domingo, 30 de junho de 2013

June 15th



Capitulo 16


(Colocar para carregar: Box Car Racer - Elevator)
Começava a realmente esfriar em Londres. Amo o inverno, mas quando não tenho absolutamente nada pra fazer. Ir à calçada naquela temperatura era um martírio. Eu continuava firme e forte, lutando contra o meu queixo batendo. Tinha que trabalhar, estava faltando muito ultimamente e as despesas estavam apertando. Agora, pelo menos, Mel tinha um carro e me levava à calçada, o táxi já era cortado. Faz três semanas e alguns dias desde o aniversário de Mel. Desde ali, Thur e eu não nos falamos mais. Quer dizer, depende do que se entende por “falar”. Depois da piscina, no dia seguinte da casa de Mel, só saí com os garotos uma vez, que foi no outro fim de semana. Fomos a uma casa noturna, Thur estava acompanhado de Sophie. Quando isso acontece, sou apenas ignorada, ou melhor, volto para o meu lugar. Tirei a conclusão de que cada vez que vejo Thur e Sophie juntos, me sinto pior. Ela, para variar, foi muito amável comigo, mas eu já não consegui sorrir tanto para ela como até conseguia fazer anteriormente. Era automático, sentia-me mal por isso. Mel estava feliz da vida, pelo menos ela conseguiu se divertir muito na festa que fomos. Estava ficando com Chay toda vez que saíam. É, para a minha surpresa, Melanie não se arrependeu do que fez bêbada e inconsciente. Ela insiste que eles estão em um relacionamento completamente aberto, mas eu não acho que seja tanto assim. Porque, nas semanas passadas, quando o McFly estava em Londres, Chay vinha aqui e até dormia em nosso apartamento. Eles dois saíam bastante, inclusive com Harry, Mica e, bem, Thur... E Sophie, pelo que Mel me contava. Eu tinha apenas decidido não ir mais. Não vou mentir, sinto muita falta de estar com todos eles, mas na maioria das vezes que combinavam de sair, era no meio da semana, e eu tinha que trabalhar.
Certo, não é por isso.
É porque não quero MESMO ficar vendo o cara que eu desenvolvi algum tipo estranho de sentimento, com a sua namorada. Pensando bem, é melhor assim. Thur não vai deixar Sophie para ficar comigo. E eu não quero ser “a outra” a vida inteira. Já basta ser a outra de vários velhos nojentos que me pegam na calçada. Thur é tentador demais para ser tido apenas de vez em quando. Não aprendo a lidar com isso. Então, é melhor me manter distante. Nessas três semanas e alguns dias, parece que sinto mais vontade de estar com ele a cada minuto. Eu tenho medo do perigo. Eu tenho medo de realmente me apaixonar. Ou será que é tarde demais?
— O Chay vai lá em casa hoje — Mel me acordou de meus devaneios.
— Droga, queria jogar conversa fora com vocês — falei desanimada.
— Ué, e por que não faz isso? Vamos voltar pra lá!
— Porque eu tenho que trabalhar, né? — estalei os dedos e ela arqueou as sobrancelhas, lembrando desse mínimo detalhe.
— Ahhh, é bom você ir trabalhando mesmo e juntando dinheiro, porque sábado vamos rachar muitas grades de cerveja e vamos para a casa do Mica! — comunicou, como se me desse a notícia do século. Tentei sorrir.
— Eu não vou — falei simplesmente e Mel me deu um tapa no braço.
— Como assim não vai? CLARO que você vai! É uma ordem.
— Não vou, Mel, não mesmo.
— Cara, pelos meninos... Esquece o imbecil com cara de galã do Thur! — ela se aborreceu e nós rimos. — Pô, desde quando você depende de estar bem com ele para se divertir com seus amigos?
— 'Tá, vou pensar — tentei enganá-la.
— Não, te conheço. Pela sua cara, será um ‘não’.
— Juro que vou pensar! — sorri fraco. — Agora deixa eu ir antes que o Chay fique plantado lá — falei e depois dei um abraço nela, que riu.
— Ele tem que rastejar por mim, querida, toda espera é pouco pra ele! — brincou e eu apertei as suas bochechas. — Bom trabalho!
— Bom Chay! — caçoei, abrindo a porta e descendo do carro. Acenei pra Mel e caminhei um pouco até chegar ao meu ponto. Usava um grande casaco de peles sintético, por cima do vestido curto. Estava frio demais.
Enquanto caminhava, olhava para o céu tomado por nuvens e tentava lembrar o porquê de tudo isso estar acontecendo. Por que eu estava me sentindo tão estranha? As últimas semanas passaram tão devagar que eu desejei morrer por alguns dias e só acordar quando voltasse a entender quem sou eu e o que sinto. Sentei na escada de um prédio, enquanto esperava algum carro parar, tentava aquecer as minhas pernas abraçando-as. Voltei a lembrar ridiculamente do dia em que conheci Thur. Lembrei que estava sentada ali, naquela posição, com a mesma preguiça. A única diferença, é que não estava tão frio. Fiquei observando os carros passarem, pude jurar que vi o de Thur passar várias vezes, mas sabia que era apenas impressão. Peguei-me rindo ao lembrar a expressão sapeca em seu rosto, ao dizer que me deixaria dirigir seu carro um dia. Depois, lembrei do dia em que isso se tornou realidade. Pensei em como eu tinha amadurecido a relação com ele. Eu era completamente muda e travada no início, mas nesses últimos tempos até consegui tirar várias piadas com a sua cara, me sentia tão à vontade quando Thur estava por perto. É estranho ver que ele nem parece se importar. Que tudo isso que para mim significou tanto, para ele foi apenas um preenchimento de buracos em seu calendário.
Respirei aliviada quando um carro parou e afastou os meus pensamentos. Por mais que soubesse que isso era impossível de acontecer, senti uma ponta de decepção quando o vidro foi abaixado e vi que era um homem de cabelos grisalhos. Ele perguntou por quanto eu faria e eu falei, logo em seguida abriu a porta e entrei no veículo. Fizemos o caminho calados, passando pelas avenidas de Londres, e eu vi que alguma coisa naquele dia me puxava de volta para Thur. O caminho, era isso. O HOTEL. Sim, o homem me levava para o mesmo hotel em que Thur deve morar. Senti as pernas formigarem e bati a ponta dos dedos em minhas coxas, ansiosa. Entramos na garagem e ele disse a mesma coisa que Thur: iríamos pelo elevador de serviço, para não chamar atenção. Rezei internamente para que não pressionasse o botão “5”. O meu estômago dançou quando ele aproximou o seu dedo de tal número, mas foi no “4”. Subimos, ainda em silêncio. Ali eu me reconhecia: fria e calculista, ah, e impaciente.
Definitivamente odeio o fato desses elevadores de serviço pararem de andar em andar. Eu não tinha pensado tanto em Thur e ido parar naquele hotel à toa. Quando o elevador parou no segundo andar, aquela pessoa que a minha cabeça insistia em pensar apareceu, do outro lado da porta. Mas não sozinha. Ele estava com o braço em volta do pescoço de Sophie, os dois conversavam com um casal e riam animados. Ouvir a gargalhada de Thur foi como se me eletrocutassem. O casal que estava com eles entrou no elevador e eu abaixei a cabeça, para não ser vista.
(Coloque a canção para tocar).
— Grande Richard! — ouvi a voz rouca que mais me deixava em transe falar e notei que o homem que eu acompanhava era o tal Richard. Tentei me esconder com as mãos e a cabeça ainda baixa.
