quarta-feira, 26 de junho de 2013

June 15th














Capítulo 15.


(Colocar para carregar: Katy Perry - Hot 'N' Cold)
— Você acha mesmo que eu fiquei bem nesse vestido? — Mel perguntou pela milésima vez, se olhando no espelho.
— Mel, perfeita é pouco pra você! — respondi sincera, sentada na cama do quarto em que estávamos nos vestindo, na mansão de seus pais.
— Mas você é minha amiga, não vale! — bateu o pé, fazendo charme e eu a mandei ir à merda. Mel estava realmente deslumbrante, não estava falando por falar. Ela usava um vestido azul escuro, tomara que caia, longo, e com uma abertura avantajada que, quando Mel caminhava, deixava uma de suas pernas quase que completamente de fora. Usava um coque e tinha uma maquiagem brilhante, que a deixava ainda mais linda.
— Você vai arrasar muito! — falei estimulando-a mais uma vez. — Vamos descer?
— Não! Está louca? Agora não! — disse impaciente, olhando-se mais uma vez no espelho.
— Já tem convidados te esperando, Mel — tentei apressá-la.
— Eu não mando eles parecerem um bando de velhos e chegarem 5 horas da tarde! — respondeu colocando um par de brincos.
— Já são oito.
— Que seja! — balançou a cabeça. — 'Tá, acho que estou pronta — caminhou até mim e me deu a mão para que eu ficasse em pé. — Estou nervosa! Não sei por quê — mordeu o lábio inferior e eu senti a sua mão congelando.
— Eu também estou — falei em tom cordial e ela sorriu fraco. — Vamos? — assentiu e saímos do quarto.
Eu também estava muito nervosa, afinal, seria ali o meu reencontro com Arthur. Tínhamos passado o dia inteiro na casa dos pais de Mel, pois ela queria acompanhar passo a passo a decoração de sua festa. E tinha razão. Sua mãe é amável, mas de vez em quando tem umas ideias estapafúrdias que, se não retiradas a tempo, acabam sendo decisivas. Recebi uma ligação de Harry mais cedo, pedindo o endereço de Mel para que eles pudessem montar a bateria e o resto dos instrumentos lá. Então, eu o instruí e duas horas antes do início da festa uma equipe apareceu para montar tudo. Mel e eu assistimos algumas etapas, mas depois corremos para nos arrumar para a festa. Nós não sabíamos se os garotos já estavam lá embaixo, pois ela pediu para não ser incomodada enquanto nos produzíamos. Fomos de mãos dadas até a escada, eu apertava a mão de Mel com certa força. Ela riu e disse que minha mão estava tão gelada quanto a dela. Começamos a descer as escadas e cada degrau parecia fazer as minhas pernas fraquejarem mais. Eu sabia que, a qualquer momento, veria Arthur.
— Querida, os seus amigos já estão aí! — informou dona Emma, mãe de Mel, querendo nos matar do coração. — Meu Deus, como estão lindas! — disse levando as mãos à boca, incrédula.
— Obrigada — sorri fraco. — A senhora também está linda! — ela agradeceu e nós descemos o último degrau.
— Quem está aí, mãe? — Mel perguntou curiosa e eu já os procurava com o olhar.
— Aqueles bonitinhos que você chamou pra tocar... — piscou e nós rimos. — Você me disse que eram todos lindos, mas eu achei que era exagero. Qual deles você está namorando?
— Mããããe, nenhum! Não posso ter amigos bonitos, que tenho que namorar? — Mel bufou e eu ri.
— Querida, antes que eu esqueça, eles mandaram perguntar se já podem começar a tocar. Afinal, já tem muita gente aqui — Mel e eu nos entreolhamos e eu confirmei, ela olhou para a mãe.
— Só se for agora! Já quero aparecer no jardim com eles tocando, aquela coisa bem filme. Bem centro das atenções — vangloriou-se.
— Ei, vai com calma! Cadê a humildade? — perguntei fingindo procurar.
— Idiota! — Mel me deu um tapa no ombro e sua mãe arregalou os olhos.
— Não foi essa a educação que eu te dei, Melanie — Mel revirou os olhos. — Desculpe a falta de educação dela, — falou indignada e eu assenti. — Vou avisá-los! Boa festa, minhas princesas — abraçou Mel, depois me abraçou e caminhou até o jardim.
— Ai, me dá isso aqui! — Mel disse, pegando uma taça de champanhe com um garçom que passava. — Quer também?
— Quero, estou uma pilha! — falei nervosa e ela riu, pegando uma taça para mim também. — Obrigada — agradeci e o garçom saiu. Olhamos-nos e demos uma golada, quase esvaziando os copos. Rimos.
— Agora estou pronta! Vamos — me puxou e se não fosse por isso, acho que os meus pés não dariam conta de me levar ao jardim por conta própria. Creio que eu já nem os sentia, de tão nervosa. Quando íamos chegando à porta que dava acesso ao jardim, quase enfartei ao ouvir a voz de Arthur.
— Boa noite! — os convidados gritaram. — Tenho informações de que a aniversariante já está saindo... — ele começou e Mel deu gritinhos. — Então, vamos oferecer a primeira de tantas músicas para ela. Mas essa em especial, o Micael quer oferecer.
— Cala a boca, Arthur! — Mica rebateu, Mel corou e os convidados riram.
— Essa é: “That Girl”! — Chay cortou uma possível discussão dos dois. A guitarra começou e Mel vibrou.
— Meu Deus, eles estão oferecendo “That Girl” pra mim! — levou as mãos ao coração.
— Vamos logo pra lá! — agora quem a puxou fui eu. Quando colocamos o pé no gramado, todos nos olharam e aplaudiram. Mel sorria radiante e já recebia cumprimentos. Eu me encolhi o máximo que pude, não sou muito boa com essa coisa de ser o centro das atenções. Tá, eu não era mesmo. Mas digamos que eu estava ao lado do centro das atenções. Os meninos também olhavam atentos, Mel estava realmente linda. Eu evitava olhar muito para o palco, tinha medo de encontrar os olhos de Arthur me observando e cair durinha no chão. Caminhamos para o centro e tivemos um pouco de dificuldade para chegar perto do palco, pois por onde passávamos as pessoas a puxavam para dar os parabéns.
Finalmente ficamos em frente ao palco, Mel começou a dançar e cantar alto, eu apenas arriscava alguns passinhos tímidos. Fiquei frente a frente com Arthur. Ele olhava concentrado para as pessoas dançando, não parecia ter me notado ali. Diferente de Chay, que a todo o momento dava piscadelas e sorrisinhos. Até Mica nos cumprimentou com o olhar. Mesmo não me olhando e nem nada, eu sentia uma coisa estranha, um sentimento bom ao vê-lo novamente. Eu tinha sentido tanto a falta de Arthur que mal podia acreditar que já estava em minha frente de novo. Os quatro estavam incrivelmente lindos. Tinham os cabelos arrumadinhos e usavam terninho, uma graça! Dava vontade de subir no palco, apertar as bochechas de cada um e, bem, dar um beijo de cinema em Arthur. Olhei para o lado e vi Mel berrando, fiquei tão feliz em vê-la daquele jeito. Ela estava muito, muito animada.
“My friends said
(Meus amigos disseram:)
(She's amazin' I can’t believe you got that girl) 
(Ela é maravilhosa e eu não acredito que você pegou aquela garota)
She gave me more street cred
(Ela me deu mais popularidade)
(She's amazin' I can’t believe you got that girl)
I dug the books she read
(Eu peguei os livros que ela lia)
(She's amazin' I can’t believe you got that girl)
And how could I forget
(E como eu poderia esquecer?)
She rocks my world
(Ela agita meu mundo)
(She's amazin' I can’t believe you got that girl)
More than any other girl
(Mais que qualquer outra garota)
(She's amazin' I can’t believe you got that)
(yeah yeah)
Dude she's amazing and I can't believe you got that girl
(Cara, ela é maravilhosa e eu não acredito que você pegou aquela garota)
And I can't believe you got that girl
(E eu não acredito que você pegou aquela garota.)
(...)
Arthur finalmente olhou para nós, mas não para mim, para Mel, e inclinou a cabeça mandando-a subir no palco. Ela deu um grito agudo por demais e correu para a lateral, onde tinha a escada que dava acesso a eles. Todos gritaram e aplaudiram, Mel pulava entre Chay e Arthur. Ela ficou um pouco tímida no começo, mas depois entrou na brincadeira e até já ficava perto de Mica, que inventou uns passinhos e eles meio que coreografaram. O solo de guitarra começou e Arthur, Chay e Mica ficaram ajoelhados aos pés dela, que ria descontroladamente, corada, mas continuou dançando.
But 3 days later
(Mas 3 dias depois)
Went round to see her
(Saí para vê-la)
But she was with null
(Mas ela estava com Mica)
Chay e Arthur alteraram a letra da canção e Mel levou as mãos ao rosto, envergonhada. Os dois gargalharam e Mica balançava a cabeça, indignado. Foi muito engraçado.
And I said 'fine'
(E eu disse "certo")
But I never asked her why
(Mas nunca perguntei a ela por que)
But since then loneliness has been a friend of mine
(E desde então a solidão tem sido minha amiga)”
A bagunça continuou e eles mal conseguiam cantar, rindo. Mel estava completamente envergonhada e os convidados gritavam e riam. A canção terminou e o McFly foi muito aplaudido, fazendo reverência. Mel abraçou um por um, eles desejavam felicidades. Quando abraçou Mica, o jardim inteiro fez “huuuum” em coro, os deixando completamente corados e desconsertados, se soltando bruscamente. Chay me chamou com a mão e eu disse que depois falava com eles, mas Harry insistiu e eu subi. Primeiro abracei Mica, que era quem estava na lateral. Mel agora conversava com Arthur e Chay.
— Porra, senti uma falta louca de vocês duas! — Chay disse, sendo empurrado por Harry, que agora me abraçava.
— Mentira, ele disse que se sentia aliviado por estar longe de vocês. EU que senti falta das duas — Harry bateu no próprio peito e eu ri.
— Como foi lá? O Mica ficou muito convencido? — perguntei e os três riram.
— O Mica só tem gás. Ninguém o quer — Chay respondeu, fingindo um tom desanimado, e Mica deu um chute em sua perna.
— Cala a boca, seu traseiro gordo — agora Harry ria descontroladamente e Chay olhava indignado.
— No fim da festa a gente conversa — Mica ameaçou, com um olhar fuzilante para os dois e eu ri. Notei que Chay se afastou um pouco, para abrir a roda, então vi Mel vindo e Arthur atrás dela, que o puxava pelo punho. Eu queria me esconder. Tinha medo de parecer uma idiota quando ele se aproximasse, estava lindo demais, charmoso demais e sensual demais. Tudo demais. E eu não sei lidar muito bem com isso.
— HUUUUUUUUUMMMMMMM... — os três cantaram em coro, quando Arthur se aproximou de mim. Eu quis matá-los. Ele apenas mostrou o dedo para os amigos.
— Oi — disse dando um beijo em minha bochecha e arrancando outro coro provocativo. Agora quem mostrou o dedo fui eu.
— Oi — sorri fraco, encarando-o. Pude observar que ele tentava não me olhar nos olhos. Eu esperava essa reação de mim, e não de Arthur.
— Tudo bem? — passou a mão na cabeça, nervoso.
— Tudo — dei de ombros. — E com você?
— Tudo bem também — deu de ombros e sorriu fraco, se virando e cochichando alguma coisa com Mica. Devia ser algo sobre os instrumentos. Mel me olhou confusa e eu devolvi o mesmo olhar, ela veio para o meu lado. Os convidados começaram a gritar “mais um” e nós nos despedimos deles, para que continuassem tocando. Desci do palco com as pernas tremendo e o coração apertado.
— Luh, por que o Arthur estava estranho? — Mel me perguntou como se eu soubesse o que responder.
— Não sei. Está vendo? Era mais ou menos assim que ele tava naquele dia que me deu os ingressos!
— @#$¨*! Filho da %$#*! Será que ele está fazendo ceninha na frente dos amigos? Porque eu não acredito que possa ter mudado tanto desde o dia que vocês se despediram. Ele tava um imbecil apaixonado ali! — colocou as mãos na cintura e eu a mandei abaixar o tom de voz, ainda estávamos próximas ao palco e eles ainda não tinham começado a tocar, então tive medo de Arthur ouvir alguma coisa. — F***-se — deu de ombros. — O mal feito é da conta de todo mundo! — rimos.
Eles começaram a tocar outra música e Mel e eu caminhamos para perto do bar que tinha sido instalado nas proximidades da saída da casa. Sentamos nos bancos vagos e Mel teve que cumprimentar mais algumas pessoas. O barman nos cumprimentou e ainda nos cantou, fazendo com que ríssemos sem parar, na cara dele, que acho até que ficou um pouco envergonhado e arrependido de ter feito aquilo. Quando conseguimos controlar as risadas, pedimos os drinks. Fomos atendidas na velocidade da luz.
— “Room On the 3rd Floor”, adoro — Mel disse dançando com a cabeça e fechando os olhos, cantarolando junto aos meninos.
— Sou uma analfabeta quando o assunto é McFly — fiz bico e tomei rapidamente um pouco do drink.
— Relaxa, com o tempo você consegue — riu e também tomou mais um pouco.
— Garotas, pensei que não fosse conseguir encontrá-las! — ouvi uma voz atrás de mim e já sabia quem era. Mel deu mais um de seus sorrisos amarelos e levantou para cumprimentá-lo.
— Hey John — ela disse e o abraçou.
