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'N' Cold)
— Você acha mesmo que
eu fiquei bem nesse vestido? — Mel perguntou pela milésima vez, se
olhando no espelho.
— Mel, perfeita
é pouco pra você! — respondi sincera, sentada na cama do quarto em que
estávamos nos vestindo, na mansão de seus pais.
— Mas você é minha
amiga, não vale! — bateu o pé, fazendo charme e eu a mandei ir à
merda. Mel estava realmente deslumbrante, não estava falando por
falar. Ela usava um vestido azul escuro, tomara que caia, longo, e com uma
abertura avantajada que, quando Mel caminhava, deixava uma de suas
pernas quase que completamente de fora. Usava um coque e tinha uma maquiagem
brilhante, que a deixava ainda mais linda.
— Você vai arrasar
muito! — falei estimulando-a mais uma vez. — Vamos descer?
— Não! Está louca?
Agora não! — disse impaciente, olhando-se mais uma vez no espelho.
— Já tem convidados
te esperando, Mel — tentei apressá-la.
— Eu não mando eles
parecerem um bando de velhos e chegarem 5 horas da tarde! — respondeu colocando
um par de brincos.
— Já são oito.
— Que seja! —
balançou a cabeça. — 'Tá, acho que estou pronta — caminhou até mim e me deu a
mão para que eu ficasse em pé. — Estou nervosa! Não sei por quê — mordeu o lábio
inferior e eu senti a sua mão congelando.
— Eu também estou —
falei em tom cordial e ela sorriu fraco. — Vamos? — assentiu e saímos do
quarto.
Eu também estava
muito nervosa, afinal, seria ali o meu reencontro com Arthur. Tínhamos
passado o dia inteiro na casa dos pais de Mel, pois ela queria acompanhar
passo a passo a decoração de sua festa. E tinha razão. Sua mãe é amável, mas de
vez em quando tem umas ideias estapafúrdias que, se não retiradas a tempo,
acabam sendo decisivas. Recebi uma ligação de Harry mais cedo, pedindo o
endereço de Mel para que eles pudessem montar a bateria e o resto dos
instrumentos lá. Então, eu o instruí e duas horas antes do início da festa uma
equipe apareceu para montar tudo. Mel e eu assistimos algumas etapas,
mas depois corremos para nos arrumar para a festa. Nós não sabíamos se os
garotos já estavam lá embaixo, pois ela pediu para não ser incomodada enquanto
nos produzíamos. Fomos de mãos dadas até a escada, eu apertava a mão
de Mel com certa força. Ela riu e disse que minha mão estava tão
gelada quanto a dela. Começamos a descer as escadas e cada degrau parecia fazer
as minhas pernas fraquejarem mais. Eu sabia que, a qualquer momento,
veria Arthur.
— Querida, os seus
amigos já estão aí! — informou dona Emma, mãe de Mel, querendo nos matar
do coração. — Meu Deus, como estão lindas! — disse levando as mãos à boca,
incrédula.
— Obrigada — sorri
fraco. — A senhora também está linda! — ela agradeceu e nós descemos o último
degrau.
— Quem está aí, mãe?
— Mel perguntou curiosa e eu já os procurava com o olhar.
— Aqueles bonitinhos
que você chamou pra tocar... — piscou e nós rimos. — Você me disse que eram
todos lindos, mas eu achei que era exagero. Qual deles você está namorando?
— Mããããe, nenhum! Não
posso ter amigos bonitos, que tenho que namorar? — Mel bufou e eu ri.
— Querida, antes que
eu esqueça, eles mandaram perguntar se já podem começar a tocar. Afinal, já tem
muita gente aqui — Mel e eu nos entreolhamos e eu confirmei, ela
olhou para a mãe.
— Só se for agora! Já
quero aparecer no jardim com eles tocando, aquela coisa bem filme. Bem centro
das atenções — vangloriou-se.
— Ei, vai com calma!
Cadê a humildade? — perguntei fingindo procurar.
— Idiota!
— Mel me deu um tapa no ombro e sua mãe arregalou os olhos.
— Não foi essa a
educação que eu te dei, Melanie — Mel revirou os olhos. —
Desculpe a falta de educação dela, — falou indignada e eu assenti. — Vou
avisá-los! Boa festa, minhas princesas — abraçou Mel, depois me abraçou e
caminhou até o jardim.
— Ai, me dá isso
aqui! — Mel disse, pegando uma taça de champanhe com um garçom que
passava. — Quer também?
— Quero, estou uma
pilha! — falei nervosa e ela riu, pegando uma taça para mim também. — Obrigada
— agradeci e o garçom saiu. Olhamos-nos e demos uma golada, quase esvaziando os
copos. Rimos.
— Agora estou pronta!
Vamos — me puxou e se não fosse por isso, acho que os meus pés não dariam conta
de me levar ao jardim por conta própria. Creio que eu já nem os sentia, de tão
nervosa. Quando íamos chegando à porta que dava acesso ao jardim, quase
enfartei ao ouvir a voz de Arthur.
— Boa noite! — os
convidados gritaram. — Tenho informações de que a aniversariante já está
saindo... — ele começou e Mel deu gritinhos. — Então, vamos oferecer
a primeira de tantas músicas para ela. Mas essa em especial,
o Micael quer oferecer.
— Cala a
boca, Arthur! — Mica rebateu, Mel corou e os
convidados riram.
— Essa é: “That
Girl”! — Chay cortou uma possível discussão dos dois. A guitarra
começou e Mel vibrou.
— Meu Deus, eles
estão oferecendo “That Girl” pra mim! — levou as mãos ao coração.
— Vamos logo pra lá!
— agora quem a puxou fui eu. Quando colocamos o pé no gramado, todos nos
olharam e aplaudiram. Mel sorria radiante e já recebia cumprimentos.
Eu me encolhi o máximo que pude, não sou muito boa com essa coisa de ser o
centro das atenções. Tá, eu não era mesmo. Mas digamos que eu estava ao lado do
centro das atenções. Os meninos também olhavam atentos, Mel estava
realmente linda. Eu evitava olhar muito para o palco, tinha medo de encontrar
os olhos de Arthur me observando e cair durinha no chão. Caminhamos
para o centro e tivemos um pouco de dificuldade para chegar perto do palco,
pois por onde passávamos as pessoas a puxavam para dar os parabéns.
Finalmente ficamos em
frente ao palco, Mel começou a dançar e cantar alto, eu apenas
arriscava alguns passinhos tímidos. Fiquei frente a frente com Arthur. Ele
olhava concentrado para as pessoas dançando, não parecia ter me notado ali.
Diferente de Chay, que a todo o momento dava piscadelas e sorrisinhos.
Até Mica nos cumprimentou com o olhar. Mesmo não me olhando e nem
nada, eu sentia uma coisa estranha, um sentimento bom ao vê-lo novamente. Eu
tinha sentido tanto a falta de Arthur que mal podia acreditar que já
estava em minha frente de novo. Os quatro estavam incrivelmente lindos. Tinham
os cabelos arrumadinhos e usavam terninho, uma graça! Dava vontade de subir no
palco, apertar as bochechas de cada um e, bem, dar um beijo de cinema
em Arthur. Olhei para o lado e vi Mel berrando, fiquei tão feliz
em vê-la daquele jeito. Ela estava muito, muito animada.
“My
friends said
(Meus amigos
disseram:)
(She's amazin' I can’t believe you got that
girl)
(Ela é maravilhosa e
eu não acredito que você pegou aquela garota)
She gave me more street cred
(Ela me deu mais
popularidade)
(She's amazin' I can’t believe you got that girl)
I dug the books she read
(Eu peguei os livros
que ela lia)
(She's amazin' I can’t believe you got that girl)
And how
could I forget
(E como eu poderia esquecer?)
She rocks my world
(Ela agita meu mundo)
(She's amazin' I can’t believe you got that girl)
More than any other girl
(Mais que qualquer outra garota)
(She's amazin' I can’t believe you got that)
(yeah yeah)
(yeah yeah)
Dude she's amazing and I can't believe you got that
girl
(Cara, ela é
maravilhosa e eu não acredito que você pegou aquela garota)
And I can't believe you got that girl
(E eu não acredito
que você pegou aquela garota.)
(...)
Arthur finalmente
olhou para nós, mas não para mim, para Mel, e inclinou a cabeça mandando-a
subir no palco. Ela deu um grito agudo por demais e correu para a lateral, onde
tinha a escada que dava acesso a eles. Todos gritaram e aplaudiram, Mel pulava
entre Chay e Arthur. Ela ficou um pouco tímida no começo, mas
depois entrou na brincadeira e até já ficava perto de Mica, que inventou
uns passinhos e eles meio que coreografaram. O solo de guitarra começou
e Arthur, Chay e Mica ficaram ajoelhados aos pés dela,
que ria descontroladamente, corada, mas continuou dançando.
But 3 days later
(Mas 3 dias depois)
Went round to see her
(Saí para vê-la)
But she was with null
(Mas ela estava
com Mica)
Chay
e Arthur alteraram a letra da canção e Mel levou as mãos ao
rosto, envergonhada. Os dois gargalharam e Mica balançava a cabeça,
indignado. Foi muito engraçado.
And I
said 'fine'
(E eu disse
"certo")
But I never asked her why
(Mas nunca perguntei
a ela por que)
But since then loneliness has been a friend of mine
(E desde então a
solidão tem sido minha amiga)”
A bagunça continuou e
eles mal conseguiam cantar, rindo. Mel estava completamente
envergonhada e os convidados gritavam e riam. A canção terminou e o McFly foi
muito aplaudido, fazendo reverência. Mel abraçou um por um, eles
desejavam felicidades. Quando abraçou Mica, o jardim inteiro fez “huuuum”
em coro, os deixando completamente corados e desconsertados, se soltando
bruscamente. Chay me chamou com a mão e eu disse que depois falava
com eles, mas Harry insistiu e eu subi. Primeiro abracei Mica, que era
quem estava na lateral. Mel agora conversava
com Arthur e Chay.
— Porra, senti uma
falta louca de vocês duas! — Chay disse, sendo empurrado por Harry,
que agora me abraçava.
— Mentira, ele disse
que se sentia aliviado por estar longe de vocês. EU que senti falta das duas —
Harry bateu no próprio peito e eu ri.
— Como foi lá?
O Mica ficou muito convencido? — perguntei e os três riram.
— O Mica só
tem gás. Ninguém o quer — Chay respondeu, fingindo um tom desanimado,
e Mica deu um chute em sua perna.
— Cala a boca, seu
traseiro gordo — agora Harry ria descontroladamente e Chay olhava
indignado.
— No fim da festa a
gente conversa — Mica ameaçou, com um olhar fuzilante para os dois e
eu ri. Notei que Chay se afastou um pouco, para abrir a roda, então
vi Mel vindo e Arthur atrás dela, que o puxava pelo punho.
Eu queria me esconder. Tinha medo de parecer uma idiota quando ele se
aproximasse, estava lindo demais, charmoso demais e sensual demais. Tudo demais.
E eu não sei lidar muito bem com isso.
—
HUUUUUUUUUMMMMMMM... — os três cantaram em coro, quando Arthur se
aproximou de mim. Eu quis matá-los. Ele apenas mostrou o dedo para os amigos.
— Oi — disse dando um
beijo em minha bochecha e arrancando outro coro provocativo. Agora quem mostrou
o dedo fui eu.
— Oi — sorri fraco,
encarando-o. Pude observar que ele tentava não me olhar nos olhos. Eu esperava
essa reação de mim, e não de Arthur.
— Tudo bem? — passou
a mão na cabeça, nervoso.
— Tudo — dei de
ombros. — E com você?
— Tudo bem também —
deu de ombros e sorriu fraco, se virando e cochichando alguma coisa
com Mica. Devia ser algo sobre os instrumentos. Mel me olhou
confusa e eu devolvi o mesmo olhar, ela veio para o meu lado. Os convidados
começaram a gritar “mais um” e nós nos despedimos deles, para que continuassem
tocando. Desci do palco com as pernas tremendo e o coração apertado.
— Luh, por que
o Arthur estava estranho? — Mel me perguntou como se eu
soubesse o que responder.
— Não sei. Está
vendo? Era mais ou menos assim que ele tava naquele dia que me deu os
ingressos!
