocês dormiram juntos e tudo mais.
— Claro, mas depois que ele for embora, né? — falei dando uma cotovelada nela, que reclamou.
Thur finalmente saiu do banheiro e nos olhou sorrindo.
— Já vou, quem me leva até a porta? — perguntou sabendo o que era óbvio.
— Eu levo! — Mel se adiantou em responder. Ele riu e eu disse que ia também.
Fomos os três e nos despedimos, Mel praticamente ficou pregada nele, já que foi uma luta para largar. Eu lhe dei um abraço e um beijo no rosto, ele fez o mesmo. Então se virou e antes de descer o primeiro degrau, olhou de volta, parecendo ter esquecido algo.
— Ah, esqueci uma coisa! — entrou correndo, deixando Mel e eu surpresas. Depois de alguns instantes, voltou do meu quarto com uma folha do meu caderno arrancada e algumas coisas escritas. Podia ver muitas palavras riscadas, tentei ver mais que isso, mas ele não deixou e nos deu tchau.
— Te ligo, Rach... Lua! — falou alto, descendo as escadas.
Fechei a porta e encontrei uma Mel pulando e soltando gritinhos, ela estava mais doida do que sempre foi, eu tinha certeza disso. Não demorou muito e começou a me xingar, dizendo que sou muito burra e perguntando tudo o que havia acontecido na noite anterior. Contei pedaço por pedaço, como sempre. Ela constatou de algum lugar bobo e infantil da cabeça dela que Arthur estava completamente louco por mim. “O jeito que ele te olha”, insistia em falar toda vez que eu duvidava. Ela me deu uma palestra de como tratar um astro do rock e enquanto falava, eu apenas me lembrava de dançar com ele e o ouvir dar ênfase na frase “minha garota dos olhos castanhos”.
Mel e eu decidimos almoçar fora, a preguiça de fazer comida em casa nos dominava de forma assustadora. Ela já estava mais calma, já conseguia conversar sobre outros assuntos. Até confessou que havia mesmo dormido com o Jack, contando isso com um sorriso que ia de orelha a orelha, já que desde o Ryan que ela não... Passa dos limites, se é que me entendem.
— Como foi? Ele é bom de cama? — perguntei e ela praticamente soltou os talheres, fazendo um barulho enorme, várias pessoas olharam pra gente, nós apenas nos escondemos com as mãos.
— Lua, da próxima vez que você for perguntar uma coisa dessas, me avisa antes! Odeio chamar atenção — ela se afastou do prato e cruzou os braços. Tão exagerada! — O que posso dizer... Ele é MARAVILHOSO. O Ryan não é nada perto dele! — rolou os olhos, expressando felicidade.
— Mas e aí? Como fica daqui pra frente? — perguntei, porque a Mel não é muito de fazer as coisas por fazer. Mas fiquei realmente surpresa com a resposta.
— Ah, sei lá. Não estou a fim de ter nada sério, não — fez bico.
— Amiga, você está bem? — olhei-a assustada.
— É só que... Ah, cansei dos homens. Não tenho mais paciência pra relacionamentos sérios, não por enquanto — eu a entendi e continuamos conversando.
Pagamos a conta e fomos a um parque, onde a maioria das pessoas vai fazer piquenique. Nós fomos apenas passear e conversar. É um lugar com muitas árvores, a maioria delas bem altas.
— Vai encontrar o Thur hoje à noite? — perguntou-me enquanto eu observava um grupo de crianças brincando na grama.
— Não. Hoje vou sair com o John — falei desanimada.
— Nossa, seu ânimo me contagiou... Agora eu quero, tipo, me jogar de um arranha-céus — falou rindo. — Ninguém merece o John amiga. Ele é bonitão e tal, mas é muito grudento.
— Nem me fale. Ele ligou todos os dias, desde terça. Só ontem me ligou duas vezes! E acho que só não ligou mais porque desliguei o celular e esqueci de ligar — bufei.
— E você está doida para sair com o Arthur hoje, certo? — falou me cutucando com o cotovelo.
— É, certo — dei de ombros e ela gargalhou.
Chegamos em casa e liguei o celular, como falei, havia umas cinco chamadas de John e uma de Thur. Thur, Thur. Como eu gosto de chamá-lo assim... Thur. Retornei primeiro a de Thur, claro.
— Oi Thur, esqueci de ligar o celular, desde ontem! — ri e sentei na minha cama, ou melhor, me joguei nela.
— Oi Luinha... Tem problema não. Só queria perguntar como ficou tudo, depois que eu saí... — droga! Achei que ele me faria um convite. Ah, mas tem o John.
— Ah, tudo bem, a Mel já se controlou e eu, bem, não mudei muita coisa.
— Que bom. Fiquei com medo de, er, você ficar com medo de mim — ele riu.
— Nada a ver. Digamos que a sua profissão é bem mais digna do que a minha — ri sem graça.
— É, quem sabe. Mas se não fosse a sua profissão eu não teria te conhecido.
— É – ficamos em silêncio, ouvindo as nossas respirações.
— O que você vai fazer amanhã?
— Acho que nada... Talvez estudar.
— Conheço essa história! — ouvi sua risada cínica. Acho que foi a primeira vez que o ouvi falar desse dia. Senti as pernas tremerem.
— Ah, mas dessa vez é sério... Eu acho! — ri e ele riu também.
— Não se eu aparecer pra te desconcentrar de novo! — filho da MÃÃÃÃEEEE. Ainda bem que ele falou isso por telefone e não pessoalmente. Acho que a minha cara não era das mais normais.
— Hã? Ah Arthur, você não ousaria!
— Não só ousaria, como vou ousar. Mas não quero ficar aí, vou te levar pra ver o mundo — senti o coração bater mais forte. Que outro prazer da vida ele me mostraria?
Confirmei e nos despedimos, depois liguei para o John e marcamos a hora que ele passaria pra me pegar na calçada. Fiquei um tempo na cama, encarando o teto. Pensando em tudo que aconteceu nessa manhã. Então aquele Arthur era famoso. Isso ficou até engraçado. O que eu falei pra ele no telefone é verdade. Não mudou muita coisa. Na verdade acho que não mudou NADA. Não sei se é porque eu não costumo ligar muito pra essas coisas de famosos e só surtaria se visse um dos Beatles ou os irmãos Gallagher. Para mim o Thur Aguiar do McFly é apenas... Thur. Aquele homem estranho, que pegou uma garota de programa apenas para passar o tempo e só se insinuou para ela UMA VEZ, que não teve muito resultado. Um cara completamente divertido e com algumas aparências de criança. Será que as fãs também são assim, escandalosas, com ele? Assim como vi com o tal de Mika? Comecei a me imaginar já namorando o Arthur, mas afastei esses pensamentos porque isso é meio inviável. Levantei e peguei a minha toalha. Tomei um banho demorado e quando saí sentei em um banquinho de frente para o espelho. Peguei o secador e comecei a fazer uma escova rápida.
— Deixa que eu faço isso! — Mel falou entrando subitamente no quarto, me dando um susto. Entreguei o secador e a escova para ela. — Mais animada?
— Não — fiz careta e ela riu. — Falei com o Thur...
— E aí? Ele também te chamou pra sair? — perguntou escovando algumas mechas, puxando o meu cabelo.
— Chamou, mas não hoje, amanhã! — falei dando de ombros e sorrindo para o nada.
— Huuuuuuum, então acredito que você vai passar a noite de hoje sonhando com o dia de amanhã!
— Dããããã... — pensei um pouco — É, talvez!
— Que tipo de jantar é esse?
— Ah, o John não me explicou direito, mas disse que é de uma empresa do irmão dele. Coisa de gente metida. Acho — falei e em seguida reclamei porque o vento quente estava pegando na minha orelha.
— Então tem de estar totalmente social? Vestido longo e etc.?
— É...
— E você tem algum longo? — perguntou-me olhando do meu cabelo para o secador e vice-versa. Foi aí que lembrei que nem ao menos tinha pensado na roupa para ir a esse jantar! O Arthur não me faz bem para a memória!
— Puts! — dei um tapa em minha testa.
— Sabia que você não tinha pensado nisso! — ela riu — Mas eu te empresto um que eu acho que você vai amar! — falou arqueando as sobrancelhas.