— Parabéns, gatinha — passou a mão em seu cabelo. — Nossa, eu te vi crescendo!
— Obrigada, mas vamos parar com as breguices de “eu te vi crescendo”, né? — ela brincou e ele desviou o olhar para mim, que estava virada observando-os.
— Rachel, que bom te ver! — se aproximou e eu fui forçada a levantar e abraçá-lo.
— E aí, John? Tudo bem? — perguntei já me desvencilhando.
— Melhor agora, que as encontrei — ficou entre nós duas e nos abraçou pela cintura. Mel riu sem graça e eu mais ainda. Que merda é essa? Vamos ficar a festa inteira com John?
— Não é a minha mãe ali? Acho que ela está chamando o John! — Mel disse convicta, olhando para o outro lado.
— Onde? — John perguntou, também procurando.
— Ali! — ela apontou e sua mãe realmente estava lá, mas estava conversando com algumas pessoas.
— Vou lá ver o que ela quer, depois eu volto, meninas. Não fujam! — John pediu, já se afastando e eu suspirei aliviada.
— Sua mãe é santa! Jurava que ia ter que ficar a noite inteira ouvindo o John — balancei a cabeça.
— Que santa, o quê! Ela nem olhou pra cá! — gargalhou.
— Você mentiu pro John? — soltei uma risada abafada e Mel confirmou, rindo. — Mel, você não existe! — dei um tapinha em suas costas e ela me puxou.
— Vamos sair daqui antes que ele volte! — saímos apressadas do bar, ouvimos o barman falar algo como “voltem logo” e gargalhamos mais uma vez.
Voltamos para onde as pessoas dançavam ao som do McFly. Pedi à Mel para não ficarmos perto do palco, não queria ficar muito perto de Arthur depois de seu comportamento estranho. Ela entendeu perfeitamente, graças a Deus. Agora nós dançávamos juntas, fazendo todas aquelas coreografias de dança de salão, ríamos ao mesmo tempo.
— Com todo respeito às demais, mas eu quero oferecer essa canção para as duas damas mais lindas da festa. Eu não sei onde elas estão nesse momento, mas sei que é impossível não estarem ouvindo! — Arthur brincou e todos riram. — Para as nossas garotas estelares, “Star Girl”! — ouvimos assobios, aplausos e gritos. Mel me olhou com os olhos arregalados e eu gritei empolgada, algumas pessoas que estavam perto nos olharam e sorriram, cutucando e dizendo que a música era para mim também. Aquilo fez bem para o meu ego, assumo. Ei, Star Girl não é a que o Arthur me mandou um trecho? Ok, vamos esquecer o ego e lembrar o nervosismo. Cutuquei Mel com o cotovelo e ela me olhou atenta. Arthur já começava a cantá-la.
— Quê? — perguntou impaciente, querendo cantar.
— Essa é a da mensagem, né? — chequei, rápido.
— Sim! Agora deixa de ser lenta e vamos pular! Ele ofereceu para NÓS DUAS! — gritou alegre, me puxando e ficamos pulando com as mãos dadas.
Tentei não fazer isso, mas enquanto pulava, prestei atenção em cada palavra daquela letra. E juro que ouvi meu coração pular quando ouvi a parte que Arthur me mandou na mensagem. Por sorte, Mel estava concentrada demais para me olhar e ver a minha expressão abobalhada. O McFly tocou mais algumas músicas e anunciou que o jantar estava servido. Era engraçado, eles eram grandes artistas, com fama mundial, mas ali, no aniversário de Mel, pareciam apenas uma pequena banda de garagem composta por quatro imbecis talentosos. Eles pararam de tocar e se juntaram a nós duas em uma mesa. Mica estava ao meu lado, entre mim e Mel, o que a deixava nervosa. Era visível. Harry estava de frente para mim, Arthur estava entre ele e Chay. Todos os pares de olhos eram para nós seis. Muitas pessoas vinham na mesa pedir para tirar fotos com eles, que foram amáveis.
— Fazia tempo que a gente não se sentia uma banda de garagem novamente... — Arthur falou praticamente lendo os meus pensamentos anteriores.
— Talvez porque nós nunca tocamos em uma garagem... — Mica deu de ombros e nós rimos. Arthur soltou uma risada irônica.
— Sempre o Mica, é incrível! — disse balançando a cabeça.
— Então... — Mel cortou o assunto. — Como foi a viagem?
— “AS” viagens... — Mica emendou, corrigindo-a esnobe e ela o olhou, todos olhavam atentos para os dois.
— Pra mim foi “A” viagem. Porque para mim vocês apenas saíram de Londres — respondeu curta e grossa, recebendo aplausos de todos, menos de Mica.
— Foi muito bom, nós conhecemos mulheres gostosas — Harry disse e recebeu uma cotovelada de Arthur — Outch! Quê? — acariciou seu próprio braço.
— O Harry nunca vai aprender a conversar na frente de mulheres... — Arthur caçoou.
— Igual a alguém que eu conheço — Mel concluiu, tomando um pouco de vinho.
— Porra, vamos contratar a Mel pra cortar o Mica! — Chay deu ideia e foi aclamado pelos amigos.
— Eu sei conversar com quem eu quero conquistar — Mica a cortou e todos falaram “wooooow” em coro.
— Ah, e você acha que eu quero ser conquistada? — rebateu e nós olhávamos de um para o outro esperando outro nocaute.
— Tanto faz... — respondeu indiferente e Mel bufou.
— Entre tapas e beijos, é assim que começa! — Harry instigou e foi xingado por Mica. Eu comia e ria ao mesmo tempo, era impossível ficar séria ali. Eles continuaram conversando alguma coisa que eu não entendi muito bem, porque fiquei observando Arthur atentamente. O que eu temia aconteceu: estava hipnotizada e devia estar olhando-o com cara de idiota. Quando notei que os seus olhos estavam me observando, desviei o olhar bruscamente para o prato. Mas parece que não tive muito sucesso, pois ele continuou me analisando. Eu podia sentir o calor de seus olhos. Sem que eu pudesse controlar os meus movimentos, ergui a cabeça novamente e nossos olhares se encontraram. Era uma sensação estranha, parecia que ele queria me dizer alguma coisa e não conseguia. Assim como naquele dia em que foi em nosso apartamento e agiu estranhamente. O mundo parecia ter parado de girar por alguns instantes. Arthur sorriu fraco e franziu a testa, dei um meio sorriso para ele e mordi o lábio inferior, desviando o olhar para o lado, onde Mel dava um tapa no braço de Mica, certamente estavam trocando mais farpas. Tentei me situar no assunto deles, mas era impossível. Eu não conseguia parar de lembrar como Arthur agiu quando nos cumprimentamos. Será que toda vez seria aquilo? Toda vez que ele passasse um tempo longe e voltasse eu teria que me readaptar com a sua frieza e mudança de hábitos? Ou ele tinha duas personalidades? Ter me dado um abraço não o mataria. Ok, acho que eu criei expectativas demais para esse reencontro. Não devia ser tão idiota. Arthur tem a namorada dele. Se eu quiser continuar nesse “chove e não molha”, vou ter que me adaptar ao fato de nem sempre o senhor Aguiar agir coerentemente. Tudo bem, ele disse no jogo da verdade que não a ama. Mas quem me garante que não falou aquilo da boca pra fora? Apenas para não parecer tolo perto dos amigos? E as coisas que ele soltava sobre Sophie algumas vezes podiam ser apenas revolta, deviam estar em alguma crise passageira. Eu sou apenas o passatempo, tenho que me conformar com isso. Droga, por que não consigo simplesmente me afastar dele? Seria o mais correto.
— Rachel, você topa? — acordei do transe com Harry dando um tapa na mesa e todos me olhando.
— Hã? O quê? — perguntei curiosa, não tinha escutado uma palavra do que eles diziam.
— Meu Deus, em que planeta você estava? — Mel perguntou indignada e eu tive vontade de responder “no mundo misterioso do cérebro de Arthur Aguiar”, mas não seria idiota a esse ponto.
— Ah, problemas... — dei de ombros.
— Esqueça todos os seus problemas, eu sou a solução para eles! — Harry disse, fazendo uma cara de sedutor e nós rimos. — Então, a gente está combinando de beber como loucos quando esvaziar aqui — falou empolgado e os outros gritaram “YAAAAY”. Eu era a única fora de sintonia.
— Er, tudo bem — respondi desanimada.
— Eu me suicidei com essa resposta —Chay brincou, insinuando dar um tiro na própria cabeça e todos concordaram, menos Arthur, que parecia sério e me olhava preocupado.
— Não gente, tudo bem! Eu estou animada, é só que estava perdida em pensamentos — sorri e tentei parecer natural. Eles comemoraram a minha resposta e propuseram um brinde.
— Aos f*dões! — Chay propôs e todos riram.
— Essa foi horrível, cara! — Mica desdenhou, soltando um riso abafado. Brindamos.
— A essas duas lindas mulheres que fizeram a caridade de se unir a esses quatro pé-rapados que só falam idiotices! — Harry corrigiu, estendendo a sua taça novamente e Mel e eu ficamos coradas. Brindamos mais uma vez.
— Chega de brindes, acho que vou comer mais — Chay disse, pegando o seu prato e levantando. Harry o seguiu e Mica também.
— Eu não fico aqui com vocês dois nem a pau — Mel se manifestou, levantando em seguida, e eu a olhei com um olhar assassino. Ela apenas piscou e me desejou sorte. UGH! Eu ainda mato essa loirinha idiota. Senti o pescoço endurecer quando tentava me virar para olhar Arthur. Fiquei olhando para o nada, na verdade olhava para as luzinhas que tinham colocado nos troncos das árvores e no resto do jardim, também olhei atenta para o chafariz incrivelmente iluminado. Senti um frio na espinha quando percebi que alguém puxava a cadeira vazia ao meu lado e, quando olhei para onde Arthur deveria estar, não havia ninguém.
— Você é a mulher mais linda da festa — ouvi a voz rouca de Arthur falar bem perto de meu ouvido. Olhei-o bruscamente.
— Impossível — respondi indiferente e voltei, com dificuldade, a encarar o chafariz.
— Eu esperava um “obrigada” — riu.
— Obrigada — falei forçadamente, agora olhando um casal se amassar perto do banheiro.
— Não assim. Era melhor ter ficado calada — falou sério. Acho que dessa vez ele não estava mesmo brincando. O olhei e ele estava olhando para o outro lado, com as mãos na cabeça.
— Eu não entendo você — lancei a bomba, coçando a cabeça, nervosa. Ele sequer se virou para me encarar.
— Isso eu já sei — voltou o seu olhar para a mesa e pegou sua taça, bebendo um pouco de vinho. Ficamos em silêncio e eu queria avançar em seu pescoço e matá-lo por ter dito aquilo. Quer dizer, eu tinha que ME matar por ter confessado que não consigo entendê-lo. Agora ele devia estar se achando a última coca-cola do deserto.
— Porra, Arthur — essas palavras saíram sem o meu consentimento. Agora eu consegui que ele me olhasse atento, até demais. — Que bicho te mordeu?
— Hã? Nenhum! Por quê? — perguntou confuso e eu senti o sangue subir à cabeça.
— Porque você mal falou comigo hoje. Parece até que eu conheço os seus amigos há mais tempo! — respondi indignada, cruzando os braços e tremendo uma das pernas, meu tique favorito.
— Eu fiquei com vergonha, sei lá. Travei — deu de ombros e esvaziou a taça. Arthur agora parecia inquieto. — Mentira — coçou a testa. — O John está aí e ele é tio da...
— Sua namorada — concluí e ele me olhou com um olhar de agradecimento por isso. — Eu não vou te agarrar na frente de todo mundo. Nem tenho liberdade pra fazer isso, então relaxa — falei impaciente, levantando da mesa e indo à procura de Mel e dos garotos. Arthur permaneceu lá, mas percebi que me seguia com o olhar. No caminho, senti uma ponta de arrependimento por ter falado aquilo. Eu realmente não queria pressioná-lo a agir comigo em público como age quando estamos a sós. Mas poxa, acho que eu merecia pelo menos um abraço, nem que fosse um daqueles bem tímidos e frouxos. O jeito que Arthur agiu me fez criar ainda mais perguntas sobre quem ele é. Se exercício mental emagrecesse, eu estaria com anorexia. Nunca tinha precisado raciocinar tanto na vida. Por que raios eu pensava tanto em um homem?
Encontrei Mel apresentando os garotos a alguns amigos da faculdade. Cheguei à roda e os cumprimentei também. Depois que saíram, uma mulher chegou com uma câmera e pediu para que posássemos para uma foto que sairia em uma revista. Posicionamos-nos e antes que ela tirasse, percebi de relance que Arthur se aproximava, então Mel pediu para que ela o esperasse chegar para poder tirar a foto. Eu quis gritar, estava na ponta, e bem do lado de aonde Arthur vinha. Sua única opção era ficar ao meu lado. E assim foi. Chegou timidamente e mal encostou a palma da mão em minhas costas. Fiz da mesma forma com ele. Tiramos a foto e nos soltamos imediatamente. Mel parecia ter percebido que as coisas não iam bem, pois me olhou com uma expressão confusa. Balancei a cabeça e gesticulei disfarçadamente que depois contaria. Arthur já dava gargalhadas com os amigos, qual é, agora eu esperava que ele ficasse triste? Sou um pouco doentia, talvez. O McFly voltou para o palco e eles tocaram mais seis músicas, todos continuavam muito animados. Até eu me sentia mais feliz, claro que vodka e cerveja estavam me ajudando bastante. Foi quando Arthur puxou o “Parabéns pra você” e todos se dirigiram até a longa mesa de toalha branca com um bolo de quatro andares.