— @#$¨*! Filho da
%$#*! Será que ele está fazendo ceninha na frente dos amigos? Porque eu não
acredito que possa ter mudado tanto desde o dia que vocês se despediram. Ele
tava um imbecil apaixonado ali! — colocou as mãos na cintura e eu a mandei
abaixar o tom de voz, ainda estávamos próximas ao palco e eles ainda não tinham
começado a tocar, então tive medo de Arthur ouvir alguma coisa. —
F***-se — deu de ombros. — O mal feito é da conta de todo mundo! — rimos.
Eles começaram a
tocar outra música e Mel e eu caminhamos para perto do bar que tinha
sido instalado nas proximidades da saída da casa. Sentamos nos bancos vagos
e Mel teve que cumprimentar mais algumas pessoas. O barman nos
cumprimentou e ainda nos cantou, fazendo com que ríssemos sem parar, na cara
dele, que acho até que ficou um pouco envergonhado e arrependido de ter feito
aquilo. Quando conseguimos controlar as risadas, pedimos os drinks. Fomos atendidas
na velocidade da luz.
— “Room On the 3rd
Floor”, adoro — Mel disse dançando com a cabeça e fechando os olhos,
cantarolando junto aos meninos.
— Sou uma analfabeta
quando o assunto é McFly — fiz bico e tomei rapidamente um pouco do drink.
— Relaxa, com o tempo
você consegue — riu e também tomou mais um pouco.
— Garotas, pensei que
não fosse conseguir encontrá-las! — ouvi uma voz atrás de mim e já sabia quem
era. Mel deu mais um de seus sorrisos amarelos e levantou para
cumprimentá-lo.
— Hey John — ela disse
e o abraçou.
— Parabéns, gatinha —
passou a mão em seu cabelo. — Nossa, eu te vi crescendo!
— Obrigada, mas vamos
parar com as breguices de “eu te vi crescendo”, né? — ela brincou e ele desviou
o olhar para mim, que estava virada observando-os.
— Rachel, que bom te
ver! — se aproximou e eu fui forçada a levantar e abraçá-lo.
— E aí, John? Tudo
bem? — perguntei já me desvencilhando.
— Melhor agora, que
as encontrei — ficou entre nós duas e nos abraçou pela
cintura. Mel riu sem graça e eu mais ainda. Que merda é essa? Vamos
ficar a festa inteira com John?
— Não é a minha mãe
ali? Acho que ela está chamando o John! — Mel disse convicta, olhando
para o outro lado.
— Onde? — John
perguntou, também procurando.
— Ali! — ela apontou
e sua mãe realmente estava lá, mas estava conversando com algumas pessoas.
— Vou lá ver o que
ela quer, depois eu volto, meninas. Não fujam! — John pediu, já se afastando e
eu suspirei aliviada.
— Sua mãe é santa!
Jurava que ia ter que ficar a noite inteira ouvindo o John — balancei a cabeça.
— Que santa, o quê!
Ela nem olhou pra cá! — gargalhou.
— Você mentiu pro
John? — soltei uma risada abafada e Mel confirmou, rindo. — Mel,
você não existe! — dei um tapinha em suas costas e ela me puxou.
— Vamos sair daqui
antes que ele volte! — saímos apressadas do bar, ouvimos o barman falar algo
como “voltem logo” e gargalhamos mais uma vez.
Voltamos para onde as
pessoas dançavam ao som do McFly. Pedi à Mel para não ficarmos perto
do palco, não queria ficar muito perto de Arthur depois de seu comportamento
estranho. Ela entendeu perfeitamente, graças a Deus. Agora nós dançávamos
juntas, fazendo todas aquelas coreografias de dança de salão, ríamos ao mesmo
tempo.
— Com todo respeito
às demais, mas eu quero oferecer essa canção para as duas damas mais lindas da
festa. Eu não sei onde elas estão nesse momento, mas sei que é impossível não
estarem ouvindo! — Arthur brincou e todos riram. — Para as nossas
garotas estelares, “Star Girl”! — ouvimos assobios, aplausos e
gritos. Mel me olhou com os olhos arregalados e eu gritei empolgada,
algumas pessoas que estavam perto nos olharam e sorriram, cutucando e dizendo
que a música era para mim também. Aquilo fez bem para o meu ego, assumo. Ei,
Star Girl não é a que o Arthur me mandou um trecho? Ok, vamos esquecer
o ego e lembrar o nervosismo. Cutuquei Mel com o cotovelo e ela me
olhou atenta. Arthur já começava a cantá-la.
— Quê? — perguntou
impaciente, querendo cantar.
— Essa é a da
mensagem, né? — chequei, rápido.
— Sim! Agora deixa de
ser lenta e vamos pular! Ele ofereceu para NÓS DUAS! — gritou alegre, me
puxando e ficamos pulando com as mãos dadas.
Tentei não fazer
isso, mas enquanto pulava, prestei atenção em cada palavra daquela letra. E
juro que ouvi meu coração pular quando ouvi a parte que Arthur me
mandou na mensagem. Por sorte, Mel estava concentrada demais para me
olhar e ver a minha expressão abobalhada. O McFly tocou mais algumas músicas e
anunciou que o jantar estava servido. Era engraçado, eles eram grandes
artistas, com fama mundial, mas ali, no aniversário de Mel, pareciam
apenas uma pequena banda de garagem composta por quatro imbecis talentosos.
Eles pararam de tocar e se juntaram a nós duas em uma
mesa. Mica estava ao meu lado, entre mim e Mel, o que a deixava
nervosa. Era visível. Harry estava de frente para mim, Arthur estava entre
ele e Chay. Todos os pares de olhos eram para nós seis. Muitas pessoas
vinham na mesa pedir para tirar fotos com eles, que foram amáveis.
— Fazia tempo que a
gente não se sentia uma banda de garagem novamente... — Arthur falou
praticamente lendo os meus pensamentos anteriores.
— Talvez porque nós
nunca tocamos em uma garagem... — Mica deu de ombros e nós
rimos. Arthur soltou uma risada irônica.
— Sempre o Mica,
é incrível! — disse balançando a cabeça.
— Então...
— Mel cortou o assunto. — Como foi a viagem?
— “AS” viagens...
— Mica emendou, corrigindo-a esnobe e ela o olhou, todos olhavam
atentos para os dois.
— Pra mim foi “A”
viagem. Porque para mim vocês apenas saíram de Londres — respondeu curta e grossa,
recebendo aplausos de todos, menos de Mica.
— Foi muito bom, nós
conhecemos mulheres gostosas — Harry disse e recebeu uma cotovelada
de Arthur — Outch! Quê? — acariciou seu próprio braço.
— O Harry nunca vai
aprender a conversar na frente de mulheres... — Arthur caçoou.
— Igual a alguém que
eu conheço — Mel concluiu, tomando um pouco de vinho.
— Porra, vamos
contratar a Mel pra cortar o Mica! — Chay deu ideia e
foi aclamado pelos amigos.
— Eu sei conversar
com quem eu quero conquistar — Mica a cortou e todos falaram
“wooooow” em coro.
— Ah, e você acha que
eu quero ser conquistada? — rebateu e nós olhávamos de um para o outro
esperando outro nocaute.
— Tanto faz... —
respondeu indiferente e Mel bufou.
— Entre tapas e
beijos, é assim que começa! — Harry instigou e foi xingado por Mica. Eu
comia e ria ao mesmo tempo, era impossível ficar séria ali. Eles continuaram
conversando alguma coisa que eu não entendi muito bem, porque fiquei
observando Arthur atentamente. O que eu temia aconteceu: estava
hipnotizada e devia estar olhando-o com cara de idiota. Quando notei que os
seus olhos estavam me observando, desviei o olhar bruscamente para o prato. Mas
parece que não tive muito sucesso, pois ele continuou me analisando. Eu podia
sentir o calor de seus olhos. Sem que eu pudesse controlar os meus movimentos,
ergui a cabeça novamente e nossos olhares se encontraram. Era uma sensação
estranha, parecia que ele queria me dizer alguma coisa e não conseguia. Assim
como naquele dia em que foi em nosso apartamento e agiu estranhamente. O mundo
parecia ter parado de girar por alguns instantes. Arthur sorriu fraco
e franziu a testa, dei um meio sorriso para ele e mordi o lábio inferior,
desviando o olhar para o lado, onde Mel dava um tapa no braço de Mica,
certamente estavam trocando mais farpas. Tentei me situar no assunto deles, mas
era impossível. Eu não conseguia parar de lembrar como Arthur agiu
quando nos cumprimentamos. Será que toda vez seria aquilo? Toda vez que ele
passasse um tempo longe e voltasse eu teria que me readaptar com a sua frieza e
mudança de hábitos? Ou ele tinha duas personalidades? Ter me dado um abraço não
o mataria. Ok, acho que eu criei expectativas demais para esse reencontro. Não
devia ser tão idiota. Arthur tem a namorada dele. Se eu quiser continuar
nesse “chove e não molha”, vou ter que me adaptar ao fato de nem sempre o
senhor Aguiar agir coerentemente. Tudo bem, ele disse no jogo da
verdade que não a ama. Mas quem me garante que não falou aquilo da boca pra
fora? Apenas para não parecer tolo perto dos amigos? E as coisas que ele
soltava sobre Sophie algumas vezes podiam ser apenas revolta, deviam estar em
alguma crise passageira. Eu sou apenas o passatempo, tenho que me conformar com
isso. Droga, por que não consigo simplesmente me afastar dele? Seria o mais
correto.
— Rachel, você topa?
— acordei do transe com Harry dando um tapa na mesa e todos me olhando.
— Hã? O quê? —
perguntei curiosa, não tinha escutado uma palavra do que eles diziam.
— Meu Deus, em que
planeta você estava? — Mel perguntou indignada e eu tive vontade de responder
“no mundo misterioso do cérebro de Arthur Aguiar”, mas não seria idiota a esse
ponto.
— Ah, problemas... —
dei de ombros.
— Esqueça todos os
seus problemas, eu sou a solução para eles! — Harry disse, fazendo uma cara de
sedutor e nós rimos. — Então, a gente está combinando de beber como loucos
quando esvaziar aqui — falou empolgado e os outros gritaram “YAAAAY”. Eu era a
única fora de sintonia.
— Er, tudo bem —
respondi desanimada.
— Eu me suicidei com
essa resposta —Chay brincou, insinuando dar um tiro na própria cabeça e todos
concordaram, menos Arthur, que parecia sério e me olhava preocupado.
— Não gente, tudo
bem! Eu estou animada, é só que estava perdida em pensamentos — sorri e tentei
parecer natural. Eles comemoraram a minha resposta e propuseram um brinde.
— Aos f*dões! — Chay
propôs e todos riram.
— Essa foi horrível,
cara! — Mica desdenhou, soltando um riso abafado. Brindamos.
— A essas duas lindas
mulheres que fizeram a caridade de se unir a esses quatro pé-rapados que só
falam idiotices! — Harry corrigiu, estendendo a sua taça novamente e Mel e eu
ficamos coradas. Brindamos mais uma vez.
— Chega de brindes,
acho que vou comer mais — Chay disse, pegando o seu prato e levantando. Harry o
seguiu e Mica também.
— Eu não fico aqui
com vocês dois nem a pau — Mel se manifestou, levantando em seguida, e eu a
olhei com um olhar assassino. Ela apenas piscou e me desejou sorte. UGH! Eu
ainda mato essa loirinha idiota. Senti o pescoço endurecer quando tentava me
virar para olhar Arthur. Fiquei olhando para o nada, na verdade olhava para as
luzinhas que tinham colocado nos troncos das árvores e no resto do jardim,
também olhei atenta para o chafariz incrivelmente iluminado. Senti um frio na
espinha quando percebi que alguém puxava a cadeira vazia ao meu lado e, quando
olhei para onde Arthur deveria estar, não havia ninguém.
— Você é a mulher
mais linda da festa — ouvi a voz rouca de Arthur falar bem perto de meu ouvido.
Olhei-o bruscamente.
— Impossível —
respondi indiferente e voltei, com dificuldade, a encarar o chafariz.
— Eu esperava um
“obrigada” — riu.
— Obrigada — falei
forçadamente, agora olhando um casal se amassar perto do banheiro.
— Não assim. Era
melhor ter ficado calada — falou sério. Acho que dessa vez ele não estava mesmo
brincando. O olhei e ele estava olhando para o outro lado, com as mãos na
cabeça.
— Eu não entendo você
— lancei a bomba, coçando a cabeça, nervosa. Ele sequer se virou para me
encarar.
— Isso eu já sei —
voltou o seu olhar para a mesa e pegou sua taça, bebendo um pouco de vinho.
