terça-feira, 2 de julho de 2013

Só Tenho Olhos para Você (Capítulo 1)





Lua Blanco checava os preparativos finais para o casamento, cheia de satisfação. Em menos de duas horas, seu irmão Chase e a noiva dele, Chloe, diriam “sim” sob os arcos cobertos de rosas, na presença de 300 convidados. A vinícola de Napa Valley, propriedade de Marcus, o irmão mais velho de Lua, não era só o lugar perfeito para o casamento, mas também onde Chase e Chloe haviam se conhecido e se apaixonado.
A noiva e as madrinhas já se encontravam na casa de hóspedes, fazendo a maquiagem e o cabelo. Lua já deveria ter ido para lá pelo menos uma hora atrás, mas primeiro queria ter certeza de que tudo estava perfeito. Ela era uma bibliotecária, não uma organizadora de casamentos, mas não deixaria passar a oportunidade de ajudar a planejar o casamento de Chase. E fora tudo tão divertido. Bem, exceto por aqueles encontros com...
— Ei Boazinha, está tudo ótimo.
Cada músculo no corpo de Lua enrijeceu ao ouvir a fala arrastada atrás dela.
Arthur Aguiar.
O melhor amigo de seu irmão Micael... e o objeto de 20 anos de amor não correspondido. Obviamente, nesses 20 anos, ela nada fora além da irmãzinha de Micael.
— Meu nome é Lua, não Boazinha — ela retrucou, sem virar o rosto para ele.
Sentiu-o chegar mais perto, o calor dele queimando-a mesmo a muitos metros de distância. Sempre fora muito ligada a ele e sempre ficava instantaneamente alerta à sua presença em qualquer ambiente. Quando pequena, inventava desculpas para juntar-se aos irmãos mais velhos só para estar perto de Arthur, mantendo-se absolutamente quieta para que ninguém se lembrasse de que se encontrava lá enquanto eles jogavam cartas no porão e faziam piadinhas de mau gosto.
A necessidade de virar-se e absorvê-lo, de se perder no brilho malicioso daqueles olhos cor de chocolate era tão forte que ela quase não resistiu. Em vez disso, manteve os olhos focados na arrumação do casamento e nas extensas colinas cobertas de vinhas e flores de mostarda, como se não fizesse diferença se Arthur ficasse para conversar com ela.
— Difícil acreditar que o dia finalmente chegou. —  Ele fez uma pausa, e, quando continuou, ela notou o humor um tanto desdenhoso na voz dele: — Um Blanco vai mesmo se enforcar.
Lua era conhecida na família como a pessoa sensata e de fala mansa, aquela que sempre refletia sobre as coisas antes de agir. Nunca fora afeita a surtos violentos... ou a dar espaço às suas vontades mais íntimas. Esse era o território de sua irmã gêmea, e era por isso que o apelido de Mel era Mazinha e o de Lua, Boazinha. Entretendo, toda a sua a sua tranquilidade sumia e ela raramente sentia-se com os pés no chão quando Arthur estava por perto. Como podia, quando seu coração sempre disparava ao pensar como seria estar aos braços dele... ou quando ele a deixava furiosa fazendo um comentário machista? Geralmente as duas coisas aconteciam ao mesmo tempo, exatamente como ele estava fazendo agora.
Perdendo a batalha com o autocontrole, ela fechou os punhos e virou-se para encará-lo. Para o azar de seus hormônios traidores, Arthur estava mais lindo do que nunca naquele smoking. A camisa branca impecável abria-se o suficiente no colarinho para mostrar os pelos escuros encaracolados no V do peito dele. As tatuagens estavam cobertas, mas, só de saber que estavam escondidas atrás de uma fina camada de tecido, Lua já sentia uma onda de desejo proibido percorrê-la.
— O Chase e a Chloe estão apaixonados – ela disse com uma voz ainda mais incisiva, decepcionada consigo mesma por não conseguir ser indiferente à bela aparência de Arthur. — O casamento deles vai ser maravilhoso, perfeito e incrivelmente romântico.
O fato de Chloe estar grávida e absolutamente resplandecente tornava tudo ainda muito mais lindo, perfeito e romântico. Lua mal podia esperar para cuidar e encher de mimos sua sobrinha ou sobrinho.