— Arthur, campeão! — ele se aproximou da porta do elevador e cumprimentou Thur. Em seguida, creio que cumprimentou Sophie, pois Thur a apresentou. Richard correu para o elevador novamente, a porta já ia fechar. O casal que conversava com os dois ia para o mesmo andar que nós. As minhas mãos tremiam e eu estava perceptivelmente nervosa. O elevador chegou ao 4º andar e nós saímos.
Entramos no quarto do tal Richard. Sentei-me na cama e tirei o casaco. Depois os sapatos, já me deitando na cama. Ele tirava o terno e logo depois se juntou a mim. Começou a beijar o meu pescoço e levar uma de suas mãos à minha intimidade. Eu tentava me concentrar, mas só o que me vinha em mente era ver Thur rindo, feliz, abraçando a namorada. Aquele local também não ajudava. O quarto era muito parecido com o do bendito Arthur. Tentei manter os olhos fechados, para evitar mais lembranças e evitar continuar desconcentrada. Parecia que quanto mais eu fazia isso, mais lembranças penetravam em meu cérebro e mais nojo eu sentia. Meu corpo já agia sem o meu consentimento.
— O que foi? — Richard perguntou quando espalmei as mãos em seu peitoral e o empurrei.
— Eu não, eu... — gaguejei e ele me olhou espantado. — Eu não posso! — praticamente pulei da cama e peguei o meu casaco, depois calcei a sandália e saí correndo do quarto, sem ao menos olhar para trás. Não o ouvi falar nada, acho que estava assustado demais com a minha forma de agir que nem pensou no que dizer. Corri, mas corri muito. Vesti o casaco e procurei a porta que dava acesso às escadas, não podia ir pelo elevador e correr o risco de encontrar Thur e Sophie lá. Tirei as sandálias e as segurei com uma das mãos. Parecia que nem havia degraus, parecia mais que eu escorregava ao invés de descer. Meu coração estava na garganta e eu mal respirava, não entendia muito o que estava fazendo, mas naquela escadaria não era lugar para pensar. Só sabia que tinha que deixar aquele hotel imediatamente.
Estava muito longe de casa. E o mais importante: estava a uma distância significativa do hotel, também. Agora eu passava pelas redondezas da famosa Ponte da Torre, nos arredores do rio Tâmisa. Sentei em um banco em que era possível observar o rio. Apoiei os cotovelos nos joelhos e a cabeça nas mãos. Era a primeira vez que eu tinha agido tão estupidamente no trabalho. Nunca tinha fugido de um programa. NUNCA. Nem no meu primeiro, que foi abominável. Não era justo estar daquele jeito. Não era justo ter encontrado Thur. Eu devia ter feito alguma coisa muito ruim em minhas vidas passadas. Por que me sentia daquele jeito? É, eu sabia por que estava “daquele jeito”. É tão óbvio. Eu não conseguia conviver com a ideia de que tudo havia mudado entre Thur e eu. Drasticamente. O nosso último encontro — antes desse, em que só eu o encontrei — foi tão frio que, se eu não assistisse a minha própria vida, pensaria que nem o conhecia. Como alguém pode mexer tanto com as minhas estruturas psicológicas? O Thur era para ser um mero cliente! Por que eu deixei as coisas saírem do controle? Eu o odeio. Mas me odeio mais ainda por não conseguir odiá-lo.
No sábado...
— Você pegou aquelas que estavam no fundo do congelador? — Mel perguntou ligando o carro.
— PEGUEI, SER HUMANO, agora vamos logo! — respondi impaciente e ela riu.
— Você já foi mais doce! — disse rindo e eu tenho certeza de que já ouvi isso de alguém. — Olha... — continuou e eu a olhei, atenta. — Nada de peidar na farofa! A programação está feita e você só tem que cumprir.
— Ai Mel, não vou dar para trás não... — falei sem muita certeza. O combinado com Mica foi de irmos à noite para a sua casa, beber até enjoar, dormir por lá e almoçar juntos no dia seguinte. Eu sabia que Thur estaria, mas não tinha tanta certeza de que estaria sozinho.
— A Sophie não vai! Ela não anda nas casas dos meninos — Mel comentou, dando de ombros, como se lesse os meus pensamentos. Estou começando a acreditar que é isso o que ela faz, mesmo.
— Hã? Tem nada a ver com a Sophie! — fingi.
— Eu sei que não, é com ela e o bendito lá — ela ligou os pontos e eu a agradeci mentalmente, então apenas fiquei calada vendo o caminho que fazíamos. — Você leva a melhor e sabe disso — adoro os ataques de loucura da Melanie.
— Melanie, para de falar besteira! — balancei a cabeça e ri.
— Não 'tô falando besteira. Lu, eu estou andando mais com eles, nessas últimas semanas que você decidiu ignorar tudo e todos. Sempre que o Thur me vê, parece que fica esperando você aparecer atrás de mim. — falou naturalmente e eu senti uma pontada no peito.
— Sério? Digo, claro que não, isso é coisa da sua cabeça — ignorei.
— Burra do demônio, vá à merda! Também não digo mais nada — Mel se revoltou e ficou calada o percurso inteiro.
Chegamos a uma grande casa amarelada, de dois andares. Na frente, um lindo jardim. Fiquei impressionada com o fato de não haver um muro gigante, apenas grade. Mel desceu do carro e tocou o interfone. Alguém atendeu e ela pediu ajuda com as cervejas. O portão se abriu automaticamente e Harry vinha saindo da casa. Caminhou até nós e cumprimentou Mel, indo para o porta-malas. Ele ainda não tinha me visto.
— Você viu quem eu trouxe? — Mel perguntou marota e Harry levantou a cabeça lentamente, olhando para o lado. A expressão que ele fez valeu o meu dia. Eu não sabia que eles sentiriam tanto a minha falta.
— MEU DEUS! EU 'TÔ VENDO DIREITO? — esfregou os olhos e eu balancei a cabeça, sorrindo. Então, ele se aproximou e me deu um abraço. Não um simples abraço. Era tão apertado que parecia me sufocar, mas eu poderia ficar sufocada ali, não tinha problema. Foi tão sincero que apenas o abracei com a mesma intensidade, claro que não com a mesma força, devido ao pequeno detalhe de ele ser homem. — Rachel, eu senti tanto a sua falta! Os caras também! — confessou, se distanciando e me dando vários beijos estalados na bochecha.
— Ouuun Haz, eu também senti de vocês, muita! — afundei a cabeça na curva de seu pescoço e o abracei novamente. Ele fez carinho na minha nuca e apoiou o queixo em minha cabeça. Eu estava apreensiva para aquele reencontro com Thur e tudo mais, mas Harry foi tão carinhoso, tão lindo com aquela recepção, que me sentia preparada para qualquer coisa. Até para encontrar Sophie e Thur dando uns amassos.
— 'Tá, chega! — Mel pediu, batendo palmas. — Vamos levar logo essas cervejas lá pra dentro antes que eu perca a paciência com essa melação aí! — riu e Harry e eu nos soltamos.
— Está com ciúmes? Tem pra você também! — Harry disse abraçando-a e ela o empurrou rindo.
Pegamos as sacolas e entramos na casa. Mel veio por último, pois ia estacionar o carro na garagem de Mica. Durante o percurso até a porta, Harry e eu conversávamos bastante, ele me perguntava por que eu tinha sumido, por que não saía mais com eles. Inventei que era cansaço, mas ele disse que nada como sair com amigos para curar o stress. Está certo, eu sei, mas eu sabia que Sophie estava indo nessas ‘saídas’. Ficamos esperando Mel sair do carro, parados na porta. Não tinha nenhuma movimentação por ali, os meninos deviam estar em outro cômodo. Mel apareceu e aí então entramos. Passamos por uma bela sala completamente branca e com alguns móveis pretos, eu não sabia que Mica tinha tal bom gosto para decoração. Fomos para um corredor à direita e entramos na cozinha, coloquei as sacolas em cima de uma mesa e Harry abriu o freezer. Pegou apenas as cervejas de duas das sacolas.