Ficamos em silêncio e eu queria avançar em seu pescoço e matá-lo por ter dito
aquilo. Quer dizer, eu tinha que ME matar por ter confessado que não consigo
entendê-lo. Agora ele devia estar se achando a última coca-cola do deserto.
— Porra, Arthur —
essas palavras saíram sem o meu consentimento. Agora eu consegui que ele me
olhasse atento, até demais. — Que bicho te mordeu?
— Hã? Nenhum! Por
quê? — perguntou confuso e eu senti o sangue subir à cabeça.
— Porque você mal
falou comigo hoje. Parece até que eu conheço os seus amigos há mais tempo! —
respondi indignada, cruzando os braços e tremendo uma das pernas, meu tique
favorito.
— Eu fiquei com
vergonha, sei lá. Travei — deu de ombros e esvaziou a taça. Arthur agora
parecia inquieto. — Mentira — coçou a testa. — O John está aí e ele é tio da...
— Sua namorada —
concluí e ele me olhou com um olhar de agradecimento por isso. — Eu não vou te
agarrar na frente de todo mundo. Nem tenho liberdade pra fazer isso, então
relaxa — falei impaciente, levantando da mesa e indo à procura de Mel e dos
garotos. Arthur permaneceu lá, mas percebi que me seguia com o olhar. No
caminho, senti uma ponta de arrependimento por ter falado aquilo. Eu realmente
não queria pressioná-lo a agir comigo em público como age quando estamos a sós.
Mas poxa, acho que eu merecia pelo menos um abraço, nem que fosse um daqueles
bem tímidos e frouxos. O jeito que Arthur agiu me fez criar ainda mais
perguntas sobre quem ele é. Se exercício mental emagrecesse, eu estaria com
anorexia. Nunca tinha precisado raciocinar tanto na vida. Por que raios eu
pensava tanto em um homem?
Encontrei Mel
apresentando os garotos a alguns amigos da faculdade. Cheguei à roda e os
cumprimentei também. Depois que saíram, uma mulher chegou com uma câmera e
pediu para que posássemos para uma foto que sairia em uma revista.
Posicionamos-nos e antes que ela tirasse, percebi de relance que Arthur se
aproximava, então Mel pediu para que ela o esperasse chegar para poder tirar a
foto. Eu quis gritar, estava na ponta, e bem do lado de aonde Arthur vinha. Sua
única opção era ficar ao meu lado. E assim foi. Chegou timidamente e mal
encostou a palma da mão em minhas costas. Fiz da mesma forma com ele. Tiramos a
foto e nos soltamos imediatamente. Mel parecia ter percebido que as coisas não
iam bem, pois me olhou com uma expressão confusa. Balancei a cabeça e
gesticulei disfarçadamente que depois contaria. Arthur já dava gargalhadas com
os amigos, qual é, agora eu esperava que ele ficasse triste? Sou um pouco
doentia, talvez. O McFly voltou para o palco e eles tocaram mais seis músicas,
todos continuavam muito animados. Até eu me sentia mais feliz, claro que vodka
e cerveja estavam me ajudando bastante. Foi quando Arthur puxou o “Parabéns pra
você” e todos se dirigiram até a longa mesa de toalha branca com um bolo de
quatro andares.
Cantamos parabéns ao
som da banda e Mel me deu o primeiro pedaço. Ela tentou não falar o meu nome,
porque algumas pessoas ali me conheciam como Rachel (John, Chay, Mica e Harry).
Senti-me lisonjeada e acho que sua mãe ficou um pouco desapontada. Depois que
todos comeram bolo, os meninos se juntaram a nós novamente. Agora quem tocaria
era um DJ. Tinha sido montada uma pista atrás da casa. Corremos pra lá quando
ouvimos as primeiras batidas. A roda era um pouco grande, pois além de nós
seis, havia alguns amigos de faculdade de Mel. Dançávamos empolgados e já
estávamos um pouco alterados. Mica já havia escorregado três vezes; Chay
quebrou cinco garrafas de cerveja e já havia caído duas vezes; bem, até eu já
tinha escorregado uma vez. Mel e eu já estávamos descalças e dançávamos cada
vez mais loucas. Não faltava álcool em nosso sangue. Era uma garrafa atrás da
outra. Já via Mica e ela se esfregando e dançando durante algumas músicas, os
meninos se cutucavam e diziam que os dois só podiam estar muito bêbados para
fazerem aquilo. Fazíamos uma brincadeira em que de 20 em 20 segundos, um devia
ir para o meio da roda. Eu já tinha ido e Mel também. Agora era a vez de Harry.
Ele fez o inesperado. Veio até mim e me puxou para dançar com ele, no centro.
Eu já estava alterada demais para sentir vergonha, todos na roda gritavam.
Aceitei e começamos a dançar com os corpos colados. A palma de sua mão estava
em minhas costas e ele me puxava contra o seu corpo. Então, eu o puxei pela
gravata e fui rebolando até o chão, arrancando assobios e gritos de todos.
Harry fazia umas caras engraçadas, como se estivesse ficando louco com aquilo.
Quando o tempo estava se esgotando, fiquei de costas para ele e passei um dos
braços em volta de seu pescoço. Ele espalmou suas mãos em minhas coxas e fomos
até o chão. Depois cada um voltou ao seu lugar e foi a vez de Chay. Ele simplesmente
não conseguiu ficar em pé por muito tempo, estava bêbado o suficiente para não
ter coordenação. Nós ficamos sem ar de tanto rir. Mica e Thur o socorreram e o
colocaram sentado no canto, perto das bebidas. Escolha inadequada de local para
deixar um amigo bêbado. Os dois voltaram para a roda e nós continuamos as
rodadas. Quando foi a vez de Mica, ele puxou Mel para dançar com ele. E eles
foram ainda mais promíscuos do que Harry e eu. Não pareciam nem de longe
aqueles dois que se cortavam na hora do jantar. O que a bebida não faz, ninguém
mais faz. Depois que todo mundo foi, Arthur saiu e se sentou perto de Chay, que
agora estava estirado, dormindo de boca aberta, e então abriu mais uma garrafa
de cerveja. Eu observava tudo isso de relance, enquanto dançava em um círculo
menor. Apenas com Mel, Harry e Mica. Não precisava prestar muita atenção para
saber que ele estava concentrado em mim. Pela primeira vez eu tive a certeza de
que Arthur estava realmente me fitando. Ele estava bêbado, e dizem que quando
estamos bêbados fazemos o que não conseguimos sóbrios. Por isso ele estava
sendo descarado. Como eu também já estava um tanto quanto louca, puxei Harry
novamente pela gravata, agora de costas para ele, me esfregando da forma que
podia, só para provocar Arthur. Harry já estava sem camisa, o que tornava o meu
trabalho mais fácil, pois vez ou outra eu espalmava as minhas mãos em seu
peitoral definido e ia descendo sensualmente.
Percebia Arthur
tomando mais e mais cerveja, com a gravata desatada, pendurada em um dos ombros
e a camisa de dentro do terno desabotoada. Por mais que tivesse tendo aquelas
danças provocativas com Harry, eu não conseguia esquecer o abdômen de Arthur,
que estava descoberto. Mel já tinha esquecido o seu nome e que Mica e ela
tinham trocado farpas. Os dois não se desgrudavam um segundo. Dançavam
agarrados todas as canções e faziam competições de quem terminava a cerveja
primeiro. Depois de um tempo, Arthur voltou para a pista e Harry e eu
continuávamos dançando juntos, então ele ficava entre Mel e Mica, Harry e eu.
Mas parecia nem ligar, pois dançava como um louco. Também não era dos mais
sóbrios ali.
Dançamos e bebemos
até amanhecer, só paramos porque o DJ praticamente se expulsou. Ele não
aguentava mais. Arthur pediu ajuda de Harry para levar Chay para um quarto, a
essa altura, Mel já os tinha chamado para dormir lá com a gente e eu quis
quebrar uma garrafa em sua cabeça. Subimos as escadas e começamos a rir quando
Arthur e Harry, sem querer, soltaram Chay, alegando que ele é muito pesado. Foi
preciso Mica ajudá-los para darem conta do serviço, e mesmo assim foi difícil,
porque eles estavam tão bêbados que não conseguiam parar de rir, sem força.
Entramos no quarto e a primeira coisa que os meninos fizeram foi arremessar
Chay na cama. Ele nem se mexia. Se imaginasse o que tinham feito com ele, os
mataria. Mel e eu ajeitamos colchões de casal, um de cada lado da cama, e eu
atei uma rede sobre um deles.
— Vou dormir na... —
falei, mas não conseguia lembrar o nome do que era. — Na... — dei um tapa em minha
própria cabeça. — Puts!
— Rede? — Harry
perguntou, se jogando no colchão do outro lado.
— ISSO! — comemorei
ao conseguir lembrar.
Ouvi um barulho e
quando olhei para o chão Mica tinha se jogado no colchão e Mel tinha deitado ao
seu lado. Não conseguia acreditar no que os meus olhos viam. Devia estar
delirando. Ela não podia estar sã! Arthur tirava as calças e tudo que cobrisse
o seu peitoral, ficando apenas de boxers. Seu mau costume maldito. Ele devia
imaginar que me deixava louca quando fazia aquilo. Então, se deitou ao lado de
Harry.
— Finalmente juntos,
amor — Arthur brincou, abraçando-o de conchinha e dando um beijo em sua cabeça.
— Huuuuum, vamos
trepar! — Harry fez uma voz afeminada e nós rimos.
Peguei um travesseiro
no guarda - roupa e deitei na rede. Demorei a encontrar uma posição confortável
e quando finalmente encontrei, comecei a ouvir uns barulhos suspeitos. Cerrei
os olhos e tentei prestar mais atenção. Será que Arthur e Harry estavam se
pegando? Ri sozinha ao ver a besteira que tinha pensado, embebedar-me não me dá
muita plenitude imaginária. Ou dá até demais. Os barulhos foram ficando maiores
e eu ouvi um sussurro feminino dizendo “tira a mão daí” e uma risadinha. Ei,
isso estava vindo ali debaixo! Tentei ser cautelosa e segurei na ponta da rede,
baixei-a, para ter maior visibilidade e olhei pra baixo. Prendi a respiração
bruscamente e voltei à posição anterior.
Eram Mel e Mica.
MEU-DEUS. Ela estava por cima dele e eles se beijavam intensamente. Balancei a
cabeça tentando não ouvir mais nada. Não seria legal se eles transassem ali
comigo ouvindo tudo. “Tenho que dormir”, era o que eu me pressionava a pensar.
Fiquei de bruços e estava quase pegando no sono. Coloquei o travesseiro sobre a
minha cabeça, para não ouvir mais nada, mas isso era impossível, já que aqueles
dois selvagens ficavam dando risadas o tempo inteiro e falando um milhão de
bobagens que eu agradeço aos céus não lembrar mais. Graças às forças do
universo eles foram se calando e se aquietando. Foi quando senti as pontas dos dedos
de alguém percorrerem as minhas costas. Assombração? Oh Deus. Não era sonho,
não era devaneio, porque agora sentia a palma da mão fixada em minha cintura.
Virei-me em um impulso e pude ver quem estava ali, parado, me fitando.
— O que você quer? —
perguntei impaciente.
— Deitar aí com você
— se convidou, já se sentando na rede e eu o empurrei.
— Não, Arthur —
soltei, querendo falar completamente o contrário. Por sorte, consegui agir com
a razão. Não é justo, ele me esnobou na festa e agora que estávamos ali, em um
semi-escuro, com todos no quarto dormindo, queria ficar comigo?
— Por quê? —
perguntou se recompondo do empurrão e eu senti vontade de trazê-lo pra perto de
mim, porém continuei firme.
— Porque sim, ué —
cochichei ajeitando o travesseiro em minhas costas. — Agora vai, volta lá pro
Harry — puxei as duas extremidades da rede e me fechei nela. Respirei fundo e
me segurei para não chamá-lo. Fechei os olhos e desejei dormir
instantaneamente. O que não deu muito resultado. Ouvi Mel resmungar alguma coisa,
devia estar sonhando, e ri disso. Arthur devia ter se tocado e ido deitar
novamente.
Continuava segurando
as pontas da rede, fechando-a. Quando notei que tudo estava mais calmo
novamente, decidi abrir. Não tive tempo nem de gritar, Arthur se jogou em cima
de mim e tampou a minha boca.