Cantamos parabéns ao som da banda e Mel me deu o primeiro pedaço. Ela tentou não falar o meu nome, porque algumas pessoas ali me conheciam como Rachel (John, Chay, Mica e Harry). Senti-me lisonjeada e acho que sua mãe ficou um pouco desapontada. Depois que todos comeram bolo, os meninos se juntaram a nós novamente. Agora quem tocaria era um DJ. Tinha sido montada uma pista atrás da casa. Corremos pra lá quando ouvimos as primeiras batidas. A roda era um pouco grande, pois além de nós seis, havia alguns amigos de faculdade de Mel. Dançávamos empolgados e já estávamos um pouco alterados. Mica já havia escorregado três vezes; Chay quebrou cinco garrafas de cerveja e já havia caído duas vezes; bem, até eu já tinha escorregado uma vez. Mel e eu já estávamos descalças e dançávamos cada vez mais loucas. Não faltava álcool em nosso sangue. Era uma garrafa atrás da outra. Já via Mica e ela se esfregando e dançando durante algumas músicas, os meninos se cutucavam e diziam que os dois só podiam estar muito bêbados para fazerem aquilo. Fazíamos uma brincadeira em que de 20 em 20 segundos, um devia ir para o meio da roda. Eu já tinha ido e Mel também. Agora era a vez de Harry. Ele fez o inesperado. Veio até mim e me puxou para dançar com ele, no centro. Eu já estava alterada demais para sentir vergonha, todos na roda gritavam. Aceitei e começamos a dançar com os corpos colados. A palma de sua mão estava em minhas costas e ele me puxava contra o seu corpo. Então, eu o puxei pela gravata e fui rebolando até o chão, arrancando assobios e gritos de todos. Harry fazia umas caras engraçadas, como se estivesse ficando louco com aquilo. Quando o tempo estava se esgotando, fiquei de costas para ele e passei um dos braços em volta de seu pescoço. Ele espalmou suas mãos em minhas coxas e fomos até o chão. Depois cada um voltou ao seu lugar e foi a vez de Chay. Ele simplesmente não conseguiu ficar em pé por muito tempo, estava bêbado o suficiente para não ter coordenação. Nós ficamos sem ar de tanto rir. Mica e Thur o socorreram e o colocaram sentado no canto, perto das bebidas. Escolha inadequada de local para deixar um amigo bêbado. Os dois voltaram para a roda e nós continuamos as rodadas. Quando foi a vez de Mica, ele puxou Mel para dançar com ele. E eles foram ainda mais promíscuos do que Harry e eu. Não pareciam nem de longe aqueles dois que se cortavam na hora do jantar. O que a bebida não faz, ninguém mais faz. Depois que todo mundo foi, Arthur saiu e se sentou perto de Chay, que agora estava estirado, dormindo de boca aberta, e então abriu mais uma garrafa de cerveja. Eu observava tudo isso de relance, enquanto dançava em um círculo menor. Apenas com Mel, Harry e Mica. Não precisava prestar muita atenção para saber que ele estava concentrado em mim. Pela primeira vez eu tive a certeza de que Arthur estava realmente me fitando. Ele estava bêbado, e dizem que quando estamos bêbados fazemos o que não conseguimos sóbrios. Por isso ele estava sendo descarado. Como eu também já estava um tanto quanto louca, puxei Harry novamente pela gravata, agora de costas para ele, me esfregando da forma que podia, só para provocar Arthur. Harry já estava sem camisa, o que tornava o meu trabalho mais fácil, pois vez ou outra eu espalmava as minhas mãos em seu peitoral definido e ia descendo sensualmente.
Percebia Arthur tomando mais e mais cerveja, com a gravata desatada, pendurada em um dos ombros e a camisa de dentro do terno desabotoada. Por mais que tivesse tendo aquelas danças provocativas com Harry, eu não conseguia esquecer o abdômen de Arthur, que estava descoberto. Mel já tinha esquecido o seu nome e que Mica e ela tinham trocado farpas. Os dois não se desgrudavam um segundo. Dançavam agarrados todas as canções e faziam competições de quem terminava a cerveja primeiro. Depois de um tempo, Arthur voltou para a pista e Harry e eu continuávamos dançando juntos, então ele ficava entre Mel e Mica, Harry e eu. Mas parecia nem ligar, pois dançava como um louco. Também não era dos mais sóbrios ali.
Dançamos e bebemos até amanhecer, só paramos porque o DJ praticamente se expulsou. Ele não aguentava mais. Arthur pediu ajuda de Harry para levar Chay para um quarto, a essa altura, Mel já os tinha chamado para dormir lá com a gente e eu quis quebrar uma garrafa em sua cabeça. Subimos as escadas e começamos a rir quando Arthur e Harry, sem querer, soltaram Chay, alegando que ele é muito pesado. Foi preciso Mica ajudá-los para darem conta do serviço, e mesmo assim foi difícil, porque eles estavam tão bêbados que não conseguiam parar de rir, sem força. Entramos no quarto e a primeira coisa que os meninos fizeram foi arremessar Chay na cama. Ele nem se mexia. Se imaginasse o que tinham feito com ele, os mataria. Mel e eu ajeitamos colchões de casal, um de cada lado da cama, e eu atei uma rede sobre um deles.
— Vou dormir na... — falei, mas não conseguia lembrar o nome do que era. — Na... — dei um tapa em minha própria cabeça. — Puts!
— Rede? — Harry perguntou, se jogando no colchão do outro lado.
— ISSO! — comemorei ao conseguir lembrar.
Ouvi um barulho e quando olhei para o chão Mica tinha se jogado no colchão e Mel tinha deitado ao seu lado. Não conseguia acreditar no que os meus olhos viam. Devia estar delirando. Ela não podia estar sã! Arthur tirava as calças e tudo que cobrisse o seu peitoral, ficando apenas de boxers. Seu mau costume maldito. Ele devia imaginar que me deixava louca quando fazia aquilo. Então, se deitou ao lado de Harry.
— Finalmente juntos, amor — Arthur brincou, abraçando-o de conchinha e dando um beijo em sua cabeça.
— Huuuuum, vamos trepar! — Harry fez uma voz afeminada e nós rimos.
Peguei um travesseiro no guarda - roupa e deitei na rede. Demorei a encontrar uma posição confortável e quando finalmente encontrei, comecei a ouvir uns barulhos suspeitos. Cerrei os olhos e tentei prestar mais atenção. Será que Arthur e Harry estavam se pegando? Ri sozinha ao ver a besteira que tinha pensado, embebedar-me não me dá muita plenitude imaginária. Ou dá até demais. Os barulhos foram ficando maiores e eu ouvi um sussurro feminino dizendo “tira a mão daí” e uma risadinha. Ei, isso estava vindo ali debaixo! Tentei ser cautelosa e segurei na ponta da rede, baixei-a, para ter maior visibilidade e olhei pra baixo. Prendi a respiração bruscamente e voltei à posição anterior.
Eram Mel e Mica. MEU-DEUS. Ela estava por cima dele e eles se beijavam intensamente. Balancei a cabeça tentando não ouvir mais nada. Não seria legal se eles transassem ali comigo ouvindo tudo. “Tenho que dormir”, era o que eu me pressionava a pensar. Fiquei de bruços e estava quase pegando no sono. Coloquei o travesseiro sobre a minha cabeça, para não ouvir mais nada, mas isso era impossível, já que aqueles dois selvagens ficavam dando risadas o tempo inteiro e falando um milhão de bobagens que eu agradeço aos céus não lembrar mais. Graças às forças do universo eles foram se calando e se aquietando. Foi quando senti as pontas dos dedos de alguém percorrerem as minhas costas. Assombração? Oh Deus. Não era sonho, não era devaneio, porque agora sentia a palma da mão fixada em minha cintura. Virei-me em um impulso e pude ver quem estava ali, parado, me fitando.
— O que você quer? — perguntei impaciente.
— Deitar aí com você — se convidou, já se sentando na rede e eu o empurrei.
— Não, Arthur — soltei, querendo falar completamente o contrário. Por sorte, consegui agir com a razão. Não é justo, ele me esnobou na festa e agora que estávamos ali, em um semi-escuro, com todos no quarto dormindo, queria ficar comigo?
— Por quê? — perguntou se recompondo do empurrão e eu senti vontade de trazê-lo pra perto de mim, porém continuei firme.
— Porque sim, ué — cochichei ajeitando o travesseiro em minhas costas. — Agora vai, volta lá pro Harry — puxei as duas extremidades da rede e me fechei nela. Respirei fundo e me segurei para não chamá-lo. Fechei os olhos e desejei dormir instantaneamente. O que não deu muito resultado. Ouvi Mel resmungar alguma coisa, devia estar sonhando, e ri disso. Arthur devia ter se tocado e ido deitar novamente.
Continuava segurando as pontas da rede, fechando-a. Quando notei que tudo estava mais calmo novamente, decidi abrir. Não tive tempo nem de gritar, Arthur se jogou em cima de mim e tampou a minha boca.
— Agora você fica calada e deixa eu te beijar — cochichou ainda tampando a minha boca e segurando os meus pulsos, que tentavam lutar sem sucesso contra ele, apenas com a outra mão. Eu vi que não adiantaria, não tinha forças, então apenas fui ficando quieta e ele me soltou, pude respirar normalmente. Enquanto me concentrava em minha respiração, Arthur aproximou seu rosto do meu.
— Não! — falei um pouco alto e ele me mandou fazer silêncio. — Sai Arthur, sério — continuei irritada, com as mãos espalmadas em seu peito e a cabeça para o lado, para evitar que as nossas bocas se encontrassem.
— Então 'tá, boa noite — levantou rapidamente e eu percebi que queria que ele insistisse um pouco mais.
— Bom dia — respondi corrigindo-o, voltando a ficar de bruços. Ele fez algum barulho com a boca e se deitou ao lado de Harry novamente.
Acordei sendo cutucada por Chay, me espreguicei e perguntei o que ele queria. Ele me mandou ficar em silêncio e me chamou, dando a mão para ajudar-me a sair da rede. Passei a mão no rosto e tentei deixar o meu cabelo melhor. A dor de cabeça começava a dar sinais. Não estava entendendo o motivo daquilo, mas decidi me juntar a ele. Quando sentei, notei que Arthur e Harry já estavam de pé, conversando baixinho e rindo. Bocejei e decidi levantar. Foi então que Harry chamou a minha atenção e apontou para o colchão embaixo da rede, eles riram abafado. Eu já tinha até esquecido do que ouvi daqueles dois de madrugada. Ou melhor: do que VI os dois fazendo. Quando me lembrei, também comecei a rir.
— Meu Deus, se não tivesse vendo isso, eu juraria que era mentira! — Arthur falou baixo e nós concordamos. Mel e Mica estavam abraçados, ele tinha uma das pernas transpassada pelas pernas dela.
— Vamos acordá-los? — os olhei e eles assentiram.
— Espera, vamos cantar alguma música romântica! — Chay deu a ideia e nós começamos a pensar em alguma canção para o momento. Dei vários palpites e Harry também, mas eles não aceitavam nenhum. Até que Harry conseguiu um bem significativo.
— “All About You”! — citou e os meninos aceitaram na hora, comemorando e se preparando para cantar.
— Bom, vou só participar, porque não sei cantar essa música! — falei sem graça.
— Relaxa, a gente canta só o início... Nem tem muito o que decorar... — Chay começou a cantarolar baixinho para não acordar o casal e eu fui pegando o ritmo. Era fácil. Agora era só fazer. Mel ia nos matar, eu sentia.
— Preparados? — Arthur perguntou esperando o sinal verde. Assenti e os meninos se posicionaram — 1, 2, 3 e... Já!
— It's all about you. It's all about you baby. It's all about you. It's all about you — cantamos, quer dizer, berramos, os quatro juntos. Mel e Mica se mexeram bruscamente e abriram os olhos. Quando viram que estavam juntos, cada um saltou para o lado oposto. Como se estivessem se dando um choque. Nós começamos a rir e Mel fez careta, correndo para fora do quarto. Mica estava sentado no chão e levava as mãos à cabeça, certamente estava de ressaca.
— Bom dia, Cinderela! — Chay gritou se aproximando do amigo, que deu uma cotovelada em sua perna. — Cinderela irritadinha! — gesticulou exageradamente.
— Vou atrás da Mel! — falei e Chay assentiu. Harry estava sentado ao lado de Mica fazendo piadinhas e Arthur continuava em pé, mas também enchendo a paciência dele. Saí do quarto e fui à procura da minha amiga. Ouvi alguém tossir no banheiro que fica no fim do corredor e fui até lá. — Mel? — perguntei batendo na porta.
— Oi? — ela respondeu com a voz rouca.
— Abre pra mim?
— Espera — ouvi alguns barulhos e ela finalmente destrancou a porta. Era um banheiro enorme e muito bem decorado.
— Bom dia — falei abraçando-a e dando um beijo em seu rosto.
— Cara, eu dormi com o Mica? — perguntou inconformada, sentando-se no vaso com a tampa fechada.
— É isso aí! Você não se lembra de nada? — perguntei e Mel apenas negou. De fato, Arthur e eu éramos os únicos que tinham noção de alguma coisa, e mesmo assim não estávamos tão bem.