Ficamos mais algum tempo e ela terminou de fazer a escova. Fomos direto para o seu quarto, onde ela me mostrou o vestido. Era realmente lindo. Fiquei até com vergonha de usá-lo, já que pelo jeito nunca havia sido usado pela dona. Falei isso e ela quase me espancou, dizendo que não se importa em me ver usando antes dela. Então a agradeci e tirei a toalha que eu estava enrolada, fui ao meu quarto, peguei uma calcinha e voltei para experimentar. Ficou deslumbrante. Eu não costumo me elogiar, mas devo dizer que me ver daquele jeito até despertou algum ânimo escondido nas profundezas do meu cérebro. — Uau! Agora senta aí que vou te maquiar! — Mel disse já me empurrando para sentar na sua cama e pegando seu estojo de maquiagem no criado-mudo. Ela me maquiou, muito bem por sinal, e então calcei uma sandália de salto, ficando do tamanho de Mel com ela, claro que me vangloriei por isso!
Dei alguns últimos retoques e estava pronta! Confesso que estava muito atraente. Mel deu pulinhos e bateu palmas, levando-me até a porta.
— Você vai arrasar essa noite, escreve o que eu estou dizendo, amiga! — falou com a porta entreaberta. Eu, que estava de costas quase descendo as escadas, virei-me para ela.
— Obrigada, muito mesmo! — sorri e soltei beijos, ela fez o mesmo e então trancou a porta. Desci cada degrau praticamente me arrastando, além de ter que tomar cuidado para não pisar no vestido e rolar escada abaixo, também não estava tão empolgada para ver aquele monte de gente metida à besta e aguentar as conversas sobre negócios do John. Pra ser sincera, acho que o que eu queria mesmo era estar daquele jeito, mas indo jantar com outra pessoa. O Arthur, para ser mais precisa. Consolei-me de que isso talvez possa nunca acontecer e entrei no táxi que já me esperava na frente do prédio, desci no meu lugar de trabalho e John já me esperava. Ele saiu do carro e se aproximou, beijando uma de minhas mãos, um perfeito cavalheiro. Sorri fraco e deixei-o me guiar até o carro, onde abriu a porta para mim e fechou quando entrei. John entrou no veículo em seguida e deu partida. Não conversamos muito durante o caminho, só falei quando ele perguntou se a temperatura do ar-condicionado estava boa para mim.