— Agora você fica
calada e deixa eu te beijar — cochichou ainda tampando a minha boca e segurando
os meus pulsos, que tentavam lutar sem sucesso contra ele, apenas com a outra
mão. Eu vi que não adiantaria, não tinha forças, então apenas fui ficando quieta
e ele me soltou, pude respirar normalmente. Enquanto me concentrava em minha
respiração, Arthur aproximou seu rosto do meu.
— Não! — falei um
pouco alto e ele me mandou fazer silêncio. — Sai Arthur, sério — continuei
irritada, com as mãos espalmadas em seu peito e a cabeça para o lado, para
evitar que as nossas bocas se encontrassem.
— Então 'tá, boa
noite — levantou rapidamente e eu percebi que queria que ele insistisse um
pouco mais.
— Bom dia — respondi
corrigindo-o, voltando a ficar de bruços. Ele fez algum barulho com a boca e se
deitou ao lado de Harry novamente.
Acordei sendo
cutucada por Chay, me espreguicei e perguntei o que ele queria. Ele me mandou
ficar em silêncio e me chamou, dando a mão para ajudar-me a sair da rede.
Passei a mão no rosto e tentei deixar o meu cabelo melhor. A dor de cabeça
começava a dar sinais. Não estava entendendo o motivo daquilo, mas decidi me
juntar a ele. Quando sentei, notei que Arthur e Harry já estavam de pé,
conversando baixinho e rindo. Bocejei e decidi levantar. Foi então que Harry
chamou a minha atenção e apontou para o colchão embaixo da rede, eles riram
abafado. Eu já tinha até esquecido do que ouvi daqueles dois de madrugada. Ou
melhor: do que VI os dois fazendo. Quando me lembrei, também comecei a rir.
— Meu Deus, se não
tivesse vendo isso, eu juraria que era mentira! — Arthur falou baixo e nós
concordamos. Mel e Mica estavam abraçados, ele tinha uma das pernas
transpassada pelas pernas dela.
— Vamos acordá-los? —
os olhei e eles assentiram.
— Espera, vamos cantar
alguma música romântica! — Chay deu a ideia e nós começamos a pensar em alguma
canção para o momento. Dei vários palpites e Harry também, mas eles não
aceitavam nenhum. Até que Harry conseguiu um bem significativo.
— “All About You”! —
citou e os meninos aceitaram na hora, comemorando e se preparando para cantar.
— Bom, vou só
participar, porque não sei cantar essa música! — falei sem graça.
— Relaxa, a gente
canta só o início... Nem tem muito o que decorar... — Chay começou a cantarolar
baixinho para não acordar o casal e eu fui pegando o ritmo. Era fácil. Agora
era só fazer. Mel ia nos matar, eu sentia.
— Preparados? —
Arthur perguntou esperando o sinal verde. Assenti e os meninos se posicionaram
— 1, 2, 3 e... Já!
— It's all about you. It's all about
you baby. It's all about you. It's all about you — cantamos,
quer dizer, berramos, os quatro juntos. Mel e Mica se mexeram bruscamente e
abriram os olhos. Quando viram que estavam juntos, cada um saltou para o lado
oposto. Como se estivessem se dando um choque. Nós começamos a rir e Mel fez
careta, correndo para fora do quarto. Mica estava sentado no chão e levava as
mãos à cabeça, certamente estava de ressaca.
— Bom dia, Cinderela!
— Chay gritou se aproximando do amigo, que deu uma cotovelada em sua perna. —
Cinderela irritadinha! — gesticulou exageradamente.
— Vou atrás da Mel! —
falei e Chay assentiu. Harry estava sentado ao lado de Mica fazendo piadinhas e
Arthur continuava em pé, mas também enchendo a paciência dele. Saí do quarto e
fui à procura da minha amiga. Ouvi alguém tossir no banheiro que fica no fim do
corredor e fui até lá. — Mel? — perguntei batendo na porta.
— Oi? — ela respondeu
com a voz rouca.
— Abre pra mim?
— Espera — ouvi
alguns barulhos e ela finalmente destrancou a porta. Era um banheiro enorme e
muito bem decorado.
— Bom dia — falei
abraçando-a e dando um beijo em seu rosto.
— Cara, eu dormi com
o Mica? — perguntou inconformada, sentando-se no vaso com a tampa fechada.
— É isso aí! Você não
se lembra de nada? — perguntei e Mel apenas negou. De fato, Arthur e eu éramos
os únicos que tinham noção de alguma coisa, e mesmo assim não estávamos tão
bem.
— Não, ah meu Deus do
céu, porque eu sempre tenho que ser a f**** da história? — indagou apoiando os
cotovelos nos joelhos e colocando as mãos na cabeça.
— Relaxa amiga, vocês
não transaram — falei sem dar muita importância, peguei um pouco de pasta de
dente e coloquei na escova que eu tinha separada na casa de seus pais. De vez
em quando dava a louca e nós duas íamos dormir lá para pegar sol e ir para a
piscina.
— QUÊ? — gritou. —
Não transamos, mas... CÉUS, NÃO VAI DIZER QUE... — começou e eu apenas concluí
assentindo. — EU NÃO POSSO TER BEIJADO O MICAEL ! AQUELE CONVENCIDO DESGRAÇADO,
DEVE TER SE APROVEITADO DE MIM!
— Na verdade, não...
— dei de ombros, falando com dificuldade ao escovar os dentes. Aquilo estava
sendo bizarro, Mel nem ao menos se lembrava de beijar Mica.
— %¨$#@tãããão de
@#$%! Agora conta! — falou impaciente e eu terminei de escovar os dentes.
— Você parecia bem
contente, ficavam dando risadinhas e falando um milhão de bobagens que, graças
ao santo pai, nem lembro mais — soltei uma risada abafada ao ver seu desespero.
— Relaxa, amiga. Você fez bêbada o que queria fazer sóbria. Então digamos que
você está por cima nessa história, assim como estava de Mica — ri alto e Mel
levantou só pra me dar um tapa, agora já esboçava algum sorriso.
— Eu sou uma imbecil
mesmo. Sempre quis pegar aquele otário e quando faço isso não me lembro de nada
— agora já sorria abertamente. — Só espero que ele também não se lembre de nada
e, se lembrar, que tenha sido o beijo mais f*** da vida dele — pensou um pouco.
— É, com certeza foi. Quem beija esses lábios não esquece jamais — brincou e eu
espirrei água nela.
Ficamos no banheiro
mais um pouco, conversando sobre a festa e fazendo fofocas habituais de garotas
nesses eventos. Contei a ela sobre a conversa que Arthur e eu tivemos quando
eles nos deixaram na mesa e ela disse que nem se lembrava do fato de John ser tio
de Sophie, por isso fez aquilo. Eu disse que a entendia e depois Mel contou que
a última coisa que lembrava era de ter me visto dançar sensualmente com Harry e
dela dançar mais sensualmente ainda com Mica. Gargalhamos ao lembrar os
escorregões de Chay, Arthur e o meu. Mel disse que Chay só podia ser lerdo de
quebrar cinco garrafas seguidas, eu concordei e em seguida fiquei um pouco
séria, tinha esquecido por algum tempo que Arthur tinha me procurado na rede.
— Que cara é essa? —
Mel perguntou me olhando atenta.
— Lembrei de uma
coisa agora — soltei uma risada abafada.
— Anda, enviada...
Conta aí! — deu um tapa no meu ombro.
— Biscate! Se você me
bater mais uma vez, vou te jogar em cima do Mica e trancar vocês dois no guarda
- roupa — brinquei e ela me deu língua. — Quando todo mundo estava dormindo, o
Arthur apareceu do nada na rede.
— HÃ? HÃ? HÃ? —
arregalou os olhos e coçou o ouvido. — Não estou ouvindo muito bem!
— É isso aí — falei
simplesmente e mordi o lábio inferior.
— Fazer o quê? Você
não o deixou ficar lá não, né? — perguntou incrédula.
— Foi lá tentar me
dar um beijo — dei de ombros e ela me olhou espantada. — Não Mel, eu não dei o
beijo e sim, o expulsei da rede — ela deu a mão para que batêssemos high five e
assim fizemos.
— Assim que tem que fazer.
Eu sei que ele é um irresistível do capeta, mas você tem que ser grossa e
cortar quando Arthur fizer o que fez na festa! — disse em um tom orgulhoso de
mim e eu sorri, assentindo. Eu também estava orgulhosa de mim. Pela primeira
vez, tinha conseguido dizer um ‘não’ para Arthur.
— Vamos tomar café? —
chamei, passando a mão na barriga e fazendo careta. Mel assentiu e disse que
também estava faminta. Saímos do banheiro e encontramos Harry e Chay sentados
na escada, cada um com um copo d’água na mão, conversando com a mãe de Mel.
— Bom dia, queridas.
A noite foi boa, hein? — dona Emma falou sorridente e os meninos se viraram
para nos olhar. Ambos sorriam maliciosamente para Mel, que baixou o olhar,
rindo.
— Bom dia — falamos
praticamente em coro.
— Vamos todos tomar
café? Cadê os outros dois? — ela perguntou, procurando-os com o olhar.
— Estão se vestindo —
Chay respondeu e levou um pedala de Harry. Mel e eu soltamos um riso abafado,
mas sua mãe pareceu nem ligar. Assentimos e dona Emma deu as costas, para descer
as escadas. Fomos para o quarto e Arthur e Mica conversavam alguma besteira,
sentados na cama. Mel me empurrou para que eu entrasse primeiro. Os dois
pararam de conversar e Arthur tinha um sorriso estampado no rosto, me deixando
em um pequeno transe. Voltei para a realidade quando Mel entrou atrás de mim e
me deu uma cotovelada.
— Vamos tomar café? —
devo ter feito a cara mais idiota do mundo ao perguntar isso.
— Vamos! — Arthur
disse se levantando e puxando Mica. Então, Mel deu meia volta e saiu do quarto,
para não dar de cara com Mica. Tratei logo de ir atrás dela. Quando chegamos ao
corredor, vimos que Chay e Harry já não estavam mais na escada, deviam estar na
cozinha tomando café. Antes de descermos, senti a pulseirinha que usava na
festa cair. Agachei-me para juntá-la. Pude ver de relance que Mel nem se abalou
e foi descendo as escadas. Vi pernas masculinas e deviam ser de Mica, indo logo
atrás dela. Pelos meus cálculos, a pessoa que estava parada atrás de mim era
Arthur. Senti o estômago na garganta e um frio na barriga. Fingi ter
dificuldade para tirar a pulseira do chão, para assim ele me ignorar e descer
também. Mas não, parecia uma estátua. Levantei lentamente, não adiantava
continuar mais uma hora agachada, fingindo juntar uma coisa que já estava em
minhas mãos há séculos. E também, ele parecia decidido a me esperar quanto
tempo fosse. Fiquei em pé e tentei manter o olhar fixo na escada à minha
frente. ‘EU VOU DESCER, EU VOU DESCER’, pensei respirando fundo e seguindo o
meu caminho, quando senti uma mão um tanto quanto quente segurar o meu
antebraço.
— Luh... — sua voz
fazia meu apelido soar como uma boa orquestra. Então, virei-me e o encarei.
Arthur sorria infantilmente. Franzi a testa, indicando impaciência. — Eu sei
que você deve me achar um idiota, mela cueca, dentre outras denominações que o
meu cérebro não conseguiu processar — parou e pensou um pouco, soltei uma
risada abafada, sem querer. — Eu queria te pedir desculpas pelo jeito que agi
na noite passada e, bem... — coçou a cabeça, nervoso. — ... Essa madrugada — me
olhou com um olhar suplicante. No fundo eu sabia que a forma que ele agiu era
totalmente culpa minha. Eu deixei as coisas ficarem desse jeito. Eu permiti que
Arthur pudesse me ter na hora que bem entendesse. Mas não, eu tinha que
permanecer firme.
— Não tem do que se
desculpar, afinal, assim como você já disse, nós não temos nada e também eu não
sou ninguém pra te cobrar tratamento especial — falei não acreditando em cada
palavra que saía da minha boca. Desde quando eu era tão firme assim? Arthur me
olhou como se tentasse achar as palavras certas para usar naquele momento. Pelo
jeito, não conseguiu. Apenas assentiu e baixou o olhar. Deixei-o sem resposta.
Finalmente consegui. Virei-me novamente e continuei descendo as escadas, ele
vinha logo atrás, mas já não tentou dizer nada. No caminho até a cozinha, eu
ainda lembrava o que tinha acabado de dizer e simplesmente não acreditava. Era
uma mistura louca de sentimentos, mas o que prevaleceu foi o orgulho. Eu
finalmente tinha conseguido controlar a minha emoção. Eu consegui agir da
maneira certa.