— Não, ah meu Deus do céu, porque eu sempre tenho que ser a f**** da história? — indagou apoiando os cotovelos nos joelhos e colocando as mãos na cabeça.
— Relaxa amiga, vocês não transaram — falei sem dar muita importância, peguei um pouco de pasta de dente e coloquei na escova que eu tinha separada na casa de seus pais. De vez em quando dava a louca e nós duas íamos dormir lá para pegar sol e ir para a piscina.
— QUÊ? — gritou. — Não transamos, mas... CÉUS, NÃO VAI DIZER QUE... — começou e eu apenas concluí assentindo. — EU NÃO POSSO TER BEIJADO O MICAEL ! AQUELE CONVENCIDO DESGRAÇADO, DEVE TER SE APROVEITADO DE MIM!
— Na verdade, não... — dei de ombros, falando com dificuldade ao escovar os dentes. Aquilo estava sendo bizarro, Mel nem ao menos se lembrava de beijar Mica.
— %¨$#@tãããão de @#$%! Agora conta! — falou impaciente e eu terminei de escovar os dentes.
— Você parecia bem contente, ficavam dando risadinhas e falando um milhão de bobagens que, graças ao santo pai, nem lembro mais — soltei uma risada abafada ao ver seu desespero. — Relaxa, amiga. Você fez bêbada o que queria fazer sóbria. Então digamos que você está por cima nessa história, assim como estava de Mica — ri alto e Mel levantou só pra me dar um tapa, agora já esboçava algum sorriso.
— Eu sou uma imbecil mesmo. Sempre quis pegar aquele otário e quando faço isso não me lembro de nada — agora já sorria abertamente. — Só espero que ele também não se lembre de nada e, se lembrar, que tenha sido o beijo mais f*** da vida dele — pensou um pouco. — É, com certeza foi. Quem beija esses lábios não esquece jamais — brincou e eu espirrei água nela.
Ficamos no banheiro mais um pouco, conversando sobre a festa e fazendo fofocas habituais de garotas nesses eventos. Contei a ela sobre a conversa que Arthur e eu tivemos quando eles nos deixaram na mesa e ela disse que nem se lembrava do fato de John ser tio de Sophie, por isso fez aquilo. Eu disse que a entendia e depois Mel contou que a última coisa que lembrava era de ter me visto dançar sensualmente com Harry e dela dançar mais sensualmente ainda com Mica. Gargalhamos ao lembrar os escorregões de Chay, Arthur e o meu. Mel disse que Chay só podia ser lerdo de quebrar cinco garrafas seguidas, eu concordei e em seguida fiquei um pouco séria, tinha esquecido por algum tempo que Arthur tinha me procurado na rede.
— Que cara é essa? — Mel perguntou me olhando atenta.
— Lembrei de uma coisa agora — soltei uma risada abafada.
— Anda, enviada... Conta aí! — deu um tapa no meu ombro.
— Biscate! Se você me bater mais uma vez, vou te jogar em cima do Mica e trancar vocês dois no guarda - roupa — brinquei e ela me deu língua. — Quando todo mundo estava dormindo, o Arthur apareceu do nada na rede.
— HÃ? HÃ? HÃ? — arregalou os olhos e coçou o ouvido. — Não estou ouvindo muito bem!
— É isso aí — falei simplesmente e mordi o lábio inferior.
— Fazer o quê? Você não o deixou ficar lá não, né? — perguntou incrédula.
— Foi lá tentar me dar um beijo — dei de ombros e ela me olhou espantada. — Não Mel, eu não dei o beijo e sim, o expulsei da rede — ela deu a mão para que batêssemos high five e assim fizemos.
— Assim que tem que fazer. Eu sei que ele é um irresistível do capeta, mas você tem que ser grossa e cortar quando Arthur fizer o que fez na festa! — disse em um tom orgulhoso de mim e eu sorri, assentindo. Eu também estava orgulhosa de mim. Pela primeira vez, tinha conseguido dizer um ‘não’ para Arthur.
— Vamos tomar café? — chamei, passando a mão na barriga e fazendo careta. Mel assentiu e disse que também estava faminta. Saímos do banheiro e encontramos Harry e Chay sentados na escada, cada um com um copo d’água na mão, conversando com a mãe de Mel.
— Bom dia, queridas. A noite foi boa, hein? — dona Emma falou sorridente e os meninos se viraram para nos olhar. Ambos sorriam maliciosamente para Mel, que baixou o olhar, rindo.
— Bom dia — falamos praticamente em coro.
— Vamos todos tomar café? Cadê os outros dois? — ela perguntou, procurando-os com o olhar.
— Estão se vestindo — Chay respondeu e levou um pedala de Harry. Mel e eu soltamos um riso abafado, mas sua mãe pareceu nem ligar. Assentimos e dona Emma deu as costas, para descer as escadas. Fomos para o quarto e Arthur e Mica conversavam alguma besteira, sentados na cama. Mel me empurrou para que eu entrasse primeiro. Os dois pararam de conversar e Arthur tinha um sorriso estampado no rosto, me deixando em um pequeno transe. Voltei para a realidade quando Mel entrou atrás de mim e me deu uma cotovelada.
— Vamos tomar café? — devo ter feito a cara mais idiota do mundo ao perguntar isso.
— Vamos! — Arthur disse se levantando e puxando Mica. Então, Mel deu meia volta e saiu do quarto, para não dar de cara com Mica. Tratei logo de ir atrás dela. Quando chegamos ao corredor, vimos que Chay e Harry já não estavam mais na escada, deviam estar na cozinha tomando café. Antes de descermos, senti a pulseirinha que usava na festa cair. Agachei-me para juntá-la. Pude ver de relance que Mel nem se abalou e foi descendo as escadas. Vi pernas masculinas e deviam ser de Mica, indo logo atrás dela. Pelos meus cálculos, a pessoa que estava parada atrás de mim era Arthur. Senti o estômago na garganta e um frio na barriga. Fingi ter dificuldade para tirar a pulseira do chão, para assim ele me ignorar e descer também. Mas não, parecia uma estátua. Levantei lentamente, não adiantava continuar mais uma hora agachada, fingindo juntar uma coisa que já estava em minhas mãos há séculos. E também, ele parecia decidido a me esperar quanto tempo fosse. Fiquei em pé e tentei manter o olhar fixo na escada à minha frente. ‘EU VOU DESCER, EU VOU DESCER’, pensei respirando fundo e seguindo o meu caminho, quando senti uma mão um tanto quanto quente segurar o meu antebraço.
— Luh... — sua voz fazia meu apelido soar como uma boa orquestra. Então, virei-me e o encarei. Arthur sorria infantilmente. Franzi a testa, indicando impaciência. — Eu sei que você deve me achar um idiota, mela cueca, dentre outras denominações que o meu cérebro não conseguiu processar — parou e pensou um pouco, soltei uma risada abafada, sem querer. — Eu queria te pedir desculpas pelo jeito que agi na noite passada e, bem... — coçou a cabeça, nervoso. — ... Essa madrugada — me olhou com um olhar suplicante. No fundo eu sabia que a forma que ele agiu era totalmente culpa minha. Eu deixei as coisas ficarem desse jeito. Eu permiti que Arthur pudesse me ter na hora que bem entendesse. Mas não, eu tinha que permanecer firme.
— Não tem do que se desculpar, afinal, assim como você já disse, nós não temos nada e também eu não sou ninguém pra te cobrar tratamento especial — falei não acreditando em cada palavra que saía da minha boca. Desde quando eu era tão firme assim? Arthur me olhou como se tentasse achar as palavras certas para usar naquele momento. Pelo jeito, não conseguiu. Apenas assentiu e baixou o olhar. Deixei-o sem resposta. Finalmente consegui. Virei-me novamente e continuei descendo as escadas, ele vinha logo atrás, mas já não tentou dizer nada. No caminho até a cozinha, eu ainda lembrava o que tinha acabado de dizer e simplesmente não acreditava. Era uma mistura louca de sentimentos, mas o que prevaleceu foi o orgulho. Eu finalmente tinha conseguido controlar a minha emoção. Eu consegui agir da maneira certa.
Chegamos à cozinha e todos já comiam. Mel sentou bem longe de Mica, ela conversava empolgada com Chay; Harry passava manteiga em um pedaço de pão e Mica apenas comia, concentrado. Sentei ao lado de Mica, e Arthur ao lado de Mel. Parece que os quatro tinham combinado de se dividir. A mãe de Mel falava concentrada ao telefone, seu pai já tinha ido trabalhar, em pleno sábado.
— Thur, você se levantou de madrugada ou foi impressão minha? — Harry perguntou naturalmente e eu quase me entalei com um pedaço de torrada. Todos na mesa olharam para ele.
— Er, não — Arthur negou, sem ao menos levantar a cabeça. Ele lia o jornal, ou pelo menos fingia fazer isso e comer ao mesmo tempo.
— Ah, juro que ouvi você conversando — Harry continuou. — Devo ter sonhado — deu de ombros e tomou um pouco de café. Mel o chutou por debaixo da mesa e ele reclamou.
— Eu que fico paulado e você que fica delirando? — Chay perguntou e todos riram.
— Você acha que estava muito bem, né Chay? — Mica provocou e depois imitou as besteiras que Chay dizia bêbado.
— É, mas você também não pode dizer nada, Mica. Nem você e nem a dama Morena ali! — Arthur finalmente tirou a concentração do jornal e falou, olhando para Mel, que se escondia com as mãos. Todos começaram a gritar e parabenizar os dois, Mica estava tão envergonhado quanto ela. A mãe de Mel desligou o telefone com urgência.
— O que tem a minha Moreninha? — questionou, se aproximando e alisando os cabelos de Mel, que bufou.
— Obrigada, seu idiota! — Mel disse, arremessando a tampa de uma garrafa de suco em Arthur. Dona Emma olhou sem entender.
— Não é nada, Tia Emma. É só que os três ali ficaram muito alegrinhos! — falei apontando para Mel, Mica e Chay. Mel me olhou e sussurrou um “obrigada”. Apenas assenti, e sua mãe parecia estar convencida, pois soltou uma risada alta e disse que tínhamos que aproveitar a juventude, porque ela aproveitou... E muito. Os meninos riam descontroladamente e Mel revirava os olhos, batendo em sua própria testa. Harry disse que eles tinham que ir, nós ficamos desanimadas e a Tia Emma os chamou para tomar banho na piscina à tarde. Mica logo tratou de dizer que não ia poder, mas foi cortado por Chay, que disse que não perdia esse sábado ensolarado por nada, levantando e dando um beijo na bochecha da mãe de Mel, que suspirou.
— Então, a gente tem que almoçar com um pessoal da gravadora, pra acertar umas coisas e, quando sairmos, viremos direto pra cá! Ok? — Harry checou, levantando, e Mica e Arthur fizeram o mesmo. Mel assentiu e disse que se não fossem, se veriam com ela. Nós duas levantamos para acompanhar os quatro até a saída da casa, eles estavam todos no carro de Harry. Fomos até lá.
— Depois acho que alguém vem aqui buscar os instrumentos — Arthur disse, logo ao sentar no banco de trás. Chay sentou em seguida e Mica foi no banco do passageiro.
— Ok, vou deixar avisado aqui, para o caso de estarmos ocupadas — Mel informou e eles acenaram, dizendo que logo voltavam. Nós acenamos de volta e vimos o carro dobrar a esquina. — Que manhã, hein? — ela me olhou sorrindo fraco e eu respirei fundo.
— Nem me fala — balancei a cabeça e me virei para voltar à mansão, ela me seguiu.
— Ninguém vomitou na piscina, né? — perguntou apreensiva, enquanto caminhávamos em direção à piscina, que ficava do lado oposto de onde tinha acontecido a festa.
— Acho que não, acho que ninguém nem foi parar lá — a tranquilizei. Chegamos ao local e sentamos à beira da grande piscina redonda, colocando os pés na água — O Arthur falou comigo — falei e ela me olhou espantada.
— E aí?
— Ah, só me pediu desculpas por ter agido como agiu na festa e por ter tentado forçar ficar na rede — dei de ombros e fiquei olhando o meu reflexo distorcido na água.
— Você foi dura com ele? — Mel perguntou, tirando algum bicho do meu cabelo.
— Acho que sim — sorri fraco e ela me deu um tapa.
— Está ficando craque, hein? Parabéns! — bateu palminhas sorrindo e eu rolei os olhos. — O que você disse mesmo?
— Falei que ele não tinha que pedir desculpas, que como o próprio já disse, nós não temos nada e que não sou ninguém para exigir tratamento especial — fui soltando e lembrando o exato momento em que conversamos. Ela gritou.
— @!#$%! Ele deve estar se sentindo uma merda! Você arrasou — me deu uma cotovelada de leve.
— Sabe que nem eu me reconheci quando essas coisas saíram da minha boca? — confessei e ela riu.
— É assim mesmo. Eu não te falei aquele dia na cozinha? Uma hora você começa a se sentir boa demais para ele.
— Falou, mas a verdade é que eu não me sinto assim. Eu só me sinto magoada pela indiferença dele. Ainda sou a mesma imbecil de sempre — falei desanimada.
— Ah, não quero nenhum baixo astral! Olha eu aqui, dormi com o convencido do Micael e nem estou assim que nem você — cutucou-me e rimos. — Se bem que acho que é por isso que estou de bom humor — suspirou e eu puxei seu cabelo.
— É uma bisca mesmo! — parei de puxar seu cabelo e a abracei. — Uma bisca linda! — falei com voz de bebê e ela riu.