— Pelo menos vai ser uma festa de arromba!
O que havia de errado com ele?, Lua se perguntou pela milésima vez em 20 anos. Como podia olhara para uma vida inteira de amor e só enxergar uma festa?
Mas, de novo, considerando que ele passava pelas mulheres com uma velocidade chocante, não era difícil imaginar que fosse um daqueles imbecis que não acreditavam no amor. Um cara rico e bonito com Arthur Aguiar só estava a fim de sexo.
Lua não era nem virgem nem puritana, apesar de as pessoas pensarem isso sobre as bibliotecárias. Muito pelo contrário; se soubessem o quanto ela era bem informada sobre sexo, ficariam chocados.
Especialmente Arthur. Não seria bom demais chocar alguém que se julgava absolutamente indiferente?
Ela sabia, contudo, que era melhor não fantasiar com Arthur, mesmo com seu corpo tomado de desejo desde os primeiros hormônios da adolescência. Mesmo agora, não conseguia fazer nada além de sentir o perfume dele, uma leve pitada de amor com algo que ela nunca fora capaz de denominar além de noite e escuridão.
Lua fez um movimento para arrumar uma cadeira já perfeitamente alinhada.
— Dei uma olhada na arrumação do bar um tempo atrás e parece que tudo está no lugar – ela admitiu relutante. — Você fez um bom trabalho.
Lua podia sentir os olhos escuros dele sobre ela quando Arthur perguntou:
— Tem certeza de que não posso contratar você para gerenciar meus pubs? Precisamos de alguém para colocar as coisas em ordem.
Diante do elogio, uma onda de prazer a percorreu, aquecendo-a por inteiro. Esse era o problema com Arthur. Mesmo quando estava irritada com ele, mesmo que não correspondesse aos seus sentimentos em um bilhão, um trilhão de anos, ela não conseguia fazer nada além de ficar encantada por ele.
Mesmo assim, sabendo que nunca se perdoaria por transformar-se em uma poça de desejo no meio da vinícola de Marcus, simplesmente respondeu.
— Eu sentiria muita falta dos meus livros, obrigada.
A vida toda, Lua mantivera pilhas de livros em todos os cômodos; ao lado da cama, na cozinha. Adorava o jeito como seu e-reader se  acomodava em sua bolsa.
Ciente de que prolongar a proximidade deles naquele lugar absolutamente romântico só traria problemas, ela prosseguiu:
— É melhor eu ir até a casa de hóspedes.
Mas, no momento em que estava se virando para sair, uma lufada de vento arrancou-lhe o chapéu da cabeça. Arthur esticou o braço e alcançou-o antes mesmo de ela poder reagir.
— Peguei.
Parou na frente dela e tirou uma mecha de cabelo que ficara enroscado em seus lábios, enquanto colocava o chapéu de volta no lugar. O rosto dela arrepiou-se diante do toque gentil de pele com pele e Lua lambeu os lábios, nervosa.
As mãos dele pararam na aba do chapéu, os olhos escuros se tornando quase negros enquanto fitava os lábios dela. Durante alguns segundos, nenhum dos dois se mexeu, mas então, de repente, Arthur se afastou e o ar levemente frio do vinhedo pareceu preencher o calor do lugar onde ele estivera.
Com a expressão profundo e cheia de pesar, ele desviou o olhar dos lábios dela e avaliou-lhe a roupa.
— Você não vai usar isso no casamento, vai?
Ainda se recuperando do choque do toque dele, Lua levou muito mais tempo do que deveria para registrar o que ele dissera. De qualquer forma, não pôde deixar de notar o tom de zombaria.
Meses atrás, quando Arthur tinha se oferecido para cuidar do bar no casamento de Chase e Chloe, ela resolvera, num impulso, ensinar-lhe uma lição sobre arrogância. Também pretendia mudar a maneira como ele insistia em continuar a olhar para ela, como uma criancinha, em vez de uma mulher adulta. O plano era fazê-lo deseja-la, descobrir de alguma forma, como deixa-lo desesperado de paixão... para depois desprezá-lo, deixando-o a ver navios pela primeira vez na vida.