O restaurante parecia ter saído diretamente de uma revista de decorações. Grandes lustres e muitas mesas, com muita gente aparentemente importante. Ao entrarmos, fomos recebidos por um casal, os donos da festa. John nos apresentou, disse-me que o senhor era seu irmão e a mulher, sua cunhada. Em seguida me contou que eles eram donos de uma das maiores empresas de tecidos da Inglaterra. Grande coisa, mas fingi interesse. Como sempre, ele me apresentou a algumas centenas de pessoas, como Rachel, lógico. Quando finalmente íamos sentar, John me puxou.
— Quero que conheça a minha sobrinha — falou se aproximando e me arrastando junto de uma mulher de cabelos levemente avermelhados e de tamanho médio, estava de costas, conversando com algumas pessoas. Ela se virou e vi que era realmente muito bonita. Eu conheço esse rosto, esses cabelos. Ela não me é estranha. Mas de onde eu a conheço mesmo? Deve ser de algum programa de TV ou seriado, pensei achar o Thur nada estranho e ele é famoso, então ela deve ser alguma coisa do tipo também. — Sophie, essa é Rachel, Rachel, essa é Sophie, minha querida sobrinha! — falou e nos cumprimentamos.
— Muito prazer, Rachel — a moça disse, sendo muito simpática.
— O prazer é meu — respondi demonstrando a mesma simpatia.
— Onde está o seu namorado? Quero apresentá-lo também! – John falou como se procurasse por alguém com o olhar.
— Ah, ele disse que ia ali atender a um telefonema e já voltava! Sabe como ele é, tio — ela disse rindo e em seguida bebeu elegantemente um pouco de champanhe. John apenas assentiu sorrindo. Sorri e olhei para o outro lado, em direção à porta. — Não morre tão cedo, ali vem ele! — e então me virei novamente para ver o rapaz.
Não era um simples rapaz, não para mim. Era ele, Arthur, assustadoramente charmoso e bem vestido. Não pude acreditar no que os meus olhos estavam vendo! Sabia que conhecia essa mulher... Era ela, a moça do shopping, que dava risinhos e recebia carinhos dele! E ela não era apenas uma amiga, prima ou irmã... Era o que eu desconfiei: SUA NAMORADA. AGORA ERA OFICIAL. Senti o coração bater acelerado e devagar ao mesmo tempo, era um misto de sensações. Ele se aproximava guardando o celular no bolso de sua calça social e ajeitando o terno e a gravata borboleta. Ainda não havia me visto, pensei em inventar alguma desculpa e correr para longe dali, mas John foi mais rápido.
— Thur! Vem logo aqui, rapaz! — abaixei a cabeça, tentando esconder o rosto. Senti que ele se aproximava. Foi quando ergui a cabeça e vi seus olhos encontrarem os meus. Não sei explicar bem que expressão era aquela que estava mostrando, se era desespero, medo de eu de alguma forma o entregar para a sua namorada ou se simplesmente não esperava me ver ali. Não sei se era efeito do tanto de emoções que brigavam dentro de mim, mas pude ver tudo quase em câmera lenta. Thur estava parado, quase estático, Sophie o puxou e deu-lhe um selinho.
— O tio John quer te apresentar a amiga dele! Ou mais que isso! – falou com um sorriso provocativo. Mais que isso? HÁ! Nem que ele peça de joelhos. Tentei parecer natural e sorrir, mas acho que não tive muito resultado. Arthur parecia ainda estar em transe, já que nesse tempo todo se ele soltou algum “hum” foi muito.
— Rachel, esse é o Thur e Thur, essa é a Rachel, minha amiga — John apresentou, esperando que déssemos as mãos e nos cumprimentássemos. Mas estávamos surpresos demais para agir assim. Finalmente ele demonstrou alguma coisa, eu já estava ficando nervosa, e notei que John e Sophie viajavam o olhar de mim para ele. Thur coçou a cabeça e sorriu, totalmente desconsertado, dando-me a mão em seguida e me olhando com uma cara de “por favor, não conte nada a eles”. Segurei a sua mão fortemente, estava tão gelada quanto a minha devia estar.
— Prazer, Rachel — falou com um sorriso cínico. Ele não sabe disfarçar muito bem.
— Igualmente — menti, sorrindo fraco.
— Tio, traz a sua amiga aqui pra nossa mesa, estávamos só os dois mesmo! — NÃO! NÃO, SUA CABELO DE FÓSFORO IMBECIL!
— Algum problema, Rach? — John falou percebendo que eu ainda estava em transe.
— Ahn? Não, claro que não — disfarcei o máximo que pude e os segui.
Sentamos em uma mesa próxima ao salão, que acredito servir para dançar mais tarde. Era uma mesa redonda, John ficou de um lado e Sophie do outro, com Arthur ao seu lado. Aquilo foi maçante. Tentei não olhá-lo, mas ele estava bonito demais para que conseguisse. Coloquei as mãos sobre a mesa e tentei encará-las. Não tive muito sucesso.
— De onde você é, Rachel? Daqui mesmo? — Sophie perguntou.
Não sei por que, mas senti vontade de dar-lhe um soco no meio do nariz. Sei que ela não tem culpa de nada, mas não sei dizer o que me deu.
— Não, sou de Bolton. Mas moro aqui já tem quatro anos — sorri pelo canto da boca. — E você?
— Sou de Liverpool, mas moro aqui desde os 10 anos de idade! — ela sorriu amistosamente. — Olha só que coisa, Thur é de Bolton também! — falou como se eu estivesse no pré-escolar e descobrisse que dois e dois são quatro.
— É mesmo? Que coisa! — falei olhando-o, acho que tinha fúria em meu olhar, porque ele assentiu mordendo o lábio inferior e baixou o olhar.
— Que mundo pequeno, não? — disse o idiota do John se metendo na conversa.