— Essas aqui vão pro freezer lá de cima — falou já pegando as outras três sacolas. Devia estar levando para onde os outros estavam. Seguimos Harry, e Mel não parava de comentar como estava espantada com o fato de uma casa tão bonita pertencer ao Mica. Depois de passarmos novamente pelo corredor, vimos uma escada circular, de madeira. Subimos e eu já pude ouvir um som alto e algumas risadas. Dentre elas, a gargalhada nada discreta de Thur. — Aqui é onde tudo acontece, meninas — Harry disse apontando para a porta fechada e a abriu em seguida. Senti um frio na barriga anormal quando consegui ver o interior daquele lugar, porque Thur estava parado, de frente para a porta. Era uma sala de jogos, havia uma mesa de sinuca e mais longe uma TV grande com algum video-game ligado. Mica e Chay jogavam alguma coisa e Thur estava segurando o taco, esperando Harry para jogar sinuca com ele. A reação de Thur foi mais ou menos como a minha: parecia que tinha parado no tempo. Creio que ficou realmente assustado com o fato de eu estar acompanhando Mel. Abaixei a cabeça e entrei por último, fechando a porta. Harry foi para o freezer, colocar as cervejas que faltavam, e Mel foi cumprimentar Thur. Mal olhei para frente e Mica e Chay me abraçaram. Se não tivesse uma parede atrás de mim, acho que fariam montinho, porque eu não tinha forças para aguentá-los. A recepção deles foi tão calorosa quanto a de Harry, e eu parei para me perguntar como tinha aguentado tanto tempo longe daqueles bobos lindos. O abraço de Mica foi mais apertado, porque Chay eu via sempre que ia ao nosso apartamento ficar com Mel.
— @#$%! Rachel! Eu nunca pensei que fosse dizer isso a alguém, mas você fez uma falta danada! — Mica confessou ainda me abraçando e eu passei a mão em sua nuca. — Nem me fala, vocês fizeram uma falta maior ainda pra mim! — falei cordialmente e senti que ele apertou mais ainda o abraço. Eu mentiria se dissesse que o modo como fui recebida não me comoveu. Eu senti SIM um pequeno nó na garganta e um aperto no peito.
Quando me soltaram, pude ver Thur segurando uma latinha recém-aberta, ele conversava com Mel. Riam o tempo todo. Fiquei realmente chateada com o fato de ele não ter vindo falar comigo. Sei que eu sumi, que ele não tinha obrigação nenhuma de fazer tal coisa, mas se antes eu achava que nós estávamos caminhando para um lado em que parecia que nunca tínhamos nos visto antes, agora eu tinha certeza disso. Mica e Chay voltaram para o video-game e Harry se sentou atrás deles, torcendo, colocando pilha. Vez ou outra, um dos dois dava um tapa para que ele se calasse. Caminhei em direção ao freezer, mas só quando cheguei lá percebi que para abri-lo teria de pedir licença a Thur. O que eu ia fazer? Não me sentia à vontade em falar nada com ele. Já sei, eu diria 'MEL, PEGA UMA CERVEJA PRA MIM?’. Desisti. Ela ia me fazer passar uma vergonha maior. Respirei fundo.
— Com licença — pedi sorrindo fraco e Thur se afastou bruscamente, então abri e peguei uma latinha. Ah, mas a idiota da Melanie não podia simplesmente olhar aquilo calada.
— Thur, deixa eu te apresentar a minha amiga Lua. Mas em público, quer dizer, se o público for os seus amigos, ela é Rachel. E Lua, esse é o Arthur, mais conhecido como Thur — ela disse puxando a mão de Thur com uma mão e a minha com a outra, para que déssemos as mãos.
— Prazer — ele juntou as nossas mãos e riu cinicamente. Não muda nunca, não importa quanto tempo eu fique sem vê-lo. Meu estômago revirava.
— É todo seu — falei e dei um sorriso irônico, apertando ainda mais a sua mão. Mel arregalou os olhos e saiu de perto. Vou matá-la.
— É mesmo — Thur disse apertando a minha mão de forma incômoda e sorrindo.
— Solta a minha mão, Thur — eu queria rir, mas estava começando a doer, mesmo.
— Não. Palavra mágica? — perguntou com um sorriso maroto.
— Por favor? — respondi em dúvida.
— Resposta errada — apertou mais um pouco e eu comecei a me contorcer.
— AI AI AI, SEI LÁ! — tentei puxar o braço, mas era impossível.
— "Eu senti falta do Thur" — mandou-me repetir simplesmente, como se não estivesse fazendo nada comigo e como se merecesse ouvir isso.
— EU SENTI FALTA DO THUR — falei antes que ficasse pior e ele soltou, em seguida, como em um reflexo pegou a cerveja que eu ia abrir e abriu, bebendo. — Porra! Agora pega outra pra mim — fiz carinho em minha mão e Thur abriu o freezer, me dando outra cerveja. — Obrigada. Quer dizer, obrigada nada, não fez mais que a obrigação.
— Olha que eu derrubo essa daí! — falou em um tom provocativo e eu segurei a minha latinha com mais força. — Deixa eu abrir pra você — entreguei a latinha receosa de que ele ficasse com ela, mas não, Thur largou a que segurava em cima do freezer e abriu a minha, me devolvendo e pegando a sua de volta. — E então, como você está? — perguntou colocando a mão livre no bolso e, agora, se encostando à mesa de sinuca. Fiquei de frente para ele, encostada no freezer.
— Bem, eu acho — sorri fraco e bebi um pouco de cerveja. — E você?
— Bem, eu acho — me imitou e eu dei um chute leve em sua perna. — Estou bem sim — sorriu. — Trabalhando muito?
— Er, todo dia — respondi desanimada e Thur ficou sério.
— Você já está perto de se formar, né? — perguntou do nada.
— É — respondi simplesmente e bebi mais cerveja, ele fez isso também, ao mesmo tempo.
— EI CASAL, JUNTEM-SE A NÓS! — Chay gritou e eu corei. Thur mostrou-lhe o dedo. Comecei a caminhar em direção a eles, Thur vinha atrás. — MAS TRAGAM UMA LATA PRA MIM, NÉ? DÃ!
— Folgado — Thur resmungou e voltou para buscar uma latinha. Sentei ao lado de Harry, que estava atrás de Mel, Chay e Mica. Ele entregou a latinha ao dono e sentou do outro lado de Harry. — Ei, eu não quero ver dois idiotas jogando esse jogo idiota — irritou-se e nós rimos.
— Thur, cara, cala a boca. Você não tem onde dormir, cara. E cara, eu 'tô te acolhendo aqui, com todo o meu coração e você me chama de idiota? Cara, é muito decepcionante. — Mica disse sem tirar os olhos da TV.
— Eu nunca vi colocar tanto ‘cara’ em uma frase só! — Harry zombou, dando um pedala em Mica.
— Você vai ver onde o ‘cara’ vai parar, Haz — o outro rebateu e todos riram.
Tocava alguma canção dançante, em um volume praticamente ensurdecedor. Mel levantou e me chamou pra dançar. Recusei, pois fiquei completamente tímida, porém não adiantou muito. Ela me xingou e todos começaram a gritar ‘aceita’ em coro. Levantei querendo matá-la e segurei sua mão. Fomos para perto da mesa de sinuca e começamos a dançar juntas. Fazíamos caras e bocas e rebolávamos o tempo inteiro. Se tinha algum menino jogando video-game, agora o jogo tinha sido praticamente esquecido. Os quatro ficaram um ao lado do outro, batendo palma e assobiando. Mel e eu gargalhávamos, ainda dançando, e eles pareciam quatro bobões, quase babando. Claro que eu me aproveitei da situação. Fiquei atrás de Mel e coloquei as mãos em sua cintura, começamos a descer até o chão, deixando os garotos loucos!