Agora, quatro meses depois, entretanto, ela se questionava se tinha se saído bem com esses planos para atrair e então rejeitar Arthur.
Rá!
— Claro que não é isso que vou usar no casamento — ela finalmente respondeu, entre os dentes. — Sou uma das madrinhas da Chloe, com a Mel.
O contorno perfeito do rosto dele mudou de novo, de sisudo [n/z: significado de sisudo: sério] para mal-humorado, antes de ficar indiferente.
— Então é melhor você ir ficar bonita, não é, princesa?
As palavras duras de Arthur caíram como um peso entre eles. Ela não sabia se fora intenção de magoá-la com aquelas palavras, sugerindo que levaria um tempo, e uma boa dose de esforço, para ela ficar bonita... mas, se essa tinha sido ou não a intenção dele, aquela frase a atingiu do mesmo jeito.
Poucos minutos antes, estava orgulhosa pelo que tinha conseguido fazer para a festa de casamento de Chase e Chloe. Agora toda a animação murchara diante da maneira como Arthur olhara para ela, achando-a tão carente, tão desprovida de encanto feminino. Mesmo sabendo que não deveria se importar, mesmo sabendo que era melhor não dar a ele o poder de magoá-la, algumas palavras descuidadas podiam lhe causar mais dano do que todos os puxões de cabelo de sua irmã gêmea.
Será que havia imaginado aquela fome, aquele desejo nos olhos dele? Ou simplesmente queria tanto sentir aquelas faíscas que tinha inventado uma conexão de segundos que, na verdade nunca existira?
Ah, como odiava a maneira como ele acabara de falar com ela, como se ainda fosse uma garotinha em vez de uma mulher totalmente madura, adulta e bem-sucedida. Princesa; ele a chamara de princesa!
De algum modo, aquilo era pior do que Boazinha. Pelo menos, o apelidado da família dela tinha vindo do amor.
De um só golpe, toda a firmeza à qual tentava se segurar no que se referia a Arthur desmoronou dentro dela, sobrando um nó no peito. Ela daria qualquer coisa para chocá-lo, para mostrar a Arthur que ele não sabia porcaria nenhuma sobre quem ela realmente era, que a garota “boazinha” que ele vira crescer era mulher mais do que suficiente para deixá-lo maluco.
Tendo crescido em uma família de irmãos extraordinários, Lua sabia que era melhor não tentar competir com eles. Ela nunca havia deslizado em uma pista de dança como Mel ou liderado um time até o campeonato nacional, como Ryan. Não salvava pessoas diariamente como Gabe. E nunca fora apaixonada o bastante por fotografia, carros ou vinhedos, para transformá-los em carreiras e negócios de sucesso.
Mas, ali, em pé ao lado de Arthur, no meio da vinícola de Marcus, a menos de uma hora do casamento de Chase e Chloe, Lua não poderia estar mais feliz por ter lido milhares de romances. O suficiente, esperava, para armar rapidamente uma trama que daria a Arthur o gosto do seu próprio veneno... e, finalmente, fazê-la vencer o jogo.
— Você está certo — ela disse suavemente -, preciso ir logo ficar bonita. — As palavras tinha gosto de fel na língua dela e podia jurar que ele quase tinha recuado ao ouvi-las. — Mas tem uma coisa que gostaria de perguntar.
— O que é? — ele perguntou com uma voz relaxada. Relaxada demais, ela pensou.
— Bom — ela continuou devagar —, acabei de descobrir que um ex-namorado meu é um dos convidados de última hora da Chloe.
Era verdade, ela tinha namorado o cara — Alex — durante alguns meses no ano anterior. No entanto, nenhum dos dois levara a relação muito a sério. Ela nem chegara a dormir com ele.
Mesmo assim, isso não a impediu de distorcer um pouquinho a verdade, só para provocar Arthur.
— É alguém em quem eu gostaria de provocar ciúme. — Ela baixou os cílios como se ainda não tivesse superado  dor de ter sido deixada tão bruscamente.
Apesar de só ter participado do coral de algumas produções teatrais da escola primária, Lua tentou imaginar a maneira como Chay teria interpretado essa cena na tela. Com paixão. E uma pitada de vergonha por nunca ter sido boa o bastante para seu ex independentemente do que fizesse. Esperou um pouco antes de erguer o olhar para Arthur de novo.