Chegamos à cozinha e
todos já comiam. Mel sentou bem longe de Mica, ela conversava empolgada com
Chay; Harry passava manteiga em um pedaço de pão e Mica apenas comia,
concentrado. Sentei ao lado de Mica, e Arthur ao lado de Mel. Parece que os
quatro tinham combinado de se dividir. A mãe de Mel falava concentrada ao
telefone, seu pai já tinha ido trabalhar, em pleno sábado.
— Thur, você se
levantou de madrugada ou foi impressão minha? — Harry perguntou naturalmente e
eu quase me entalei com um pedaço de torrada. Todos na mesa olharam para ele.
— Er, não — Arthur
negou, sem ao menos levantar a cabeça. Ele lia o jornal, ou pelo menos fingia
fazer isso e comer ao mesmo tempo.
— Ah, juro que ouvi você
conversando — Harry continuou. — Devo ter sonhado — deu de ombros e tomou um
pouco de café. Mel o chutou por debaixo da mesa e ele reclamou.
— Eu que fico paulado
e você que fica delirando? — Chay perguntou e todos riram.
— Você acha que
estava muito bem, né Chay? — Mica provocou e depois imitou as besteiras que
Chay dizia bêbado.
— É, mas você também
não pode dizer nada, Mica. Nem você e nem a dama Morena ali! — Arthur
finalmente tirou a concentração do jornal e falou, olhando para Mel, que se
escondia com as mãos. Todos começaram a gritar e parabenizar os dois, Mica
estava tão envergonhado quanto ela. A mãe de Mel desligou o telefone com
urgência.
— O que tem a minha
Moreninha? — questionou, se aproximando e alisando os cabelos de Mel, que
bufou.
— Obrigada, seu
idiota! — Mel disse, arremessando a tampa de uma garrafa de suco em Arthur.
Dona Emma olhou sem entender.
— Não é nada, Tia
Emma. É só que os três ali ficaram muito alegrinhos! — falei apontando para
Mel, Mica e Chay. Mel me olhou e sussurrou um “obrigada”. Apenas assenti, e sua
mãe parecia estar convencida, pois soltou uma risada alta e disse que tínhamos
que aproveitar a juventude, porque ela aproveitou... E muito. Os meninos riam
descontroladamente e Mel revirava os olhos, batendo em sua própria testa. Harry
disse que eles tinham que ir, nós ficamos desanimadas e a Tia Emma os chamou
para tomar banho na piscina à tarde. Mica logo tratou de dizer que não ia
poder, mas foi cortado por Chay, que disse que não perdia esse sábado
ensolarado por nada, levantando e dando um beijo na bochecha da mãe de Mel, que
suspirou.
— Então, a gente tem
que almoçar com um pessoal da gravadora, pra acertar umas coisas e, quando
sairmos, viremos direto pra cá! Ok? — Harry checou, levantando, e Mica e Arthur
fizeram o mesmo. Mel assentiu e disse que se não fossem, se veriam com ela. Nós
duas levantamos para acompanhar os quatro até a saída da casa, eles estavam
todos no carro de Harry. Fomos até lá.
— Depois acho que
alguém vem aqui buscar os instrumentos — Arthur disse, logo ao sentar no banco
de trás. Chay sentou em seguida e Mica foi no banco do passageiro.
— Ok, vou deixar
avisado aqui, para o caso de estarmos ocupadas — Mel informou e eles acenaram,
dizendo que logo voltavam. Nós acenamos de volta e vimos o carro dobrar a
esquina. — Que manhã, hein? — ela me olhou sorrindo fraco e eu respirei fundo.
— Nem me fala —
balancei a cabeça e me virei para voltar à mansão, ela me seguiu.
— Ninguém vomitou na
piscina, né? — perguntou apreensiva, enquanto caminhávamos em direção à
piscina, que ficava do lado oposto de onde tinha acontecido a festa.
— Acho que não, acho
que ninguém nem foi parar lá — a tranquilizei. Chegamos ao local e sentamos à
beira da grande piscina redonda, colocando os pés na água — O Arthur falou
comigo — falei e ela me olhou espantada.
— E aí?
— Ah, só me pediu
desculpas por ter agido como agiu na festa e por ter tentado forçar ficar na
rede — dei de ombros e fiquei olhando o meu reflexo distorcido na água.
— Você foi dura com
ele? — Mel perguntou, tirando algum bicho do meu cabelo.
— Acho que sim —
sorri fraco e ela me deu um tapa.
— Está ficando
craque, hein? Parabéns! — bateu palminhas sorrindo e eu rolei os olhos. — O que
você disse mesmo?
— Falei que ele não
tinha que pedir desculpas, que como o próprio já disse, nós não temos nada e
que não sou ninguém para exigir tratamento especial — fui soltando e lembrando
o exato momento em que conversamos. Ela gritou.
— @!#$%! Ele deve
estar se sentindo uma merda! Você arrasou — me deu uma cotovelada de leve.
— Sabe que nem eu me
reconheci quando essas coisas saíram da minha boca? — confessei e ela riu.
— É assim mesmo. Eu
não te falei aquele dia na cozinha? Uma hora você começa a se sentir boa demais
para ele.
— Falou, mas a
verdade é que eu não me sinto assim. Eu só me sinto magoada pela indiferença
dele. Ainda sou a mesma imbecil de sempre — falei desanimada.
— Ah, não quero
nenhum baixo astral! Olha eu aqui, dormi com o convencido do Micael e nem estou
assim que nem você — cutucou-me e rimos. — Se bem que acho que é por isso que
estou de bom humor — suspirou e eu puxei seu cabelo.
— É uma bisca mesmo!
— parei de puxar seu cabelo e a abracei. — Uma bisca linda! — falei com voz de
bebê e ela riu.
— Você é idiota,
hein? Está ficando igual o Chay — disse rindo, passando a mão em meu cabelo e
eu soltei uma risada abafada. — Tem uma coisa me chateando.
— Que foi? —
perguntei baixo.
— Não ganhei nenhum
presente — respondeu desanimada e eu me desvencilhei, dando um pedala em sua
nuca.
— Você acha pouco? —
arregalei os olhos e apontei para o outro lado do jardim. Mel deu de ombros.
— Não cara, não é
isso. É que todo ano eu ganho alguma outra coisa. Até agora não me deram nada,
será que eles esqueceram? — indagou indignada.
— Não sei, mas vamos
tomar um banho, porque seu cabelo está só o laquê! — brinquei e levantei
correndo, ela me xingou e veio correndo atrás. Entramos em casa e subimos as
escadas. Eu tinha levado algumas peças de roupa para lá no dia anterior, sabia
que dormiríamos por ali mesmo. Então, peguei as roupas, uma toalha e o biquíni
que usaria. Mel tinha dado a ideia de almoçarmos perto da piscina e pegar sol.
Fui para o banheiro no fim do corredor e ela foi para o do outro lado. Tomei um
bom banho, sentia relaxar a cada toque que a água dava em meu corpo. Ainda não
tinha parado para pensar muito sobre tudo o que havia acontecido com Arthur.
Procurei não esquentar a cabeça. Eu estava ali, com a minha melhor amiga, na
enorme casa de seus pais e queria me divertir. Fiquei animada ao lembrar que os
meninos voltariam para lá à tarde, para irmos para a piscina. Sempre era bom
estar acompanhada deles. Terminei o banho e me enxuguei, depois me vesti e saí.
Mel já caminhava em direção ao seu quarto, enrolada na toalha. Entrei no cômodo
depois dela e fechei a porta.
— Você é rápida,
hein? Já se vestiu! — falou me olhando e em seguida olhando para as roupas
dentro do guarda - roupa. — Tenho que lembrar de deixar mais umas roupas aqui.
Só tem coisa cafona! Meu Deus, como eu tive coragem de comprar isso? —
perguntou num tom inconformado, mostrando-me uma blusa que nem era tão feia
assim.
— Deixa de ser
exagerada. Essa daí pode não ser muito bonita, mas olha aquelas ali! — apontei
algumas penduradas e ela pareceu estar convencida, pois pegou uma delas e
separou.
— Espera, por que a
gente já não desce só de biquíni e aproveita o resto do sol da manhã, que é
saudável? — propôs.
— É, pode ser. Mas
vou ter vergonha de ser vista só de biquíni pelos meninos — confessei, coçando
a cabeça.
— Ahhhh, dá licença!
O Arthur já te viu peladona, de biquini é a mesma coisa... Só que tem um
biquíni tampando as partes mais interessantes! — disse naturalmente e eu soltei
um riso abafado. Ela estava certa, contra fatos não há argumentos, então,
apenas tirei a saia jeans que vestia e a blusinha preta, mas logo me enrolei na
toalha. Mel riu e vestiu seu biquíni. — Vamos! — chamou, me dando a mão e nós
saímos do quarto. Desci as escadas na frente, pois ela puxou uma das empregadas
que passava pelo corredor para avisar que alguém viria buscar os instrumentos.
Cheguei ao grande
jardim e olhei tudo em volta. Não conseguia acreditar que a minha amiga tinha
trocado tudo aquilo para morar em um apartamento. Não que o nosso apartamento
seja ruim, longe disso, mas perto daquela mansão, ele é um cubículo. Não sei se
faria o mesmo em seu lugar. Dizem que quem tem tudo sempre está insatisfeito,
então deve ser por isso. Nunca tive nada que ela teve. Andei até a piscina e
deitei em uma das espreguiçadeiras. Logo Mel apareceu e sentou na cadeira livre
ao meu lado, me dando protetor solar. Eu tinha esquecido completamente do
detalhe de ser quase um fantasma. Passei nas partes possíveis e dei para ela
passar em minhas costas. Depois fiz o mesmo com ela e ficamos de cara para o
sol.
A empregada trouxe
dois copos de suco, mandados por Tia Emma, que disse que faz mal pegar sol sem
beber nada, desidrata. Conversamos algumas bobagens, sobre a festa. Contei para
ela que vi duas pessoas de sua classe se amassando perto do banheiro e Mel
disse que os dois têm compromissos, incrédula. Depois, lembramos de o barman
dar em cima das duas e rimos descontroladamente. Mel lembrou orgulhosa do show
do McFly e me agradeceu por tê-los colocado em sua vida. Eu ri e disse que
achava que ela faria melhor uso disso do que eu, que nem conhecia direito as
canções deles. Ela me mandou deixar de ser imbecil e enxergar um palmo à frente
do nariz. Para Mel, era óbvio que Arthur queria ficar comigo, ele só precisava
aprender a demonstrar isso. Rebati, dizendo que também era óbvio que Mica
queria ficar com ela. Ela se benzeu e disse que não queria mais nada com ele.
Depois pensou um pouco e disse que queria, mas queria que ele rastejasse, se humilhasse. Eu opinei
que, talvez, ele espere que ela faça o mesmo. Mel quase gritou que ele morreria
esperando, porque ela não moveria uma palha. As horas foram passando e logo
chegou a hora do almoço. Nós comemos em uma mesa redonda de madeira, que fica
próxima à piscina. Foi quando a surpresa aconteceu. O portão se abriu e um
lindo Porsche GT, conversível e prateado apareceu. Nós duas ficamos de queixo
caído. Então, o carro foi estacionado próximo à piscina e o pai de Mel, senhor
Albert, saiu do veículo.
— Gostou? — perguntou
olhando para Mel, que apenas assentiu lentamente, ainda hipnotizada. Ele se
aproximou. — Ótimo, porque é seu! — e jogou a chave para ela, que só pegou por
ter um reflexo bom. Eu não pude acreditar! Começamos a gritar, abraçadas e
pulando. Em seguida, Mel se jogou nos braços do pai, agradecendo aos berros.
Tio Albert apenas ria e dizia que a filha merecia tudo aquilo. Tia Emma logo
apareceu e também ficou maravilhada ao ver o carro.
— Albert! Você me
disse que era um carro lindo, mas eu não achei que fosse tanto! Por isso não me
deixou ver também? — ela perguntou, levando uma das mãos à boca, mas logo teve
que tirá-las, para receber um abraço de Mel, que ainda gritava.
Mel me puxou e
corremos para o carro, entramos e sua mãe veio logo atrás. Olhávamos detalhe
por detalhe, era realmente muito luxuoso. Saímos do veículo ainda incrédulas,
Mel não parava de repetir que devia estar sonhando, aquilo não era real. Eu,
que nem fui a presenteada, sentia-me nas nuvens, imagina ela! Era muita emoção
para um dia só!