— Só tem frouxo aí... Nenhum tem coragem de se unir a nós! — Mel provocou.
— Pelo amor de Deus, não fala uma coisa dessas... — Thur disse passando a mão no cabelo, nervoso e rindo. Ela foi até Chay e o puxou pelo colarinho da camisa, trazendo-o para perto, ele ficou no meio e nós dançamos nos esfregando nele, que ficou maluco e chamou os amigos de maricas. Quando menos esperei, Harry veio e ficou atrás de mim, então me separei de Chay e Mel e fiquei de frente para ele. Thur e Mica foram pegar cerveja e depois foram até a mesa de sinuca, jogar. Passei os braços ao redor do pescoço de Harry e ele passou os dele ao redor da minha cintura, dançamos com os corpos colados. Chay e Mel brincavam de dança de salão, fazendo todos rirem. Enquanto dançava com Harry, notei uma coisa que me deixou um tanto quanto confusa. E dessa vez não foiThur. Foi Mica. Quando chegou a uma das vezes de Thur dar a tacada, notei os olhos de Mica atentos em um ponto fixo. Tentei acompanhar o seu olhar e percebi que ia à direção de Mel. Sim, olhei de novo e só tinha como ser para ela. Ele só podia estar bêbado. Ou olhando para o Chay. Não, era para Mel mesmo. Antes que pudesse prestar mais atenção, Harry me puxou de uma vez, mudando os passos de dança.
— Você dança bem! — elogiei encarando Harry e rebolando junto a ele.
— Só quando a pessoa com quem eu estou faz isso melhor do que eu — brincou. — Nossa, 'tô melhorando, percebeu?
— Babaca! — dei um pedala em sua nuca e ele riu. Olhei novamente para a mesa de sinuca e vi Thur esperando Mica jogar. Nossos olhares se encontraram e ele deu um meio sorriso. Fiz o mesmo, arqueando as sobrancelhas e depois desviei o olhar, sentindo o coração bater quase mais alto do que as caixas de som.
— O que tem aí pra comer? 'Tô com uma fome do demônio! — ouvi Mel gritar e depois percebi que ela e Chay tinham parado de dançar e ele estava concentrado tentando tirar alguma mancha de sua camisa.
— O Harry comprou sushi! — Mica respondeu e, se eu não tivesse visto aquilo, não acreditaria. Mel SORRIU cordialmente para ele e ele FEZ O MESMO.
— AMO SUSHI! — ela berrou mais uma vez e os meninos riram. Harry e eu paramos de dançar e fomos até o freezer pegar duas latinhas, uma para ele e outra para mim. — Anda Harry, seu enviado do demônio, vai lá buscar pra mim!
— Eu não, se vira! — Harry disse em tom de brincadeira e Mel fez careta.
— Onde tá essa buc@#$? — Mel perguntou e Thur apontou para a calça dela. Nós gargalhamos e ela fez careta mais uma vez. — Essa daqui eu sei muito bem onde 'tá, quer que eu te ajude a encontrar o que deveria estar nas suas calças? — perguntou colocando as mãos na cintura e sendo aplaudida por todos, menos por Thur, que pediu para ela colocar a mão lá. Foi repreendido porChay, que pediu respeito, rindo.
— Vamos, eu busco com você! — Mica se ofereceu e Harry teve quase a mesma reação que eu, porque, além de ficar espantado, ainda soltou uma risada abafada. Olhei para Thur e ele balançava a cabeça negativamente, rindo. Mel mal respondeu, simplesmente o seguiu.
— Eu passei muito tempo fora ou eles dois estão começando a se entender? — perguntei confusa e Harry e Chay me olharam com a mesma expressão que eu devia mostrar, o único natural com a pergunta foi Thur.
— Acho que um pouco dos dois — respondeu, dando de ombros, com um sorriso tímido, me fazendo quase suspirar na frente de Harry. Chay agora jogava no lugar de Mica e cantava vitória por acertar mais do que o amigo, deixando Thur perceptivelmente irritado.
— Vai dizer que você não estava se matando pra nos ver de novo? — Harry me acordou do transe temporário e passou uma das mãos pela minha cintura.
— Convencido, hein? — brinquei bagunçando o seu cabelo e ele fez careta. — Mas digamos que você tem um pouco de razão.
— Eu sei — respondeu simplesmente e me deu um tapa leve nas costas. — Você é brother, sem você não era a mesma coisa — ok, depois de ouvir isso, digamos que eu suspirei idiotamente e dei um abraço muito apertado em Harry.
— Haz, traz uma cerveja pra mim? — Thur pediu e Harry me soltou bruscamente, se virando e abrindo o freezer. Depois de pegar a latinha, foi até Thur e este deu o seu taco para que Harry continuasse o jogo com Chay [n/a: notaram o esquema do seu McGuy? Espertinho ele, não?]. Thur passou direto para uma porta perto da televisão, que eu creio ser o banheiro. Continuei tomando a minha cerveja e olhando os dois jogarem. Pegava-me rindo sozinha várias vezes, Harry e Chay só faltavam se estapear. Thur saiu do banheiro e pegou a latinha que tinha deixado na parte de madeira da mesa de sinuca, vindo para o meu lado e fazendo as minhas mãos gelarem. — Vamos olhar e analisar qual dos dois é o pior — falou baixo, para que somente eu escutasse e eu ri.
— Coitados, Thur. Nem são tão ruins assim — mal acabei de falar e Harry, ao dar uma tacada, conseguiu fazer uma bola pular da mesa. Caímos na risada.
— Eu falei que eles eram ruins — deu de ombros e tomou uma golada de cerveja.
— Cadê a Mel e o Mica? Que demora é essa? — perguntei procurando-os com o olhar e Thur soltou uma risada abafada. — Que foi? Falei alguma besteira?
— Não, nada — balançou a cabeça negativamente e tirou o celular do bolso. Eu juro que fiz de tudo para não olhar o visor de seu aparelho, mas a tentação foi mais forte. Antes não tivesse olhado. O papel de parede era uma foto sua com Sophie, ele a abraçando por trás e ela segurando um poodle branco. Ambos sorrindo. Abaixei a cabeça em um impulso e em seguida virei a latinha, quase a esvaziando. Thur me olhou assustado. — Desde quando você ficou assim? — indagou rindo.
— Assim como? — o olhei confusa.
— Bebendo desse jeito que você fez! — respondeu com os olhos arregalados e eu ri.
— Ah, eu tenho uma maneira de beber diferente dessa? — perguntei curiosa e ele guardou o celular no bolso novamente.
— Tem... — Thur respondeu naturalmente e eu corei. — E não é nada parecida com essa. Você bebeu parecendo um homem. Lua, você é uma dama! — brincou, bagunçando o meu cabelo e eu empurrei sua mão, rindo. Antes que falasse mais alguma coisa para contestar, Mica e Mel apareceram na sala, ela carregava uma travessa grande, cheia de peças de sushi e ele segurava os palitinhos, os saquinhos de shoyu e os pratinhos.
— Onde eu coloco essa merda? Mica, como você não coloca uma mesa na sala de jogos? Só pode ser uma anta mesmo — Mel perguntou inconformada, procurando um lugar que desse para colocar a travessa. Agora sim o tratamento parecia o que eu estava acostumada.
— Tem uma mesa aí — Mica respondeu controlando a risada.
— Onde? Só se for no meu @#. — claro que Mel tinha que vir com as suas respostas sutis.
— A de sinuca, ué. Não está vendo? — apontou para lá e mandou Chay e Harry pararem de jogar. Os dois contestaram, mas ele disse que era isso ou eles dormiriam na sala. Mel bufou, mas colocou a travessa no meio da mesa.