— Vou ao banheiro, com licença! — afastei a cadeira e levantei, John me olhou confuso.
— Vou com você! — ouvi Sophie dizer enquanto eu já estava passando pelo salão, o banheiro fica do outro lado.
Abri a porta quase que espancando-a e entrei. Sophie veio logo atrás e se não tivesse prestado atenção, receberia uma “portada” no meio do nariz. Talvez eu torcesse para isso acontecer. Dirigi-me ao espelho e abri a pequena bolsa que Mel havia me emprestado. Fingi que ia retocar o rímel, na verdade precisava respirar, mas aquele ser humano não entendeu isso, porque certamente não sabe que seu namorado procurou uma prostituta para passar o tempo, e que essa prostituta SOU EU.
— Você e Thur já namoram há muito tempo? — perguntei de xereta na história, apenas para colher informações e quem sabe um dia jogar na cara dele que o que estava fazendo comigo era errado.
— Estamos juntos há um ano! — falou toda sorridente e passando a mão nos cabelos, também se olhando no espelho. Aquele sorriso me enfureceu, mas tentei sorrir de volta.
— Que bom, já pensam em casamento? — indaguei guardando o rímel e tirando o batom da bolsa.
— Eu penso bastante... Mas ele nunca dá muita asa à minha imaginação... — Sophie falou desanimada. — Você sabe como são os homens!
— Sei sim, somos boas demais para eles — falei em um tom indignado, acho que até a assustei.
— É, talvez — deu de ombros. — Meus pais gostam muito do Arthur e os dele de mim. Sua mãe até me disse uma vez que se ela pudesse escolher a mãe de seus netos, me escolheria — sorriu vitoriosa e eu senti vontade de puxar os seus cabelos e dizer que havia dormido de “conchinha” com o seu namoradinho na noite passada.
— Isso é bom, espero que você o conheça bem e faça a coisa certa — falei dando o último retoque no batom, ela me olhou extremamente confusa e eu falei algo antes que me perguntasse o porquê de ter dito isso. — Vamos? — ela assentiu, ainda atordoada e me seguiu.
Passamos pelo salão e algumas pessoas já estavam dançando. Casais, na verdade, dançando abraçadinhos. Isso me lembrou o fato de ter dançado com Arthur na noite anterior. Idiota, cachorro, sem vergonha. Notei que enquanto sentava, ele me olhou de relance, desviando o olhar para Sophie, que se aproximava para sentar. Não sei por que raios John tinha que se manifestar.
— Espera, querida, não sente. Você concede esta dança ao seu tio? — falou levantando-se e fazendo reverência.
Ela sorriu envergonhada e concordou. Eles foram andando de mãos dadas para o centro do salão, deixando o homem mais lindo do mundo que merecia o maior pontapé da história da humanidade e eu sozinhos na mesa. Comecei a balançar uma das pernas, tenho esse tique quando fico nervosa. Coloquei uma mão no queixo e tentei olhar para o outro lado, mas o otário tinha que falar alguma coisa.
— Essa foi por pouco! — falou levando uma das mãos à testa e suspirando aliviado. — Obrigado — desviou o olhar para mim, ainda com a testa apoiada em sua mão.
— Não acredito que você ache essa situação cômoda! — falei olhando-o e sorrindo ironicamente, em seguida balançando a cabeça.
— Não acho, mas acho que ela poderia estar pior — deu de ombros.
— Você não pode ser normal mesmo. Quando você pretende contar à sua namorada que... Bem, que você procurou uma garota de programa? — olhei-o confusa, e ele devolveu o mesmo olhar.
— Por que eu contaria? Afinal nunca fizemos nada demais — falou desviando o olhar para olhar a namorada dançando e acenar. Grrrrrrrr!
— Certo, você deve saber o que faz — franzi a testa e encarei o prato na mesa.
Para a minha sorte, ele não disse mais nada. E devido a esse silêncio entre nós, parei para pensar. Sophie é uma mulher deslumbrante, mesmo que eu não queira assumir isso para mim mesma. Ela é elegante, delicada, fala mansinho e seu rosto lembra o de uma Barbie. Tem os olhos tão azuis quanto os de Thur e a pele parecida com porcelana. Seu corpo é bonito também. Ela é simpática e educada. Então por que aquele imbecil estava me procurando? Por que ele pediu jantar para nós dois? Por que me agradou levando-me ao cinema ao ar livre e ver um clássico? Por que levou o sorvete de pistache para mim? Por que quase me beijou no sofá? Por que é o idiota mais adulto que conheço? Por que dançou comigo? Por que disse que se lembraria de mim toda vez que ouvisse uma canção romântica dos Beatles? POR QUE DORMIU ABRAÇADO COMIGO E QUASE IMPLOROU PARA FICAR?
Convenhamos, eu não sou o que se pode chamar de beleza marcante e presença qualificada de mesma forma. Eu sou estranha, física e psicologicamente. Oras, saí de casa quando era uma adolescente e sou prostituta desde aí. Vocês não acham que eu sou um exemplo de extroversão e alegria diária, acham? Também não tenho nenhum traço exótico. Tenho o que se chama de “beleza comum”. Aquela beleza que não surpreende, apenas está lá. Então por que diabos esse cara me procura? Acordei de meus devaneios com John voltando a sentar de um lado e Sophie do outro, os dois rindo bastante e conversando empolgados. Os únicos fora de sintonia ali éramos Thur e eu. E isso estava ficando explícito. Antes que os dois começassem a notar a nossa inquietação ou o contrário extremo disso, chamei John para dançar.