Depois de comemorar
mais algumas vezes, os pais de Mel se despediram, Tio Albert ia jogar golfe com
amigos e a esposa o acompanharia. Éramos só as duas em casa, os empregados
também saíram e nós ficamos esperando os garotos chegarem.
— Será que aqueles
imbecis não vêm? — Mel perguntou revoltada.
— Não sei. O Arthur e
o Mica pode ser que não apareçam — respondi rindo ironicamente e ela bufou.
— Eles que inventem.
Quero os quatro aqui. Ou são os quatro ou não quero ninguém! — resmungou.
— Aham. Na verdade
você quer que o Mica venha, se aparecerem três e ele estiver, aí então você nem
liga para o que faltou — brinquei e ela fez careta.
— Será que são eles?
— falou ao mesmo tempo em que levantava da cadeira. Haviam tocado o interfone.
— Vai ver! — sugeri,
fechando os olhos e respirando fundo. Mel se distanciou, correndo, e eu apenas
tentava não pensar como poderia ser aquela tarde. Notei que ela demorava
bastante, ouvi algumas gargalhadas, eles deviam ter ido dentro de casa
primeiro. Abri os olhos e levei um susto ao ver Arthur sentado na cadeira ao
lado. Ele já estava sem camisa e passava protetor nos braços, estava de costas
para mim. Enquanto passava protetor, pude enxergar um pouco de seu rosto. Ele usava
um Ray Ban e estava o que se pode chamar de irresistível. Fechei os olhos
novamente, fingindo não tê-lo notado ainda.
— Passa pra mim? —
Arthur perguntou. Abri os olhos subitamente, ele riu. — Eu te acordei? —
indagou e eu neguei, sentando.
— Senta aqui — falei
apontando para a extremidade da minha cadeira, para facilitar. Ele sentou, de
costas, e eu comecei a passar o protetor. Eu dava graças a Deus Arthur estar de
costas, porque se ele se virasse e me visse fitando-o como uma boba, riria da
minha cara. Deslizava a mão suavemente pelas suas costas, ele se mexia muito
pouco. Passava o líquido cada vez mais devagar, estava bom demais massageá-lo.
Não vou mentir, senti uma vontade incontrolável de abraçá-lo ali, mas eu sou
mais forte do que isso, eu sei que sou. Infelizmente, terminei o serviço e
Arthur se levantou, agradecendo num tom cético e pegou o protetor de minhas
mãos, colocando-o na mesinha que ficava entre as duas cadeiras. Arthur tirou a
bermuda que usava e ficou só de boxers, depois tirou os óculos.
— Será que tem
problema entrar na piscina de boxers? — perguntou me acordando de um pequeno
transe ao olhá-lo daquela forma.
— Hã? — balancei a
cabeça. — Digo, acho que não — dei de ombros. Mal terminei de falar e ele
pulou, espirrando um pouco de água em mim. Mergulhou e quando levantou,
movimentou a cabeça rapidamente para ajeitar os cabelos. Aquilo tinha sido
extremamente sexy e eu estava louca. O que me salvou de pular na piscina atrás
dele foi o fato de logo ver Chay chegando, sendo seguido pelos demais, todos
traziam uma boa quantidade de cerveja. Colocaram na mesa e cada qual pegou uma
garrafa. — Meu Deus, vocês não enjoaram, não? — perguntei rindo e os
cumprimentando. Mel sentou na mesma cadeira que eu, na extremidade, assim como
Arthur tinha feito, e abriu a sua garrafa, passando o abridor para Mica. Harry
sentou colado em mim, me envolvendo com um dos braços pelo ombro.
— Porra, nem espera
os amigos, esse imbecil! — Harry apontou para Arthur, que acabava de levantar
de um mergulho.
— Pega, cara — Mica
passou o abridor para Harry. — Não vai querer, Rachel?
— Não, Mica, por
enquanto, não. Valeu — sorri fraco e ele sorriu de volta, sentando ao lado de
Chay na outra cadeira.
— Essa cadeira vai já
partir! — Mel falou levantando. — A... — prendeu a respiração ao lembrar que
ali eu era Rachel. — Rachel já é gorda, ainda senta o Harry, traseiro flácido,
perto dela! — brincou e Harry prometeu que mostraria a ela o seu traseiro
flácido. Todos riram. — Ai, ai, ainda briso olhando o MEU carro — ela suspirava
e olhava para o veículo, ainda parado perto da piscina.
— Cuidado... O
trânsito, a partir de hoje, será perigoso — Mica alertou só para provocá-la e
ela o olhou, furiosa.
— Por quê? Você vai
começar a dirigir hoje? — rebateu e foi aplaudida, se virando para entrar na
piscina. Entrou lentamente, segurando a garrafa de cerveja com uma das mãos,
erguendo para que não derramasse.
Dentro da piscina,
tinham banquinhos e uma “mesa” de pedra, justamente para que pudessem consumir
bebidas e até comer lá dentro. Então, ela se dirigiu até lá e Arthur a seguiu.
Chay entrou depois e deu uma garrafa para Arthur. Os três começaram a
tagarelar. Eu continuei ali, com Harry ao meu lado e Mica na cadeira próxima,
agora deitado. Engatamos alguns assuntos também, mas os dois logo se travavam,
discutindo alguma besteira por horas. Eu apenas ria da situação e dizia que
eles não podiam ser normais. Claro que também sobrava para mim, vez ou outra
eles elogiavam as minhas pernas, a minha barriga e pediam para que ficasse em
pé e desse uma voltinha. Eu os xingava de tarados e dizia que era por isso que
eles não arranjavam namoradas.
— Eu sou bom demais
para elas, olho-me no espelho e digo “você não precisa de mais ninguém, só
dessa pessoa que está na sua frente” — Mica disse convencido e depois deu uma
golada, Harry e eu rimos.
— E eu sou um cara
carinhoso, trato as mulheres como rosas, sei dançar, adoro bichos de estimação
e ainda sei cozinhar — Harry começou, como se fizesse propaganda de si mesmo e
Mica tratou de rebater.
— Por isso as
mulheres não te dão valor, cara! Mulheres gostam de caras escrotos, que xingam,
tratam mal e até batem. Por isso eu sou assim—Mica falou sabendo que me
revoltaria, pois fazia uma cara provocativa. Ao ver a minha expressão, os dois
gargalharam.
— Com exceção da
Rachel, nanico — Harry disse e me deu um beijo na bochecha. — Ela merece um
cara assim como eu, cavalheiro — olhei-o e sorri, assentindo.
— Ih, rolou um clima
— Mica se levantou e nós rimos. — Tchau! — disse após tirar a bermuda
rapidamente. Em seguida, pulou na piscina. Harry agora segurava a minha mão,
mas olhava fixamente para os outros, eu fazia o mesmo.
— Vou pegar uma
cerveja — falei soltando sua mão e abrindo uma garrafa.
— Eu sabia que você
não ia resistir — brincou e eu dei um soco leve em sua barriga, dando a
primeira golada.
— Vamos nos juntar a
eles? — perguntei e Harry concordou, já se levantando.
— Vai na frente! —
ele disse, colocando uma das mãos na nuca e dando um sorriso malicioso.
— Meu Deus, vocês não
têm vergonha de nada não? — indaguei incrédula e ele negou.
— Eu tinha que ter
vergonha se não quisesse ver os bumbuns das mulheres. As pernas também, e tudo
isso aí que vocês carregam e nos deixam loucos — respondeu em um tom pervertido
e eu balancei a cabeça, indo a sua frente e recebendo aplausos dele. Entrei na
piscina lentamente, com a garrafa sendo erguida e Harry veio logo atrás.
Sentamos nos banquinhos vagos, que para o meu azar eram ao lado de Arthur.
Fiquei entre ele e Harry.
Mesmo já estando
molhado, podia sentir o perfume de Arthur perfeitamente. Aquilo não estava me
fazendo bem. Quanto mais aquele cheiro adentrava sem permissão nas minhas
narinas, mais eu sentia vontade de fazer uma loucura e agarrá-lo ali mesmo. Ele
não parecia muito comovido com a minha presença ao seu lado, mas isso é meio
óbvio, eu não tenho sobre Arthur o impacto que ele tem sobre mim. O clima
estranho só ME afetava. Sempre era sim. Tudo sobre mim. TU-DO.
— Cara, eu estou me
sentindo, tipo, em um reality show! — Chay disse e foi vaiado.
— Se fosse mesmo um
reality show eu já sei quem mandaria pra berlinda — Mel falou em tom
provocativo e Mica mal a esperou acabar de falar.
— Você mesma, porque
eu seria o líder — Mica rebateu e todos gritaram.
— Eu não saía, isso é
fato — ela deu de ombros.
— Eu te mandava até
você sair — ele insistiu.
— Certo, íamos para a
final juntos e o mais carismático sempre vence, logo...
— Eu ganharia, com a
maioria dos votos — Mica concluiu a frase de Mel e levou um tapa da mesma. Era
a primeira vez que eles tinham uma proximidade naquele dia, depois da hora em
que ela passou o abridor para ele.
— Eu acho que nenhum
de vocês chegaria à final, de qualquer forma — Harry disse e todos perguntaram
por quê. — Qual é? Se isso aqui fosse um reality show, eu estaria nele, logo eu
ganharia sem sombra de dúvidas — foi vaiado.
— Eu ainda torço por
uma final entre Mel e Mica — Chay provocou e os dois o olharam fixamente. — Não
perderia as sacudidas debaixo do edredom por nada! — gargalhou e todos riram,
menos Mel, que, para variar, o xingou, desde a mãe até o filho que ele ainda
nem teve.
— Quem disse que eles
precisam de edredom? — Arthur emendou e Mel pulou em seu pescoço, puxando seu
cabelo. — Ei, golpe baixo! — ele disse caindo e mergulhando com ela.
As brincadeiras
continuaram, como sempre que estávamos juntos. Arthur e eu, apesar de estarmos
lado a lado, não conversamos diretamente e ele logo fez o favor de ir para
perto de Mel e Chay, que tinham se isolado do outro lado da piscina, fazendo
brincadeirinhas idiotas.
— Essa é a nossa
panela — Harry disse olhando os três.
— Cara, você ainda
está nesse assunto? — Mica perguntou jogando água no amigo, mas pegou em mim.
— Ei, os namoradinhos
podem ir parando, porque quem se ferra aqui no meio sou eu! — pedi rindo e eles
pediram desculpas, se estapeando em seguida.
Deixei-os e fui para
perto de Mel, Arthur e Chay. Começamos a brincar e logo Mica e Harry se
aproximaram também. É aquela famosa brincadeira em que se faz uma fileira e
todos abrem as pernas, então quem está no primeiro lugar da fila tem que
mergulhar e passar entre as pernas de todo mundo e, assim que chegar ao fundo,
já deve se posicionar para esperar o próximo. Claro que não funcionava cem por
cento, afinal, não estávamos entre pessoas normais. Mica e Chay faziam o favor
de toda vez que passavam, abrir os braços, fazendo-nos escorregar. Arthur
combinou de sabotar, toda vez que um dos dois fosse passar os dois últimos
fechavam as pernas em seus corpos, deixando-os presos. Funcionou algumas vezes,
mas quando as últimas eram Mel e eu, Mica e Chay só faltavam arrancar as nossas
pernas. Saímos da água e ficamos sentados em círculo, bebendo. Mel e Chay eram
os que mais bebiam em menor quantidade de tempo, fizemos várias competições
entre os dois e, por incrível que pareça, Mel ganhou a maioria, ela estava
sendo chamada de “a rainha”. Já estava anoitecendo e nós conseguimos acabar com
toda a cerveja que tinha sobrado do aniversário, e olha que foram mais de
quatro grades. Mel e Chay eram, de longe, os mais alterados. Eles pareciam se dar
melhor ainda devido a isso. Os dois ficavam dançando e cantando abraçados,
falando um milhão de bobagens.
(Coloque
a canção para tocar. P.s.: a partir de 0:47)
Depois, Mel puxou
Chay para dentro do carro e eles ligaram o som, na Radio One, colocando no último
volume e cantando aos berros uma canção que me fez querer saber a letra para
cantar olhando para Arthur.