Todos pegaram os seus palitinhos, shoyu, pratinhos e se serviram. Estava muito gostoso mesmo, tanto que ninguém praticamente abriu a boca. Só Mel, para xingar Chay por ter derramado shoyu em sua blusa nova. Após reclamar, Chay apenas derramou mais um pouco e ela o estapeou. Nós assistíamos à troca de ofensas — quer dizer, às ofensas de Mel, porque Chay apenas sorria maliciosamente e aprontava mais alguma coisa — e comíamos ao mesmo tempo. Thur estava ao meu lado e vez ou outra me pedia ajuda com os palitinhos, porque eu o ajudava a fazer do jeito certo, mas ele ia e os tirava da posição, tendo que aprender tudo de novo. Não preciso nem dizer que tocar em suas mãos para ensiná-lo praticamente me fazia voar. Senti tanta falta de tocar aquela pele macia e senti-lo corresponder ao meu toque. É, parece que nós estávamos conseguindo levar tudo isso numa boa. Apesar de realmente desejá-lo, eu estava feliz por não estarmos constrangidos e por conversarmos normalmente. Mica saiu para buscar guardanapos e cada um pegou um. Corei ao ser surpreendida por Thur, que usou um para limpar alguma quantidade de shoyu em meu queixo. Ele fez isso com tanto cuidado, que esqueci, por alguns segundos, que é comprometido e que nós não temos nada. Senti-me uma imbecil por ter fechado os olhos. O que ele devia estar pensando? Então, os abri bruscamente e Thur sorriu, parando de limpar meu queixo e voltando para mais uma rodada de sushi. A travessa foi esvaziada e nós pegamos mais cervejas.
Combinamos como seria a divisão de quartos. Harry e Chay dormiriam em um; Mica e Thur em outro, e Mel e eu em outro. Harry me chamou para dançar e quando percebi todos estavam se levantando para fazer isso. Fizemos uma roda e ficamos dançando juntos, aprontando aquelas coisas de sempre, como aquela em que de 20 em 20 segundos alguém dança sozinho ou escolhe alguém para dançar consigo no meio da roda. Foi aí que eu perdi o chão. Thur foi o primeiro a ir, ele fazia algumas palhaçadas ao invés de dançar e nós ríamos bastante. Quando faltavam 10 segundos para a sua performance acabar, ele me olhou no fundo dos olhos e me chamou com seu dedo indicador. Todos gritaram e eu senti um empurrão — que creio ter vindo de Mel —, fiquei cara a cara com Thur. Ele me puxou pela cintura e nossos corpos ficaram colados. Sua mão ficou fixada em meu cóccix e a outra segurava a latinha de cerveja. Ficamos com as testas coladas, ele me olhava profundamente e eu já estava um pouco alterada, com os desejos aflorados. Apenas o olhei na mesma intensidade e senti as pernas formigarem. Thur agora tinha um sorriso malicioso e a mão que estava em meu cóccix, estava encaixada em meus cabelos, me fazendo quase gemer. Eu já nem sabia o que acontecia em volta. Estava praticamente subindo pelas paredes. Alguém gritou que o tempo tinha acabado e eu odiei tal fato. Thur voltou para o seu lugar e eu para o meu. O próximo a ir foi Mica, que puxou Harry para dançar com ele e arrancou gargalhadas de todos. Olhei para Thur e o vi me olhar da cabeça aos pés. Sua expressão era de completo desejo. Eu sabia que não tinha forças para lutar contra aquilo, ainda mais pelo fato de estar me sentindo igual ou pior do que ele. Mel me deu uma cotovelada e a olhei sem entender, ela deu um sorriso malicioso, como se entendesse o que estava acontecendo. Eu disse que pegaria mais cerveja para nós duas. Senti Thur me acompanhar com o olhar enquanto caminhava até o freezer. Peguei duas latinhas e voltei para a roda, dei uma para Mel e abri a outra. Chegou a minha vez de dominar a pista. Dei uma golada na cerveja e a ergui, fechando os olhos e indo até o chão, arrancando aplausos e assobios. Em seguida, coloquei as mãos nos joelhos e rebolei sensualmente, virada para Thur, de propósito. Fiz questão de morder o lábio inferior enquanto fazia isso. Ele agora me olhava com os olhos semicerrados e a cara mais sem vergonha que eu já o vi fazer. Ele bebia a cerveja de forma desesperada, como se esperasse que aquilo fosse amenizar a situação. Era óbvio que estava louco para me beijar, louco para me sentir. Fiquei impressionada em como eu consigo ter uma boa percepção quando estou bêbada. Meu tempo acabou e eu deixei a sala, precisava sair de perto de Thur.
Controlar o desejo que eu estava sentindo era cada vez mais difícil, devido aos olhares que ele jogava. Por dentro eu sabia que o motivo pelo qual deixei a sala foi o de fazer Thur vir atrás de mim e fazer exatamente o que eu queria que fizesse. Desci as escadas quase rezando para que ele entendesse o recado. Eu já mencionei que sou fraca para bebida, então bastaram algumas latinhas para que eu já enxergasse os degraus com dificuldade. Apoiei-me no corrimão e continuei descendo. Cheguei ao andar de baixo e sentei no último degrau da escada, ainda com uma latinha na mão. Ela estava quase vazia e eu fiz o favor de acabar logo com aquilo. Olhei para um ponto fixo e parecia estar viajando. Tudo o que eu lembrava era do jeito que Thur me olhava enquanto dançava. Deus, como aquilo mexia com o meu sistema nervoso. Senti como se alguém estivesse descendo as escadas, pois os degraus eram de madeira. Olhei para o alto e quase vibrei explicitamente ao ver que o alguém era Arthur. Aquele maldito conquistador e quebrador de promessas internas. Eu sabia que bastaria ele me dizer ‘oi’ para que eu estivesse completamente vulnerável e me jogasse em seus braços. Thur desceu e sentou ao meu lado, ainda segurando a sua latinha de cerveja.
— Então... — começou e eu achei que teria um ataque cardíaco.
— Então o quê? — perguntei impaciente e percebi que ele me olhava fixamente. Senti pontadas em todas as partes do corpo possíveis e nem esperei que me respondesse. Encaixei os meus dedos em seus cabelos e o puxei com agressividade.
Thur não pareceu nem um pouco surpreso com o que eu havia feito, porque também encaixou os dedos em meus cabelos, mas fez melhor do que eu, pois inclinou a minha cabeça para trás, puxando-os, deixando o meu pescoço exposto. Foi então que o canalha fez o que mais me deixa louca. Sua língua passeou por todo o meu pescoço, indo parar em meu decote e fazendo o caminho de volta. Soltei um gemido baixo e puxei ainda mais os seus cabelos. Ele agora inclinava a minha cabeça com as duas mãos, mordiscando o meu queixo e em seguida sugando o meu pescoço. As minhas unhas já estavam fixadas em seu pescoço. Finalmente as nossas bocas se encontraram. Nossas línguas praticamente brigavam por mais espaço. Thur colocou as mãos em minha cintura e me guiou, ainda beijando, até seu colo. Cessamos o beijo e eu me acomodei melhor no colo dele, as minhas pernas estavam flexionadas, os joelhos iam de encontro com o degrau e suas mãos estavam em minhas coxas. Olhamo-nos por alguns segundos, não um olhar normal, era como se a cada milésimo de segundo que os nossos olhos permanecessem ligados, o desejo aumentasse ainda mais. Eu podia sentir a necessidade de Thur com precisão. Não só pelo modo como se comportava, mas porque o seu organismo o entregava. Passei a mão por seu abdômen ainda vestido e tirei sua camisa com certa pressa. Em seguida, arranhei o seu peitoral e o ouvi soltar uma exclamação, me deixando louca e, er, mais excitada ainda. Joguei sua camisa para trás e coloquei a boca na curva de seu pescoço, chupando-o. Suas mãos agora estavam em minhas juntas, quando percebi, ele já estava de pé e eu sendo carregada, em direção à cozinha.