— Você é idiota, hein? Está ficando igual o Chay — disse rindo, passando a mão em meu cabelo e eu soltei uma risada abafada. — Tem uma coisa me chateando.
— Que foi? — perguntei baixo.
— Não ganhei nenhum presente — respondeu desanimada e eu me desvencilhei, dando um pedala em sua nuca.
— Você acha pouco? — arregalei os olhos e apontei para o outro lado do jardim. Mel deu de ombros.
— Não cara, não é isso. É que todo ano eu ganho alguma outra coisa. Até agora não me deram nada, será que eles esqueceram? — indagou indignada.
— Não sei, mas vamos tomar um banho, porque seu cabelo está só o laquê! — brinquei e levantei correndo, ela me xingou e veio correndo atrás. Entramos em casa e subimos as escadas. Eu tinha levado algumas peças de roupa para lá no dia anterior, sabia que dormiríamos por ali mesmo. Então, peguei as roupas, uma toalha e o biquíni que usaria. Mel tinha dado a ideia de almoçarmos perto da piscina e pegar sol. Fui para o banheiro no fim do corredor e ela foi para o do outro lado. Tomei um bom banho, sentia relaxar a cada toque que a água dava em meu corpo. Ainda não tinha parado para pensar muito sobre tudo o que havia acontecido com Arthur. Procurei não esquentar a cabeça. Eu estava ali, com a minha melhor amiga, na enorme casa de seus pais e queria me divertir. Fiquei animada ao lembrar que os meninos voltariam para lá à tarde, para irmos para a piscina. Sempre era bom estar acompanhada deles. Terminei o banho e me enxuguei, depois me vesti e saí. Mel já caminhava em direção ao seu quarto, enrolada na toalha. Entrei no cômodo depois dela e fechei a porta.
— Você é rápida, hein? Já se vestiu! — falou me olhando e em seguida olhando para as roupas dentro do guarda - roupa. — Tenho que lembrar de deixar mais umas roupas aqui. Só tem coisa cafona! Meu Deus, como eu tive coragem de comprar isso? — perguntou num tom inconformado, mostrando-me uma blusa que nem era tão feia assim.
— Deixa de ser exagerada. Essa daí pode não ser muito bonita, mas olha aquelas ali! — apontei algumas penduradas e ela pareceu estar convencida, pois pegou uma delas e separou.
— Espera, por que a gente já não desce só de biquíni e aproveita o resto do sol da manhã, que é saudável? — propôs.
— É, pode ser. Mas vou ter vergonha de ser vista só de biquíni pelos meninos — confessei, coçando a cabeça.
— Ahhhh, dá licença! O Arthur já te viu peladona, de biquini é a mesma coisa... Só que tem um biquíni tampando as partes mais interessantes! — disse naturalmente e eu soltei um riso abafado. Ela estava certa, contra fatos não há argumentos, então, apenas tirei a saia jeans que vestia e a blusinha preta, mas logo me enrolei na toalha. Mel riu e vestiu seu biquíni. — Vamos! — chamou, me dando a mão e nós saímos do quarto. Desci as escadas na frente, pois ela puxou uma das empregadas que passava pelo corredor para avisar que alguém viria buscar os instrumentos.
Cheguei ao grande jardim e olhei tudo em volta. Não conseguia acreditar que a minha amiga tinha trocado tudo aquilo para morar em um apartamento. Não que o nosso apartamento seja ruim, longe disso, mas perto daquela mansão, ele é um cubículo. Não sei se faria o mesmo em seu lugar. Dizem que quem tem tudo sempre está insatisfeito, então deve ser por isso. Nunca tive nada que ela teve. Andei até a piscina e deitei em uma das espreguiçadeiras. Logo Mel apareceu e sentou na cadeira livre ao meu lado, me dando protetor solar. Eu tinha esquecido completamente do detalhe de ser quase um fantasma. Passei nas partes possíveis e dei para ela passar em minhas costas. Depois fiz o mesmo com ela e ficamos de cara para o sol.
A empregada trouxe dois copos de suco, mandados por Tia Emma, que disse que faz mal pegar sol sem beber nada, desidrata. Conversamos algumas bobagens, sobre a festa. Contei para ela que vi duas pessoas de sua classe se amassando perto do banheiro e Mel disse que os dois têm compromissos, incrédula. Depois, lembramos de o barman dar em cima das duas e rimos descontroladamente. Mel lembrou orgulhosa do show do McFly e me agradeceu por tê-los colocado em sua vida. Eu ri e disse que achava que ela faria melhor uso disso do que eu, que nem conhecia direito as canções deles. Ela me mandou deixar de ser imbecil e enxergar um palmo à frente do nariz. Para Mel, era óbvio que Arthur queria ficar comigo, ele só precisava aprender a demonstrar isso. Rebati, dizendo que também era óbvio que Mica queria ficar com ela. Ela se benzeu e disse que não queria mais nada com ele. Depois pensou um pouco e disse que queria, mas queria que ele rastejasse, se humilhasse. Eu opinei que, talvez, ele espere que ela faça o mesmo. Mel quase gritou que ele morreria esperando, porque ela não moveria uma palha. As horas foram passando e logo chegou a hora do almoço. Nós comemos em uma mesa redonda de madeira, que fica próxima à piscina. Foi quando a surpresa aconteceu. O portão se abriu e um lindo Porsche GT, conversível e prateado apareceu. Nós duas ficamos de queixo caído. Então, o carro foi estacionado próximo à piscina e o pai de Mel, senhor Albert, saiu do veículo.
— Gostou? — perguntou olhando para Mel, que apenas assentiu lentamente, ainda hipnotizada. Ele se aproximou. — Ótimo, porque é seu! — e jogou a chave para ela, que só pegou por ter um reflexo bom. Eu não pude acreditar! Começamos a gritar, abraçadas e pulando. Em seguida, Mel se jogou nos braços do pai, agradecendo aos berros. Tio Albert apenas ria e dizia que a filha merecia tudo aquilo. Tia Emma logo apareceu e também ficou maravilhada ao ver o carro.
— Albert! Você me disse que era um carro lindo, mas eu não achei que fosse tanto! Por isso não me deixou ver também? — ela perguntou, levando uma das mãos à boca, mas logo teve que tirá-las, para receber um abraço de Mel, que ainda gritava.
Mel me puxou e corremos para o carro, entramos e sua mãe veio logo atrás. Olhávamos detalhe por detalhe, era realmente muito luxuoso. Saímos do veículo ainda incrédulas, Mel não parava de repetir que devia estar sonhando, aquilo não era real. Eu, que nem fui a presenteada, sentia-me nas nuvens, imagina ela! Era muita emoção para um dia só!
Depois de comemorar mais algumas vezes, os pais de Mel se despediram, Tio Albert ia jogar golfe com amigos e a esposa o acompanharia. Éramos só as duas em casa, os empregados também saíram e nós ficamos esperando os garotos chegarem.
— Será que aqueles imbecis não vêm? — Mel perguntou revoltada.
— Não sei. O Arthur e o Mica pode ser que não apareçam — respondi rindo ironicamente e ela bufou.
— Eles que inventem. Quero os quatro aqui. Ou são os quatro ou não quero ninguém! — resmungou.
— Aham. Na verdade você quer que o Mica venha, se aparecerem três e ele estiver, aí então você nem liga para o que faltou — brinquei e ela fez careta.
— Será que são eles? — falou ao mesmo tempo em que levantava da cadeira. Haviam tocado o interfone.
— Vai ver! — sugeri, fechando os olhos e respirando fundo. Mel se distanciou, correndo, e eu apenas tentava não pensar como poderia ser aquela tarde. Notei que ela demorava bastante, ouvi algumas gargalhadas, eles deviam ter ido dentro de casa primeiro. Abri os olhos e levei um susto ao ver Arthur sentado na cadeira ao lado. Ele já estava sem camisa e passava protetor nos braços, estava de costas para mim. Enquanto passava protetor, pude enxergar um pouco de seu rosto. Ele usava um Ray Ban e estava o que se pode chamar de irresistível. Fechei os olhos novamente, fingindo não tê-lo notado ainda.
— Passa pra mim? — Arthur perguntou. Abri os olhos subitamente, ele riu. — Eu te acordei? — indagou e eu neguei, sentando.
— Senta aqui — falei apontando para a extremidade da minha cadeira, para facilitar. Ele sentou, de costas, e eu comecei a passar o protetor. Eu dava graças a Deus Arthur estar de costas, porque se ele se virasse e me visse fitando-o como uma boba, riria da minha cara. Deslizava a mão suavemente pelas suas costas, ele se mexia muito pouco. Passava o líquido cada vez mais devagar, estava bom demais massageá-lo. Não vou mentir, senti uma vontade incontrolável de abraçá-lo ali, mas eu sou mais forte do que isso, eu sei que sou. Infelizmente, terminei o serviço e Arthur se levantou, agradecendo num tom cético e pegou o protetor de minhas mãos, colocando-o na mesinha que ficava entre as duas cadeiras. Arthur tirou a bermuda que usava e ficou só de boxers, depois tirou os óculos.
— Será que tem problema entrar na piscina de boxers? — perguntou me acordando de um pequeno transe ao olhá-lo daquela forma.
— Hã? — balancei a cabeça. — Digo, acho que não — dei de ombros. Mal terminei de falar e ele pulou, espirrando um pouco de água em mim. Mergulhou e quando levantou, movimentou a cabeça rapidamente para ajeitar os cabelos. Aquilo tinha sido extremamente sexy e eu estava louca. O que me salvou de pular na piscina atrás dele foi o fato de logo ver Chay chegando, sendo seguido pelos demais, todos traziam uma boa quantidade de cerveja. Colocaram na mesa e cada qual pegou uma garrafa. — Meu Deus, vocês não enjoaram, não? — perguntei rindo e os cumprimentando. Mel sentou na mesma cadeira que eu, na extremidade, assim como Arthur tinha feito, e abriu a sua garrafa, passando o abridor para Mica. Harry sentou colado em mim, me envolvendo com um dos braços pelo ombro.
— Porra, nem espera os amigos, esse imbecil! — Harry apontou para Arthur, que acabava de levantar de um mergulho.
— Pega, cara — Mica passou o abridor para Harry. — Não vai querer, Rachel?
— Não, Mica, por enquanto, não. Valeu — sorri fraco e ele sorriu de volta, sentando ao lado de Chay na outra cadeira.
— Essa cadeira vai já partir! — Mel falou levantando. — A... — prendeu a respiração ao lembrar que ali eu era Rachel. — Rachel já é gorda, ainda senta o Harry, traseiro flácido, perto dela! — brincou e Harry prometeu que mostraria a ela o seu traseiro flácido. Todos riram. — Ai, ai, ainda briso olhando o MEU carro — ela suspirava e olhava para o veículo, ainda parado perto da piscina.
— Cuidado... O trânsito, a partir de hoje, será perigoso — Mica alertou só para provocá-la e ela o olhou, furiosa.
— Por quê? Você vai começar a dirigir hoje? — rebateu e foi aplaudida, se virando para entrar na piscina. Entrou lentamente, segurando a garrafa de cerveja com uma das mãos, erguendo para que não derramasse.
Dentro da piscina, tinham banquinhos e uma “mesa” de pedra, justamente para que pudessem consumir bebidas e até comer lá dentro. Então, ela se dirigiu até lá e Arthur a seguiu. Chay entrou depois e deu uma garrafa para Arthur. Os três começaram a tagarelar. Eu continuei ali, com Harry ao meu lado e Mica na cadeira próxima, agora deitado. Engatamos alguns assuntos também, mas os dois logo se travavam, discutindo alguma besteira por horas. Eu apenas ria da situação e dizia que eles não podiam ser normais. Claro que também sobrava para mim, vez ou outra eles elogiavam as minhas pernas, a minha barriga e pediam para que ficasse em pé e desse uma voltinha. Eu os xingava de tarados e dizia que era por isso que eles não arranjavam namoradas.
— Eu sou bom demais para elas, olho-me no espelho e digo “você não precisa de mais ninguém, só dessa pessoa que está na sua frente” — Mica disse convencido e depois deu uma golada, Harry e eu rimos.
— E eu sou um cara carinhoso, trato as mulheres como rosas, sei dançar, adoro bichos de estimação e ainda sei cozinhar — Harry começou, como se fizesse propaganda de si mesmo e Mica tratou de rebater.
— Por isso as mulheres não te dão valor, cara! Mulheres gostam de caras escrotos, que xingam, tratam mal e até batem. Por isso eu sou assim—Mica falou sabendo que me revoltaria, pois fazia uma cara provocativa. Ao ver a minha expressão, os dois gargalharam.
— Com exceção da Rachel, nanico — Harry disse e me deu um beijo na bochecha. — Ela merece um cara assim como eu, cavalheiro — olhei-o e sorri, assentindo.
— Ih, rolou um clima — Mica se levantou e nós rimos. — Tchau! — disse após tirar a bermuda rapidamente. Em seguida, pulou na piscina. Harry agora segurava a minha mão, mas olhava fixamente para os outros, eu fazia o mesmo.
— Vou pegar uma cerveja — falei soltando sua mão e abrindo uma garrafa.
— Eu sabia que você não ia resistir — brincou e eu dei um soco leve em sua barriga, dando a primeira golada.
— Vamos nos juntar a eles? — perguntei e Harry concordou, já se levantando.
— Vai na frente! — ele disse, colocando uma das mãos na nuca e dando um sorriso malicioso.
— Meu Deus, vocês não têm vergonha de nada não? — indaguei incrédula e ele negou.