“You,
You don't really want to stay, no
(Você, você realmente
não quer ficar, não)
You,
shouldn't really want to go-o
(Você, mas você
realmente não quer ir,)
You're
hot then you're cold
(Você é quente e logo
esfria)
You're
yes then you're no
(Você quer e depois
não quer)
You're
in and you're out
(Você está dentro e
depois está fora)
You're
up and you're down
(Você está feliz e
depois está triste)
(...)
Enquanto ria dos dois
gritando e dançando no carro, sentada na grama e achando realmente interessante
o fato de Chay saber aquela letra de cor, pois não é bem o estilo deles, senti
como se alguém me olhasse atentamente. E eu já sabia quem era, pois Harry
estava deitado ao meu lado, de olhos fechados, dando risada, e Mica estava
sentado perto do carro, agora já começava a cantar também. Olhei para trás
apreensiva, Arthur estava quase deitado, a única coisa que o impedia de fazer
isso era o fato de estar apoiado nos cotovelos. Quando me viu retribuir o
olhar, desviou bruscamente, olhando para a piscina. Mas eu simplesmente não
consegui tirar os olhos dele. Estava atraente demais. Parece que todas as
minhas forças me jogavam para cima de Arthur. É uma sensação ruim essa de
sentir vontade de agir de uma forma e simplesmente não poder. Seria tão mais
fácil se eu simplesmente não sentisse nada. Se eu o levasse na brincadeira,
assim como ele fazia comigo. Se eu não me importasse com as suas alterações de
comportamento. Mas como diz essa canção que está sendo berrada pelos meus
amigos bêbados: ele é quente e logo esfria, quer e depois não quer. Ele é um
mistério. Ele é simplesmente imprevisível, tanto que me assustei ao vê-lo
voltar seu olhar para mim. Agora, ele tinha os olhos semicerrados, me encarando
profundamente e eu lutava contra o meu pescoço. Eu não era nem ao menos capaz
de desviar o olhar. Estava paralisada. Senti-me como no filme daquele bruxinho
inglês, como se Arthur tivesse jogado um feitiço para que eu só fizesse o que
ele queria. E, no caso, o que ele queria era que eu continuasse encarando-o. A
diferença é que isso é a vida real. Infelizmente. Malditos e irresistíveis
olhos azuis. Tudo começou por causa da beleza deles! Arthur mordeu seu lábio
inferior e inclinou um pouco a cabeça, deitando-a no próprio ombro. Acho que
quem mordia o lábio agora era eu. Estava difícil convencer o meu corpo de não
ir até ele, tocar novamente aquela pele macia e beijar aqueles lábios de sabor
incomparável. Eu odeio Arthur. Muito. E eu odeio o fato de essa música
descrever a minha situação tão bem.
Someone
call the doctor
(Alguém chame um
médico)
Got a
case of a love bi-polar
(Tenho um caso de
amor bipolar)
Stuck
on a roller coaster
(Presa uma montanha
russa)
Can't
get off this ride
(da qual eu não
consigo descer)
You
change your mind
(Você muda de ideia)
Like a
girl changes clothes
(Como uma garota muda
de roupas) ”
Agradeci-me
mentalmente ao conseguir voltar a olhar para o carro, após Mel disparar a
buzina de forma contínua. Levantei correndo e fui até lá, para pedir que
parasse. Mas não tive sucesso, porque antes de conseguir falar com ela, Mica me
puxou pela perna e me derrubou, ao seu lado. Eu acho, quer dizer, tenho certeza
de que os homens não medem as suas forças... E, se eles estão bêbados, a coisa
é pior ainda. Caí de todo o corpo, por cima de um braço e ele caiu na risada,
ao invés de me socorrer. Mel e Chay também começaram a rir de forma exagerada e
eu até cheguei a esquecer a dor que sentia pra tentar imaginar no que eles
estavam vendo graça. Por sorte, Harry se levantou e foi correndo me ajudar a
levantar.
— Nem foi nada, isso
é drama — Mica disse despreocupado, agora deitando no chão. Eu levantava, sendo
puxada por Harry.
— O Mica perde a
noção do que é ‘fazível’ e do que não... — Arthur tentou continuar falando, mas
começou a gargalhar ao ver o que tinha dito — FAZÍVEL?! — o próprio se
perguntou e nós todos começamos a rir. Ele se aproximava e olhava atento para o
meu braço, mesmo gargalhando.
— Quando precisarem
inovar o idioma só é contratar esse idiota — Harry ironizou, dando um tapa no
ombro de Mica e puxando o meu braço, em seguida. Senti estalar e me senti mais
aliviada.
— Ou quando
precisarem ferrar ele de vez, né? — falei já conseguindo mexer o braço e depois
agradeci Harry pelo puxão. Todos me aplaudiram e disseram que Arthur estava com
a testa queimando depois do que falei. Fiquei corada.
— Espera só, quando
você estiver distraída, peço pro nanico te derrubar de novo — ele rebateu e
todos disseram que eu tinha vencido a disputa.
— Está melhor aí,
Luh? — Mel perguntou baixando o volume e nem se deu conta do apelido que tinha
chamado. Eu não sei, acho que estou tão sortuda nesses últimos tempos, tirando
o fato de Arthur e eu estarmos estranhos. Porque ela me chamou de ‘Luh’ e
ninguém ligou.
— Muito obrigada por
ter me socorrido, amiga — ironizei e ela mostrou o dedo, voltando a aumentar o
volume e dar gritinhos com Chay ao perceber que conheciam a música que começava
a tocar. Os dois se abraçaram e começaram a cantar juntos. Mica se juntou a
eles, sentando no banco de trás e os abraçando. Pareciam três imbecis.
— Ainda dói, Luh? —
Arthur perguntou baixinho, ao ver Harry correndo para atender o celular que
tocava na mesinha próxima à piscina.
— Não, só um
pouquinho — sorri fraco. — Obrigada pela preocupação.
— É, digamos que eu
sinto pena às vezes — ele disse e deu de ombros, rindo. Apenas balancei a
cabeça e voltei a rir dos três cantando abraçados. GRRRRRRRRRR, sente pena de
que? EU NÃO QUERO QUE ELE SINTA PENA. Morra, Aguiar, morra. Harry voltou
correndo.
— Ninguém aí tem
fome? — Harry perguntou passando a mão na barriga.
— Pode até ter, mas
eles não vão se lembrar disso — respondi olhando novamente para o carro e nós
rimos.
— EI, EI, EI — Arthur
gritou abrindo os braços e os três o olharam impacientes. — ALGUÉM AÍ AINDA
LEMBRA QUE TEM QUE COMER PRA SOBREVIVER? — continuou e Harry e eu rimos.
— É isso, é fome! Era
isso que eu tentava te dizer, Mel! — Chay cutucou Mel como se descobrisse um
novo continente.
— Ahhhhh! — ela abriu
a boca e arqueou as sobrancelhas. — Vamos comer! — disse saindo do carro e
sendo seguida pelos dois marmanjos. Nós comemoramos.
Fizemos uma longa
caminhada até chegar à porta da cozinha. Chay ia à frente, abraçado em Mel, os
dois não conseguiam andar em linha reta, fazendo-nos sentir dor de barriga de
tanto rir.
— O que será que tem
pra comer nesse @#!$%? — Mel perguntou, entrando na cozinha e abrindo as portas
do balcão rapidamente.
— Deixa que eu te
ajudo a procurar — falei, indo para perto dela, com medo que saísse jogando
para o alto tudo o que tinha lá, como já fez em nosso apartamento uma vez.
Achamos uns pacotes de macarrão e decidimos fazer macarronada — Harry, você
corta o tomate; Arthur, a cebola; Mica, a salsinha; Mel e Chay apenas sentem
aqui... — apontei para as cadeiras ao redor da mesa de tomar café da manhã —
... E tomem café puro, vocês não podem nem sonhar com faca — ordenei séria e peguei
duas xícaras, as servi com café puro e entreguei uma para cada, eles pareciam
duas crianças levadas que estavam com medo da mãe. Era muito engraçado.
Coloquei um avental e
prendi o cabelo em um coque firme, fui até a geladeira e peguei o tomate, dei
para Harry cuidar dele. Em seguida, a cebola e a salsa, entregando
respectivamente para Arthur e Mica. Mostrei para Harry onde ficavam as tábuas e
as facas e ele distribuiu.
— Por que eu tenho
que ficar com a cebola? — Arthur perguntou inconformado, já pegando a tábua e
se posicionando.
— Porque ela quer te
fazer chorar, cara. As mulheres são assim — Chay respondeu simplesmente e todos
começaram a rir. Arthur o mandou cuidar do café que tomava e eu, apesar de
gargalhar, fiquei um pouco corada.
O macarrão já cozinhava
e os meninos já tinham feito o que eu tinha mandado, eles me chamavam de
“chefe” e faziam questão de me agradar. Até Chay, que fazia isso apenas com
comentários, já que não tinha controle de seus movimentos. Mel se concentrava
em dar palpites na macarronada e era repreendida por Mica, que a mandava ficar
calada por não estar ajudando. Parei até de contar as vezes que ela o mandava
embora da casa de seus pais. Nós não conseguíamos parar de rir. Mas isso não é
mais novidade, quando se trata daqueles quatro próximos a nós.
O jantar foi animado,
Mel e Chay não paravam de falar asneiras, tudo bem que não é preciso estar
bêbados para isso acontecer, mas agora era pior ainda, ficava cada vez mais
difícil mastigar ou tomar refrigerante sem cuspir tudo para dar risada. Os pais
de Mel ligaram, na verdade, eles tentaram ligar a tarde inteira, mas não tinha
ninguém dentro da mansão para atender. Eu atendi, ainda bem, porque se a filha
deles atendesse, correriam para casa com medo de alguma orgia estar acontecendo.
Tia Emma avisou que eles estavam jogando pôquer na casa de amigos, tinham ido
depois do golfe para lá. Ela ainda perguntou se estava tudo sob controle, com
certeza devido às gargalhadas que vinham da sala de jantar. Falei que tudo
estava bem e que Mel estava bem também. Tia Emma pediu para que eu não deixasse
sua filha beber demais. Fiquei envergonhada de dizer que era tarde demais,
então apenas confirmei. Daria um jeito de colocar Mel para dormir antes dos
pais voltarem. Desliguei o telefone depois de ouvir mais um milhão de
recomendações e voltei para a mesa. Todos já tinham acabado de comer, Arthur e
Harry se ajudavam a empilhar os pratos sujos e levar para a cozinha. Mel estava
deitada no ombro de Chay, que apoiava a cabeça na dela. Arthur pegava os copos.
— Nossa, que
eficiência, vocês estão melhor que encomenda! — elogiei, ajudando Mica a pegar
os copos.
— Eu sou muito
eficiente! — Harry disse, aparecendo na porta e, em seguida, pegou a travessa
suja de macarronada.
— HARRY, SUA BICHA,
VOLTA PRA CÁ, NÃO FUJA DO SERVIÇO! — Arthur gritou logo que Mica e eu
adentramos a cozinha. Ele lavava a louça.
— Deixou-me surdo,
seu filho da @#$% — Mica reclamou, colocando o dedo no ouvido e depois colocou
os copos na pia para Arthur lavar. Fiz o mesmo.
— Eu te ajudo, Arthur
— ofereci, indo para a outra pia, que era colada na que ele estava. Arthur
apenas me olhou sorrindo e assentiu. Harry entrou na cozinha comemorando não
ter mais que lavar a louça, colocou a travessa do meu lado e sentou com Mica.
Arthur e eu dividimos as coisas para lavar.
— Ei, a gente deixou
a Mel e o Chay sozinhos. Isso é, tipo, um perigo! — Harry disse e levantou
subitamente.
— Um perigo pra ele,
né? — Mica respondeu ainda sentado.
— LEVANTA, SEU
IMBECIL! Eu não quero ter que ajudar a pagar lustres arrancados e espelhos
quebrados! — Harry ordenou. Arthur e eu rimos e Mica levantou, resmungando.
Fiquei um pouco
nervosa ao perceber que só estávamos nós dois na cozinha, lado a lado. Tentei
esquecer isso e imaginar Harry e Mica nos observando, eu não queria lidar com a
ideia de estar a sós com Arthur de novo. Não queria parecer nervosa,
desconsertada. Para a minha sorte, ele parecia muito concentrado no que fazia.