Enquanto passávamos pelo corredor, fui pressionada contra a parede e beijada com certa urgência, aquilo me deixava fora do controle. Entramos na cozinha e Thur me sentou na mesa, ficando em pé entre as minhas pernas. Passou os braços entre os meus e se apoiou na superfície, mordendo o meu ombro e passeando com a língua até o pescoço, subindo para o queixo e depois para a minha boca, situando-a junto à minha. Senti as suas mãos apalparem os meus seios, então o empurrei e tirei a blusa que usava, puxando-o novamente e deixando os nossos corpos colados. Thur se desviou e derrubou tudo o que havia atrás de mim na mesa, me deitando e ficando por cima de mim. Se apoiou com os cotovelos e ia descendo os beijos até o meu decote. Depois desceu para a minha barriga e a mordia. Eu puxava os seus cabelos e fechava os olhos com força, quase gritando para que não parasse. Aguiar levantou a minha saia e brincou com a minha calcinha com a ponta dos dedos, levantei as pernas e as deixei em volta de seus ombros. Thur tirou minha peça íntima e segurou uma de minhas pernas, mordendo e beijando durante o percurso até onde queria realmente chegar. Senti milhares de formigas percorrerem o meu corpo quando a boca dele chegou ao lugar certo. As minhas unhas agora arranhavam a madeira. A cada movimento de sua língua, eu gemia ainda mais alto, o deixando louco, podia sentir isso devido à forma que Thur intensificava os exercícios. Pressionei sua cabeça entre as minhas pernas e fixei as unhas em seu couro cabeludo, ele levantou a cabeça instantaneamente e mordeu seu lábio inferior, me deixando ainda mais maluca. Continuou e, oh céus, como faz isso bem. Parece ter nascido só para fazer aquilo. Aquela corrente elétrica começou a subir dos meus pés até a minha cabeça. O meu corpo se contorceu naturalmente e eu senti vontade de gritar. Senti as pernas ficarem dormentes e caírem sobre a mesa, sem o meu consentimento. Tinha dificuldade para respirar. Meus olhos estavam fechados e eu sentia as gotas de suor escorrerem em meu rosto. Abri os olhos lentamente, ainda respirando ofegante e vi Thur em pé, me observando, paralisado. Sorri fraco e ele fez o mesmo. As minhas pálpebras pesavam. Eu estava incrivelmente relaxada. Ouvimos um barulho, alguém descia as escadas. Thur logo juntou a minha calcinha e a minha blusa, sentei em um impulso e me recompus. Saímos da cozinha correndo e demos de cara com Chay.
— O que vocês dois estavam fazendo? Que cara de culpados! — o idiota falou em um tom malicioso e com um sorriso maroto. Senti uma vergonha indescritível, apenas abaixei a cabeça. — E se o que você procura é a sua camisa, Thur, tá bem ali! — continuou, apontando para o canto.
— Valeu, Chay. Você sempre aparece na hora certa — Thur disse sarcástico e o amigo riu.
— Tô indo na cozinha buscar mais cerveja e espero sinceramente que não tenha nenhum material de borracha jogado pelo chão. — ironizou rindo, enquanto Thur vestia sua camisa. Eu queria matar o Suede.
— É bom você ir tomando a sua última latinha, antes que eu te mate — Thur rebateu, rindo, e eu invejei a sua tranquilidade. Chay deu de ombros, rindo mais ainda, e caminhou até a cozinha.
— Meu Deus, Thur, que vergonha! — falei balançando a cabeça e levando uma das mãos ao rosto. Ele soltou um riso abafado e me deu um beijo na bochecha.
— Vamos subir — falou simplesmente, estendendo a mão e eu a segurei. Como senti falta de fazer isso. Ainda mais depois do que tinha acontecido na cozinha.
A cada degrau mais próximo daquela sala de jogos, eu ficava mais nervosa. Thur percebia como me sentia e apenas me mandava relaxar. Segundo ele, nada do que nós fizemos era novidade para nenhum dos outros quatro. Bati em seu braço, dizendo que não é legal essa sensação para as mulheres, mas ele disse que era só agir naturalmente. Respirei fundo e entramos na sala. Eu não sei se era o meu subconsciente martelando ou se estava escrito na minha testa ‘EU TIVE UM ORGASMO’. Todos nos olharam com umas caras engraçadas, como se soubessem exatamente o que tinha acontecido. Thur entrou na frente, inconscientemente para me deixar mais confortável. Ouvi risadinhas, provavelmente vindas de Mica. Abaixei a cabeça e entrei timidamente. Fui até o freezer e peguei uma cerveja, Thur foi para o banheiro e Harry soltou uma risada abafada. Senti uma mão me puxar e eu já sabia quem era. Mel me puxou para o canto, perto da mesa de sinuca e nós sentamos.
— Me dá um pouco da sua cerveja! — tomou a latinha da minha mão, deu uma golada e devolveu. — Obrigada. Então, AMIGA, ESTÁ ESCRITO NA SUA TESTA QUE ROLARAM MUITAS COISAS — ela começou a falar e eu nunca me senti tão envergonhada.
— Ai meu São Cristóvão. Mel, pelo amor de Deus, só você percebeu, né? — perguntei já imaginando a resposta.
— Dãããã, estamos falando de pessoas adultas que já treparam. — respondeu naturalmente, me fazendo sentir idiota.
— CÉUS! — bati em minha própria testa. — E agora?
— E agora é sorrir pra vida, minha cara — começou a rir e me olhou séria. — O que rolou? Quero detalhes! — bateu palminhas.
— Você quer que eu te conte aqui? Perto deles? — perguntei impaciente, olhando para Mica e Harry, que brindavam. Enquanto isso, Thur saiu do banheiro e foi recebido com aplausos pelos amigos.
— Acorda, anta! Eles nem vão ouvir nada, agora a distração vai ser o Thur, nem vão lembrar de você — deu de ombros.
— 'Tá, 'tá... — respirei fundo e soltei um suspiro. Mel soltou um grito abafado, esperando. Então, tomei uma boa quantidade de cerveja. — Digamos que o Thur fez o que as mulheres mais gostam... — comecei e ela já entendeu, me dando vários tapas na perna.
— VOCÊ ESTÁ ME ZOANDO QUE ELE TE... — prendeu a respiração e levou uma das mãos à boca. — AI PAPAI DO CÉU, COLOCA UM DESSE NA MINHA VIDA!
— Mel, coitado do Chay! — a repreendi, incrédula e rindo.
— Ele é ótimo, não tenho do que reclamar, mas digamos que nós dois ainda não chegamos a esse extremo...
— É, entendo. Essa foi a primeira vez que ele fez isso em mim — soltei uma risadinha e pude jurar que Thur fez leitura labial, pois me olhava sorrindo descaradamente. Baixei o olhar e voltei a encarar Mel, que agora brincava com a ponta de seu cabelo.
— Foi onde? — perguntou, saindo de um transe temporário.
— Na cozinha! — respondi já caindo na risada e ela agora soltou uma de suas melhores gargalhadas. — Fizemos a maior bagunça.
— O Chay... — começou a rir mais ainda. — O Chay está lá! Nossa vocês tão f*****!
— É, eu sei — falei desanimada. — A gente deu de cara com ele quando tava indo subir a escada. — mal terminei de falar e o Suede entrou, segurando algumas latinhas. Para a minha sorte, foi direto colocá-las no freezer.