— Eu tinha que ter vergonha se não quisesse ver os bumbuns das mulheres. As pernas também, e tudo isso aí que vocês carregam e nos deixam loucos — respondeu em um tom pervertido e eu balancei a cabeça, indo a sua frente e recebendo aplausos dele. Entrei na piscina lentamente, com a garrafa sendo erguida e Harry veio logo atrás. Sentamos nos banquinhos vagos, que para o meu azar eram ao lado de Arthur. Fiquei entre ele e Harry.
Mesmo já estando molhado, podia sentir o perfume de Arthur perfeitamente. Aquilo não estava me fazendo bem. Quanto mais aquele cheiro adentrava sem permissão nas minhas narinas, mais eu sentia vontade de fazer uma loucura e agarrá-lo ali mesmo. Ele não parecia muito comovido com a minha presença ao seu lado, mas isso é meio óbvio, eu não tenho sobre Arthur o impacto que ele tem sobre mim. O clima estranho só ME afetava. Sempre era sim. Tudo sobre mim. TU-DO.
— Cara, eu estou me sentindo, tipo, em um reality show! — Chay disse e foi vaiado.
— Se fosse mesmo um reality show eu já sei quem mandaria pra berlinda — Mel falou em tom provocativo e Mica mal a esperou acabar de falar.
— Você mesma, porque eu seria o líder — Mica rebateu e todos gritaram.
— Eu não saía, isso é fato — ela deu de ombros.
— Eu te mandava até você sair — ele insistiu.
— Certo, íamos para a final juntos e o mais carismático sempre vence, logo...
— Eu ganharia, com a maioria dos votos — Mica concluiu a frase de Mel e levou um tapa da mesma. Era a primeira vez que eles tinham uma proximidade naquele dia, depois da hora em que ela passou o abridor para ele.
— Eu acho que nenhum de vocês chegaria à final, de qualquer forma — Harry disse e todos perguntaram por quê. — Qual é? Se isso aqui fosse um reality show, eu estaria nele, logo eu ganharia sem sombra de dúvidas — foi vaiado.
— Eu ainda torço por uma final entre Mel e Mica — Chay provocou e os dois o olharam fixamente. — Não perderia as sacudidas debaixo do edredom por nada! — gargalhou e todos riram, menos Mel, que, para variar, o xingou, desde a mãe até o filho que ele ainda nem teve.
— Quem disse que eles precisam de edredom? — Arthur emendou e Mel pulou em seu pescoço, puxando seu cabelo. — Ei, golpe baixo! — ele disse caindo e mergulhando com ela.
As brincadeiras continuaram, como sempre que estávamos juntos. Arthur e eu, apesar de estarmos lado a lado, não conversamos diretamente e ele logo fez o favor de ir para perto de Mel e Chay, que tinham se isolado do outro lado da piscina, fazendo brincadeirinhas idiotas.
— Essa é a nossa panela — Harry disse olhando os três.
— Cara, você ainda está nesse assunto? — Mica perguntou jogando água no amigo, mas pegou em mim.
— Ei, os namoradinhos podem ir parando, porque quem se ferra aqui no meio sou eu! — pedi rindo e eles pediram desculpas, se estapeando em seguida.
Deixei-os e fui para perto de Mel, Arthur e Chay. Começamos a brincar e logo Mica e Harry se aproximaram também. É aquela famosa brincadeira em que se faz uma fileira e todos abrem as pernas, então quem está no primeiro lugar da fila tem que mergulhar e passar entre as pernas de todo mundo e, assim que chegar ao fundo, já deve se posicionar para esperar o próximo. Claro que não funcionava cem por cento, afinal, não estávamos entre pessoas normais. Mica e Chay faziam o favor de toda vez que passavam, abrir os braços, fazendo-nos escorregar. Arthur combinou de sabotar, toda vez que um dos dois fosse passar os dois últimos fechavam as pernas em seus corpos, deixando-os presos. Funcionou algumas vezes, mas quando as últimas eram Mel e eu, Mica e Chay só faltavam arrancar as nossas pernas. Saímos da água e ficamos sentados em círculo, bebendo. Mel e Chay eram os que mais bebiam em menor quantidade de tempo, fizemos várias competições entre os dois e, por incrível que pareça, Mel ganhou a maioria, ela estava sendo chamada de “a rainha”. Já estava anoitecendo e nós conseguimos acabar com toda a cerveja que tinha sobrado do aniversário, e olha que foram mais de quatro grades. Mel e Chay eram, de longe, os mais alterados. Eles pareciam se dar melhor ainda devido a isso. Os dois ficavam dançando e cantando abraçados, falando um milhão de bobagens.
(Coloque a canção para tocar. P.s.: a partir de 0:47)
Depois, Mel puxou Chay para dentro do carro e eles ligaram o som, na Radio One, colocando no último volume e cantando aos berros uma canção que me fez querer saber a letra para cantar olhando para Arthur.
“You, You don't really want to stay, no
(Você, você realmente não quer ficar, não)
You, shouldn't really want to go-o
(Você, mas você realmente não quer ir,)
You're hot then you're cold
(Você é quente e logo esfria)
You're yes then you're no
(Você quer e depois não quer)
You're in and you're out
(Você está dentro e depois está fora)
You're up and you're down
(Você está feliz e depois está triste)
(...)
Enquanto ria dos dois gritando e dançando no carro, sentada na grama e achando realmente interessante o fato de Chay saber aquela letra de cor, pois não é bem o estilo deles, senti como se alguém me olhasse atentamente. E eu já sabia quem era, pois Harry estava deitado ao meu lado, de olhos fechados, dando risada, e Mica estava sentado perto do carro, agora já começava a cantar também. Olhei para trás apreensiva, Arthur estava quase deitado, a única coisa que o impedia de fazer isso era o fato de estar apoiado nos cotovelos. Quando me viu retribuir o olhar, desviou bruscamente, olhando para a piscina. Mas eu simplesmente não consegui tirar os olhos dele. Estava atraente demais. Parece que todas as minhas forças me jogavam para cima de Arthur. É uma sensação ruim essa de sentir vontade de agir de uma forma e simplesmente não poder. Seria tão mais fácil se eu simplesmente não sentisse nada. Se eu o levasse na brincadeira, assim como ele fazia comigo. Se eu não me importasse com as suas alterações de comportamento. Mas como diz essa canção que está sendo berrada pelos meus amigos bêbados: ele é quente e logo esfria, quer e depois não quer. Ele é um mistério. Ele é simplesmente imprevisível, tanto que me assustei ao vê-lo voltar seu olhar para mim. Agora, ele tinha os olhos semicerrados, me encarando profundamente e eu lutava contra o meu pescoço. Eu não era nem ao menos capaz de desviar o olhar. Estava paralisada. Senti-me como no filme daquele bruxinho inglês, como se Arthur tivesse jogado um feitiço para que eu só fizesse o que ele queria. E, no caso, o que ele queria era que eu continuasse encarando-o. A diferença é que isso é a vida real. Infelizmente. Malditos e irresistíveis olhos azuis. Tudo começou por causa da beleza deles! Arthur mordeu seu lábio inferior e inclinou um pouco a cabeça, deitando-a no próprio ombro. Acho que quem mordia o lábio agora era eu. Estava difícil convencer o meu corpo de não ir até ele, tocar novamente aquela pele macia e beijar aqueles lábios de sabor incomparável. Eu odeio Arthur. Muito. E eu odeio o fato de essa música descrever a minha situação tão bem.
Someone call the doctor
(Alguém chame um médico)
Got a case of a love bi-polar
(Tenho um caso de amor bipolar)
Stuck on a roller coaster
(Presa uma montanha russa)
Can't get off this ride
(da qual eu não consigo descer)
You change your mind 
(Você muda de ideia)
Like a girl changes clothes
(Como uma garota muda de roupas) 
Agradeci-me mentalmente ao conseguir voltar a olhar para o carro, após Mel disparar a buzina de forma contínua. Levantei correndo e fui até lá, para pedir que parasse. Mas não tive sucesso, porque antes de conseguir falar com ela, Mica me puxou pela perna e me derrubou, ao seu lado. Eu acho, quer dizer, tenho certeza de que os homens não medem as suas forças... E, se eles estão bêbados, a coisa é pior ainda. Caí de todo o corpo, por cima de um braço e ele caiu na risada, ao invés de me socorrer. Mel e Chay também começaram a rir de forma exagerada e eu até cheguei a esquecer a dor que sentia pra tentar imaginar no que eles estavam vendo graça. Por sorte, Harry se levantou e foi correndo me ajudar a levantar.
— Nem foi nada, isso é drama — Mica disse despreocupado, agora deitando no chão. Eu levantava, sendo puxada por Harry.
— O Mica perde a noção do que é ‘fazível’ e do que não... — Arthur tentou continuar falando, mas começou a gargalhar ao ver o que tinha dito — FAZÍVEL?! — o próprio se perguntou e nós todos começamos a rir. Ele se aproximava e olhava atento para o meu braço, mesmo gargalhando.
— Quando precisarem inovar o idioma só é contratar esse idiota — Harry ironizou, dando um tapa no ombro de Mica e puxando o meu braço, em seguida. Senti estalar e me senti mais aliviada.
— Ou quando precisarem ferrar ele de vez, né? — falei já conseguindo mexer o braço e depois agradeci Harry pelo puxão. Todos me aplaudiram e disseram que Arthur estava com a testa queimando depois do que falei. Fiquei corada.
— Espera só, quando você estiver distraída, peço pro nanico te derrubar de novo — ele rebateu e todos disseram que eu tinha vencido a disputa.
— Está melhor aí, Luh? — Mel perguntou baixando o volume e nem se deu conta do apelido que tinha chamado. Eu não sei, acho que estou tão sortuda nesses últimos tempos, tirando o fato de Arthur e eu estarmos estranhos. Porque ela me chamou de ‘Luh’ e ninguém ligou.
— Muito obrigada por ter me socorrido, amiga — ironizei e ela mostrou o dedo, voltando a aumentar o volume e dar gritinhos com Chay ao perceber que conheciam a música que começava a tocar. Os dois se abraçaram e começaram a cantar juntos. Mica se juntou a eles, sentando no banco de trás e os abraçando. Pareciam três imbecis.
— Ainda dói, Luh? — Arthur perguntou baixinho, ao ver Harry correndo para atender o celular que tocava na mesinha próxima à piscina.
— Não, só um pouquinho — sorri fraco. — Obrigada pela preocupação.
— É, digamos que eu sinto pena às vezes — ele disse e deu de ombros, rindo. Apenas balancei a cabeça e voltei a rir dos três cantando abraçados. GRRRRRRRRRR, sente pena de que? EU NÃO QUERO QUE ELE SINTA PENA. Morra, Aguiar, morra. Harry voltou correndo.
— Ninguém aí tem fome? — Harry perguntou passando a mão na barriga.
— Pode até ter, mas eles não vão se lembrar disso — respondi olhando novamente para o carro e nós rimos.
— EI, EI, EI — Arthur gritou abrindo os braços e os três o olharam impacientes. — ALGUÉM AÍ AINDA LEMBRA QUE TEM QUE COMER PRA SOBREVIVER? — continuou e Harry e eu rimos.
— É isso, é fome! Era isso que eu tentava te dizer, Mel! — Chay cutucou Mel como se descobrisse um novo continente.
— Ahhhhh! — ela abriu a boca e arqueou as sobrancelhas. — Vamos comer! — disse saindo do carro e sendo seguida pelos dois marmanjos. Nós comemoramos.
Fizemos uma longa caminhada até chegar à porta da cozinha. Chay ia à frente, abraçado em Mel, os dois não conseguiam andar em linha reta, fazendo-nos sentir dor de barriga de tanto rir.
— O que será que tem pra comer nesse @#!$%? — Mel perguntou, entrando na cozinha e abrindo as portas do balcão rapidamente.
— Deixa que eu te ajudo a procurar — falei, indo para perto dela, com medo que saísse jogando para o alto tudo o que tinha lá, como já fez em nosso apartamento uma vez. Achamos uns pacotes de macarrão e decidimos fazer macarronada — Harry, você corta o tomate; Arthur, a cebola; Mica, a salsinha; Mel e Chay apenas sentem aqui... — apontei para as cadeiras ao redor da mesa de tomar café da manhã — ... E tomem café puro, vocês não podem nem sonhar com faca — ordenei séria e peguei duas xícaras, as servi com café puro e entreguei uma para cada, eles pareciam duas crianças levadas que estavam com medo da mãe. Era muito engraçado.
Coloquei um avental e prendi o cabelo em um coque firme, fui até a geladeira e peguei o tomate, dei para Harry cuidar dele. Em seguida, a cebola e a salsa, entregando respectivamente para Arthur e Mica. Mostrei para Harry onde ficavam as tábuas e as facas e ele distribuiu.
— Por que eu tenho que ficar com a cebola? — Arthur perguntou inconformado, já pegando a tábua e se posicionando.
— Porque ela quer te fazer chorar, cara. As mulheres são assim — Chay respondeu simplesmente e todos começaram a rir. Arthur o mandou cuidar do café que tomava e eu, apesar de gargalhar, fiquei um pouco corada.
O macarrão já cozinhava e os meninos já tinham feito o que eu tinha mandado, eles me chamavam de “chefe” e faziam questão de me agradar. Até Chay, que fazia isso apenas com comentários, já que não tinha controle de seus movimentos. Mel se concentrava em dar palpites na macarronada e era repreendida por Mica, que a mandava ficar calada por não estar ajudando. Parei até de contar as vezes que ela o mandava embora da casa de seus pais. Nós não conseguíamos parar de rir. Mas isso não é mais novidade, quando se trata daqueles quatro próximos a nós.