Ele com certeza se sentiu o cavalheiro da noite com esse meu convite, porque sorria o tempo todo. Então levou suas mãos à minha cintura e eu o envolvi em volta do pescoço. Era uma canção incrivelmente lenta, deve ter feito sucesso nos anos 80. John estava concentrado na dança, e eu apenas tentava não olhar para Thur, o que não estava fácil. Vez ou outra olhava para a mesa e via Sophie acariciando seu rosto, sorrindo. Via em seus olhos o quanto ela gostava dele. Eles brilhavam. Antes que pudesse esperar por isso, Arthur lhe deu um selinho, me fazendo abaixar a cabeça e encostá-la no ombro de John, que me abraçou mais forte. Ficamos daquele jeito até a canção acabar. Voltamos para a mesa e anunciaram que o jantar seria servido. Jantamos e fui novamente ao banheiro. Precisava falar com a Mel. Dessa vez consegui ir sozinha, Sophie havia implorado para que Thur dançasse com ela, e ele aceitou totalmente forçado por John. Então entrei em uma das cabines e sentei no vaso com a tampa fechada. Disquei os números mais conhecidos pelos meus dedos.
— Alô? — Mel atendeu com a voz um pouco sonolenta.
— Eu te acordei, amiga? — perguntei ansiosa.
— Não, Luinha! Estou deitada no sofá vendo TV. Algum problema?
— Todos! — respirei fundo.
— Céus! O que houve? Você ainda está na festa? Oh meu DEUS, o que aquele imbecil do John fez? Quer transar à força? — ela perguntou ansiosa e eu não pude deixar de rir da última pergunta.
— Claro que não, louca! Ainda estou na festa, mas no banheiro.
— Lua, você quer me matar? Diz logo o que 'tá acontecendo, pelo amor de Deus.
Certifiquei-me de que não tinha mais ninguém no banheiro, fechei novamente a porta da cabine e falei.
— O Thur... Ele tá aqui! — falei quase engolindo as palavras.
— Mentira? Diz que é mentira! Se bem que isso é bom, vocês se agarram no banheiro e fica tudo bem! — falou rindo e eu bufei.
— Escuta antes de inventar coisas da cabeça! Ele está aqui, mas com a namorada e estamos todos na mesma mesa! — ouvi-a prender a respiração.
— FILHO DA #$%@, cara! Não acredito! É a mulher do shopping?
— É — respondi simplesmente.
— E que diabos ele faz aí? Foi cantar pra ganhar um trocado extra, por acaso? — rimos.
— Não, sua demente! A namorada dele é filha dos donos da festa e ela é sobrinha do John!
— Você tá brincando? @#$% que pariu! Que cínico, e como ele está agindo?
— Fingimos que fomos apresentados hoje, mas tá sendo difícil disfarçar. Estamos inquietos e eu te liguei pra me ajudar a resolver esse problema! — falei impaciente.
— O que eu posso fazer? Fingir que sou uma garçonete e derrubar bebida nele? Espera que estou indo! — tentei, mas não consegui controlar o riso. A minha amiga não é normal.
— Dããããã, não! Escuta, quero que você me ligue daqui cinco minutos e finja que tá passando mal!
— Dãããã pra você, agora! O John do jeito que se sente o meu pai, vai se oferecer pra me levar ao hospital.
— Dãããã pra você, de novo! Vou dizer que vou pegar um táxi, que não quero estragar a festa dele! Ele vai acreditar, escuta o que eu estou te dizendo — falei rezando para que ela concordasse logo.
— Tá, tá, tá... Até que faz sentido! – amém! — Então vai logo que dando 5 minutos em ponto eu ligo!
— Muuuuuito obrigada, amiga. Muito mesmo! Te devo mais essa! — agradeci, comemorando sozinha na cabine.
— É, eu sei. Vou começar a anotar tudo o que você me deve, sua bisca. Agora anda, vai logo pra lá que eu estou louca para atuar — rimos e nos despedimos.
Guardei o celular na bolsinha e abri a cabine. Olhei-me no espelho e respirei fundo. Estava tudo planejado, eu ia escapar daquela festa e deixar o Arthur à vontade. Então voltei para a mesa, John e Sophie conversavam empolgados, mas Thur parecia olhar em outra direção. Quando me viu chegando à mesa, olhou-me. Dos pés à cabeça e esboçou um sorriso. Ignorei e sentei. Sophie puxou algum assunto idiota sobre a grife que fez o seu vestido e eu fingi estar gostando da conversa, na verdade estava ansiosa pelo telefonema da Mel. Nunca cinco minutos passaram tão devagar. Até que finalmente senti o celular vibrar. Atendi praticamente vibrando junto com ele.
— Alô?
— Uhul, é agora!
— Mel? O que você tem, amiga?
— Oh Deus, adoro isso! Tenho vontade de te tirar dessa festa chata — ela gargalhou.