— Prepare-se — Mel alertou, vendo Chay se aproximar de nós duas. Oh meu Deus, consegui sentir as minhas bochechas ficarem vermelhas.
— Se a mesa da cozinha falasse... — ele falou, sentando ao lado de Mel e depois deu um selinho nela, que ria.
— Cala a boca, Chay. Você não sabe de nada — tentei parecer tranquila, mas ele deu uma risada alta.
— Nem preciso, só em ver o trabalho que o Mica vai ter pra juntar achocolatado em pó do chão, já vale por qualquer coisa que alguém me contasse! — provocou e eu dei um tapa em seu ombro.
— Parei com você, tchau! — levantei e Mel e ele ficaram mais próximos, se beijando.
— Ei Rachel, vem aqui... — Mica chamou com um tom provocativo e Harry ria descontroladamente. Thur apenas passava a mão no cabelo, rindo de forma tímida. Eu já sabia o que me esperava, mas não tinha pra onde correr mesmo, então apenas me juntei aos três. Sentei entre Thur e Mica.
— Saco, que é? — perguntei olhando-o impaciente.
— Saco e tudo mais, né? — ele respondeu e eu quis cavar um buraco e me esconder lá para sempre.
— Cala a booooooca! — gritei e bati em seu braço, escondendo o rosto com as mãos e ouvindo gritos de Harry e até de Mel e Chay do outro lado da sala. Não sei como Thur estava reagindo, eu não conseguia tirar os olhos do chão.
— Mica, vamos jogar e deixar o casal fumar um cigarro! — Harry disse se levantando e levando o amigo junto, para a mesa de sinuca. Tive vontade de matá-los lentamente.
Senti a mão de Thur tocar as minhas costas, enquanto eu brincava com o piso com as pontas dos dedos. Fiquei arrepiada e o olhei subitamente. Ele esboçou um sorriso e piscou pra mim. Olhei dele para o seu ombro e ele assentiu, como se entendesse que eu pedia para encostar a cabeça ali. O fiz e Thur começou a massagear a minha cabeça, enrolando meus cabelos com os dedos. Fechei os olhos e apenas fiquei sentindo cada toque. Já tinha esquecido que segurava uma lata de cerveja e que precisava tomá-la. Mas nem precisei lembrar.
— Sua cerveja vai esquentar — me acordou de um sonho acordada e afastei a cabeça de seu ombro subitamente, tomando mais uma golada.
— Agora não mais — sorri fraco e tomei mais um pouco. Thur se mexeu rapidamente e, quando percebi, metade de seu corpo estava atrás de mim. Ele deitou de lado, apoiando a cabeça na mão e o cotovelo no chão. Olhei para trás e ele me olhava com uma cara engraçada. — Que foi?
— Seu cheiro fica mais forte por aqui — falou encostando o nariz em minhas costas e eu transpassei um dos braços por ele, apoiando a mão no chão. Thur levantou a cabeça e ficou me olhando. Aquilo me deixou incrivelmente corada.
— Cheiro ruim? — brinquei.
— Tão ruim que eu simplesmente não consigo tirar o nariz de perto de você — certo, por que ele faz isso? POR QUÊ?
— Para, Thur, eu fico envergonhada desse jeito. — falei dando um cutucão em sua bochecha e ele riu, depois respirou fundo e ficou de pé. Tudo assim, de repente. Thur ficou em pé, em minha frente e estendeu a mão. Levantei e começamos a dançar. Chay e Mel também vieram e Mica e Harry apenas bebiam e jogavam sinuca. Ficamos dançando os quatro em uma rodinha, Mel e Chay se beijavam às vezes e eu queria fazer o mesmo com Thur, mas ele parecia estar mais preocupado em esvaziar sua latinha de cerveja. Eu não conseguia deixar de rir do jeito que ele dança quando está mais alterado. Ficava jogando uma perna para cada lado e se apoiava em meu ombro para pular. Depois se juntou com Chay e os dois deram um show para Mel e para mim, que ríamos descontroladamente. As horas foram passando e todo mundo já estava um tanto quanto dormente, principalmente Harry e Chay. Colocamos os dois para dormir no quarto que dividiriam e depois nos despedimos de Mica e Thur. Fomos até o quarto que ficaríamos e cada uma deitou em uma cama. — Preciso de um banho — comentei com preguiça e Mel riu.
— Também, depois de tudo aquilo... — zombou e eu arremessei um travesseiro nela, que riu. — Só não jogo de volta porque to com preguiça!
Levantei me arrastando e peguei uma toalha na sacola que tinha levado para ficar lá. Separei o baby-doll e a calcinha e fui para o banheiro, que ficava no corredor, entre o quarto que estávamos e o quarto que Mica e Thur estavam. Entrei e me tranquei. Tirei a roupa lentamente e liguei o chuveiro. Prendi o cabelo em um coque e senti a água bater no corpo. Era uma sensação boa, eu estava bem. Thur e eu tínhamos nos reaproximado. Tudo bem que não cem por cento da forma que eu queria, mas pelo menos ele mostrou que ainda me quer. Acho que nunca na vida fiquei satisfeita com tão pouco. Digo, eu nunca tive nada concreto da parte dele. Nós dois não temos nada concreto. Mas basta que ele me olhe com um olhar um pouco diferente para que eu sinta uma segurança, uma garantia de que não estou sozinha. Seu sorriso é o mais lindo, o mais sincero, e se torna imensamente mais encantador quando é para mim. Mesmo quando estávamos estranhos, vir Thur sorrir sempre me deu uma alegria a mais. Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha. Vesti o babydoll e lembrei que tinha deixado a escova de dente no quarto.
Abri a porta e fui surpreendida. Uma mão tampava a minha boca e a outra me apertava pela cintura. Tentei me soltar, mas fui guiada para um quarto escuro. Conheço muito bem aquele cheiro. Ele chutou a porta e acendeu a luz, me soltando.
— Seu louco! Deixa eu sair! — pedi, indo em sua direção e ele ficou na frente da porta, com os braços abertos, para não me deixar sair.
— Shhhh. Vai acordar todo mundo — Thur disse prendendo a risada e eu comecei a rir.
— Bem que você merecia, mesmo. Thur, me deixa sair, o Mica vai pegar a gente aqui e não vai ser legal, ainda mais depois daquilo na cozinha! — argumentei nervosa, tentando convencê-lo.
— Você pensa demais nos outros. — se aproximou e me abraçou pela cintura. Passei os braços pelos seus ombros e o abracei pelo pescoço, fixando as unhas em sua nuca e sendo beijada de forma intensa. Separamos as nossas bocas com vários selinhos. — Se isso te deixa mais tranquila, ele foi dormir com o Chay e o Harry. — continuou me beijando após dizer isso, então o abracei mais forte e o senti fazer o mesmo, me guiando até a cama.
— Thur... — chamei assim que íamos nos deitar.
— A luz? — perguntou me olhando e sorrindo. Apenas assenti. Será que ele tem o meu manual de instruções? Thur foi até o interruptor e desligou a luz, vindo para perto de mim, que estava já sentada na cama, e tropeçando em algumas coisas, devido a pouca claridade que vinha da janela. Rimos. — Acho que te achei! — falou e pulou por cima de mim, eu não conseguia parar de rir e nem ele. Começamos a nos beijar novamente, de forma violenta. Ele estava por cima e eu puxava os seus cabelos, nos viramos e fiquei por cima, mordendo seu pescoço e sentindo a sua mão passear das minhas costas até as minhas pernas. Thur nos inverteu novamente de forma brusca, caímos da cama e ele ficou por baixo, batendo a cabeça de leve no criado-mudo ao lado da cama. Comecei a gargalhar, deitada por cima dele e ele passou a mão no lugar onde bateu, também rindo. — Eu sou demais mesmo. Levo a mulher pra cama e ainda a faço rir! — se vangloriou e levou um tapa no braço. — Porra, Lua. Já tô com a cabeça f**** e você ainda quer detonar o meu braço também? — perguntou num tom de voz carente e eu me derreti.