O jantar foi animado, Mel e Chay não paravam de falar asneiras, tudo bem que não é preciso estar bêbados para isso acontecer, mas agora era pior ainda, ficava cada vez mais difícil mastigar ou tomar refrigerante sem cuspir tudo para dar risada. Os pais de Mel ligaram, na verdade, eles tentaram ligar a tarde inteira, mas não tinha ninguém dentro da mansão para atender. Eu atendi, ainda bem, porque se a filha deles atendesse, correriam para casa com medo de alguma orgia estar acontecendo. Tia Emma avisou que eles estavam jogando pôquer na casa de amigos, tinham ido depois do golfe para lá. Ela ainda perguntou se estava tudo sob controle, com certeza devido às gargalhadas que vinham da sala de jantar. Falei que tudo estava bem e que Mel estava bem também. Tia Emma pediu para que eu não deixasse sua filha beber demais. Fiquei envergonhada de dizer que era tarde demais, então apenas confirmei. Daria um jeito de colocar Mel para dormir antes dos pais voltarem. Desliguei o telefone depois de ouvir mais um milhão de recomendações e voltei para a mesa. Todos já tinham acabado de comer, Arthur e Harry se ajudavam a empilhar os pratos sujos e levar para a cozinha. Mel estava deitada no ombro de Chay, que apoiava a cabeça na dela. Arthur pegava os copos.
— Nossa, que eficiência, vocês estão melhor que encomenda! — elogiei, ajudando Mica a pegar os copos.
— Eu sou muito eficiente! — Harry disse, aparecendo na porta e, em seguida, pegou a travessa suja de macarronada.
— HARRY, SUA BICHA, VOLTA PRA CÁ, NÃO FUJA DO SERVIÇO! — Arthur gritou logo que Mica e eu adentramos a cozinha. Ele lavava a louça.
— Deixou-me surdo, seu filho da @#$% — Mica reclamou, colocando o dedo no ouvido e depois colocou os copos na pia para Arthur lavar. Fiz o mesmo.
— Eu te ajudo, Arthur — ofereci, indo para a outra pia, que era colada na que ele estava. Arthur apenas me olhou sorrindo e assentiu. Harry entrou na cozinha comemorando não ter mais que lavar a louça, colocou a travessa do meu lado e sentou com Mica. Arthur e eu dividimos as coisas para lavar.
— Ei, a gente deixou a Mel e o Chay sozinhos. Isso é, tipo, um perigo! — Harry disse e levantou subitamente.
— Um perigo pra ele, né? — Mica respondeu ainda sentado.
— LEVANTA, SEU IMBECIL! Eu não quero ter que ajudar a pagar lustres arrancados e espelhos quebrados! — Harry ordenou. Arthur e eu rimos e Mica levantou, resmungando.
Fiquei um pouco nervosa ao perceber que só estávamos nós dois na cozinha, lado a lado. Tentei esquecer isso e imaginar Harry e Mica nos observando, eu não queria lidar com a ideia de estar a sós com Arthur de novo. Não queria parecer nervosa, desconsertada. Para a minha sorte, ele parecia muito concentrado no que fazia. Ok, digamos que essa sorte não ficou por perto por muito tempo. Arthur empilhou alguns pratos que já estavam limpos e colocou um por um no escorredor, que ficava ao meu lado. Até aí tudo bem. O problema é que Arthur se posicionou atrás de mim, encostando seu peitoral em minhas costas, passando os pratos de uma mão para a outra. Respirei fundo e tentei não sentir seu toque. Mas foi impossível. Quando tinha acabado de fazer o que fazia, o senti mais colado em mim ainda. Agora seus braços estavam em volta de mim, apoiados no batente, como se me forçasse a ficar ali. Então, ele fez o que eu temia. Senti a respiração de Arthur percorrer o meu pescoço, depois a minha nuca. Não tinha como os meus pelos estarem mais arrepiados e nem como o frio na minha barriga ser mais quente. Eu estremecia a cada expiração dele. Fechei os olhos, cerrando-os.
— AH, VAI TOMAR NO SEU... WOOOOOOW! — ouvi Chay berrar entrando na cozinha e quando dei por mim, Arthur já estava a milhas distantes, fingindo pegar algo na geladeira. — NÃO ADIANTA CORRER, PORQUE EU VIIIII! — ele apontava para mim, rindo, e depois olhou para Arthur. — ESSES DOIS OLHOS FORAM FEITOS PARA VER E EU VIIIII! — continuou, agora em meio a risadas. Arthur soltou uma risada abafada.
— Cara, você está mal! — ele disse se aproximando de Chay e passando um dos braços pelas costas do amigo. — Vamos pra lá, você precisa descansar.
— MAS VOCÊ NÃO PODE DIZER QUE EU... QUE... QUE... QUE... QUE EU NÃO VI, PORQUE EU VI! — Chay falou, parecendo tentar convencer Arthur, que apenas ria, carregando-o para fora da cozinha. Ainda bem que ele estava bêbado, ainda bem!
Terminei de lavar a louça e peguei um guardanapo de pano para começar a enxugar as coisas que estavam no escorredor. Arthur apareceu na cozinha de novo, rindo muito, e se sentou.
— Vai ficar olhando eu enxugar? — perguntei indignada, mas querendo rir.
— Na verdade, sim — respondeu simplesmente, sorrindo com todos os dentes da boca e me deixando quase sufocada.
— Ok, então. Eu sei que sou linda fazendo isso — brinquei e ele ficou sério. Droga, eu tenho que estragar tudo.
— Mulheres nasceram pra isso, por isso é tão fascinante! — abriu novamente um sorriso e se levantou, se aproximando de mim.
— Machista sem vergonha! — bati nele com o pano. Arthur se esquivou rindo e pegando outro pano para me ajudar. — O que eles estão fazendo?
— Quem? — perguntou como se nem prestasse atenção em nada, concentrado.
— Quem, Arthur? Os instrumentos de vocês lá fora! — ironizei e ele riu.
— Essa convivência sua com esses caras está te estragando, você já foi mais doce — reclamou, colocando as coisas que tinha secado no balcão. Rimos. — A sua amiga insistiu que queria assistir Titanic — deu de ombros.
— Mentira? De novo? — perguntei incrédula e ele me olhou confuso.
— Hã?
— Ela tem o DVD e, desde que a conheço, tem esses ataques para ver o filme quando fica muito bêbada! E eu achando que já tinha passado! — contei e Arthur riu.
— Qual é a graça de ver um filme de drama bêbado? Você não aproveita nada, cara — comentou, enxugando os talheres.
— Você é que pensa, daqui a pouco vamos ouvir os soluços dela daqui. Ela não se acostuma com o fato de o Jack morrer congelado — disse inconformada e Arthur começou a rir descontroladamente. Eu entendo essa reação, tive a mesma quando uma amiga de Mel me contou esse fato. Ela faz isso desde os 15 anos de idade.
Terminamos de enxugar tudo e sentamos, ouvíamos os outros rindo loucamente na sala e apenas começamos a conversar. Nada que me deixasse constrangida, nada que envolvesse “nós”. Arthur me contou sobre o início do McFly, como foi quando os conheceu. Eu ri muito com algumas histórias da gravação do primeiro disco. Ele também contou que às vezes é difícil lidar com a fama, porque eles são vigiados demais. Eu falei que isso é normal, por estarem no auge, mas ele disse que às vezes ficava cansativo. Achei lindo ver o brilho em seus olhos ao falar que tocar com aqueles três patetas era a sua paixão, que não importava o stress, não importava o assédio exagerado, pois quando subia ao palco, tudo isso se transformava em calma, tranquilidade. Também contei a ele como era a minha vida em Bolton, além do que já tinha contado no dia que voltamos andando da London Eye. Arthur parecia bastante interessado, disse que eu tive muita coragem de fugir. Rebati, dizendo que hoje em dia quando lembrava o que fiz, me sentia covarde.
— Não é covardia. Covardia é aguentar aquilo chorando trancada no quarto todos os dias. Você teve atitude — me confortou.
— É, talvez você tenha razão — dei de ombros.
— O que pesou na hora de escolher a fuga? — Arthur me perguntou atento. Eu não queria responder aquilo. Eu não queria dizer “ah, eu descobri que estava grávida”. Mas o que inventaria?
— Não sei, são tantas coisas pesando na sua cabeça, que você simplesmente decide e faz — respondi orgulhosa de mim mesma por ter conseguido inventar tão bem.
— Comigo foi mais ou menos assim. Não foi desavença, não foi nada. Só segui o meu sonho e decidi cair fora — falou seriamente, mas em instantes começou a rir e bater na própria testa.
— Que foi? — perguntei arqueando as sobrancelhas.
— Ali! — apontou para algum lugar perto da geladeira. Olhei, mas continuei sem entender. Arthur continuava rindo bastante. — A... Máquina... De lavar... Louça! — disse ofegante, em meio a risadas. Aí sim, agora eu também ria descontroladamente. Como eu não tinha lembrado que ali tinha uma máquina daquelas? Nós lavamos tudo feito escravos, podendo simplesmente jogar tudo lá dentro? Era inacreditável. Como já mencionei antes,Arthur Aguiar não faz bem para a minha memória.
Depois disso, logo saímos da cozinha. Fomos para a sala, onde os demais estavam. Chay e Mel estavam deitados no tapete e Harry e Mica estavam no sofá. Sentei em uma poltrona e Arthur na outra, do outro lado. Ainda bem que Chay nem notou a nossa chegada ali, senão contaria que tinha visto Arthur me provocando. Os dois estavam concentrados no filme, de vez em quando Mel fazia algum comentário, xingando alguns personagens, como a mãe de Rose. Chay a ajudava. Nós apenas ríamos.
Harry, Mica e Arthur decidiram ir para o jardim. Eles disseram que teriam de desmontar a bateria sozinhos, porque a equipe que faz isso tinha tido o fim de semana de folga. Então, desmontariam e viriam buscar no outro dia. Fui chamada para acompanhá-los e fugir daquele filme, mas preferi ficar por perto e não deixar alguma besteira acontecer. Mas parece que quando tem que acontecer, simplesmente acontece! Sentia-me um pouco cansada, afinal tive a noite anterior de bebedeiras e a tarde também. Senti as pálpebras pesarem, pesquei um pouco e quando abri os olhos novamente, quase gritei de susto. Mel e Chay estavam abraçados sobre o tapete, se beijando. Esfreguei os olhos para ver se estava enxergando bem. E era isso mesmo. Mas o beijo deles era mais calmo, não era intenso como o que Mel tinha dado em Mica naquela madrugada. Estava bem mais comportado.
— Mel! Chay! — gritei e os dois se separaram lentamente.
— QUÊ? — ela perguntou irritada.
— O que é isso? Vocês nem devem saber o que estão fazendo! — tentei fazê-los acordar, mas devia saber que não era tão fácil.
— Nááááá, vai arrumar o que fazer! — Mel disse emburrada e voltou a beijar Chay, que antes disso concordou com o que ela disse.
O filme chegava ao fim e eu tinha permanecido ali apenas para não permitir que um dos dois começasse a tirar a roupa. Mel soluçava com o final do filme e Chay a consolava, dizendo que eles iam se encontrar quando Rose morresse, que o céu seria deles. Eu não consegui ficar sem rir, estavam tão idiotas! Os meninos voltaram para a sala bem nessa hora. Já tinham catado as suas roupas e estavam vestidos. Também começaram a rir, fazendo filmagens dos dois pelo celular. Eu tentei não deixar, mas disseram que aquilo não vazaria. Harry se aproximou de Chay e o chamou para ir embora, mas ele o empurrou e disse que ia dormir com Mel. Ela concordou. Então eu disse que isso não poderia acontecer, pois o pai dela os mataria. Chay disse que não se importava e que até casava com ela. Todos riam descontroladamente. Harry pediu ajuda e Arthur e Mica o ajudaram a levantar Chay, que relutava para permanecer ali. Mel nem tinha forças para ficar em pé, observou tudo deitada. Acompanhei-os até o portão. Chay me convidou para ser madrinha de casamento dele e eu disse que com certeza seria, se ele aceitasse ir para casa. Ele aceitou, facilitando o trabalho dos amigos, que me agradeceram. Depois de arremessá-lo no banco de trás, Arthur e Mica entraram para pegar as guitarras e o baixo, avisando que voltariam no dia seguinte para pegar a bateria. Assenti e me despedi dos quatro. Quer dizer, dos três, porque foi só encostar a cabeça no banco que Chay foi desligado desse mundo. Fechei o portão e fui até as proximidades da piscina, notei que eles tinham esquecido de juntar a roupa de Chay. Peguei-a rindo e entrei em casa. Mel ainda estava jogada no chão. Desliguei a TV, ajudei-a a levantar e a levei para o quarto. Guardei a bermuda e a camisa de Chay no guarda - roupa. Mel disse que precisava de um banho, a levei para o banheiro e fiquei assistindo. Tinha medo de ela aprontar alguma. Mas tudo correu bem e eu a coloquei para dormir. Peguei uma calcinha e uma camisola e fui tomar banho. Os pais de Mel chegaram assim que eu fechei a porta do cômodo e deitei na rede. Ainda bem que ela dormia tranquilamente, eles nem desconfiariam de nada.