— Calma, fica calma, por favor. Enquanto você ficar agitada assim só vai piorar — falei tentando parecer preocupada, mas conter o riso era quase impossível.
— Anda Julia Roberts, quero mais DRAMA!
— Não, não posso sair daqui, Mel, você sabe... Estou fazendo companhia para o John — todos na mesa estavam me olhando preocupados.
— Manda ele se @#$%& junto com a sobrinha dele e esse cantorzinho de McFly imbecil! — quase começo a rir, mas levei uma das mãos à boca, tentando controlar.
— Ai meu Deus, estou indo, não consigo te ouvir assim e não te ver. Aguenta que estou chegando. Tchau.
— E o Oscar vai para... Tchau! — ela desligou e eu também.
Sophie me olhava assustada.
— O que houve com a sua amiga?
— Ela está sentindo muita cólica, sabe, ela tem muito problema com isso! — tentei parecer natural — John... — falei me virando para ele. — Tudo bem se eu sair agora? Não vou sossegar se a Mel ficar em casa com dores sozinha...
— Tudo bem, mas eu te levo e levamos ela para o hospital! — a Mel é vidente mesmo. Adivinhou na mosca!
— Não, não, eu pego um táxi, sem problemas. Não quero te tirar da festa, e ela vai me matar se eu aparecer lá com alguém — o olhei como se implorasse para que acreditasse. — Ela tem vergonha, você sabe — franzi a testa e sorri fraco. John assentiu, mas disse que me levaria até a calçada e esperaria o táxi comigo. Sophie desejou melhoras a Mel e Thur, bem, Thur apenas disse um “tchau” bem seco.
— Está entregue! Diz para a Mel que qualquer coisa que ela precisar pode ligar pra mim... — John disse e em seguida me deu um beijo na testa, então agradeci e entrei no táxi.
Aproveitei para rir no banco de trás o tanto que não pude fazer durante o telefonema disfarçado. O taxista deve ter me achado alguma louca, porque eu gargalhava a cada coisa que lembrava de Mel dizer. Ensinei-lhe o caminho em meio a risadas e cheguei à frente do prédio. Paguei e agradeci, ele disse “de nada” e algo como que para eu continuar assim, sempre feliz. Isso me fez rir ainda mais. Subi as escadas apressada e bati na porta. Mel me recebeu já rindo e eu a abracei. Rimos juntas por um tempinho, ali, paradas na entrada do apartamento. Entramos e me joguei no sofá, tirando a sandália e apoiando os pés na mesinha de centro. Mel sentou na poltrona.
— Obrigada amiga, muito obrigada. Acho que nunca me diverti tanto! – falei ainda rindo e fechando os olhos com a cabeça apoiada no sofá.
— E eu? O que você achou da minha performance?
— Ai sua imbecil! Você quase me faz gargalhar na frente deles e estragar tudo. Mas valeu a pena, ri demais dentro do táxi... Quando desci, ele desejou até que eu continuasse sempre assim... Feliz! — agora era Mel quem ria descontroladamente.
Fomos para o meu quarto e eu tirei toda a maquiagem, em seguida vesti uma camisola de seda. Deitamos em minha cama e a Mel me fez contar tudo, pra variar. Quando contei da parte do banheiro, ela disse que eu deveria ter feito igual naqueles filmes e revelar tudo... Assim a Sophie iria até o Thur e jogava o sapato na cabeça dele, como ela fez com Ryan. Também me disse que conhece Sophie, já foi em algum jantar oferecido pelos pais dela. “Ela é uma vagabunda”, disse-me inconformada. Não acreditei tanto assim, acho que ela disse para me conformar, alegrar-me. Sophie é completamente doce e delicada. Como seria uma vagabunda? Acho que eu chego mais perto disso, e não aquela moça tão elegante e educada, louca para casar com o namorado. Não pensem que ela também não xingou Thur. Chamou-o de todos os adjetivos necessários, os ruins, claro. Mas eu pedi que deixasse pra lá, o Thur não é meu, por mais que às vezes eu desejasse isso de forma assustadora.
— Dorme aqui comigo? — perguntei virada para a janela, Mel encarava o teto.
— Durmo — respondeu simplesmente.
— Obrigada — fechei os olhos.
— Luinha?
— Oi?
— Você se importa se eu colocar música? Só durmo com música — falou com uma voz pidona.
— Não, pode colocar— dei de ombros.
Então ela levantou e deve ter ido até seu quarto buscar algum cd.
— Esse é o melhor. Coloquei as minhas músicas favoritas, e você sabe que eu tenho bom gosto. – falou se vangloriando e já colocando o cd no aparelho. Deu o play e deitou ao meu lado de novo.
Tocaram umas três músicas até que eu começasse a “quase” dormir. Então uma incrivelmente doce começou a tocar.