— Ouuuun, vem aqui! — passei o dedo no lugar onde bateu e fiquei massageando e dando selinhos estalados ao mesmo tempo. Levantamos e ele me jogou na cama.
— Agora eu mostro como é que se faz! — falou em um tom sedutor e eu ri alto. Thur se deitou por cima de mim, flexionando uma de minhas pernas e a pressionando com vontade.
Iniciamos outro beijo, as nossas respirações já começavam a ficar descompassadas e os nossos corpos já vibravam na mesma intensidade. Thur tirou o meu babydoll com todo cuidado, parecia estar tocando em alguma coisa frágil. Aquilo me deixava ainda mais louca por ele, era incrível como me fazia sentir valorizada. Fiquei apenas de calcinha e Thur já estava de boxers. Então, foi descendo, fazendo o caminho com a língua, até chegar a minha virilha. Olhou para mim, sorrindo maroto, e mordeu o elástico da minha calcinha, brincando com ele.
— Duvido que você faça isso! — o provoquei, sorrindo maliciosamente e ele cerrou os olhos.
— Duvida, é? — rebateu e eu assenti. Thur voltou a mordiscar o elástico da calcinha e começou a puxá-la para baixo, mordendo de um lado e puxando do outro com a mão. Sentia a sua respiração percorrer as minhas pernas e o seu dente tocar de leve, aquilo me deixava frenética. E ele conseguiu, dando um sorriso vitorioso após tirar a minha calcinha. Agora Thur estava em pé, erguendo a minha peça íntima e eu fiquei de joelhos na cama, indo até ele e tentando pegá-la. Ele desviava de um lado para o outro e nós ríamos, depois a arremessou para trás e eu lhe dei um tapa. Ao invés de ficar zangado, sorriu ainda mais malicioso, me agarrando bruscamente pela cintura e me enchendo de beijos no pescoço. Enquanto o sentia fazer isso, baixei as suas boxers de uma vez e Thur me olhou rindo, me beijando em seguida e voltando a deitar por cima de mim, ainda com a cueca presa no tornozelo. Quando deitamos por completo, percebi que suas pernas brigaram até que suas boxers voassem. Estávamos completamente nus e aquilo se tornava divertido e prazeroso a cada segundo. Eu mal podia acreditar que estávamos transando de novo. E dessa vez foi bem mais inquieto do que da primeira, agora nós não tínhamos muita noção de espaço e vez ou outra batíamos em alguma coisa. Derrubamos o pequeno relógio do criado-mudo umas vinte vezes. Só faltávamos morrer de rir disso, mas nada apagava o nosso fogo. Os nossos corpos se encaixaram com rapidez, Thur fazia os movimentos cada vez com mais velocidade, me fazendo prender as mãos na cabeceira da cama e não me preocupar em gemer o mais alto que conseguisse.
Caímos novamente da cama, mas aquilo não nos abalou, continuamos o que estávamos fazendo, os nossos beijos pareciam estar cada vez mais quentes e eu sentia as gotas de suor de Thur com precisão, da mesma forma que ele devia sentir as minhas. Quanto mais suado seu corpo ficava, mais eu o puxava, de forma que intensificasse os movimentos. Fiquei por cima novamente e sentei, arranhando seu peitoral e o deixando insano com a forma que me mexia sobre si. Ele pressionava os meus seios com força, mas do jeito certo, do jeito que me deixava ainda com mais prazer. Chegamos ao clímax assim, nessa posição, e eu desmontei, caindo ao lado de Thur, completamente ofegante e dormente. O ouvi rir e o olhei, ele também tinha dificuldade para respirar e tinha uma das mãos na testa.
— Olha aonde nós viemos parar — falou quase que sussurrando. Nós estávamos no chão. Eu até tinha esquecido isso. Começamos a rir juntos e Thur ficou de lado, me olhando, e colocou algumas mechas do meu cabelo atrás da orelha. Fiquei de lado também, de frente para ele e nos abraçamos. Sentir seu coração disparado em meu peito me fez querer dizer tantas coisas, mas eu não podia estragar aqueles momentos em que parecíamos nos conhecer tão bem. Permanecemos daquela forma por alguns minutos, sem falar nada. Apenas ouvindo as nossas respirações e sentindo os corpos úmidos.
Ouvi um barulho e levantei, tomando cuidado para não tropeçar. Acendi a luz e fiquei procurando as partes de meu babydoll e a minha calcinha pelo quarto. Achei a blusinha e o short, mas a calcinha era um mistério. Thur me chamou e apontou para o canto, onde eu vi a peça encolhida e sorri para ele, em agradecimento. Vesti-me e joguei suas boxers em sua barriga, para que as vestisse. Ele o fez ainda deitado e depois levantou.
— Vou indo. A Melanie vai me matar! — avisei, caminhando até a porta e vendo-o deitar na cama novamente.
— Vai me deixar aqui sozinho? — perguntou fazendo cara de cão abandonado e eu quase esqueci que ele me usa com esses joguinhos. Fiz careta.
— Dramático. Eu tenho que ir lá, Thur.
— 'Tá, então vai! — deu de ombros. — Mas se chegar lá e quiser voltar, nem pense. Não quero mais — fingiu-se de durão e prendeu a risada. Mostrei-lhe o dedo.
— Boa noite, Arthur.
— Boa sorte, Lua — respondeu e eu não entendi o porquê daquilo. Apenas apaguei a luz e fui até o quarto onde deveria ficar com Mel. Notei que a porta do quarto estava fechada, então peguei no trinco, mas antes de abri-la, ouvi uns cochichos. Recuei e coloquei o ouvido contra a porta.
— Para, imbecil! — ouvi a voz de Mel falar baixinho e soltar uma risada. Oh não, ela e Chay.
— Você não quer mesmo que eu pare, quer? — ouvi uma voz masculina responder e definitivamente não era a de Chay.
— Cala a boca e faz isso direito, Micael! — ela respondeu e os dois riram. Micael? VULGO Mica? MEU DEUS. MEU DEUS. MEU DEUS. Respirei fundo e pensei que aquilo devia ser um devaneio. A Mel não seria capaz de ficar com dois dos garotos ao mesmo tempo! Eu a conheço! Mas então o que Mica fazia ali? Voltei atordoada, ainda não acreditando no que tinha acabado de ouvir. Apareci na porta do quarto onde Thur estava.
— Que é? Veio pedir pra ficar? Eu tentei avisar — o ouvi dizer e entrei no quarto subitamente.
— VOCÊ SABIA? — perguntei impaciente.
— Depende. Mel e Mica? — respondeu com outra pergunta.
— Uhum... Não me diz que você sabia de alguma coisa?!
— 'Tá ok, eu não sabia — seu tom de voz não me convencia.
— 'Tô falando sério, Arthur!
— Não te entendo. Diz pra eu não dizer que sei e quando eu faço isso, reclama! — falou e eu dei um tapa na primeira parte de seu corpo que enxerguei. — Ahhhh! Agora você vai ver! — ameaçou, pressionando os meus braços e me puxando para o seu colo. Sentei de lado, rindo e tentando me soltar. Thur me abraçou pela cintura, com força, e fixou a cabeça na curva do meu pescoço. O abracei pelo pescoço e fiz o mesmo.
A essa altura, eu já tinha esquecido Mel e Mica.

Continua ..


Autora: Ingrid H.


PS: Me desculpem pela demora.. 
Ps-2: Comentem por favor ..




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