— Você me ajudaria?
Ele olhou para ela, sem conseguir acreditar no que Lua estava lhe propondo.
— Espere aí, Boazinha. Quer que eu ajude você a deixar um porcaria de um ex-namorado com ciúmes?
Ela rangeu os dentes quando ele a chamou pelo apelido, e pelo fato de imediatamente presumir que qualquer dos namorados dela era uma porcaria, mas forçou-se a deixar aquilo passar. Por ora.
— Você não trouxe ninguém para o casamento, né? — Poucas semanas atrás, Arthur tinha lhe dito que viria sozinho para poder tomar conta da sua equipe no bar. Lua imaginou que essa também era uma boa estratégia para ele poder escolher melhor alguma convidada solteira para levar para a cama depois da festa. Ela forçou-se a controlar o ciúme diante dessa ideia enquanto insistia:
— Por favor, Arthur, pode me ajudar?
Mas ele já estava balançando a cabeça.
— Ninguém vai acreditar. E seus irmãos vão me matar se acharem que estou de olho em você.
Malditas sejam a má reputação dele e a reputação imaculada dela! E malditos sejam aqueles irmãos tão protetores!
Arthur estava certo: eles o fariam em pedacinhos só de imaginar que alimentava pensamentos impuros sobre ela ou Mel. Mas Lua se recusava a desistir agora, depois das palavras desdenhosas dele. Aquela frase, É melhor você ir ficar bonita, não é, princesa?, ainda lhe martelava na cabeça.
— Você está brincando? — ela disse com uma risada. — Claro que nenhum deles acreditaria. Você? — Ela riu ainda mais alto. — E eu? — Sacudiu a cabeça como se a ideia toda fosse ridícula... mesmo tendo escrito a história de amor deles mil vezes em seus sonhos. — Nós todos já conhecemos o tipo de garota que você gosta. Ficaria surpresa se metade delas conseguisse soletrar o próprio nome.
Quando ele fez cara feia, Lua percebeu, tarde demais, que tinha ido muito longe.
Opa.
— Não se preocupe — ela garantiu —, não vamos deixar ninguém da minha família ou dos nossos amigos nos ver. Só meu ex.
— Esse cara tem nome?
Pelo olhar de Arthur, de quem iria partir o ex dela ao meio com as próprias mãos, Lua achou melhor não dizer o nome de Alex. Pensando rápido, ela respondeu:
— Não gosto de dizer em voz alta.
— Ele magoou você?
Ela ficou feliz por não ter comido muito no café da manhã, do contrário correria o risco de vomitar tudo quando colocou a mão sobre o coração e disse de um jeito muito dramático:
— Só aqui.
Lua tinha certeza que qualquer outra pessoa não teria acreditado no seu péssimo desemprenho teatral, mas Arthur estava tão envolvido e determinado a não notar absolutamente nada sobre ela que Lua achou que pudesse se safar dessa.
Sabendo que era a hora de “pegar ou largar”, jogou a cartada final:
— Por favor, Arthur. Você é a única pessoa a quem posso pedir para me ajudar com essa pequena vingança contra um grande idiota. — Inclinou-se mais para perto da orelha dele e murmurou: — Vai ser nosso segredinho.
Meu Deus, ele tinha um cheiro tão bom, tão bom que a fazia querer roçar os lábios sobre os pelos eriçados de sua barba. Em vez disso, forçou-se a se afastar dele.
Finalmente, Arthur concordou:
— Tudo bem. Se está tão desesperada assim, eu ajudo. Apesar de ainda achar que esse seu plano não tem muita chance de funcionar.

— Ah — ela disse suavemente, a palavra desesperada remoendo juntamente com princesa e boazinha —, com certeza vai funcionar. Garanto a você.

Quero muitos comentárioooss!
Será que vocês me presentariam com 10 coments
nesse lindo e maravilhoso capítulo? Hm?

OBS: Algum erro de adaptação, me avisem por favor. Não quero decepcioná-las. 

Kisses,

9 comentários:

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  3. caramba é muito foda essa fanfic. posta mais 'please.

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