(Coloque a canção para tocar - P.S.: AUMENTAR O VOLUME)

Mel já praticamente roncava ao meu lado. Ajeitei-me melhor no colchão e fiquei prestando atenção naquela letra. Falava de uma garota chamada Joanna, que tinha grandes olhos azuis e coxas de cor de café e creme de coco, então ele poderia morrer deitado em seus braços... Onde os castelos são feitos de areia e eles começam a dançar. Só a música está sangrando e os grilos substituem a banda. Ela sempre será seu trampolim beijado pelo sol, vai para cima e para baixo em seu coração, transforma-se em balinhas e ele começa a acreditar que o perigo nunca está por perto quando Joanna está lá. Como eu queria ser essa Joanna e deixar alguém assim por mim. Será que alguém algum dia vai sentir como se eu fosse a solução para todos os problemas? O porto seguro? Será que eu dou essa chance a alguém? Será que eu ME dou a chance de ser amada ou não me acho boa o bastante para isso? Suspirei e continuei ouvindo aquela melodia, que cada vez me fazia viajar para mais distante dali e quase me fazer sonhar. O piano massageava os meus ouvidos.
Foi quando abri os olhos subitamente na segunda parte da canção. Eu conheço essa voz! É ele! É o Thur! Essa música é de sua banda, o McFly! Foi aí que senti o coração acelerar. Sua 
voz me soa tão familiar, era como se ele estivesse cantando em meu ouvido, só pra mim.