Ok, digamos que essa sorte não ficou por perto por muito tempo. Arthur empilhou
alguns pratos que já estavam limpos e colocou um por um no escorredor, que
ficava ao meu lado. Até aí tudo bem. O problema é que Arthur se posicionou
atrás de mim, encostando seu peitoral em minhas costas, passando os pratos de
uma mão para a outra. Respirei fundo e tentei não sentir seu toque. Mas foi
impossível. Quando tinha acabado de fazer o que fazia, o senti mais colado em
mim ainda. Agora seus braços estavam em volta de mim, apoiados no batente, como
se me forçasse a ficar ali. Então, ele fez o que eu temia. Senti a respiração
de Arthur percorrer o meu pescoço, depois a minha nuca. Não tinha como os meus
pelos estarem mais arrepiados e nem como o frio na minha barriga ser mais
quente. Eu estremecia a cada expiração dele. Fechei os olhos, cerrando-os.
— AH, VAI TOMAR NO
SEU... WOOOOOOW! — ouvi Chay berrar entrando na cozinha e quando dei por mim,
Arthur já estava a milhas distantes, fingindo pegar algo na geladeira. — NÃO
ADIANTA CORRER, PORQUE EU VIIIII! — ele apontava para mim, rindo, e depois
olhou para Arthur. — ESSES DOIS OLHOS FORAM FEITOS PARA VER E EU VIIIII! —
continuou, agora em meio a risadas. Arthur soltou uma risada abafada.
— Cara, você está
mal! — ele disse se aproximando de Chay e passando um dos braços pelas costas
do amigo. — Vamos pra lá, você precisa descansar.
— MAS VOCÊ NÃO PODE
DIZER QUE EU... QUE... QUE... QUE... QUE EU NÃO VI, PORQUE EU VI! — Chay falou,
parecendo tentar convencer Arthur, que apenas ria, carregando-o para fora da
cozinha. Ainda bem que ele estava bêbado, ainda bem!
Terminei de lavar a
louça e peguei um guardanapo de pano para começar a enxugar as coisas que
estavam no escorredor. Arthur apareceu na cozinha de novo, rindo muito, e se
sentou.
— Vai ficar olhando
eu enxugar? — perguntei indignada, mas querendo rir.
— Na verdade, sim —
respondeu simplesmente, sorrindo com todos os dentes da boca e me deixando
quase sufocada.
— Ok, então. Eu sei
que sou linda fazendo isso — brinquei e ele ficou sério. Droga, eu tenho que
estragar tudo.
— Mulheres nasceram
pra isso, por isso é tão fascinante! — abriu novamente um sorriso e se
levantou, se aproximando de mim.
— Machista sem vergonha!
— bati nele com o pano. Arthur se esquivou rindo e pegando outro pano para me
ajudar. — O que eles estão fazendo?
— Quem? — perguntou
como se nem prestasse atenção em nada, concentrado.
— Quem, Arthur? Os
instrumentos de vocês lá fora! — ironizei e ele riu.
— Essa convivência
sua com esses caras está te estragando, você já foi mais doce — reclamou,
colocando as coisas que tinha secado no balcão. Rimos. — A sua amiga insistiu
que queria assistir Titanic — deu de ombros.
— Mentira? De novo? —
perguntei incrédula e ele me olhou confuso.
— Hã?
— Ela tem o DVD e,
desde que a conheço, tem esses ataques para ver o filme quando fica muito
bêbada! E eu achando que já tinha passado! — contei e Arthur riu.
— Qual é a graça de
ver um filme de drama bêbado? Você não aproveita nada, cara — comentou,
enxugando os talheres.
— Você é que pensa,
daqui a pouco vamos ouvir os soluços dela daqui. Ela não se acostuma com o fato
de o Jack morrer congelado — disse inconformada e Arthur começou a rir
descontroladamente. Eu entendo essa reação, tive a mesma quando uma amiga de
Mel me contou esse fato. Ela faz isso desde os 15 anos de idade.
Terminamos de enxugar
tudo e sentamos, ouvíamos os outros rindo loucamente na sala e apenas começamos
a conversar. Nada que me deixasse constrangida, nada que envolvesse “nós”.
Arthur me contou sobre o início do McFly, como foi quando os conheceu. Eu ri
muito com algumas histórias da gravação do primeiro disco. Ele também contou
que às vezes é difícil lidar com a fama, porque eles são vigiados demais. Eu
falei que isso é normal, por estarem no auge, mas ele disse que às vezes ficava
cansativo. Achei lindo ver o brilho em seus olhos ao falar que tocar com
aqueles três patetas era a sua paixão, que não importava o stress, não
importava o assédio exagerado, pois quando subia ao palco, tudo isso se
transformava em calma, tranquilidade. Também contei a ele como era a minha vida
em Bolton, além do que já tinha contado no dia que voltamos andando da London
Eye. Arthur parecia bastante interessado, disse que eu tive muita coragem de
fugir. Rebati, dizendo que hoje em dia quando lembrava o que fiz, me sentia
covarde.
— Não é covardia.
Covardia é aguentar aquilo chorando trancada no quarto todos os dias. Você teve
atitude — me confortou.
— É, talvez você tenha
razão — dei de ombros.
— O que pesou na hora
de escolher a fuga? — Arthur me perguntou atento. Eu não queria responder
aquilo. Eu não queria dizer “ah, eu descobri que estava grávida”. Mas o que
inventaria?
— Não sei, são tantas
coisas pesando na sua cabeça, que você simplesmente decide e faz — respondi
orgulhosa de mim mesma por ter conseguido inventar tão bem.
— Comigo foi mais ou
menos assim. Não foi desavença, não foi nada. Só segui o meu sonho e decidi
cair fora — falou seriamente, mas em instantes começou a rir e bater na própria
testa.
— Que foi? —
perguntei arqueando as sobrancelhas.
— Ali! — apontou para
algum lugar perto da geladeira. Olhei, mas continuei sem entender. Arthur
continuava rindo bastante. — A... Máquina... De lavar... Louça! — disse
ofegante, em meio a risadas. Aí sim, agora eu também ria descontroladamente.
Como eu não tinha lembrado que ali tinha uma máquina daquelas? Nós lavamos tudo
feito escravos, podendo simplesmente jogar tudo lá dentro? Era inacreditável.
Como já mencionei antes,Arthur Aguiar não faz bem para a minha memória.
Depois disso, logo
saímos da cozinha. Fomos para a sala, onde os demais estavam. Chay e Mel
estavam deitados no tapete e Harry e Mica estavam no sofá. Sentei em uma
poltrona e Arthur na outra, do outro lado. Ainda bem que Chay nem notou a nossa
chegada ali, senão contaria que tinha visto Arthur me provocando. Os dois
estavam concentrados no filme, de vez em quando Mel fazia algum comentário,
xingando alguns personagens, como a mãe de Rose. Chay a ajudava. Nós apenas
ríamos.
Harry, Mica e Arthur
decidiram ir para o jardim. Eles disseram que teriam de desmontar a bateria
sozinhos, porque a equipe que faz isso tinha tido o fim de semana de folga.
Então, desmontariam e viriam buscar no outro dia. Fui chamada para
acompanhá-los e fugir daquele filme, mas preferi ficar por perto e não deixar
alguma besteira acontecer. Mas parece que quando tem que acontecer,
simplesmente acontece! Sentia-me um pouco cansada, afinal tive a noite anterior
de bebedeiras e a tarde também. Senti as pálpebras pesarem, pesquei um pouco e
quando abri os olhos novamente, quase gritei de susto. Mel e Chay estavam
abraçados sobre o tapete, se beijando. Esfreguei os olhos para ver se estava
enxergando bem. E era isso mesmo. Mas o beijo deles era mais calmo, não era
intenso como o que Mel tinha dado em Mica naquela madrugada. Estava bem mais
comportado.
— Mel! Chay! — gritei
e os dois se separaram lentamente.
— QUÊ? — ela
perguntou irritada.
— O que é isso? Vocês
nem devem saber o que estão fazendo! — tentei fazê-los acordar, mas devia saber
que não era tão fácil.
— Nááááá, vai arrumar
o que fazer! — Mel disse emburrada e voltou a beijar Chay, que antes disso
concordou com o que ela disse.
O filme chegava ao
fim e eu tinha permanecido ali apenas para não permitir que um dos dois
começasse a tirar a roupa. Mel soluçava com o final do filme e Chay a
consolava, dizendo que eles iam se encontrar quando Rose morresse, que o céu
seria deles. Eu não consegui ficar sem rir, estavam tão idiotas! Os meninos
voltaram para a sala bem nessa hora. Já tinham catado as suas roupas e estavam
vestidos. Também começaram a rir, fazendo filmagens dos dois pelo celular. Eu
tentei não deixar, mas disseram que aquilo não vazaria. Harry se aproximou de
Chay e o chamou para ir embora, mas ele o empurrou e disse que ia dormir com
Mel. Ela concordou. Então eu disse que isso não poderia acontecer, pois o pai
dela os mataria. Chay disse que não se importava e que até casava com ela.
Todos riam descontroladamente. Harry pediu ajuda e Arthur e Mica o ajudaram a
levantar Chay, que relutava para permanecer ali. Mel nem tinha forças para
ficar em pé, observou tudo deitada. Acompanhei-os até o portão. Chay me
convidou para ser madrinha de casamento dele e eu disse que com certeza seria,
se ele aceitasse ir para casa. Ele aceitou, facilitando o trabalho dos amigos,
que me agradeceram. Depois de arremessá-lo no banco de trás, Arthur e Mica
entraram para pegar as guitarras e o baixo, avisando que voltariam no dia
seguinte para pegar a bateria. Assenti e me despedi dos quatro. Quer dizer, dos
três, porque foi só encostar a cabeça no banco que Chay foi desligado desse
mundo. Fechei o portão e fui até as proximidades da piscina, notei que eles
tinham esquecido de juntar a roupa de Chay. Peguei-a rindo e entrei em casa.
Mel ainda estava jogada no chão. Desliguei a TV, ajudei-a a levantar e a levei
para o quarto. Guardei a bermuda e a camisa de Chay no guarda - roupa. Mel
disse que precisava de um banho, a levei para o banheiro e fiquei assistindo.
Tinha medo de ela aprontar alguma. Mas tudo correu bem e eu a coloquei para
dormir. Peguei uma calcinha e uma camisola e fui tomar banho. Os pais de Mel
chegaram assim que eu fechei a porta do cômodo e deitei na rede. Ainda bem que
ela dormia tranquilamente, eles nem desconfiariam de nada.
Continua ..
Autora: Ingrid H.
Obs:
Gente desculpa a demora , eu fiquei sem internet Domingo , e ontem quando
cheguei da escola , eu fui editar o capítulo e quando estava quase na metade
faltou energia e eu perdi tudo que eu já tinha editado..(pois é , eu não tenho
muita sorte ) a energia só voltou as 01:17 da manha , e eu só posso ficar no pc
até as 00:00 , então eu fui tomar banho ( pois não tomei quando cheguei da
escola , e depois não queria tomar banho frio , Sou meio Fresca ) e depois fui
dormir, acordei hoje as 10:30 ( com sempre ) tomei banho e fui para a escola ,
Saí de lá as 15:00 ( por causa da manifestação que teve aqui hoje ) e quando
cheguei em casa fui fazer meu trabalho de história , depois fui editar o
capítulo e só consegui terminar agora .. e ainda tenho dever de química pra
fazer e estudar o trabalho pois eu tenho que apresentá-lo amanhã ( deixei pra
fazer de ultima hora ) , então se eu me der mal no dever de química e na
apresentação do meu trabalho eu vou culpar vcs ok ? rsrs
Mas pra falar a verdade eu não sei nem porque eu resumi o meu dia hoje , pois acho que ninguém aí quer saber o que eu fiz durante o dia .. ok ignorem o texto aí ..
Bom , Gostarão do capítulo ? Comentem bastante , e se eu não tiver nenhum imprevisto , amanhã eu posto outro ..
aaaa.. Alguém aí é do Espirito Santo ?? ( Eu sou \o/ ) só pra saber se alguém aí é daqui também ..
bjs !
ta muuito perfect quero cap grandes assim nessecitoooooooooooooooooooo posta logo please
ResponderExcluirnecessito de mais capitulos... ameeeei
ResponderExcluirmais,pelo amor do milho assado
ResponderExcluirmaais,eu quero sempre mais que ontem,eu quero sempre mais que hj,tá parey
ResponderExcluircap.perfeito *-----*
ResponderExcluirpoxa cade a web ja to com saudds to ficando loooocaaaaaaaaaa posta logo please
ResponderExcluircade a web,vou chorar :(
ResponderExcluirvou ali chorar rapisão pq não tem web :'''''(
ResponderExcluireu quero a web buaaaaaaaa
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