Continua ..

Autora: Ingrid H.

Obs: Gente desculpa a demora , eu fiquei sem internet Domingo , e ontem quando cheguei da escola , eu fui editar o capítulo e quando estava quase na metade faltou energia e eu perdi tudo que eu já tinha editado..(pois é , eu não tenho muita sorte ) a energia só voltou as 01:17 da manha , e eu só posso ficar no pc até as 00:00 , então eu fui tomar banho ( pois não tomei quando cheguei da escola , e depois não queria tomar banho frio , Sou meio Fresca ) e depois fui dormir, acordei hoje as 10:30 ( com sempre ) tomei banho e fui para a escola , Saí de lá as 15:00 ( por causa da manifestação que teve aqui hoje ) e quando cheguei em casa fui fazer meu trabalho de história , depois fui editar o capítulo e só consegui terminar agora .. e ainda tenho dever de química pra fazer e estudar o trabalho pois eu tenho que apresentá-lo amanhã ( deixei pra fazer de ultima hora ) , então se eu me der mal no dever de química e na apresentação do meu trabalho eu vou culpar vcs ok ? rsrs

Mas pra falar a verdade eu não sei nem porque eu resumi o meu dia hoje , pois acho que ninguém aí quer saber o que eu fiz durante o dia .. ok ignorem o texto aí ..


Bom , Gostarão do capítulo ? Comentem bastante , e se eu não tiver nenhum imprevisto , amanhã eu posto outro .. 

aaaa.. Alguém aí é do Espirito Santo ?? ( Eu sou \o/ ) só pra saber se alguém aí é daqui também ..
bjs !



9 comentários:

  1. ta muuito perfect quero cap grandes assim nessecitoooooooooooooooooooo posta logo please

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  2. necessito de mais capitulos... ameeeei

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  3. mais,pelo amor do milho assado

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  4. maais,eu quero sempre mais que ontem,eu quero sempre mais que hj,tá parey

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  5. poxa cade a web ja to com saudds to ficando loooocaaaaaaaaaa posta logo please

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  6. vou ali chorar rapisão pq não tem web :'''''(

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  7. eu quero a web buaaaaaaaa

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