“Little Joanna's like a laser beam sky
(Pequena Joanna é como um laser que corta o céu,)

Glowing maximums like a firefly
(Brilhando ao máximo como um vaga-lume)

And that's why I'm a kissophobic
(E é por isso que eu sou 'beijofóbico')

You say your dreams are made
(Você disse que seus sonhos são feitos)

Like lemonade
(Como limonada,)

But when the shivers are salty
(Mas quando os calafrios são salgados,)

And sea forms the colour of space
(E o mar forma a cor do espaço)

She will always be my sun kissed trampoline
(Ela sempre será meu trampolim beijado pelo sol)

She goes up and down in my heart
(Ela vai pra cima e pra baixo no meu coração,)

Turn into jelly beans
(Transforma-se em balinhas)

And I'm starting to believe that
(E eu estou começando a acreditar que)

Danger is never near
(O perigo nunca está por perto)

When Joanna is here
(Quando a Joanna está aqui)

Queria tanto poder ouvir alguém me dizer isso algum dia, essas palavras confortantes, mostrando o quanto sou importante, como ele não consegue viver sem mim. Espera, eu sei quem eu quero que me diga isso. Mas por que então as coisas simplesmente não acontecem? Fui adormecendo ao som daquela linda canção.

(...) I love when our hands touch
(Eu amo quando nossas mãos se encostam,)

Knowing that I'm near
(Sabendo que eu estou perto)

Apple flavoured lip-gloss
(Brilho labial sabor de maçã,)

Gillies wears a necklace,
(Gillies usa um colar,)

And feeling young and reckless,
(E sentindo jovem e indestrutível,)

When Joanna's here.
(Quando Joanna está aqui.)”

...CONTINUA!...

Todos créditos reservados á: Fanfic Obsession

Comentários!*

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3 comentários:

 

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